Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega
Pov Anahí
Na manhã seguinte eu já estava em pé para o treinamento. O hábito estava falando mais alto do que minha própria preguiça. Apesar de estar bocejando enquanto fazia um alongamento na arena.
-Bom dia!
Eu quase cai para frente ao escutar a voz animada de Dulce vindo atrás de mim. Virei e a encontrei pronta para um treinamento, como se nunca tivéssemos parado. Usava um shortinho de ginástica, curto, muito curto, e uma blusa folgada que deixava claro que usava um top vermelho. Eu não consegui evitar passar meus olhos por cada curva daquele corpo, não consegui conter o desejo de querer que fossem minhas mãos a passar por cada curva.
-Gostou de minha roupa? – Dulce indagou arqueando a sobrancelha.
-Não! – resmunguei, mas estava corando, merda porque isso sempre acontecia com ela? – A roupa na falta de uma armadura pode proteger de machucados.
-Assim como pode limitar os movimentos – ela disse usando um tom de sabedoria.
-Roupa de menos, Candy! Vá trocar e--
-Não – ela me cortou categoricamente – Você não manda no que eu visto e nunca irá mandar.
Bufei e travei o maxilar. Ela estava com aquele olhar. Aquele em que seus olhos castanhos encaravam-me como se me desafiasse e enfrentasse em pé de igualdade. Eu estava pronta para dizer algo quando Maite e Christopher se aproximaram.
-Ei Candy! – Christopher cumprimentou.
Eu fiquei ainda mais tensa, o olhar mais forte e zangado. Não, ninguém chamava a Dulce de Candy além de mim. Isso era um absurdo, inaceitável. Ainda mais um idiota que nem ele. Era o meu jeito de chamala!
-Ela não é Candy para você – avisei quase rosnando.
-Acho que é a Dul que lida com os apelidos dela – Uckermann me enfrentou prontamente, ele ainda estava sentindo pelo soco de ontem.
-Ah, desculpem, mas Candy é um apelido exclusivo da Anahí – Dulce disse sem jeito – Assim como ela também tem um apelido só meu. Foi uma troca justa.
Eu quase sorrir soberba. Mas não era de demonstrar emoções na frente de babacas como o Uckermann.
-Ei, também quero apelido especial. Vou te chamar de Chancho – Maite inventou de última hora.
-Ok Cheechee! – Dulce riu divertida.
-Tão criativas – revirei os olhos – Apelidos estranhos para pessoas estranhas.
-Vamos treinar? – Ucker finalmente se manifestou para não ficar excluído.
-Claro! – Dul ficou animada – Preciso mesmo aumentar um pouco mais minha técnica. Vem com a gente, Portilla?
-Não. Prefiro treinar só.
-Vai perder toda a diversão.
Então Dulce deu de ombros e se afastou com Maite e Ucker. Eu queria no fundo pedir para que ela ficasse, ainda mais depois que eu vi o idiota do Uckermann lançando uma boa olhada para a bunda dela. Mas o orgulho falava mais alto, eu não iria implorar por companhia, jamais. Então me juntei a um treino intensivo com os filhos de Ares. Não queria ficar pensando nas coisas, nem ficar vendo o treino de Dulce e os outros. Mas depois de derrubar uma garota enorme e corpulenta de Ares, finalmente parei um pouco para beber alguns goles de água.
Só então olhei para a Arena parcialmente cheia. Muitos já estavam se arrumando para voltar para casa. Mas ainda assim outros estavam se mantendo ali. Meus olhos inevitavelmente buscaram por Dulce. Ela estava se esquivando de golpes consecutivos de Maite, defendendo de alguns ataques com adagas usando a própria espada. E então Christopher tentou atacar pela lateral, mas Dulce graciosamente desviou, girando e aplicando um chute em suas costas o fazendo cair de cara no chão. Ri satisfeita e até mesmo orgulhosa, ela cresceu bastante em muito pouco tempo.
Mas então Uckermann reagiu, ele deu uma rasteira que era inevitável desviar. Dulce caiu de costas ao chão e ele prontamente subiu encima dela, sentando em seu abdômen e segurando suas mãos a imobilizando. Aquela posição me deixou congelada. Era algo bem sugestivo e vantajoso para ele. Dulce riu e tentou se soltar, mas Christopher manteve-se ali, a encarando firmemente, um tipo de olhar que deixava claro as suas intensões.
Ele iria beijá-la. Eu sabia que sim, todos os meus instintos afirmavam isso. Mas nem fodendo eu iria permitir isso!
Joguei a garrafa de água no chão e avancei rapidamente. Eu via Dulce ficando séria e Maite distante conversando com Ally. Uckermann estava inclinando e Dulce começou a se debater um pouco. Resmunguei alto, apontei a mão e senti meus dedos liberarem a estática que anunciava o raio. Antes que ele concretizasse o ato, eu disparei um lindo raio na direção dele. A eletricidade o fez quase voar dois metros de distância da garota, o fazendo girar umas três vezes no chão provavelmente se arranhando todo enquanto tomava uma sequência de choques.
-PORTILLA! – Christopher gritou furioso, ainda pulando um pouco pelos choques que recebia no corpo, mas levantando – Já chega, eu vou quebrar a sua cara!
-Pode tentar, mocinha – cuspi no chão – Não vai durar nem um minuto!
Ele avançou com tudo, erguendo uma espada de tamanho médio. Eu desviei com movimentos precisos, colocando o pé na frente do dele o fazendo tropeçar e desequilibrar. Girei e dei um belo chute naquele traseiro, o fazendo cair feio no chão. Christopher resmungou, levantou e avançou com golpes mais fortes do que eu esperava, fui obrigada a pegar minha espada para amparar cada um deles e não ser atingida. Ao fundo, escutava as pessoas gritando “briga, briga!” e em um tom mais baixo Dulce mandando parar. Consegui fazer ele ir recuando, além de aplicar um belo corte em sua bochecha de bebê. Os filhos de Ares já começavam a perturbá-lo quando o chutei para perto dos barris com água.
-Ai essa não, cuidado Anahí! – Maite exclamou.
Christopher sorriu vitorioso. Ele levantou e largou a espada, arqueei uma sobrancelha confusa, mas então ele esticou as mãos em minha direção e os barris explodiram. Mas a água manteve-se ali, de pé. Recuei um passo, sabendo que aquilo não era nada bom. Uckermann fez mais alguns gestos e a água veio em minha direção, como verdadeiros jatos de força. Eu fui jogada para muito longe, a água invadindo minha boca, nariz e orelha. Minhas costas bateram em uma das paredes da arena e me fez arfar e perder todo o ar que a água não tinha tirado.
-Narrí! –Dulce correu para me ajudar.
Eu a afastei prontamente, mesmo que estivesse muito tonta. Eu não iria aceitar ajuda, eu não iria me humilhar. Levantei-me cuspindo um pouco de água, eu sentia aquele líquido dentro de meu ouvido, imaginando que iria doer depois.
-Pare com isso, vamos para a enfermaria – Dul pediu – Ele é um filho de Poseidon, descobriu depois que saímos daqui.
-Melhor ainda, será ainda mais emocionante chutar o traseiro de um primo – resmunguei zangada, cuspindo no chão com desprezo.
Christopher ainda mantinha o olhar presunçoso, mas ele não fazia ideia de com quem estava lidando. Se antes eu estava brincando, agora eu estava bastante séria. Caminhei até minha espada caída, a pegando e mantendo uma posição de ataque. Uckermann sorriu soberbo e me chamou com a mão. Mantive-me séria, sentindo o ar ao meu redor, o conectando a mim. Esperei alguns segundos, focalizando minha mente para o que iria fazer a seguir. Então eu corri, mas corri ainda mais rápido do que qualquer outra coisa já vista. Isso tudo porque eu fiz o ar abrir caminho para mim, quebrando a resistência do vento e a usando a meu favor, sendo impulsionada e guiada. Em segundos eu estava à frente dele, apliquei um golpe direto atacando o flanco. Girei ficando nas costas dele ainda mantendo o impulso do movimento e abaixei, atingindo a parte de trás da perna esquerda com dois cortes horizontais.
O mais novo filho de Poseidon caiu gritando de dor ao chão. Ele estava com a cintura com um corte feio e a perna sangrava. Levantei-me e ainda aproximei para chutar a perna machucada. Se eu era má? Sim, quando me provocavam e tentavam me rebaixar.
-Aprenda a escolher a porra de suas lutas Uckermann! – exclamei pisando sobre o peito dele e apontando a espada para seu rosto, não resistindo a fazer um corte na bochecha direita – Nunca mais pense que é melhor do que eu, nunca mais olhe para a minha cara!
Ele se encolheu um pouco assustado, não era à toa já que eu estava usando o meu pior olhar. Finalmente me afastei e Drew veio me cumprimentar pela batalha. Ao longe, vi Dulce de braços cruzados e bufando ao encontrar meu olhar também. Ela deu meia volta e saiu a passos largos.
Tudo bem, eu posso ter exagerado um pouco. Tudo bem, eu posso ter ficado com muito ciúme. Mas, tudo bem, eu estava em júbilo por ter acabado com um filho de Poseidon!
(...)
Dois dias se passaram. Eu evitei Dulce, Dulce me evitou. Eu não sabia explicar o que estava acontecendo. Ela passava a maior parte do tempo com Cláudia, o que eu respeitava, mas não me procurava e nem eu a ela. Admitir que eu estava com ciúme era admitir que eu estava me envolvendo mais do que poderia controlar.
Eu soube por Maite que Dulce teria de ir para Nova York e não Miami. Eu já não sabia se ela queria que eu fosse junto, mas ainda assim, pedi para a filha de Hermes dar um jeito com toda a documentação que fosse necessária, já que ela tinha todos os contatos interessantes de se ter.
Estava confusa, com saudades e zangada comigo mesma por não saber o que fazer. Então, mesmo sendo final de tarde, segui até a clareira onde Dulce gostava de ler. Sentei perto de uma árvore, encostando minhas costas na madeira e peguei um cigarro. Estava prestes a acender quando fui atacada. Ao menos era isso o que eu poderia interpretar quando um esquilo subiu em meu colo e depois em meu ombro, saltando para minha cabeça e caindo no meu colo depois.
Foi tão do nada, tão engraçado que eu comecei a rir e a brincar com o esquilo. Ele ia e voltava, ficava subindo em mim e depois se jogando em meu ombro. O que dava naqueles animais do Acampamento?
-Você deveria ter muuuito medo – o peguei e ergui no ar, o fazendo me encarar – Pois eu sou muito má. Sou briguenta, sou teimosa – o coloquei em meu colo ele se aconchegou – e sou difícil de lidar. Talvez acabe sozinha por causa disso – soltei um suspiro e fiquei fazendo carinho no torso dele – Mas é muito chato ficar sozinha, no final das contas.
-Eu sempre disse isso.
Eu e o esquilo tomamos um pequeno susto. Ele, correu em disparada pela floresta. Eu, ergui o meu rosto para me deparar com Dulce com um sorriso bobo, segurando dois livros a frente do corpo. Meu coração disparou completamente, ela estava tão fofa com um laço preto na cabeça e um vermelho escuro com detalhes em preto. O cabelo solto estava sobre um ombro só.
-Quem diria que você é fofa com os animais? – Dulce indagou sentando ao meu lado, ajeitando a saia do vestido – Eu acho meigo quando você sorrir e acaba franzindo o nariz.
-Pare com isso – reclamei corando levemente – Eu não sou meiga e fofa.
-Ah sim, você é durona, teimosa, briguenta – Dulce recitou.
-Eu não disse durona – aleguei prontamente já que ela estava repetindo a minha fala de antes.
Dulce revirou os olhos e mexeu as mãos. Acabei olhando para os livros, deparando-me com dois livros de mitos gregos. Eu sabia que Dulce adorava ler, ao menos os livros do Acampamento já que estavam todos escritos em grego antigo. Respirei fundo quando o silêncio se prolongou, mas isso foi um erro. Um terrível erro. O cheiro dela, um cheiro de flores, de primavera, me tomou por completo e foi capaz de envolver não apenas meus pulmões, mas também o coração. Só naquele momento eu podia admitir que sentia uma saudade esmagadora dela.
-Então... Nova York? – indaguei tentando puxar assunto.
-Sim, Maite está falando com seus contatos para mudarmos para lá... – ela disse mordendo o lábio inferior.
-Você vai gostar de lá, apesar de ser tão movimentado... Há os parques.
Disse distante, um medo crescendo de que ela dissesse que não precisava mais de mim. Então eu ficaria sozinha em Miami. Sem Maite e pior, sem a Dulce.
-Narrí... Você não vai?! – Dulce exclamou segurando meu ombro e me virando em sua direção – Mas a Maite disse que você pediu a ela... Você disse que ia ficar do meu lado e--
-Você nem me falou que estava indo para lá Dulce! – acusei e fiz um movimento com o ombro para que ela me soltasse – Aliás, nem falou comigo direito.
-Você também não falou comigo! E você sabe o porquê!
-Porque eu dei uma surra em um garoto? Qual a novidade disso?
-A novidade é você agindo como uma idiota igual ao Drew Chadwick, ou o Keaton e Wes! Não havia necessidade daquilo, Portilla.
-Não havia?! ELE IA BEIJAR VOCÊ!
Levantei bruscamente. A imagem clara dele se inclinando encima dela se formando em minha mente. Pior ainda, meus pensamentos traiçoeiros conseguia fazer com que o beijo acontecesse. Era como seu eu pudesse sentir meu corpo soltando choques de dor. Passei a mão no cabelo, bufando, querendo desesperadamente bater em algo.
-E ele também provocou! – exclamei exasperada – Ele também revidou, era um duelo mais que justo, só que ele perdeu!
-Você pegou pesado Narrí – Candy levantou deixando os livros no chão – Não precisava ser tão dura com ele, o Christopher não é de todo tão ruim.
-Ele é um fraco, um tapado! Você o está defendendo? – meu peito inflamou com a ideia que se formava em minha mente – Você queria o beijo? É isso?
-O que? Não! – ela se aproximou rapidamente – Eu estava tentando empurrá-lo!
-Ele deve beijar muito melhor não é? Ele é um garoto, filho de Poseidon! Um dos deuses mais legais que existem, não é?
Se tinha alguma lógica? Não faço ideia, eu estava explodindo, estava totalmente ligada em uma parte sentimental que estava crescendo assustadoramente em mim. O medo de perde-la. Mas como poderia perder algo que eu não tinha?
-Você não está falando sério, está? – Dulce semicerrou os olhos.
-Não sei, me diga você. Eu fui só algum tipo de curiosidade? – dei de ombros, tentando ser debochada, indiferente, mas tudo estava se destruindo dentro de mim.
-Você foi o tipo de pessoa que eu odiei, do tipo que eu admirei, do tipo que eu estava começando a gostar de verdade.
-Co-começando a gostar?
Foi como um novo choque. Mas um que disparou um fio de esperança dentro de mim. Eu sabia que era loucura, que fazia um espaço curto, muito curto, de tempo que começamos a... Nos envolver? A querer beijá-la loucamente?
-Começando e agora estou pensando se vale mesmo a pena continuar – Dulce soltou um longo suspiro – Você é intensa e confusa!
-Sim, eu sou – admiti em um fio de voz – E eu não posso prometer mudar. Mas já estou um pouco diferente – pigarrei abaixando os olhos – Diferente por sua causa.
Eu simplesmente não sabia lidar com sentimentos. Não sabia expressá-los porque nunca tive necessidade antes. Não dessa forma, não quando se tratava de Dulce Saviñon. Depois de alguns segundos de silêncio, a garota de traços latinos suspirou exasperada e bateu uma das mãos ao lado do corpo.
-Viu? Isso me deixa confusa! Uma hora quero te bater, ai do nada você fica assim e eu quero te abraçar e apertar!
Ergui o meu olhar e sorri de lado. Eu entendia muito bem esse sentimento, entendia perfeitamente. Porque era o mesmo que eu sentia por ela. Em um momento ela estava sendo irritante, no outro estava sendo charmosa mesmo sem querer. Mas não era momento para continuar sendo teimosa, não quando ela tinha acabado de admitir que gostava a sério de mim. Eu não podia perder essa chance, não podia perde-la.
-Desculpe, eu fui um pouco idiota – pedi encolhendo os ombros.
-Idiota definitivamente – Dulce concordou prontamente e sorriu – Assim como ciumenta.
Meu coração falhou uma batida, abaixei a cabeça escondendo a minha expressão de sem jeito e mexi em meu cabelo, movendo os dedos para colocar ele de lado. Mas então fui surpreendida com um beijo suave e demorado em minha bochecha. Candy havia se aproximado silenciosamente, depositando aquele beijo carinhoso em mim. Eu derreti completamente.
-Você vai comigo para Nova York – ela começou a falar em um sutil tom de ordem – Você vai tirar essas ideias surreais da cabeça de que quero algo com o Uckermann. E você deve me beijar, tipo, agora.
Não precisei de um segundo comando para envolver a cintura dela com meus braços. A prendi firme no abraço e a ergui alguns centímetros do chão, a deixando mais alta. Porém, consequentemente, ela teve de se segurar em mim enquanto todo o seu corpo colava ao meu. Dulce abriu aquele sorriso, aquele que me destroçava toda por dentro e me deixava completamente domada, apenas com aquele sorriso. Então ela inclinou e colou nossas bocas de um jeito carinhoso e até um pouco tímido. A morena envolveu nossas bocas em uma dança lenta, apenas movimentando nossos lábios intercalando com mordidinhas. Fui colocando ela no chão sem quebrar o beijo, só então ela me abraçou de volta e tomou a iniciativa de invadir minha boca com a língua, intensificando tudo.
Aquilo já não eram apenas borboletas em meu estomago, mas em todo o meu corpo. Ao mesmo tempo que a cada segundo eu desligava do mundo ao redor, eu estava sendo ligada a ela e somente a ela. Deuses, aquele beijo era tão delicado e envolvente ao mesmo tempo que eu poderia passar horas naquilo. Quando a senti estremecer e suspirar contra minha boca, foi quando finalmente tomei o controle. Pressionei aquele corpo feminino contra o meu e dei um novo encaixe a nossas bocas. Então eu explorei, dancei com nossas línguas, suguei o lábio inferior e a beijei com uma vontade cada vez mais crescente.
-Deuses – Dulce terminou o beijo totalmente ofegante.
-Não – disse sorrindo toda boba – Apenas eu mesmo.
Ela abriu os olhos lentamente. Aqueles castanhos achocolatados mais brilhantes do que nunca. Por minha causa, por minha culpa! Mais uma vez, senti como se um choque tomasse conta de todo o meu corpo. Mas um gostoso, delicioso e que me deixava totalmente rendida ao sentimento.
-Fica aqui um pouco comigo? – pedi toda sem jeito – Você veio ler não é? Pode ler aqui, eu prometo me comportar. Só... Fica aqui comigo, não vai embora agora.
-Você se comportando? – Dulce ergueu uma sobrancelha.
-Sim – afirmei prontamente.
Ela sorriu e acenou em concordância. Voltamos para a arvore onde eu estava e mais uma vez fui surpreendida. Quando sentei, Dulce empurrou minha perna com o pé e sentou no espaço aberto. Sorri grande, feito uma idiota, quase tendo um ataque cardíaco quando ela encostou as costas em meu peito e pegou um livro. Envolvi o corpo dela suavemente com meus braços e ela se aconchegou ainda mais.
-O que está procurando? – perguntei curiosa.
-Mais sobre Perséfone – ela explicou – Bom, é minha mãe e sei quase nada.
-Eu conheço o mito dela e de Hades. É um dos romances que deu certo a sua forma, um dos raros – acabei comentando.
-Então me conte, acho que prefiro te escutar do que ler.
Candy depositou o livro sobre as próprias pernas e buscou minha mão com a dela, entrelaçando nossos dedos e relaxando. Ela estava tão bem, tão à vontade, que só isso me deixava tranquila. Ela estava ali, segura em meus braços.
-Perséfone é filha de Deméter e Zeus, mas nem sempre teve esse nome – comecei lembrando cada vez mais da história.
-Outro nome? – ela perguntou curiosa.
-Sim. Koré. A deusa da primavera, mas também dos frutos, flores, perfumes... Oh, é por isso que você tem um cheiro tão gostoso! – inclinei e toquei meu nariz no pescoço dela, inspirando profundamente – É a fragrância mais deliciosa que eu já senti – ela riu sem jeito, encolhendo um pouco em meus braços – Sabia que Koré era tão linda que foi cortejada por praticamente todos os olimpianos homens? Ares, Hermes, Apolo e Dionísio. Mas Deméter é que nem aquelas mães superprotetoras e negou tudo.
-Ela deve ser linda.
-Sim, você é linda – disse ainda distraída pelo cheiro dela.
-Eu falei de minha mãe, Narrí – ela falou em tom risonho.
-Ah... Enfim – pigarreei ficando vermelha – Deméter não cedeu a mão de Perséfone para ninguém. No auge de sua beleza, Perséfone chamou a atenção de Hades e ninguém sabe direito o que aconteceu. Alguns dizem que ele pediu a mão dela para Zeus, o pai da jovem deusa, outros que ele apenas agiu. Koré estava colhendo flores com as ninfas quando Hades emergiu do subsolo e a sequestrou.
-Ele a sequestrou?!
-Sim, e a levou para o mundo inferior e a fez sua esposa.
-E ninguém fez nada? Ela foi obrigada então?
-Bom, não tanto. Deméter ao perceber o desaparecimento da filha meio que surtou. A natureza inteira entrou em um caos porque ela negligenciou suas tarefas para procurar a filha. Ninguém queria dizer onde Koré estava, mas depois de um tempo, Hécate ajudou a encontrar a filha. Mas Perséfone não pode retornar, pois ela tinha comido uma romã, uma fruta que nasceu no mundo inferior. Então ela mesmo que não tenha gostado no início, ela decidiu ficar. Um acordo foi feito então. Pela metade do ano ela seria a Rainha do Submundo, Perséfone, reinando ao lado do marido pelo período do outono e inverno. Mas depois, ela sairia e traria a primavera e verão, sendo então um Koré.
-Isso é até... romântico. Ser sequestrada, passar a amar o seu algoz e se tornar uma rainha...
-Hum. Vou guardar a dica de que gosta de sequestros.
-Mas não vou comer romã. Teria de ser no mínimo um pedaço de pizza ou um pote inteiro de nutella. Sem divisão, só meu.
Comecei a rir, claro, aquela era a Dulce Gulosa Saviñon, ela sempre queria comer alguma coisa. Continuamos ali por um longo tempo, até mesmo quando escureceu de vez, conversando besteira, trocando beijos suaves e carinhosos. Era tão tranquilo que eu mal percebia que naquele pequeno pedaço de tempo em minha vida, eu não me preocupei com o resto do mundo. Era apenas eu e ela e eu estava estupidamente feliz com isso.
Notas Finais
Hermes: É o deus mais travesso dos olimpianos. Não é atoa, ele é o deus dos ladrões, dos comerciantes, dos viajantes, dos diplomatas, dos astrônomos, da invenção, da eloquência e dos atletas e claro, ele é o grande mensageiro dos deuses. Isso porque antes ele também era deus da fertilidade, dos rebanhos, da magia! Se você entrar na Wiki vai encontrar ainda muitas outras coisas, vai variar muito do tipo de mito que está sendo baseado. Mas com o passar do tempo, certas mudanças foram feitas. Que nem Selene não ser mais tão considerada a deusa da lua (passando mais para Ártemis) e Hélio não ser mais o sol (passando a ser Apolo). No primeiro dia de vida, Hermes era um pimpolho encapetado! Ele roubou 50 vacas de Apolo, inventou o fogo, as sandálias aladas e fez a Lira dando de presente para Apolo como recompensa pelo roubo. Como ele se safou? Usou a carinha de bebê dele e foi até recompensado pelas proezas! Viram como Hermes combina tanto com Maite? huahauha
Autor(a): AnBeah_Portinon
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 179
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tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25
Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...
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raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57
Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !
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livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44
Continuaaa
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DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41
Continuaaaaaaa
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siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27
Continua!!!
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candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12
QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA
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livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41
Continuaaa
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Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59
VOLTAAAAAAAAAA
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Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43
Continuaaaaaa
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Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52
CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA