Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega
Pov Anahí
-Por que nós não mandamos simplesmente uma mensagem de Íris para Ally? – Dulce perguntou assim que saímos do aeroporto em um carro alugado.
Finalmente Texas, mas especificamente na cidade de Houston. Assim que chegamos
alugamos um carro usando um cartão de crédito roubado por Maite, sendo que dessa vez eu
seria a motorista.
-Ally não é tão facilmente convencida e ela não pode usar de recursos “estranhos” com sua família – Maite explicou ao meu lado – Ela é adotada, os pais são religiosos e ela tem medo de ser exorcizada caso eles descubram.
-Canta até no coral da igreja – comentei distraída, prestando atenção na estrada – A única forma seria telefonar ou algo assim. Mas seria arriscado a ela apenas desligar na nossa cara.
-Então o plano é basicamente sequestra-la – Maite riu divertida – Protejam suas bundas de flechada. Principalmente vocês duas que tem verdadeiras montanhas ai atrás!
-Ei! – Dulce reclamou batendo no braço da filha de Hermes.
-A da Candy é ainda maior, tenho certeza disso – acrescentei rapidamente.
-Portilla!
-É verdade Candy, mas não estou reclamando. Você só é bundunda, aceitar é o primeiro passo.
Eu não conseguia não provoca-la. Era mais forte do que eu, fazia parte de minha personalidade. Assim como fazia da dela revidar. O problema foi que Dulce ao invés de devolver a provocação ou simplesmente me bater, ela inclinou e me deu uma bela mordida no braço, uma que deixou uma marca quase monstruosa.
-PUTA MERDA SAVIÑON – gritei de dor e tentando me afastar, quase jogando o carro no encostamento – Porra! Se quer se matar faz isso sozinha!
Irritada ajeitei o carro na pista mais uma vez, recebendo umas buzinadas zangadas dos outros motoristas. Resmunguei fechando o cenho e Dulce bufou cruzando os braços orgulhosa. Claro que ela não pediria desculpas.
-Vocês duas brigam como um casal já – Maite comentou revirando os olhos.
Olhei pelo espelho retrovisor vendo Dulce suavizar a expressão só de escutar a palavra casal. Eu duvidava que nossa relação fosse ser tranquila, daquele tipo meloso e cheio de flores. Apesar dela ser filha de Perséfone e termos nossos momentos carinhosos, nossas personalidades eram parecidas em determinados pontos garantindo muitas brigas futuras. Acabei sorrindo, convencida de que isso era definitivamente uma coisa boa. Nunca iria me cansar ou viveria uma monotonia.
-Mas ela é a garota da Anahí Portilla, May – falei como se isso fosse nada demais.
-Olha só ela toda possessiva, vai falar nada não Chancho? – Maite disse tentando provocar uma discussão.
-Ela é a garota da Dulce Saviñon – Dul falou dando de ombros – Estamos kits quanto a isso.
-Espera – Maite abriu bem os olhos surpresa – Quando a relação de vocês ficaram a sério desse jeito?
-Chegamos a essa conclusão ontem – Dulce respondeu olhando para a janela sem jeito.
-Vocês já transaram?! – a filha de Hermes disparou a pergunta.
Obviamente eu e Dulce ficamos vermelhas ao mesmo tempo. Meu primeiro impulso foi o de negar, mas não sabia como Dulce reagiria a isso.
-Chega – rosnei incomodada – Minha vida particular não é de sua conta Beorlegui. Então fique na sua.
-Ai meus deuses, vocês transaram! Ou você só teria feito uma piadinha qualquer Anahí! – olhei de maneira assassina para Maite e ela ergueu as mãos em rendição – Ok, eu paro, mas só porque você está dirigindo e umas das regras de sobrevivência é não irritar o
motorista.
Emburrei a cara de novo, não querendo demonstrar de forma alguma o quanto estava sem jeito por tocar em um assunto tão íntimo. O que eu não ligava quando era com Megan, chegava até a trocar algumas informações com Lauren que na época também estava descobrindo coisas com a Camila. Mas com Dulce? Eu não queria compartilhar nada. Queria
que tudo fosse apenas meu e dela, como se assim nosso mundo continuasse sendo apenas nosso. Perfeito e puro.
Franzi o cenho ignorando a conversa de Maite e Dulce, elas provavelmente estava discutindo algo realmente trivial. Minha mente estava ocupada em nos manter corretamente no trânsito e divagando por pensamentos que eu não tinha até então. Por que com a Saviñon as coisas eram tão diferentes? Ao mesmo tempo que intensas, que me obrigavam a fazer coisas que eu nunca imaginei fazer, eram suaves a ponto de me trazer uma tranquilidade que
eu nunca tinha sentido? Minha mente começava a dar um nó que apenas se apertava cada vez mais. Eu buscava respostas, mas não conseguia chegar em lugar algum! Talvez saber que em algum momento de meu futuro eu vou ser obrigada a cruzar o caminho com as caçadoras estivessem estimulando essas questões, mas agora que elas estavam aqui, ficavam martelando em minha cabeça.
O caminho até Rosenberg, lugar onde encontraríamos Ally Brooke, foi feito completamente em silêncio de minha parte. Olhei para o relógio vendo que o horário estava próximo ao do almoço, olhei para Maite em um sinal vermelho.
-Ela deve estar na escola agora, você sabe qual é? – perguntei.
Eu sei – Dulce se manifestou no banco de trás – St. Thomas High School, estávamos comparando nossas escolas enquanto colhíamos morangos uma vez e---
-Ok.
Eu não queria ser grossa, apenas não queria prolongar as conversas. Estava de mal humor, não pela mordida ou qualquer outra coisa fútil que tenha acontecido durante a viajem. Mas sim por não encontrar as respostas que eu tanto queria. Era frustrante ter algo importante acontecendo com você e não saber o que é!
Maite foi guiando com o seu mapa mental até pararmos em uma escola de ensino médio pública. Por fora ela estava até conservada, parecendo ter dado uma pintura nova recentemente. Era feita com muros altos, lembrando vagamente uma prisão.
-Podemos invadir ou podemos esperar até o fim das aulas – comentei olhando para a instituição com o vidro abaixado.
-Ou vocês podem esperar na pracinha que tem ali enquanto eu invado e chamo a Ally – Maite sugeriu – É mais rápido e diminui o risco de sermos pegos.
-Parece um plano melhor – dei de ombros e desliguei o carro.
Sai do carro e sem perceber estava abrindo a porta para Dulce. Maite saiu por si só e estava com as mãos na cintura, encarando o prédio de maneira avaliativa. Coçou o queixo, abriu um sorriso travesso e começou a correr. O modo como ela escalou o muro foi tão suave que lembrava um gato pulando para um lugar alto. Apesar da altura, Maite Perroni era uma das pessoas mais ágeis e habilidosas que eu conheço.
-Vamos – falei quando Maite sumiu de vista, saltando para dentro da escola.
Dulce fez um breve bico torcido e não teceu nenhum comentário quando começou a andar até a praça. Andamos lado a lado, meu ritmo igual ao dela, até que nossas mãos se roçaram sem querer. Era como um instinto primitivo. Uma ordem natural que me mandava
segurar aquela palma e entrelaçar nossos dedos. Olhei pelo canto de olho e pude ter um rápido vislumbre de um sorriso fraco da filha de Perséfone.
Chegamos a praça e eu olhei ao redor. Eu não sabia quanto tempo Maite levaria para realizar o “sequestro” da Brooke, o que me dava um tempo indefinido com minha pequena.
Olhei para ela e a vi mais pensativa do que o normal, franzi o cenho rapidamente estranhando
aquilo.
-Está com fome? – perguntei.
-Não muita – Dulce deu de ombros.
Ah sim, tinha alguma coisa de errado. Segurei mais firme na mão de Dulce e a levei até um carro que vendia cachorros quentes.
-Dois completos – pedi para o senhor barrigudo no carrinho - Pode caprichar em um.
-Anahí, eu disse que to sem fome – ela protestou.
-Você vai sentir, quando me falar o que está acontecendo e resolvermos isso, você está estranha – falei tirando uma nota de dinheiro do bolso para pagar pela comida.
-Eu que estou estranha?!
Dulce soltou minha mão para cruzar os braços. Ah, definitivamente tinha algo errado!
Mas não seria ali na frente do homem que iriamos conversar. Mantive minha expressão neutra
até receber os cachorros quentes, paguei e segurei os dois, caminhando até o banco mais
afastado da praça, debaixo de uma enorme árvore que não fazia ideia de qual seja.
-Ok, fala – disse assim que Dulce sentou ao meu lado e entreguei o cachorro-quente dela – Não vou adivinhar no que me acha estranha.
-Ficou quieta o caminho inteiro Anahí, você quieta é assustador. Prefiro quando está rosnando feito um cachorro raivoso do que quando fica quieta.
-Valeu pela parte que me toca – reclamei ao ser chamada de cachorra na maior cara
dura – Mas eu só estava pensando.
-Pensando no que? Na Megan?
Bingo.
Respirei fundo e mordi o cachorro-quente, sem saber como falar o que pensava para Dulce. Na verdade, eu era terrível em me explicar em qualquer coisa, ou simplesmente manter uma conversa que fosse sobre mim mesma quando o assunto era tão delicado. Dulce produziu um som de desgosto com a garganta e deu uma grande mordida no cachorro-quente.
-Ok, você não precisa ficar me dando satisfações – Dulce disse meio de boca cheia – Não deveria estar cobrando de você. É só que... Eu não sei como você vai reagir quando encontrar aquela garota.
-Nem mesmo eu sei – admiti com cuidado – Mas tenho algumas certezas já.
-Tem?
-Sim. Eu não a amo ou amava, mas fico irritada só de pensar em encontrar as caçadoras. E eu quero você do meu lado – respondi firme e bufei passando a usar um tom de
“isso não é óbvio?” – Na verdade, prefiro você ao meu lado em todos os sentidos. Isso não deveria ser o suficiente? Por que procurar respostas mais complicadas do que essa? Porra é só confiar em mim e pronto!
Os olhos castanhos foram suavizando a cada vez que eu tentava me explicar. No fim,
Dulce tinha o princípio de sorriso nos lábios e parecia mais tranquila. Resmunguei mais uma vez e comi o meu cachorro-quente em silêncio. Ela não me pressionou mais, e como imaginei, comeu rapidamente. Mas Dulce não era de ficar tanto tempo em silêncio, logo ela deixava o saquinho onde estava o cachorro-quente de lado no banco e começava a lamber os
dedos.
-Se não estivéssemos em um momento tão peculiar – ela disse limpando o molho do polegar passando a língua distraidamente – Esse lugar seria bonito para um encontro.
Se eu entendi metade de sua frase seria muito. Minha atenção estava no movimento quase inocente de lamber os dedos para limpar como uma criança fazia. Mas minha mente transformava aquilo no ato mais sensual, apenas por ver aquela língua deslizando para fora
da boca.
-Anahí? – Dulce indagou quando nada respondi, então me flagrou fitando atentamente a sua boca e como que de proposito passou a língua pelos lábios – Se fosse em
um encontro você também já estaria me beijando.
Grunhi sentindo aquela necessidade básica me consumindo. De ter a boca de Dulce na minha. Minha mão foi diretamente para a nuca dela e sem muita delicadeza a puxei para mim e tomei os lábios dela com os meus. Deslizei minha língua sem hesitar dentro daquela boca viciante, sem nenhuma boa intenção quando envolvi a minha na dela. Dessa vez fiz movimentos que nunca tinha feito antes, concentrada em apenas brincar com a língua dela. Envolvendo, enroscando, chupando. E quando cansava, a beijava de forma mais lenta e mordia os lábios. Dulce suspirava em minha boca, retribuía, deixava que eu experimentasse
para logo depois tentar também, levando nós duas para um mundo só nosso. Mas claro, ainda era humanas e precisávamos respirar.
-Eu não canso de beijar você – murmurei rouca contra os lábios dela, dando um último selinho.
-Você nunca irá me ver reclamando – Dulce riu baixo e deslizou para mais perto de mim.
Prontamente eu envolvi o corpo dela com meu braço a deixando completamente colada a minha lateral. Dulce pegou minha mão livre com ambas as dela, brincando com minha palma e deitando a cabeça em meu pescoço. Ela parecia confortável, suave e carinhosa. Quando dei por mim eu estava sorrindo que nem idiota, mas não me importava tanto assim.
-Cláudia já sabe fazer uma coisa ou duas, ela me ensinou algo – ela falou em um tom suave – Não mostrei para você porque não tinha necessidade.
-Está de segredinhos com a minha cunhadinha? – perguntei em tom acusador, mas tranquilo.
Eu sabia que Dulce sempre conversava com Cláudia por mensagens de íris quando possível. Ela apenas riu e cobriu a minha palma com a dela. Franzi o cenho quando senti minha pele formigando com o contato, mas um formigar que logo foi ficando um pouco estranho já que eu sentia o pressionar de alguma coisa sendo criada ali mesmo! Dulce foi
deslizando a mão para fora da minha e enquanto minha palma ia sendo revelada, um caule fino e espinhoso ia sendo mostrado até a mão dela sair completamente na minha. Havia uma rosa ali, de pétalas negras e brilhantes. Mágica. Linda. E com o cheiro de Dulce.
-As rosas negras são muito mais fáceis de fazer – Dulce falou em um tom baixo, cúmplice – É pra você Narrí.
-V-você está me dando uma rosa? – perguntei subitamente muito tímida – Por favor Dulce, isso é bobo, não é pra mim!
Meu coração estava disparado e eu poderia apostar que meu rosto estava extremamente vermelho. Eu sempre imaginei que essas coisas de dar flores a alguém era brega e antiquado, eu era uma mulher mais prática do que isso. Mas receber uma rosa da Saviñon? Me derretia de uma forma que meu orgulho não me permitia admitir. Rosas eram
para menininhas, como Dulce, não para garotas duronas como eu.
-Anahí, você gostou – Dulce afastou um pouco e sorriu – Sabe, você pode ser uma mulher e ficar sem jeito por ter ganhado flores, não é errado.
-Eu não sou delicada Dulce – resmunguei e segurei a rosa com mais cuidado, afinal ainda tinha espinhos, e estiquei para ela – Isso é coisa para você.
-Se você não aceitar eu vou ficar chateada! – ela argumentou e fez um biquinho fodidamente lindo – É algo meu para você Narrí, vai recusar assim?
Abri a boca para negar e brigar, mas lá estava o bico dela. As palavras rudes travaram em minha garganta, me obrigando a fazer uma careta quase de dor por não conseguir ir contra ela. Revirei os olhos e desviei nossos olhares, mas não sem antes ver o sorrisinho vitorioso dela. Retirei rapidamente os espinhos do caule e segurei melhor, levando as pétalas negras para perto de meu nariz. Inspirei aquela fragrância e acabei sorrindo mais ainda. Não
era como os das outras rosas, ou de qualquer outra flor existente. Era o cheiro de Dulce, tão único e sendo exalado daquela rosa sombria e ao mesmo tempo linda.
-Por mais que eu ache fofo Portiñon, eu não acredito que você me tirou da escola só por isso Maite!
A voz de Ally nos assustou. Quase deixei a rosa cair, mas a peguei novamente em pleno ar e corei por estar parecendo uma boba segurando uma flor. A coloquei dentro de minha jaqueta de frio em menos de dois segundos e passei a mão pelo meu cabelo. Pigarreei
para retornar ao meu modo normal.
-O que diabos é Portiñon? -indaguei no meu tom nada gentil de sempre.
-A junção do seu sobrenome com o de Dulce. Maite inventou e acabou pegando, todo mundo quando quer falar de vocês duas fala Portiñon – Ally deu de ombros e cruzou os
braços – Anda, o que querem comigo?
-Espera, estão falando de nós duas?! – perguntei começando já a me alterar.
-Quieta Anahí, esse não é o foco do momento – Maite apontou e olhou para Ally – Precisamos de sua ajuda, vamos sair em missão.
-Não! Não estamos no verão e nem no acampamento, não vou deixar minha família e---
-É importante – a interrompi e levantei, já sentindo o frio só por ter me afastado de Dulce – Não teríamos vindo aqui se não fosse, Brooke. Quer ao menos escutar a porra da história antes de fugir com o rabo entre as pernas?
Ally me encarou de uma maneira chateada pelo modo como eu estava falando. Porém ainda estava sobre o efeito do susto de ter sido flagrada em um momento... Delicado. Merda, nem ao menos sabia classificar o modo como Dulce me deixa em determinadas situações.
A filha de Perséfone tomou a frente e de um jeito quase teatral levantou e começou a explicar as coisas, fazendo muitos gestos e expressões para contar tudo o que precisávamos fazer. Ela parecia uma idiota na verdade, mas era uma idiota encantadora, transformando uma coisa séria em algo suave.
-Então precisamos de ajuda para voltarmos vivas – Dulce terminou o quase monólogo
– Por favor Allycat, eu sei que você tem sua vida, mas eu realmente preciso de sua ajuda. Não só eu, o mundo todo, você sabe o que pode acontecer se falharmos.
-É arriscado Dul, é o Mar de Monstros! – Ally exclamou quase nervosa – Você está me pedindo para ir até um dos lugares mais arriscados em todo o mundo!
-Por isso precisamos de você se quisermos ter uma chance real – Maite acrescentou – Se não fizermos nada, você já pensou nas coisas que podem acontecer por aqui? No quanto a sua família iria sofrer de qualquer forma? O frio, as catástrofes naturais, a fúria dos
deuses e a loucura do rei caveira... Isso afeta a todos Ally.
-Temos de protege-los Allycat – Dulce disse e fez aquele maldito bico de novo – Vamos, vem com a gente!
Ally olhou para o bico, recuou e eu entendi muito bem aquela expressão de quem tentava lutar contra uma Dulce fofa pedindo algo com um maldito bico. A filha de Apolo balançou a cabeça em derrota e deixou os ombros caírem.
-Preciso ir em casa pegar algumas coisas – Ally acabou finalmente aceitando.
Dulce e Maite bateram as mãos no ar em um hi-five. Soltei um suspiro aliviado, afinal sabia admitir o quanto Ally seria importante nessa nossa jornada quase suicida. Fomos as quatro para o carro alugado e dessa vez Maite foi dirigindo com Ally no banco de motoristas.
Felizmente elas começaram a conversar bastante, eu apenas me mantinha quieta olhando pela janela, não havia necessidade de meus comentários. Ally morava em um bairro de classe média que tinha a cara da américa, casas próximas e separadas por um cercadinho, rua tranquila, uma senhora passeando com o seu poodle.
-Eu vou sozinha, se vocês entrarem podem me atrasar e mamãe vai fazer perguntas demais – Ally disse tirando o cinto e respirando fundo – Ela vai pensar que eu to fugindo de casa... De novo.
-Ela sempre te perdoa Ally, você tem uma boa família – Maite sorriu.
Ally apenas acenou e saiu do veículo. Eu não queria ficar dentro daquela caixa de metal enquanto esperava não sei quanto tempo, então sai e logo fui seguida pelas outras duas.
Maite sentou no capô do carro e começou a cantarolar a música que tocava no rádio que ela deixou ligado. Eu olhei para o outro lado do carro, encontrando Dulce apoiada e com os braços cruzados sobre o teto. Ela me olhava distraidamente. Arqueei uma sobrancelha e a garota morena sorriu travessa com a língua por entre os dentes, ela ergueu ambas as sobrancelhas movimentando para cima e para baixo tentando inutilmente fazer um gesto de
provocação. Então ela falou mudo um “gostosa” e tentou sem sucesso fazer um sorriso sacana, o que deixou a cena ainda mais engraçada. Como eu vivo dizendo, Saviñon era um tipo de idiota que você gosta instantaneamente. Ri fraco e balancei a cabeça em negação.
Mas foi provavelmente esse movimento que salvou nossas vidas. Ao olhar para o início
da rua, vi o vislumbre de algo grande erguendo um carro sobre a cabeça. Exatamente isso, uma coisa enorme levantando um item extremamente pesado.
-SE AFASTEM DO CARRO! – gritei.
Acho que foi mais pelo susto que elas me obedeceram. Maite saltou do carro quase fazendo uma acrobacia. Dulce recuou quase correndo e eu fiz o mesmo, dando passos enormes para trás. Aquela coisa jogou o carro que carregava e segundos depois ele estava
caindo estrondosamente sobre o alugado. Olhei de novo para a criatura e quase xinguei os deuses por me darem tanto azar na vida. Bem ali, bufando e rosnando estava o Minotauro.
-O que... Ai meu pai – Maite falou em desespero quando viu o Minotauro.
Meu sangue se agitou rapidamente, meu corpo mandando adrenalina por todos os meus poros. Meu instinto de guerreira tomava conta de mim naquele momento. Corri
contornando o carro amassado e encontrei com Dulce caída de bunda no chão, os olhos encarando aterrorizada aquela aberração. A levantei sem nenhuma delicadeza e a empurrei.
-Temos de ir! – exclamei com certa urgência.
-O que está acontecendo?! – Ally saiu da porta de casa carregando uma mochila aberta – AI MEUS DEUSES!
O Minotauro era um monstro poderoso da mitologia grega. Um ser metade humano, metade touro. Suas pernas eram animalescas, contendo cascos e sendo bastante peluda. Seu torso era humano, se bem que ainda assim muito peludo. Sua cabeça era de touro, com
enormes chifres escuros. Naquele momento, o touro humano começou a arrastar o casco direito no asfalto. Qualquer um que tinha um conhecimento mínimo de touradas ou rodeios sabia o que aquilo significava. Logo ele iria iniciar uma corrida bruta em uma direção única e nada o pararia. E advinha para qual direção ele iria?
-Temos de correr! – exclamei já pegando o meu isqueiro no bolso traseiro da calça.
Não precisou de um segundo comando. Começamos a correr ignorando completamente a senhora que apareceu na casa de Ally gritando pela filha. Não ousei olhar para a pequena de cabelos claros, ou ficaria abalada pela sua expressão de pesar. Nós corremos com tudo o que tínhamos, mas ainda assim era possível escutar os cascos vindo atrás de nós e até mesmo o som de coisas batendo, quebrando e sendo destruídas pelo
caminho do Minotauro. Entramos em uma rua movimentada, Maite liderando por ser naturalmente a mais rápida de nós. Eu sendo a última apenas porque Dulce não era a mais rápida e eu queria protege-la. Se eu pensei nisso? Não, apenas fazia sem ao menos perceber. Saiamos esbarrando em tudo o que víamos pela frente, desviando de muitas outras. Maite pulou uma caixa de correio, Ally driblou um casal e eu tive de puxar Dulce uma vez para não esbarrar
em uma mesa de restaurante. As pessoas gritavam, saiam correndo e eu nem poderia imaginar o que elas estavam enxergando quando viam aquela aberração peluda e chifruda. Alcançamos uma avenida principal e eu escutei um enorme estrondo. Ousei olhar para trás e eu vi que o homem touro
agora estava correndo entre os carros, os empurrando ou esmagando. Merda, aquele monstro era fodidamente forte!
-Ali no carro vermelho! – Maite exclamou e correu para um carro parado no sinal vermelho. Era uma Ferrari vermelha. Porém esse não era o detalhe mais importante, mas sim quem estava no volante. Uma garota conhecida com enormes óculos escuros e uma roupa
extravagante e ao mesmo tempo elegante. Angelique Boyer estava ali e assim que Maite a viu começou a correr em sua direção. O carro era conversível e como fazia um solzinho apesar do clima frio, o teto estava abaixado. Quando nos aproximamos, pulamos dentro do carro
assustando uma filha de Afrodite que deu gritinhos histéricos.
-Porra! – exclamei olhando para trás. O Minotauro estava perto – DIRIGE Angelique!
-Mas o que...? – ela olhava incrédula para nós.
-DIRIGE – Maite gritou em desespero.
Outro estrondo e um poste estava caindo. As pessoas começaram a correr e só então Angelique acelerou o carro. Ally pulou para o banco de trás, tirando de sua mochila um objeto preto. Ela fez um movimento e ele se desdobrou revelando um belo arco. Ela ergueu o torso, apoiando o pé no banco de couro de oncinha da Ferrari. Ally estava completamente séria
quando apontou o arco em direção ao monstro. Eu já ia alertá-la da falta de flechas, mas quando ela tencionou a corda para trás, uma flecha se materializou ali. Dourada e com a seta vermelha. Ally soltou e a flecha deslizou rápida e certeira pelo ar, atingindo o joelho do
Minotauro e o fazendo cambalear. Rapidamente a filha de Apolo puxou o cordão e outra flecha
apareceu, dessa vez errando por um tris.
-Anahí, eletrifica minhas flechas – Ally falou – O próximo tiro se acertá-lo vai fazer ele levar choques!
Acenei com a cabeça e a baixinha tencionou o cordão, quando a flecha apareceu eu
toquei nela e liberei energia elétrica. Ally resmungou quando levou um pequeno choque, mas
manteve-se firme. Ela mirou e dois segundos depois, mesmo com o carro em alta velocidade, ela atingiu o peito do monstro. O tiro não teria feito tanto efeito se ele não começasse a tremer por causa dos choques, o fazendo cair de joelhos no asfalto e quase
ser atropelado por um caminhão que vinha no cruzamento.
-O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Angelique gritou histérica.
-Você salvou nossas vidas! – Maite exclamou aliviada e deu um forte beijo na bochecha da filha de Afrodite – Por isso você é a minha filha de Afro favorita!
Angelique continuou gritando, Maite rindo por ter escapado. Eu deslizei pelo banco e apoiei os braços sobre meus joelhos, deixando o corpo um pouco abaixado tentando acalmar minha respiração. Estava viva. Estava bem. Todos nós estávamos. Senti uma mão tocando minhas costas e eu não precisei ver para saber quem era.
-Está bem Anahí? – Dulce perguntou perto de mim.
Ergui um pouco vendo que Dulce agora estava ao meu lado, na parte do meio do banco traseiro e Ally na janela. Olhei para ela seriamente, buscando qualquer tipo de
ferimento ou machucado. Mas tudo o que Dulce tinha era um cabelo bagunçado pela correria. Soltei um suspiro e balancei a cabeça positivamente, recostando no banco e passando a mão no meu rosto para logo depois mexer em meu cabelo.
Maite teve o trabalho de explicar para Angelique o que estava acontecendo e o porquê de estarmos ali, no Texas e não é Nova York. A garota francesa foi aos poucos se acalmando e
dirigindo com mais cuidado, mas isso não quer dizer que ela dirigia bem. Perdi a conta de quantas buzinadas irritadas Angelique levou enquanto dirigia.
-E você, o que faz aqui Angelbear? – Ally perguntou inclinando para frente.
-Meu pai veio a negócios e eu estava cansada de ficar em casa – Angel explicou – Ele até me deu o carro dele para passear.
-Seu pai tem uma Ferrari – Dulce comentou impressionada.
-O pai da Angel é um mega empresário, daqueles com ar de Christian Grey – Maite comentou e riu – Entendemos porque a deusa não resistiu a ele.
-Ok, deixem meu papi em paz – Angel reclamou e ajeitou o óculos escuros – Vamos para Nova York como?
-Vamos? – Dulce indagou.
-Vocês não esperavam que iam me contar uma aventura dessas e eu fosse querer ficar de fora não é? – Angel é nos encarou com uma expressão incrédula – E eu estou
morrendo de tédio e saudades de vocês. Sem discussão ou eu abandono vocês no meio da
autoestrada!
É perigoso Angel – Maite comentou – E seu pai?
-É perigoso para todo mundo, meu pai mal vai sentir minha falta, é um empresário ocupado e você sabe disso, basta um telefonema dizendo que vou passar um tempo na casa de uma amiga e pronto. – Angel retrucou e franziu o cenho – Ou você está insinuando que como filha de Afrodite eu não estou capacitada para fazer parte dessa aventura, Maite Perroni?!
-Você é um perigo ambulante quando está com um kit de maquiagem – ironizei prontamente – Mas se quiser arriscar a vida não é problema meu, estamos precisando de ajuda mesmo.
-Valeu pela parte tocante, Portilla – Angelique reclamou.
-Por nada – disse em um verdadeiro tom de descaso - Vamos para o aeroporto, voltaremos de avião.
-Você é louca? Com tantos semideuses? – Angelique quase gritou histericamente de novo.
-O avião não vai cair comigo lá – garanti e dei de ombros – Talvez muita turbulência e algumas coisas, mas não vai cair.
-Grande consolação – a filha de Afrodite zombou.
Eu já ia retrucar de maneira malcriada quando Dulce segurou meu braço e apertou, chamando claramente a minha atenção. Olhei para ela zangada, mas os olhos castanhos chocolate sustentaram toda a minha revolta e facilmente me venceram. Bufei, rosnei e
encolhi no banco como uma criança chateada.
-Desde quando elas estão namorando? – Anahí perguntou surpresa.
-Não estamos – neguei no automático, mas olhei rapidamente para Dulce que só revirou os olhos e deu de ombros.
-É um enrolo no nível olimpiano já – Maite provocou.
-Já disse pra não se meter na minha vida, Perroni! – rosnei para ela já ficando tensa novamente – E você florzinha, presta atenção no transito.
-Eu tenho é dó da Dul – Angelique me ignorou e fez que não com a cabeça.
-Chega vocês – Ally interviu em um tom sério, com aquele olhar assustador que dominava a todos rapidamente – Estamos no meio de uma missão com um monstro sem ter sido morto quadras atrás. Podemos deixar para brigar no Acampamento, ok?
Mais uma vez resmunguei e cruzei os braços, amarrando a cara pelo resto da viagem. Dulce sabiamente deixou-me curtir o mal humor, sabendo que eu responderia
grosseiramente até mesmo a ela. Isso era um bom sinal, pois ela estava aprendendo a ler os meus estados e, melhor de tudo, a respeitá-los.
Notas Finais
Minotauro: um monstro com cabeça de touro e corpo humano (ao menos em algumas
partes). Habitava o centro do Labirinto, uma elaborada construção erguida para o rei Minos de Creta, e projetada pelo arquiteto Dédalo e seu filho, Ícaro especificamente para abrigar a
criatura. Foi morto pelo herói Teseu.
Quase que não consegui postar hoje, mas está aí espero que gostem (;
Autor(a): AnBeah_Portinon
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Pov Dulce Eu estava dívida entre os sentimentos que me invadiram quando atravessei o arco de entrada do Acampamento Meio-Sangue. Estar ali antes do tempo significava que algo muito sério estava acontecendo. Porém estar ali antes do tempo, significava também que eu poderia ver Cláudia. Meu coração estava disparado enquanto sai ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 179
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tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25
Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...
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raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57
Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !
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livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44
Continuaaa
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DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41
Continuaaaaaaa
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siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27
Continua!!!
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candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12
QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA
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livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41
Continuaaa
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Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59
VOLTAAAAAAAAAA
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Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43
Continuaaaaaa
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Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52
CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA