Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega
Pov Anahí
O tempo havia sido perdido. Foi fácil esquecer quantos dias haviam passado, ou que horas eram exatamente, nenhum tipo de relógio ou bússola funcionava. Estávamos contando apenas com a direção marítima do Christopher, já que depois de usada a garrafa térmica
desapareceu. O navio estava sendo reparado por Chris, o Vingança do Mar tinha sofrido com a fuga
daquela boca monstruosa. Era difícil de pensar que aquela aberração já tivesse sido uma
ninfa um dia.
Montamos turnos para manter a proteção do navio e distribuímos algumas tarefas. A coisa mais emocionante que tinha acontecido foi quando encontramos Ariana embolada em cordas e caixas no convés inferior, depois de ter ido pegar alguma coisa para a batalha, mas com o movimento brusco do navio sendo jogado pelos ventos acabou sofrendo um verdadeiro ataque de objetos. Ela estava de mal humor por ter sido derrotada por coisas, ninguém ousava perturbá-la quando estava com aquele olhar de “eu sou filha do capeta”... Ninguém além de mim, é claro. Quase que entramos em uma briga quando eu falei que ela ficaria com trauma de cordas, que eram seres perigosos e temíveis. Obviamente quem nos separou foi Dulce.
Depois de descansar um pouco, passei o resto da manhã limpando e arrumando o convés superior com Dulce, Ally e Angel.
-Eu acho que está acontecendo alguma coisa entre Miley e Demi – Angel disparou de repente, parando com o esfregando e usando a ponta para apoiar o braço – Meu instinto de filha do amor está gritando isso!
-Deixe de fofoca e arrume logo isso – reclamei levantando uma caixa quebrada e a jogando no mar, era inútil mesmo.
-Não, eu meio que concordo com a Angelbear – Ally também parou de enrolar uma corda no braço para guardar – Elas brigaram antes da viagem começar não é? Então a Demi aparece fugindo do namorado dizendo que uma hora eles teriam de terminar.
-E não é de hoje que eu suspeito de algo! – Angel comentou animada em fofocar – Elas sempre tiveram essa química a mais, desde que Demi trouxe Miley para o Acampamento.
-Demi que trouxe Miley para o Acampamento? – Dul perguntou sem esconder o brilho de curiosidade no olhar.
Revirei os olhos e fui pegar outras coisas quebradas, conhecia aquela história apenas de comentários que escutava sem opção quando estava realizando alguma atividade do Acampamento.
-Sim, Demi saiu em uma missão e retornou com a Miley – Ally explicou e ficou pensativa – Para falar a verdade, eu nem sei de onde a Miley é. Ela nunca conversa demais sobre si mesma.
-E ela era bem estranha no início – Angely colocou a mão na cintura – Passou dias trancada na Casa Grande só com a Demi e o Quíron.
-Será que as moças podem voltar a trabalhar? – reclamei e empurrei Angel pelos ombros, mas sem ser um gesto agressivo realmente, mas sim um “anda logo” – Termina logo de limpar esse chão.
Elas reclamaram, inclusive Dulce que estava em seu modo preguiço e curioso, mas retornaram aos afazeres, resolvendo fofocar sobre qualquer outra coisa. Ignorei e voltei a pegar alguns destroços para jogar no mar. Senti uma dor no braço e parei encostando no
parapeito, massageando meu braço para ver se aliviava.
-Eu disse que você tinha de continuar descansando – Dulce reclamou aproximando- se – Você não está recuperada ainda.
-Mas também não estou inválida. Isso é o de menos Candy – falei sem delicadeza – Vamos logo acabar com isso para almoçar logo. Se bem que é a Maite que está cozinhando, podemos morrer com isso.
Duly insistiu em permanecer me ajudando, dividindo o peso das coisas ou ajudando- me a carregar as coisas mais pesadas. Sinceramente? Eu não reclamei. Nesse tempo que se passou, estávamos tensos a espera de um novo ataque e com a assombração da simples ideia de estarmos perdidos no meio do mar. Quando finalmente terminamos, tomei um banho e fomos comer algo enlatado com peixe. Sempre peixe! Quando retornasse, eu nunca mais comeria um sushi sequer na vida.
-Portilla, como está seu braço? – Ally perguntou quando terminou o almoço.
-Bom – respondi prontamente.
-Machucado ainda – Dulce se intrometeu – Ela não consegue dobrar mais do que noventa graus, se o fizer começa a fazer caretas.
-Eu não faço caretas! – menti, porque eu realmente fazia, era algo involuntário!
-Já disse para tomar um pouco de néctar – Brooke insistiu, fitando-me de maneira reprovadora.
-Não, isso é besteira, temos de economizar o nosso estoque para coisas mais sérias – neguei prontamente.
-Aposto que se a Dulce machucasse o dedão do pé você deixaria ela beber o néctar – Maite provocou.
-Ela não machucaria o dedão do pé – respondi a fitando de maneira séria e cortante – Agora querem tirar o foco de nós duas e cuidarem da própria vida? Tenham a porra de uma educação, eu quero almoçar em paz.
Eu odiava quando falavam de mim quando estava machucada. A sensação, por mais incoerente que fosse, era de que estariam me achando fraca. Eu detestava parecer fraca perante os outros.
-Mudando de assunto para algo melhor – Miley falou e sorriu – Dul, acho que estou descobrindo a magia do seu colar. Eu tenho certeza de que mais um pouco e eu posso reproduzir o encanto que diminui a presença divina que nós temos. Não completamente, mas
seria consideravelmente melhor.
-Já pensou? A gente como adolescentes normais? – Ucker comentou um tanto sonhador e ninguém o achou bobo por causa disso – Eu tentaria entrar para o time de basquete, quem sabe conseguiria uma bolsa esportiva para a faculdade?
-E o que você quer fazer? – Demi entrou animada na conversa – Eu sinceramente não sei o que faria!
-Com a voz que você tem, faculdade para que? Uma gravadora te pegaria no primeiro
AAAH que soltasse! – Angel comentou – Seria ótimo ter uma amiga famosa!
Então a conversa engatou nesse tema. Por mais que saibamos de nossa realidade, o sonho de um futuro estável permanecia aquecido na maioria de nós. Eu não tinha essa esperança antes. Em minha mente o mais importante era sobreviver e tinha até regras
estúpidas para isso. Estava disposta a viver sozinha, apenas para não dar o gosto da vitória ao Destino que parecia dizer que eu deveria me foder nessa vida de merda que os semideuses tinham. Mas agora? Eu precisava viver, eu queria isso. Soltei um suspiro e me senti um pouco incomodada com o rumo da conversa. Não, talvez eu estivesse frustrada, por não ter um sonho. Por não ter um “depois”, por não ter pensado em um futuro digno para mim mesma que não fosse apenas sobreviver. Pedi licença da maneira mais educada que eu conseguia, ou seja, apenas resmunguei baixo e levantei. Lavei meu prato e segui meio que no automático para a cabine. Meu braço estava formigando e eu sabia que tinha de deixa-lo um pouco quieto para não retardar o processo de cura natural.
Assim que entrei tirei minha calça ficando apenas de calcinha box preta e coloquei minha blusa da Lana. Estava um calor insuportável naquele dia no Mar de Monstros. O clima não tinha uma constância, ora era frio demais, ora era fresco e gostoso, ou quente como o inferno. Estava ajeitando minha cama para apenas ficar deitada e me martirizando em pensamentos quando a porta da cabine se abriu. Eu não precisei olhar para saber quem era, o cheiro de flores inundou o ambiente tão forte que era como se alguém estivesse borrifando um perfume no ar.
-Vai passar a hora livre no quarto? – Dulce indagou fechando a porta atrás de si.
-Quero descansar – disse sem olhá-la ainda.
Nossas camas estavam juntas, apesar de inicialmente estarem cada uma em um canto da parede. Não juntamos para transarmos, não pensamos nisso nas noites que se seguiram desde que estivemos no navio. Eu apenas queria tê-la perto de mim, sentindo seu calor, seu cheiro e tê-la em meus braços. Claro que namorávamos um pouco, era quase impossível passar cinco minutos perto de Dulce e não começar a pensar em um meio de
beijá-la.
-Vou ficar com você – ela decretou puxando a coberta do seu lado da cama.
-Não precisa, eu sei que você gosta de ficar conversando com as meninas – respondi realmente sem me incomodar que ela estivesse com os outros, eram nossos amigos – Eu estou chata no momento.
-Infelizmente eu me apaixonei por você por completo – Dulce deu de ombros e até se jogou na cama primeiro do que eu – Agora vem cá.
Ela abriu os braços em um convite.
Se fosse antes eu estaria expulsando ela dali com palavras rudes, por querer ficar sozinha remoendo pensamentos negativos. Mas agora eu nem pensava duas vezes, deitei ao lado da morena e coloquei minha cabeça em seu colo, recebendo prontamente um carinho em meu cabelo. O corpo de Dulce ainda estava fresco, já que ela também tinha tomado um banho antes do almoço. Por um longo momento ficamos em silêncio e se outrora eu pensara que iria ficar agitada em pensamentos, na verdade estava calma e serena. Estava sobre algo que eu costumava nominar “efeito Saviñon”.
-Você está se saindo bem no treino com a Grande – comentei de repente, lembrando de como a Dulce desarmou a filha de Hades depois de um duelo acirrado – Mas eu avisei que ela não é tão boa quanto eu.
-Claro que não, você é a Portilla foda – Dulce riu fazendo seu peito vibrar contra meu rosto, isso me fez sorrir – Mas ela não é tão má quanto você.
-Porque ela não sabe os seus limites como eu sei – comentei começando a fazer carinho na barriga de Dulce – Mas você está se dando bem, eu odeio admitir, mas ela estava certa. Ela tem uns movimentos que eu desconhecia com a espada leve.
-O que a Ariana acharia da Anahí a elogiando? – Dulce provocou e eu a belisquei – Brincadeira! Ela não iria acreditar mesmo! – ela riu e agora fazia uma carícia carinhosa em
minhas costas – Nah, você ficou incomodada com a conversa sobre a faculdade?
Eu tentava, mas era estranho alguém me conhecer como a Dulce me conhecia. Então em momentos assim, quando todo mundo via apenas uma Anahí Portilla saindo da mesa sem muitos modos, Dulce me via de verdade. Soltei um suspiro, ainda tentando pensar sobre o assunto.
-Eu nunca pensei no que fazer na vida – revelei em um tom baixo, a agarrando mais apertado sem perceber – Eu não tinha muitas expectativas ou esperanças. Só queria viver cada dia por vez e gritar pro mundo que sobrevivi a ele.
-Então por que não pensamos nisso agora? Se você pudesse escolher, qual faria?
-Eu não sei Candy...
-Pensa bebê, não dói imaginar como seria. No que se imaginaria trabalhando? Ou estudando?
-Ah... – estranhamente fiquei totalmente sem jeito e tímida, escondendo ainda mais meu rosto contra o corpo dela enquanto pensava, só depois eu ergui o olhar devagar – Eu acho que eu faria fotografia.
-Fotografia? – Dulce questionou me estimulando a prosseguir, ela tinha um sorriso suave no rosto.
Ajeitei melhor ao seu lado, dessa vez deitando de lado e com o corpo erguido sendo apoiado por meu cotovelo no colchão. Mordi o lábio pensativa até que comecei a me explicar, sorrindo cada vez mais.
-É, fotografia. Quando pequena eu não sabia dessa coisa sobre tecnologia prejudicar semideuses, eu ganhei uma daquelas máquinas antigas, uma Polaroid. Eu adorava fotografar tudo e guardar os momentos. Entende Candy? Pegar coisas lindas, sentimentos e qualquer coisa do tipo e registrar em uma imagem que pode ser eterna se bem cuidada. Ou então
desenho, e-eu gosto de desenhar, só parei a muito tempo, mas o conceito é o mesmo. Eternizar momentos.
-Isso é lindo Narrí – Dulce sorriu, mas eu fiquei mais tímida – Você está tão fofa que me dá vontade de morder!
-Me morde então – fiz beicinho.
Ela prontamente envolveu os braços em meu pescoço e me puxou para mais perto, quase me fazendo deitar sobre seu corpo. Porém eu esqueci que meu braço estava ainda sofrendo sequelas do ataque do monstro marinho, acabei me apoiando demais nele e gemi
em dor. Dulce me olhou preocupada e eu desabei ao seu lado novamente.
-Puta merda, estou de saco cheio desse braço! – exclamei irritada.
-Nisso que dá não escutar a Ally – Dulce fez um tom reprovador – Você é tão teimosa!
-Você é tão teimosa quanto! – acusei e ela riu sem poder negar.
Dulce tocou a ponta de meu nariz e eu o franzi, a fazendo sorrir com isso. Seu dedo deslizou de meu nariz para minha boca, contornando o desenho de meus lábios enquanto os olhos castanhos encaravam aquela parte quase sem piscar. Eu não resisti a morder a pontinha do dedo dela e passar a língua na ponta. Foi nítido o momento em que Dulce parou de respirar. Puxei o dedo dela para dentro de minha boca e o chupei antes de começar a envolve-lo com minha língua bem lentamente. Dul foi retirando o dedo e segurou meu
queixo, deixando meus lábios entreabertos. Seus lábios mal roçaram nos meus e a língua já
deslizava para dentro de minha boca, reproduzindo exatamente os mesmo movimentos que eu fiz antes. Deuses, Dulce Saviñon sabia como enlouquecer!
Aos poucos a filha da primavera foi subindo encima de mim, aumentando o beijo não em seu ritmo, ele permanecia lento, porém completamente envolvente e íntimo. Nos perdemos ali, nas carícias de lábios e línguas que nos transportava para bem longe. Longe do Vingança, longe do Mar de Monstros. Para um lugar onde tudo o que importava era nós duas
e eu sentia que era o meu próprio paraíso.
-Ah Candy– sussurrei quando o beijo teve fim.
Ela sorriu, aquele sorriso que disparava meu coração de um jeito alucinado. Dulce inclinou o rosto para meu pescoço, dando beijos molhados, mordidas lentas e suaves, respirando pesado contra minha pele. Eu arrepiei, suspirei, senti o corpo dela sobre o meu
me dominando... Epa, me dominando? Meu coração falhou uma batida e eu travei totalmente.
-Espera, espera! – pedi com um nada sutil tom de desespero – Assim não.
-Assim não? – ela repetiu confusa.
-Deixa eu ficar por cima e---
-Você está machucada, Narrí.
-Eu quero ficar por cima, deixa vai – me fiz de manhosa.
-Anahí – Dulce afastou um pouco e me encarou melhor – O que está acontecendo?
-Nada – neguei rapidamente e desviei o olhar, aquela maldita sabia me ler como ninguém – eu só me sinto mais confortável ficando por cima, fazendo as coisas.
-Nah... – ela hesitou e me fitou em expectativa – Já fizeram coisas com você?
O que eu disse dela me conhecer assustadoramente bem? Meu coração disparou em medo e vergonha, desviei o olhar virando o rosto. Normalmente eu estouraria negando e gritando, rindo em deboche ou fazendo pouco caso. Mas era Dulce Saviñon ali, ela tinha a capacidade de foder minha vida vendo a minha alma nua e crua.
-Anahí, você é virgem?! – dessa vez Dulce nem escondeu o choque.
-Isso, grita pro navio inteiro escutar!
Empurrei Dulce de cima de mim, com delicadeza até, eu não conseguiria machuca-la mesmo que querendo. Sentei na cama com os pés para o lado de fora, sentia meu rosto quente e coração disparado em vergonha. Inclinei um pouco para frente fazendo com que meu cabelo escondesse meu rosto. O que Dulce estaria pensando de mim agora? Oh
deuses, isso era um desastre!
-Ah Nah – Dulce murmurou carinhosamente, então senti o corpo dela pressionando minhas costas e seus braços passando por meus ombros, ela estava me abraçando por trás – Desculpa, eu só fiquei surpresa demais. Do jeito que você faz comigo parece já ter feito de tudo.
-Eu já fiz de tudo, mas não deixo fazerem de tudo comigo – revelei em um fio de voz, encolhendo ainda mais – Eu não gosto de não ter o controle, Dulce.
Meu coração disparou mais ainda ao lembrar de como Megan brigava comigo quando eu não a deixava me tocar mais íntimo, como eu fazia com ela. Eu não queria que Dulce brigasse comigo, não a queria de cara amarrada para mim, mas também não conseguiria ser
submissa a alguém desse jeito, eu simplesmente travava!
-Na verdade, eu estou feliz com isso – Dulce sussurrou ao pé de meu ouvido, mandando consequentemente arrepios por todo o meu corpo.
-N-não está brava? – perguntei incrédula.
-Não – Dulce mordeu a ponta de minha orelha e suspirou fazendo seu hálito quente roçar minha pele, dessa vez eu estremeci – Porque isso quer dizer que quando eu for te ter como você me tem, serei a primeira e vou ser a única. Assim como eu sou para você Narrí. Tudo a seu tempo, ok?
Inclinei e virei meu rosto para poder fitar aquela garota e saber se ela existia mesmo. Mas ali estava Dulce, com um sorriso sereno e um olhar confiante. Ela parecia ter a certeza de que esse momento um dia chegaria, e apesar de ser uma garota impulsiva e curiosa, eu via também a paciência estampado nas íris chocolates. Eu já ia agarrá-la, simplesmente porque queria ter aquela coisa magnifica entre meus braços, quando esmurraram a porta de nossa cabine.
-Anahy! Dulce! – era Maite praticamente gritando – Vocês tem de ver isso!
-Empata foda do caralho! – vociferei, mas em um tom baixo – Sempre a Maite!
-Deve ser algo importante – Dulce franziu o cenho.
-Andem logo! – Maite gritou e bateu um pouco mais forte.
-Já vamos! – gritei de volta.
Levantei da cama resmungando e já tirando a minha blusa da Lana, porque é claro que eu não iria para algo que Maite estava chamando com minha blusa favorita. Estava já vestindo uma calça quando notei o olhar de Dulce sobre mim. Ela estava tão concentrada olhando para meu corpo que não percebeu que eu a flagrara, nem muito menos viu que eu corei brevemente com aquela intensidade no olhar castanho. Era tão claro que ela gostava do que via, que por breves segundos senti aquela insegurança de se eu seria bonita para ela de
verdade... Mas até que ela mordeu o lábio inferior e arfou, como se seus pensamentos estivessem indo para um caminho muito sugestivo. As bochechas dela coraram quando encararam a minha bunda e eu acabei rindo a achando fofa, mesmo que me devorasse com o olhar.
-Giovanna, se vista logo! – ela ordenou e desabou na cama, virando as costas para mim – Maite empata foda.
Ri mais ainda, Dulce era uma menina mulher em todos os sentidos. Não tinha medo de sexo, mas ainda assim era inexperiente e curiosa. Terminei de me vestir, colocando uma blusa simples de mangas curtas e um tênis velho. Cutuquei Dulce e mordi de leve o seu braço apenas para chamar sua atenção e chamar para partir.
-É bom que o mundo esteja acabando – ela resmungou frustrada.
-Não duvido muito – comentei abrindo a porta.
Seguimos em silêncio, subindo as escadas para o convés superior ficando cada vez mais em alerta. Afinal, Maite havia apenas atrapalhado tudo aos berros e não dito o que estava acontecendo. Além de ter saído logo depois do aviso estrondoso. Chegamos lá e
encontramos praticamente todo mundo encostado no parapeito do navio, encarando alguma coisa na água, espalhados pelo navio. Olhei para os lados procurando algum tipo de ataque, mas tudo o que tinha era um cenário calmo de uma tarde ensolarada e fresca.
Dulce tocou em meu ombro e começou a andar para o lado esquerdo do navio, onde estavam Maite, Ally e Angel debruçadas e completamente atentas. A segui de perto, ainda desconfiada daquilo tudo.
-O que está acontecendo? – Dulce perguntou se metendo entre Angel e Maite.
-Shhh – Angel fez o barulho de silêncio – Espere, daqui a pouco eles aparecem.
Fiquei ao lado de Ally franzindo o cenho, passando a encarar o mar. As ondas seguiam um padrão relativamente altos naquela tarde, porém era constante sem indícios de uma tempestade ou algo similar. Meio minuto depois eu já estava ficando agoniada por estar parada tanto tempo encarando a mesma coisa, como elas conseguiam mantar essa concentração em absolutamente nada?
-AI MEUS DEUSES! – Dulce quase gritou quando aquilo rompeu as águas.
Meu coração quase saiu do peito quando uma enorme coisa saltou magnificamente da água. Era um ser hibrido de peixe e cavalo, do tamanho de um garanhão e no lugar das pernas haviam nadadeiras. Era para ser uma coisa estranha e bizarra, mas pelo contrário, era uma espécie linda e incrível. A cor variava de azul e vermelho, as escamas reluziam na
luz do sol. Inclinei mais sobre a grade, vendo aquele ser saltando mais uma vez como se fosse um golfinho se exibindo.
-Hipocampo! – exclamei encantada.
Eles apareceram tem uns quinze minutos – Maite falou – Eu tinha certeza de que a Dulce adoraria ver isso. Nosso mundo é cheio de coisas ruins, mas tem as boas também!
-Ai que lindos! – Dulce exclamava quando um deles dava uma pirueta no ar – Espera, ali é o Christopher?
Arqueei as sobrancelhas quando vi o filho de Poseidon no mar, sobre um dos hipocampos montados e se divertindo na água. Ele ficou sobre o torso do que estava
montando e fingiu estar surfando, mas logo o cavalo marinho se jogava para o alto e o derrubava na água. Ucker emergiu rindo e nadando de volta para o navio.
-Exibido! – escutei Demi gritando lá da proa.
-Invejosa! – ele gritou de volta em brincadeira.
Uckermann usou da água para levantá-lo e assim ele se jogar dentro da embarcação. Obvio que ele estava se exibindo, mas ninguém reclamou afinal era realmente incrível o controle que
ele tinha sobre os poderes. Continuamos vendo os hipocampos brincando na água por quase vinte minutos inteiros, o céu já dava sinais de que iria escurecer, o vento tornando-se levemente frio.
-Aquilo é de um hipocampo também? – Dulce apontou para o mar.
Olhamos para o ponto indicado, onde tinha uma luz que piscava e ficava mudando de cor entre as ondas. Dessa luz, outras começaram a aparecer. Eram lindas e encantadoras, estavam tomando o mar em uma imitação real do filme As Aventuras de Pi. Eu já estava esperando que peixes brilhantes saltassem do mar.
-É tão lindo – Angel suspirou encantada, seus olhos escuros vidrados no mar – Vocês estão escutando Beyoncé também?
Franzi o cenho, mas mal conseguia encarar a filha de Afrodite. Eu estava encantada demais com as luzes, que agora pareciam dançar debaixo do mar. Elas se tornaram várias, iluminando as águas como se estivesse acontecendo uma verdadeira balada lá dentro. Foi
então que eu escutei West Coast, da Lana Del Rey, ecoando hipnoticamente ao meu redor, como se entrasse diretamente em minha mente. Eu sentia uma estranha paz, como se a combinação de minha cantora favorita e as luzes na água estivessem me chamando.
Chamando cada vez mais, cada vez mais...
I can see my baby swinging
His parliament's on fire
And his hands are up on the balcony
And I’m singing
Ooh, baby, ooh, baby, I’m in love
Escutei um estrondo a minha esquerda. Mas quem ligava? As luzes eram tão mais bonitas e aquela música da Lana se fazia tão dentro de mim que eu estava completamente entregue, perdida nas sensações entorpecidas que estava sentindo. Uma aglomeração de luzes roxas e azuis ficou próxima do navio, perto de mim, elas se erguiam, se espalhavam e
depois se juntavam. Elas estavam me chamando! E porque não ir? Pisei na primeira divisa da grade, erguendo meu corpo. Já ia passar minha perna para o outro lado quando um forte puxão me fez cair de bunda no chão.
I can see my sweet boy swaying
He’s crazy y cubano como yo, my love
On the balcony and I’m saying
Move baby, move baby, I’m in love
I’m in lo---
Então algo explodiu em meu rosto, provocando uma dor que quebrou toda a magia do momento. Pisquei e gemi em agonia, segurando o meu queixo sentindo como se meu maxilar não tivesse deslocado por pouco.
-Anahí Giovanna! – Dulce me olhava brava, segurando forte no colarinho de minha blusa.
-Mas que porra foi essa?! – gritei com ela, zangada por ter sido tirada bruscamente de um momento que nem mesmo eu entendia, mas estava gostando.
-Sereias! – ela gritou também – Uma merda que eu iria deixar as sereias te levarem!
-S-sereias? – gaguejei em surpresa.
Mas não tinha sereia nenhuma... Mal terminei de completar esse pensamento e uma coisa monstruosa saltou perto do navio. Ally estava próxima, ergueu o arco, puxou a corda fazendo duas flechas aparecerem e atirou nela, a fazendo cair no mar novamente antes mesmo de pousar dentro do navio. Na proa, Angel soltou um grito quando foi pega de surpresa por uma delas, mas Demi acertou duas flechas que forçaram aquilo larga-la a quase um metro do chão do navio.
Sereias não eram aquelas coisas lindas da Disney. Não, aquilo estava longe de parecer a princesa Ariel. Era mais fácil imaginar que eram um monte de abutres do tamanho de pessoas, com penas, garras cinzentas e pescoço rosado e enrugado. Sobre esse pescoço
havia cabeça humana, mas uma que nunca tinha uma forma certa, sempre ficavam mudando.
Uma delas saltou bem a minha frente, meu coração pareceu ir parar na minha garganta com o susto que eu levei. Aquela era definitivamente uma das coisas mais feias que eu já vi na vida! Comecei a me arrastar para trás por puro instinto enquanto Dulce levantava. Mas a sereia parecia olhar diretamente para mim e tomar a face de uma linda mulher. O canto estava começando e eu estava me desconectando do mundo de novo... Até Dulce fazer
surgir raízes do chão de madeira do navio e a envolverem como verdadeiras armadilhas. Presa, a sereia piou, gritou, ganiu, que seja, ela reproduziu um som horroroso antes de ter a espada fina de Dulce atravessando o seu peito. Tão rápido ela atacou, a filha de Perséfone retirou a espada dando as costas enquanto o monstro se desintegrava.
-Está ficando lerda, Portilla? Ou quer me deixar ficar com toda a diversão?! – Dulce brigou comigo quase gritando – Estamos sendo atacados, se concentra!
-Eu não tenho culpa, essa música da Lana fica ecoando! – me defendi levantando e sacando o meu isqueiro.
E eu não era a única a ter dificuldades. Maite estava sendo presa por uma corda mágica que Miley lançava, a conectando ao mastro principal e a impedindo de cair no mar e ser levada pelas sereias. O mesmo acontecia com Ariana, Chris e Ucker, já amarrados e hipnotizados. Miley estava se aproximando quando uma sereia saltou, mas flechas atiradas
por Demi a protegeram de um possível ataque.
-Eu tenho um plano! – Miley gritou ao chegar perto – Temos de capturar uma dessas coisas e acordar o pessoal.
-Tem de ser um puta plano! – exclamei vendo Ally desviando de um ataque, mas atrás da sereia vinha Angel com um chicote preto, o lançando contra a sereia e fazendo a corda envolver o pescoço. Com um puxão a filha de Afrodite fez a sereia cair para trás, dando tempo de Ally se recuperar e atacar com flechas no peito e cabeça – Zeus, desde quando a
Angelique luta daquele jeito?!
-Isso pode ser discutido depois. Anahí, preciso de você para fritar alguns monstros feios. Dulce, mantenha Anahí acordada, pode soca-la a vontade – Miley ordenou e virou – Demi! Vá até a cabine do Ucker, você tem de combater o canto sereiano!
A filha de Apolo franziu o cenho, levando poucos segundos para parecer entender o plano de Miley. Ela correu para as escadas praticamente se jogando dentro do buraco. Dulce me deu um tapa na nuca e correu para ajudar os garotos ainda hipnotizados e que
poderiam ser atacados a qualquer momento. Girei a espada em minha mão e corri já praticamente saltando sobre uma daquelas aberrações que tentava voar e capturar Maite, cortando a sua asa. A música de Lana ainda continuava ecoando, tentando me invadir, mas
sempre que eu ficava um pouco lenta, Dulce jogava alguma coisa encima de mim ou me batia.
Merda, ou eu seria devorada por uma sereia feia ou levaria uma verdadeira surra de uma latina magra. O plano de Miley teria de ser muito, mas muito bom!
Notas Finais
Eu adaptei um pouco as coisas com as sereias ok? No livro não é bem assim, e mitologicamente falando, elas não são como a disney mostra, são feias e horrendas em sua forma monstruosa (veja bem, na monstruosa, mais detalhes no próximo capítulo).
Hipocampo: (do Grego - Hippos = Cavalo, Kampi = Monstro). Originário da mitologia Grega. É
descrito como híbrido de cavalo e peixe, sendo a parte inferior de peixe e superior de cavalo. Segundo as lendas, o Hipocampo era a força motriz da carruagem do deus Poseidon, levando a divindade dos mares a qualquer lugar de seus domínios. Sabe-se também que
estes cavalos aquáticos conviviam com as Nereidas, Ninfas do mar, filhas de Nereu, deus
aquático, antecessor de Poseidon; servindo de montaria para as mesmas.
Autor(a): AnBeah_Portinon
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Pov Dulce Dessa vez eu tive de segurar Anahí pela camisa e a puxar com todas as minhas forças para dentro do navio. Ela tombou no chão de mal jeito e despertou do canto hipnótico rosnando e já pronta para contra-atacar. Aquilo nunca teria fim?! Ally e Angel também lutavamcom tudo o que tinham. Angelique não estava nem um pouc ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 179
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tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25
Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...
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raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57
Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !
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livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44
Continuaaa
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DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41
Continuaaaaaaa
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siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27
Continua!!!
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candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12
QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA
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livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41
Continuaaa
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Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59
VOLTAAAAAAAAAA
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Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43
Continuaaaaaa
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Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52
CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA