Fanfics Brasil - Gatinho Malvado The Mythology- Portiñon- Adaptada

Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega


Capítulo: Gatinho Malvado

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Pov Anahí



Faltavam apenas alguns pares de minutos para que partíssemos em direção para o Colorado. Mas eu estava ali, sentada sobre uma mesa suja de madeira, encarando as paredes que eu tinha pintado contando a história de Chris. Tornando eterno o que seria
imortal em meu coração. Soltei uma longa respiração, meu coração sendo esmagado por aquela saudade e luto, ainda sem superar completamente a morte de alguém tão próximo.



Não sabia quanto tempo estava ali, mas sabia que era muito. Havia acordado cedo, lidando com uma Dulce sonolenta quando a acordei apenas para dizer que estaria na
forja do filho de Hefesto, pedindo para que quando fosse a hora de partir me encontrasse lá. Ela tentou me olhar seriamente, mas sua cara de sonolenta apenas a permitiu balançar a cabeça e aceitar o momento que eu necessitava. Iriamos partir em uma missão. Uma que envolvia deuses, tramas, traições. Talvez eu preferisse voltar para o Mar de Monstros, pois uma sensação de medo sempre tomava o meu corpo quando a última parte da profecia de Dulce ecoava em minha mente. “Pelas mãos do favorito do amor, vosso coração se confundirá”. Eu precisava que Dulce tivesse apenas uma certeza dentre de seu coração. Que ela era minha garota.



-Eu tenho de fazer as coisas certas Christian – falei encarando as pinturas a minha frente, deixando meus ombros caírem – Eu não posso perde-la, é a melhor coisa que o Destino já fez esbarrar em mim. Literalmente até – sorrir fraco e suspirei pela milionésima vez – Eu ainda sinto vontade de me entregar. De deixar a tristeza me consumir, de me proteger desse mundo e voltar a ser sozinha. É mais seguro, confiável, certo. Mas eu já aprendi que é bastante solitário e frio.



Franzi o cenho lembrando de meu eu do passado. Eu não estava brincando quando disse à Megan que havia mudado. Nem mesmo eu sabia as proporções disso tudo ainda, pois sabia que ainda estava em constante mudança. Simplesmente porque mudei o meu pensamento. Eu não queria ser mais sozinha, não queria sobreviver apenas.



-Eu percebi o quanto a vida é curta e frágil – falei em um tom baixo, segurando o pingente de asa de meu colar com certa força – Que as coisas boas simplesmente
escapam facilmente de nossos dedos, quanto que para conquista-las passamos por muitas provações – mordi o meu lábio, sentindo como se o mundo pesasse em minhas costas – Eu não quero perder as poucas coisas que eu conquistei. Os amigos que são loucos de me defender, mesmo sabendo como eu sou. Eu quero ser melhor Chris.



Estremeci só de imaginar como seria a minha vida sem Maite, ou Dulce. Ou até mesmo a histérica da Angelique e a pacificadora da Ally. Todos os outros se intrometeram
pouco a pouco em minha vida e eu não queria que eles saíssem.



-Eu vou terminar essa missão – eu disse de maneira mais convicta – Eu vou terminar por você, para provar que valeu a pena ter nos deixado continuar, que você nos salvou e que Destino nenhum vai pisar mais em nós.



Escutei batidas na porta da forja, saltei da mesa e vi Dulce entrando, usando roupas de frio e até mesmo uma de minhas tocas. Por um momento minha mente divagou pela possibilidade que se fosse eu no lugar do Chris, sacrificando a vida pela de todos... Eu não teria vivido tudo o que queria ao lado daquela latina.



-Eu sinto a falta dele – Dulce falou em um tom tristonho – Ele sempre fez tanto por nós.



-Vamos honrá-lo em nossas lembranças – eu disse de uma maneira baixa, mas meu tom intenso – Nunca iremos esquecê-lo e vamos terminar essa missão vitoriosos. Vamos salvar o mundo porque Chris nos deu uma chance para que isso fosse possível.



-Se você estiver comigo, eu sei que vamos conseguir – Dulce disse de um jeito até mesmo tímido.



-Aonde mais eu estaria, Candy?



Ela me presenteou com um sorriso, um que me aquecia por inteiro. Suspirei e selei nossos lábios. Apenas isso, um encaixe de bocas, mas que era perfeito mesmo em sua forma mais simples. Eu senti o sorriso dela se formando em minha boca e isso fez com que as borboletas se revoltassem em meu estomago, entrando em um alvoroço imensurável apenas porque ela estava sorrindo ali, para mim e por mim.



-Vamos? – Dulce chamou calmamente.



Apenas acenei e peguei em sua mão, dando uma última olhada para as imagens desenhadas de Chris. Ao sairmos nos encontramos com um amontoado de semideuses no topo da colina, na entrada do Acampamento. Angel e Ally já não estava mais ali, tendo de retornar para casa com desculpas mirabolantes pelo sumiço por tanto tempo. Alfonso e
Troy preparavam-se para partir, para descobrir o que aconteceu com suas famílias depois de tanto tempo perdido na ilha de Circe. Ucker iria ficar no Acampamento logo, dizendo preferir ficar e treinar.



A-Eu ainda não acredito que não irei com vocês – Maite reclamou assim que nos viu – É tão estranho.



-Também acho, Cheechee – Dulce me soltou para poder se jogar nos braços da garota alta – Mas veja pelo lado positivo, você vai voltar para casa e ficar com um olho em
Blanca.



Maite escolheu voltar e atualizar a mãe da Dulce sobre as nossas aventuras. No fundo, eu sabia que a filha de Hermes estava feliz só com a ideia de ter uma casa para
retornar. Blanca apenas era um bônus abençoado, assumindo sorrateira e quase permanentemente a figura mais próxima que teríamos de uma mãe.


Ariana estava quieta em seu canto, as roupas também de frio, usando luvas vermelhas fofas e um chalé ao redor do pescoço. Ao seu lado Miley parecia ainda mais pensativa do que o normal, usando roupas escuras e que pareciam ser bastante quentes.



-As caçadoras disseram que nos encontrariam lá embaixo – Troy informou ajeitando a mochila nas costas – Podemos ir? Estou congelando.



Troy, Maite e Poncho iriam juntos até Nova York, de lá os garotos seguiriam o próprio rumo. Nos despedimos de Cláu, que estava agarrada em Dulce chorando e pedindo para que voltasse logo. Ela surpreendentemente também me agarrou e pediu para que eu tomasse cuidado, chegando a dizer com a voz embargada que eu era a melhor contadoras de história do mundo. Eu tinha de admitir, crianças era o meu ponto fraco mais forte depois de Dulce Saviñon.



Descemos a colina em silêncio, sentindo aquele frio intenso que tomava conta do ambiente, mesmo que já beirasse a metade da manhã. Assim que alcançamos a estrada, eu não pude evitar a surpresa. Maite tinha conseguido dois carros, mas eu nunca iria
imaginar que ela conseguiria roubar um verdadeiro Audi R8 preto, um carro que só de olhar você sabia que era caro. Ao seu lado, uma picape também moderna de cor prata.



-Garota, você é incrível, olha só essa máquina! – Poncho exclamava olhando para o R8 como se babasse por uma linda mulher.



-Ela é uma exibida, isso sim – resmunguei pelo exagero – Uma das intenções não é ser discreto e não chamar a atenção?



-Qual a graça disso? – Maite revirou os olhos – Ainda continua chata, Annie.



-Não to pedindo sua opinião sobre minhas qualidades – retruquei apenas para provocar.



-Não precisa, eu sou diva o suficiente para falar quando quiser – Maite piscou um olho.



-Viu? Exibida! – exclamei quase vitoriosa



-Vocês duas ainda discutem como antes.



Megan apareceu atrás de nós, usando aquele casaco pesado de camuflagem. Ao seu lado, Emily e Ashley, em igual vestimenta e olhares que eu não saberia dizer se era sono ou cansaço. Elas sorriram e acenaram em um cumprimento, mas fecharam a cara quando
encararam os garotos.



-Acho que podemos ir – Ashley comentou.



-Como vocês vão? – Miley indagou se manifestando pela primeira vez àquela manhã.



Como que para responder, Emily tirou a luva de sua mão e levou dois dedos aos lábios, assoviando alto uma única vez. Então do alto desceram três Pégasos, um preto
com uma marca branca na testa, um cinzento e outro em cor de creme. Elas montaram nos animais facilmente, eu não podia deixar de notar como a postura de Megan estava diferente, mais firme e destemida. A vida de caçadora deve ter dado mais confiança a filha de Deméter.



-Acho que nos despedimos aqui – Maite murmurou – Chancho, prometa que vai se cuidar e bater na Anahí sempre que achar necessário.



-Ei – reclamei a fuzilando com os olhos.



-Não se preocupe, já está virando uma especialidade minha – Dulce piscou um olho travessa.



-Circunstancias especiais, Saviñon – lembrei na defensiva, não gostava da ideia de apanhar fácil, mesmo que de Dulce.



-Huuum, conte mais dessa circunstancias especiais em que a Dul te bate – Poncho disse malicioso.



-Não temos tempo para isso – Emily interferiu fazendo uma careta de desgosto.



Dulce abraçou cada um deles como se fosse o último abraço. Até mesmo o Poncho e Troy foram vítimas de seus braços magros e determinados a mostrarem o quanto ela era meiga. Eu, entretanto, contava os segundos em que ela permanecia em contato com eles, se passasse mais de cinco eu logo estava resmungando incomodada.



As caçadoras foram as primeiras a partirem, seguindo em direção a Pensilvânia, primeiro ponto de encontro que faríamos depois de começar a viagem. Maite assumiu o volante de seu mais novo carro roubado, saindo cantando pneus e me deixando a sensação de que Alfonso e Troy nunca mais entrariam em um carro com ela. Miley pediu para ir dirigindo e nenhuma de nós se impôs a isso, indo Ariana ao seu lado e eu e Dulce no banco traseiro.



-Talvez seja uma viagem mais calma – Ariana comentou – Estamos com nossos itens que escondem nossa presença.



-Mas temos três caçadoras conosco. Ashley é filha de Atena, Emily de Apolo. São deuses importantes e sem contar que a Megan é de Deméter – Miley ponderou.



-Estaremos preparados para chutar o traseiro de alguns monstros – falei determinada – Azar o deles de cruzarem o nosso caminho.



Miley deu o seu primeiro sorriso do dia e Ariana revirou os olhos. Dulce riu baixinho e encostou em minha lateral, deitando a cabeça em meu ombro. Por sorte, essa seria uma viagem em que Miley e Ariana tinham gostos melhores que Beyoncé.



(...)



Já faziam quase quinze horas de viagem. Passamos por Ohio tranquilamente, porém a estrada até Indiana mostrou-se perigosa. Tanto pela neve que começou a cair, tanto para os monstros que começaram a surgir no caminho. Não eram tantos, mas sentiam a
presença das caçadoras e um pouco da nossa, mesmo que mesclada ela ainda existia. Talvez apenas a de Dulce fosse totalmente vedada.



Ariana, que estava no volante, recebeu um sinal das caçadoras lá do alto para encostar a picape. Ela bocejou assim que estacionou, passando as mãos pelos olhos para afastar o sono. Já era uma hora avançada da madrugada e estavam todos cansados de
estar dentro de um carro por tanto tempo. Assim eu não hesitei nem um pouco em sair da picape assim que ela parou, respirando aquele ar gélido e puro, podendo esticar meus músculos assim que espreguicei.



-Merda, minha bunda dói de ficar sentada – Dulce comentou depois de sair do carro.



-Claro, é muita coisa nessa parte – provoquei e recebi um tapa fraco no braço – Não estou mentindo Candy!



-Nossos animais estão cansados – Ashley informou assim que pousou com o Pégaso negro perto do carro – Temos de parar e descansar.



-Há um lugar mais aberto ali – Ariana apontou para o bosque que se formava a nossa direita – Podemos fazer um acampamento.



-Eu vou procurar por lenha para montar uma fogueira, ou congelaremos – Emily desceu de seu cavalo alado de cor creme.



-Eu irei com você – Megan se manifestou.



-Também vou, três é um bom número – Ariana deu de ombros – E vamos precisar de muita madeira.



Elas três adentraram mais no bosque enquanto o resto montava as barracas. Eu montava a minha e a de Dulce praticamente sozinha, enquanto a garota magra ficava
sentada sobre um tronco caído olhando para o nada e com um sorriso idiota no rosto.



-O que está pensando? – perguntei sem parar o trabalho com a barraca.



-Você lembra quando em Lima a gente enfrentou aqueles monstros engraçados? Metade peixe e metade cachorro? – ela falava em tom de riso.



-Os telquines – confirmei mal olhando para ela, querendo terminar logo com aquilo.



-Sabe, eu acho que eles dariam perfeitos palhaços! – Dulce falava animada – Imagina a carinha deles pintadas, aquele andar estranho e batendo as mãos de cachorro-
peixe!



Enquanto ela descrevia, começava a imitar da melhor forma possível sentada. O problema era que a imagem se formou nitidamente em minha mente, ainda mais com ela
se movendo daquela forma idiota e infantil. Eu comecei a gargalhar, era impossível! Miley que estava perto também estava rindo da forma tosca que Dulce imitava um telquine palhaço.



Telquines tinham cabeça de cachorro e geralmente um corpo liso e escuro, como uma verdadeira foca ou leão marinho, as penas curtas e grossas, os pés sendo meio que nadadeiras e as mãos com garras. Eram também ótimos forjadores, usando de magia para
encantar suas armas. O que deu um belo embate entre eles e Miley quando estivemos na cidade de Ohio. Então um monstro daquele em sua versão Bozo era demais em minha mente.



Quando consegui parar o riso, descobri que Dulce tinha um sorriso vitorioso nos lábios e que até mesmo Miley me encarava com um sorrisinho de canto. Encolhi ombros incomodada com tanta atenção.



-Eu sou demais – Dulce disse um pouco convencida – Consegui fazer você rir!



-Isso tem nada demais, não seja esquisita – resmunguei ainda sem jeito, voltando a mexer em nossa barraca a erguendo finalmente – Ah! Isso sim que é motivo de
comemoração, armei direitinho primeiro que todo mundo.



-Nada disso! – Dulce colocou as mãos na cintura e levantou – Sua risada é a coisa mais valiosa que existe. Saber que euzinha aqui a provocou é mais gostoso do que
qualquer outra coisa.



-Qualquer outra coisa? – arqueei uma sobrancelha.



Dulce abriu a boca para tentar contra argumentar, mas pensou melhor e ergueu as mãos em rendição, fazendo Miley ri baixo e discretamente. A filha de Hécate nem tinha começado a arrumar a sua barraca, mas bastou um murmurar de palavras que eu
desconhecia que a barraca se arrumou sozinha em questão de dez segundos. Eu imaginei tendo todos aqueles poderes mágicos e torci um pouco o lábio para o lado. Já teria explodido alguém, no mínimo.



-Você usa os poderes mágicos tão facilmente – Ashley comentou, ela foi a única caçadora que ficou e já terminava de montar a barraca grande, provavelmente elas dormiriam no mesmo lugar – Isso é impressionante.



-Treino – Miley deu de ombros.



Em um relapso de memória,lembrei quando ela disse a Circe que por ter vivido mais tempo por causa da magia de parar o tempo, ela conseguiria fazer um ritual tão complicado quanto o de encontrar uma deusa. Talvez tempo fosse a resposta para tudo isso. Meus
pensamentos foram interrompidos pela volta das outras garotas, elas rapidamente montaram uma boa fogueira, deixando um pouco de lenha para poder ir alimentando as
chamas mais tarde.



Emily preparou uma sopa simples, o suficiente para que não morrêssemos de fome e frio, pois o líquido quente descia de bom agrado por minha garganta. As meninas conversavam com as caçadoras, perguntando curiosas como eram a vida em uma eterna
caçada, longe do que seria uma “vida normal”. Pouco me interessava saber, por isso eu
ficava na minha, aproveitando a minha sopa. Ao meu lado, Dulce colocava o cabelo pela quinta vez atrás da orelha. Aquilo a atrapalhava de comer, mas os fios teimosos sempre caiam quando ela dava qualquer tipo de risada ou movimento maior.



Revirei os olhos e sem nenhum tipo de aviso, deixei o prato sobre minhas pernas e me inclinei em sua direção. Peguei as mechas da frente e as amarrei em um nó frouxo na parte de trás, garantindo que ela pudesse comer em paz.



-Obrigada Nah – Dulce murmurou levemente corada e sorrindo.



Dei de ombros achando aquilo irrelevante, mas notei o olhar atento de Megan naquele momento. Também ignorei, não queria mais nenhum tipo de confusão em relação a minha ex-namorada.



(...)



Um forte calafrio me despertou.
Meus olhos se abriram alarmados, prontamente se acostumando com a escuridão dentro de minha barraca. Os braços de Dulce circulavam meu corpo, ela estava mais colada do que nunca devido ao frio que fazia do lado de fora.



Esperei em alerta, mas tudo
o que eu escutava eram os sons vindos do bosque ao nosso redor. Ainda assim aquela sensação de que algo ia mal ainda permanecia, fazendo meu coração ir acelerando cada vez mais. Meus instintos estavam me avisando. Mas avisando de que? Dulce suspirou contra meu pescoço, fazendo uma leve cosquinha. Talvez fosse apenas impressão minha... Mas
raramente o era. Mantive meus olhos abertos e concentrados e talvez apenas por isso eu
estava viva para contar o que aconteceu depois.



Primeiro escutei o rugido do predador, anunciando o seu ataque mortal. Então uma sombra se formou sobre a barraca, muito fraca por causa da baixa iluminação da fogueira que já estava com chamas baixas. Por puro instinto agarrei Dulce e rolei para o lado. A nossa barraca se rasgou, as garras da besta cortando facilmente o tecido e parando bem onde estávamos. Outro rugido, tudo o que eu notei antes de usar o vento para empurrar meu corpo e o de Dulce para bem longe, foi que era uma coisa enorme.



-Mas o que...?! – Dulce despertou por completo e assustada.



A besta correu em nossa direção, meio que rosnando, meio que rugindo. Dessa vez consegui notar seus dentes grandes, selvagens e com claro intuito de cravar em nossa carne. Mas antes que ele nos alcançasse e eu pudesse reagir, uma barreira de terra se
formou e o fez esbarrar nela. Olhei para Dulce e ela negou rapidamente, girando o corpo
para poder levantar. Quando me ergui vi Ariana com as mãos apontada para o chão em nossa direção. Ela tinha acabado de nos salvar.



As caçadoras saíram já armadas de sua barraca, atirando as flechas sobre a besta enorme. Tive de piscar várias vezes enquanto aquele mesmo calafrio passava por minha espinha ao finalmente enxergar o nosso inimigo feroz.
Era um enorme leão. De pelo dourado, garras ferozes e dentes afiados. Mas não era qualquer leão, pois as flechas das caçadoras batiam contra o seu pele e nada acontecia, caindo no chão como se estivesse se chocando contra uma rocha e nem ao menos provocasse um arranhão.



Aquele era o Leão de Neméia.



O animal recuou, produzindo ainda aqueles sons ameaçadores, seus olhos encarando cada um de nós até parar em minha direção. Eu praticamente pude ver quando o corpo dele retesou para trás, as garras cravando no chão antes dele começar a corrida desenfreada em nossa direção, saltando com a boca aberta exibindo cada um dos dentes.



Eu e Dulce pulamos para lados opostos, eu girei duas vezes para poder me erguer em um salto. Então escutei o grito de Miley chamando por Dulce e antes de erguer meu olhar meu coração já estava congelando em meu peito.
O Leão de Neméia saltou sobre ela e dessa vez sem ter tempo de se preparar para o bote, Dulce caiu para trás, virando a cabeça para a esquerda quando o leão tentou
devorá-la. Miley lançou magia, faíscas purpuras saiam de sua mão. Mas nada adiantava com aquele monstro. Meu corpo agiu sem nem ao menos pensar duas vezes. A besta felina abriu a boca, seu peito estufando antes de abaixar com o intuito de não errar dessa vez. Mas antes que a cabeça felina chegasse muito perto, eu já estava lá. Minhas mãos nuas, sem nenhum tipo de proteção, seguraram firmemente uma nos dentes de baixo e a outra próxima ao focinho. Eu forcei a boca, empurrando para baixo e para cima.



“Por favor, por favor, me deixa proteger a Dulce” Eu repetia que nem um mantra, sentindo a força que o leão fazia para fechar a boca, consequentemente fazendo seus
dentes de baixo começarem a perfurar minha mão.



“O derrote como ele o foi da primeira vez, você consegue”.



Aquela voz atravessou minha mente, tão forte e presente quanto um trovão ecoando dentro de mim. Eram raros os momentos em que Zeus, meu pai, se comunicava de alguma forma comigo. Fora ele que tinha me dito para lançar raios na Químera quando ela estava prestes a devorar Marichello. Assim como foi ele quem disse para usar do ar para amparar minha queda. E agora meu pai estava me incentivando a derrotar uma das bestas mais
famosas na mitologia.



-Anahí! – escutei a voz de Dulce María ao longe.



Grunhi alto, rosnando quase no mesmo tom que o leão fazia. Eu forcei mais minhas mãos, pondo toda minha fé nas palavras de meu pai. Nunca saberia explicar o que
aconteceu, era como se eu pudesse sentir a adrenalina percorrendo meu corpo cada vez mais rápido, fortalecendo todas as minhas células e músculos. De repente, foi fácil deslocar a mandíbula do Leão de Neméia e jogá-lo ao chão.



O derrotar como foi feito da primeira vez. Eu não hesitei em me jogar contra o leão, a juba laranja tocando meu corpo enquanto eu o abraçava pelo pescoço. A fera levantou e por alguns momentos eu fiquei fora do chão. Mas então raízes seguraram as patas dele, o
prendendo firmemente no lugar. Olhei rapidamente para o lado, Dulce estava ainda meio caída no chão, recuperando-se do susto, mas ainda assim me ajudando ao controlar as raízes que seguravam a besta ao chão. Rosnei alto, urrando enquanto aplicava toda a
força que podia naquela chave de braço que eu dava no leão.



Ele era imune a qualquer ataque que tentava perfurar sua pele, mas nada contra ao fato de ser esmagado. Eu estava ficando cada vez mais forte, eu podia sentir isso em todo o meu ser. O leão se debatia contra meus braços, até ir perdendo as forças e ir acuando no chão. Foi então que eu senti o seu pescoço quebrar em meu aperto. Eu o soltei o fazendo
desabar no chão, assim como eu também cai sentada, sem aguentar o peso de meu próprio corpo, sentindo um cansaço descomunal me dominar enquanto observava o
monstro desaparecer em pó dourado.



-Anahí! – Dulce levantou e se jogou ao meu lado – Está bem? Está ferida?



Eu a olhei ignorando todas as perguntas, descendo meus olhos por seu corpo buscando qualquer sinal de que estava machucada. Soltei um suspiro, percebendo que a filha de Perséfone só estava assustada e preocupada. Deixei minha cabeça cair em seu ombro, buscando o ar pela minha boca.



-Portilla – Miley tocou o meu ombro – Não faço ideia de como você derrotou o Leão de Neméia, mas acho que isso agora pertence a você.



Ela tinha em mãos um sobretudo bege, muito bonito e que provavelmente atingiria a altura de meu joelho. Alguns monstros quando derrotados deixavam itens para trás, uma premiação que os deuses davam por termos sobrevivido. Aquilo era algo não tão raro, mas também não muito recorrente.



-Como você o sufocou? – Ashley perguntou se aproximando cautelosamente – Foi como Héracles o fez, mas... Bem, ele tinha a super força.



-Meu pai – murmurei – Ele disse que eu conseguiria, eu pedi para conseguir proteger a Dulce, então ele disse o que fazer.



-Idiota! – Dulce exclamou e eu a fitei surpresa, finalmente sentindo que ela segurava a minha mão – Você se machucou! Miley, pega um pouco de ambrósia ou néctar?



-Eu me machuco o tempo todo Candy – respondi ainda usando um tom baixo.



-Eu não sou uma donzela em perigo para que você precise me salvar o tempo todo – Dulce ralhou e depois suspirou perdendo a pose de brava – Mas de qualquer forma, obrigada.



-Não teria conseguido sem você – revelei.



-Desculpe interromper o momento – Emily pediu educada e se aproximando – Mas acho que estamos mesmo indo para o caminho certo.



-Porque acha isso? – Ariana indagou um pouco ao longe.



-O leão atacou a sua tenda – Emily apontou para Dulce – Avançou para cima de você duas vezes e unicamente para você. Obviamente ele estava te caçando.



-Isso quer dizer que o inimigo sabe que estamos próximos – Miley apareceu com um cantil de néctar – Devemos ficar muito mais em alerta agora.



-Acho que ninguém conseguirá descansar de novo – Ariana ponderou – E daqui algumas horas o sol irá nascer. Acho que já podemos partir.



Dessa vez eu não contestei a filha de Hades, ela estava certa. Era burrice permanecer no mesmo lugar em que fomos atacados, ainda mais quando estávamos
sendo perseguidos. Logo estaríamos em Colorado Spring, e, de alguma forma, eu sentia em meu ser que o perigo que eu iria enfrentar lá seria ainda maior do que um leão semi- indestrutível.



O pior era que meus instintos raramente estavam errados.



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Autor(a): AnBeah_Portinon

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 179



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  • tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25

    Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...

  • raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57

    Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !

  • livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44

    Continuaaa

  • DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41

    Continuaaaaaaa

  • siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27

    Continua!!!

  • candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12

    QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA

  • livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41

    Continuaaa

  • Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59

    VOLTAAAAAAAAAA

  • Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43

    Continuaaaaaa

  • Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52

    CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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