Fanfics Brasil - Velhos problemas, novas confusões The Mythology- Portiñon- Adaptada

Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega


Capítulo: Velhos problemas, novas confusões

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Velhos problemas, novas confusões
Pov Anahí



Se alguém poderia morrer esmagada por um abraço, bem, eu acho que estava prestes a ser vítima disso. Dona Blanca me abraçava com uma força estupenda, um que quase me sufocava e não me deixava falar.



-Mãe, você vai quase a Anahí também – Dulce alertou.



-Suas... Suas... Irresponsáveis! – Blanca exclamava e tentava não chorar.



Fazia bem uns quinze minutos que estávamos ali na porta da casa de Blanca. Depois do ritual, Dulce ficou tão pensativa e enterrada em si mesma que eu propus que nós esperássemos pela missão de Ucker e Ariana ali, com a mãe dela. Ou ao menos uma delas. Dulce nem ao menos hesitou, tendo apenas de enfrentar o bico de Cláu para que partíssemos o quanto antes para Nova York. Maite veio dirigindo em seu carro Audi,
incrivelmente ele ainda estava inteiro.



Nova York, assim como boa parte dos Estados Unidos e do mundo, estava coberto pela neve. O caminho de Long Island foi tão demorado por conta disso que mesmo saindo pela manhã, chegamos apenas no início da tarde. Mas apesar de todo o frio que arrebatava a cidade, Blanca conseguia transmitir um calor maternal que fazia valer estarmos
paradas do lado de fora da casa.



-Mãe, desculpa – Dulce choramingou – Mas se eu entrasse em contato eu poderia me distrair da missão.



-Falar com a mãe não pode. Mas começar a namorar sim né?! – Maite disparou rapidamente.



Se eu congelei? Obvio que sim! Blan olhou para Dul e depois para mim com olhos surpresos e inquisidores. Inconscientemente comecei a recuar, quase escorregando assim que sai da varanda da casa.



-E-eu acho que esqueci algo em minha casa – dei a primeira desculpa que veio a minha mente.



-Você nem passou lá ainda – Maite dedurou.



-Como assim, mocinhas?! – Blan colocou as mãos na cintura – Eu por acaso dei permissão?! Eu esperava mais de você Anahí, é de minha filha que estamos tratando!



-D-desculpa! – eu entrei em desespero prontamente – Mas foi coisa do momento, só parecia certo. Eu juro que fiz as coisas direitinho e que... Que...



-Mãe, para, ela vai pifar de medo – Dulce reclamou e sorriu grande – Ela é capaz de enfrentar gigantes e monstros, mas quando se trata de coisas desse tipo só falta morrer
do coração.



Blanca riu e chamou-me com a mão. Ainda sem muita confiança, me aproximei mordendo o lábio incerta. Naquele momento eu só poderia me descrever como um
cachorro caminhando acuado pronto para receber uma repreensão, com as orelhas baixas. A senhora a minha frente pareceu ainda séria, mas logo tocava meu ombro e esfregava meus braços com carinho.



-Relaxe criança, eu já desconfiava que algo assim uma hora ou outra aconteceria. Bem-vinda a família – Blanca falou e eu estremeci por completo.



-Ei que eu também quero fazer parte dessa família. Dulce, me considere sua amante de mentira então! – Maitr brincou e eu praticamente a matei com o olhar – Cruzes Anahí, eu estava zoando, não precisa me matar mentalmente não. Chancho é como minha irmãzinha!



-Agora que tal entrarmos? – Blan propôs finalmente - Não tenho almoço para todo mundo então---



-PIZZA! – Dul gritou animadamente – Vamos pedir pizzas!



Dulce entrou como foguete dentro da casa, provavelmente correndo para o telefone para ligar para a sua pizzaria favorita. Blanca a seguiu sorrindo de orelha a orelha. Mas antes que Maite entrasse, eu aproximei minha mão de sua bunda e dei um choque de leve, mas o suficiente para fazê-la saltar de susto.



-Isso é por ter quase me feito morrer na frente da Blan – rosnei baixo para ela.



-Não é apenas Blan agora, é sogrinha! – Maite ainda ousou me provocar.



Quando eu ameacei dar outro choque, a filha de Hermes correu para dentro da casa. Revirei os olhos e fechei a porta atrás de mim, sem conter um leve sorriso ao me sentir bem ali dentro. Era como se estivesse voltando para alguma espécie de lar. Tirei a minha
jaqueta e a coloquei sobre o encosto do sofá, encontrando com a “família” reunida na cozinha, Dulce fazendo o pedido da pizza gigante que iria encomendar.



Depois disso fomos obrigadas a contar um pouco sobre a missão. A mente de escritora de Blanca exigia por detalhes que nem mesmo eu tinha processado ainda. Porém
quando chegamos a parte de Adônis, Dulce me encarou sem saber ao certo o que deveria contar ou não. Respirei fundo, encarei Blanca e fui sincera.



-Sua filha salvou minha vida – falei e estremeci – Depois da poção que tomou, ela tinha um pouco de tempo para me salvar de uma flecha. Essa idiota inconsequente e idiota mais uma vez, só pra deixar claro, levou a flechada em meu lugar.



-Espera! – Blanca congelou no lugar – Você está dizendo que...



-Sim, ela levou o “tiro” por mim – expliquei completamente tensa, tanto pelo olhar de Blanca e Maite que escutava a história pela primeira vez, quanto pelas lembranças daquele momento – Eu quase morri também, dona Blanca, acredite em mim.



-Você só está contando a parte ruim da história – Dulce resmungou e cruzou os braços – Estou viva, e advinha só? É porque eu amo essa Portichata ai!



-Você sobreviveu porque estava apaixonada? Isso é demais até para mim Dul – Maite arqueou as sobrancelhas incrédula.



-Não é bem assim. Psiquê apareceu e bem... – Dulce desviou o olhar para baixo, corou e sorriu timidamente – Ela explicou que nós somos meio que almas gêmeas.



-Almas gêmeas – Blanca repetiu ainda em choque.



-OMG eu sei que mito é esse! – Maite quase pulava na cadeira – É um mito grego tia Blanca. No passado o homem tinha uma alma completa, era mais poderoso. Desafiou Zeus e ele dividiu a alma em duas. Então uma passa a buscar eternamente pela outra.



Meu coração disparou. Dulce sorriu mais ainda, estando sentada a minha frente atrás do balcão da cozinha. Ela ergueu levemente o rosto, os olhos encontrando com os meus e... Pronto, o mundo estava deixando de existir ao meu redor enquanto eu simplesmente só conseguia encarar aqueles olhos chocolates.



-DULCE SAVIÑON! – Blanca bateu na mesa nos assustando – Eu te proíbo de se jogar em frente de flechas.



-Eu concordo – reforcei recebendo um olhar zangado de Dulce – Você não sabe a merda que eu fico quando você se machuca, Saviñon! Então nem me vem com esse olhar
que não funciona porra nenhuma comigo.



-Lá se vai a Anahí gentil – Maite riu.



Se minha querida sogra não estivesse ali, provavelmente eu estaria mostrando o dedo do meio para Maite. Felizmente a pizza chegou para mudar os ânimos, todos estavam saindo quando Blanca pegou em meu braço fazendo com que apenas eu e ela
estivéssemos na cozinha.



-Obrigada por protege-la – ela disse calmamente – Sei que você fez o seu melhor. Mas evite que ela se jogue na frente de coisas assim.



-Eu tento o tempo todo, mas ela é desastrada!



Blanca riu e bagunçou o meu cabelo. Só isso, apenas esse simples gesto, me fez corar e sorri feito uma criança recebendo carinho por ter feito a coisa certa.



(...)



Horas mais tarde eu estava dormindo em meu antigo quarto. Blanca exigiu que Dulce ficasse com ela, o que me deixava sozinha ali, naquele cômodo vazio e sem o
cheiro dela. Eu tinha revirado e me mexido durante muito tempo até ser vencida pelo cansaço. Fazia quanto tempo que eu não dormia com Dulce em meus braços?
Para completar eu estava tendo pesadelos. Eu acordava, não lembrava de nada, e voltava a adormecer muito tempo depois. No que pareceu ser a milésima vez, eu
finalmente lembrei o que estava acontecendo em meus sonhos. Por isso, quando acordei, eu cai assustada no chão, mais branca do que já era e com o corpo soando frio.



Merda, merda! Aquilo não podia estar acontecendo! Eu tinha sonhado com Marichello e Derick. Exatamente, meus irmãos menores. Flashes vinham em minha mente me fazendo tremer de medo cada vez mais. Eles estavam
brincando na neve no enorme quintal da casa de minha mãe. Uma enorme sombra os cobriu e Mari tropeçou assustada. Alguma coisa estava tentando ataca-los e quanto mais eu tentava me aproximar no sonho, mais eles pareciam se afastar!



O sonho fora tão vívido que eu ainda sentia o frio que deveria estar fazendo em Denver. Eu estava tremendo porque sabia que aquele era um sonho de semideus, um
sonho que previa o perigo ou que mostrava alguma coisa. Puta merda! Meus irmãos estavam em perigo e eu precisava ir lá, eu precisava protege-los!



A necessidade veio tão grande que eu praticamente revirei o meu quarto para poder mudar de roupa, tirando minha blusa folgada e pondo a primeira calça que eu vi, uma blusa de mangas cumpridas e o primeiro par de tênis que eu vi pela frente. Sai tropeçando de
meu quarto, passando pela sala e pegando minha jaqueta preta, a colocando enquanto praticamente saia em disparada porta afora.



Ironicamente certas coisas nunca iriam mudar. Assim que eu abri a porta e sai em desespero, meu corpo esbarrou em algo. Ou melhor, na única pessoa em que eu
esbarraria na minha vida com tanta frequência. Segurei Dulce por costume, a amparando para que não caísse já que eu tinha ido com tudo em seu repentino encontro.



-Porra Anahí – ela resmungou em choque – Eu sei que você acorda cedo, mas eu esperava te encontrar dormindo ainda.



-Eu... Eu tenho coisas uma resolver – me esquivei depois de me certificar que ela estava bem.



Já estava descendo a varanda quando Dulce se colocou na minha frente. Engoli em seco com a situação. Eu não queria leva-la, mas tinha pressa em sair logo dali. Mas não sabia como fazer isso sem ser grossa ou tendo aquele olhar inquisidor castanho.



-Que tipo de coisas? – ela indagou.



-Coisas pessoais – resmunguei e tentei esquivar, mas ela deslizou para o mesmo lado empatando a minha passagem – Porra Dulce, eu preciso ir!



-Não sem você me contar o que está acontecendo – ela falou firme, quando abri a boca para vociferar ela ergueu um dedo ameaçadoramente – Nem pense nisso, é bom que me diga o que está acontecendo, você sabe que é inútil me enganar ou tentar me deixar de fora.



Bufei alto, desviei para o lado ela imitou o meu movimento. Merda!



-Eu não quero você em perigo! – exclamei exasperada – Eu volto assim que der!



-Eu não quero você em perigo também – Dulce segurou em meus braços – Você não vai a lugar nenhum sem mim, Portilla. Não sei o que está acontecendo, mas somos mais fortes juntas, lembra?



Abri a boca para negar, mas Dulce pareceu ficar mais determinada ainda. Eu não sabia mais como lutar contra ela, então apenas fiquei mais agitada ainda.



-Sonhei com meus irmãos. Mari e Derick. Eles estão em perigo, eu sei que estão. Preciso ir até eles.



-Ótimo, chegaremos lá rapidamente. Mas é melhor deixar um bilhete para Maite, assim ela avisa para minha mãe também.



-Chegaremos lá rapidamente? Nós vamos voltar para o Colorado!



-Da mesma forma que chegamos rapidamente aqui. Esqueceu que eu posso chamar a Penélope?



Meus olhos se abriram em compreensão. Dulce me puxou para dentro de casa e escreveu um rápido bilhete para Maite, inventando que iriamos sair em um longo encontro.



Depois fomos para o quintal, Dulce assoviou chamando a sua cadela infernal. A filha de Perséfone teve de fazer muita adulação para que Penélope aceitasse fazer uma outra viagem longa como aquela. Mas em quinze minutos nós estávamos montando aquela
enorme bola de pelos negra e sendo jogadas para as sombras.
Naquele momento eu tinha um objetivo em mente: verificar se meus irmãos estavam bem, sem me permitir ter a chance de perceber que eu iria encarar um dos meus maiores medos. Eu estaria voltando para casa pela primeira vez desde que fugi.



(...)



Penélope jogou-nos no Centro de Performance de Artes, um dos pontos turísticos de Denver. Felizmente, não havia turistas ou nativos para nos flagrar chegando de uma forma tão inusitada que provavelmente veriam algo bem esquisito com a névoa. Dulce foi a primeira a descer, tão acostumada que o fazia naturalmente, sem tropeçar ou desequilibrar no meio de caminho. Dessa vez, eu não pude deixar de ficar na frente daquele enorme bicho peludo e de olhos negros.



-Obrigada – eu disse sincera.



A cadela infernal produziu um som gutural e me fitou fixamente. Dulce lhe fez carinho abaixo da orelha e começou a se afastar pronta para se despedir como sempre fazia. Mas dessa vez, a fêmea ergueu-se e começou a tremer e a diminuir de tamanho! Ela foi diminuindo até ter a forma de uma rottweiler muito maior do que um adulto daquela
espécie. Mas ainda assim, mais aceitável do que ter o tamanho de um verdadeiro rinoceronte.



-Acho que ela quer nos acompanhar – Dulce falou e Penélope latiu, parando ao lado da filha de Perséfone como uma boa cadela de guarda.



-Ótimo – disse um pouco ríspida, mas era apenas a preocupação alterando o meu humor – Precisamos ir logo! Não estamos muito longe, podemos chegar lá em quinze minutos se corremos.



Dulce acenou concordando. Estava posicionando-me para correr quando notei ela esfregar o braço para gerar calor. Maldição, Dulce estava usando apenas uma blusa de mangas compridas, mas ainda assim fina para o frio que estava fazendo ali no Colorado. Resmunguei, tirei minha jaqueta e joguei na direção dela. A garota morena a pegou no ar e me fitou confusa.



-Vista – ordenei.



-Mas---



-VISTA! E vamos logo.



Dessa vez não perdi mais tempo, virei o meu corpo e comecei a correr pelas ruas de Denver. Era difícil não deixar de me lembrar de coisas de minha infância, quando ainda me considerava normal. Passei pela minha loja de jogos favoritas, assim como descobri que a sorveteria que eu tanto gostava tinha virado uma loja de roupas qualquer. Dulce corria um
pouco atrás de mim, mas era Penélope seguindo a frente que fazia com que as pessoas saíssem da frente ao ver a enorme rottweiler nas calçadas.



Cerca de cinco quarteirões depois, entramos em uma elegante rua residencial. Automaticamente o meu ritmo foi diminuindo. Algumas casas continuavam as mesmas,
outras tinha uma aparência nova. Mas nada tinha tirado o ar de “aqui moram os ricos” de meu antigo bairro. Arfei parando em frente a uma casa de dois andares, seu estilo vitoriano gritava em todos os cantos de sua arquitetura. Estávamos em frente a um enorme portão de ferro, a casa era cercada por um muro com cerca elétrica.
Eu praticamente podia me ver correndo pelo jardim, fugindo de alguma babá chata que queria me obrigar a fazer a atividade.



Costumava me esconder nos arbustos e aparecer por trás, dando um belo susto nela e correndo enquanto ria. Estava na verdade
brincando e sendo uma criança.



-Nah? – Dulce tocou meu ombro, me despertando nas lembranças – Você morava aqui?



-Sim, é a casa de minha mãe. Pertenceu sempre aos Portilla's, por isso o seu ar meio antigo e moderno ao mesmo tempo – respondi e soltei um suspiro – Vamos para a lateral e passar o muro, aqui qualquer um pode nos ver. Penélope, você pode entrar
usando a viagem das sombras, eu não aguentaria você e a Dulce, ela é mais pesada e tudo o mais.



-Anahí! – Dulce socou fraco o meu braço.



Revirei os olhos e caminhei a passos largos para a lateral direita de minha antiga casa. Assim que chegamos ao ponto que eu queria, envolvi Dulce com meus braços e
comecei a voar, dando tempo de ver a cadela infernaldesaparecendo nas sombras.



Passamos por cima da cerca elétrica facilmente, pousando no que seria o quintal de minha mãe. Um lugar enorme com direito a um pequeno cloreto, jardim em labirinto e uma fonte com anjos jorrando água.



-Não tem problema invadirmos? – Dulce indagou cochichando, como se fosse uma criança com medo de ser pega aprontando.



-Não, Marichelo ou Tisha, como gosta de ser chamada, minha mãe, não confia em seguranças. Ela monitora tudo por vídeo. Mas de qualquer modo ela iria saber que eu estava aqui mesmo – expliquei dando de ombros – É final de semana, Marichello e Derick não devem ter ido para a escola. Venha.



Segurei na mão de Dulce, meus dedos estavam tão gelados que eu a senti estremecer com o contato. Mas não afastou, pelo contrário, entrelaçou nossas mãos e
caminhou bem perto de mim. A levei pelo quintal, passando pela fonte e nos aproximando mais do jardim. Assim que os vi congelei no lugar. Eles estavam tão crescidos! Meus irmãos estavam tentando montar um boneco de neve, rindo e se provocando como sempre.



Marichello tinha ainda suas enormes bochechas, coradas por causa do frio. Usava roupas de frio em tom de cinza e rosa. Derick tinha mudado o cabelo, agora tinha um daqueles cortes que
mantinha a franja de lado. Ele usava um boné e roupas meio largadas, um típico adolescente já.



Minha mente explodiu em lembranças. De como foi ter um irmãozinho mais novo, de como eu prometi para Derick que Marichello não seria a minha irmã favorita só porque ela era menina. Como nós aprontávamos e brigávamos uns com os outros, como quaisquer
irmãos fariam. Minha respiração tinha acelerado tanto que a fumaça de frio saia constantemente de meus lábios.



Marichello estava prestes a bater no Derick, mas pareceu pisar em falso e caiu de bunda sobre a neve. Deh riu que nem um retardado ao invés de ajudar a irmã. Mas foi assim que os olhos da caçula me encontrou. Nos duas nos encaramos por longos segundos, até Deh seguir a direção do olhar dela e também paralisar no lugar.



-Anahí? – Derick chamou meio incerto.



-Nah, vai lá – Dulce falou serena – São seus irmãos, não vão morder, eu acho.



Engoli em seco e com muita dificuldade soltei a mão de Dulce. Passei a mão em meu cabelo jogando os fios para trás, um sinal de que eu estava nervosa. Aproximei a passos pequenos enquanto Mari levantava. Ambos não desgrudavam os olhos de mim e meus pensamentos me atormentavam. Será que estavam zangados? Por ter sumido por
tanto tempo e nunca ter dado sinal de vida? Eles provavelmente então me odiavam por tudo, por ter simplesmente nascido e estragado tudo!



-ANAHÍ! – Mari gritou e correu em minha direção.



A minha irmã teve a infeliz ideia de se jogar em meus braços. O impacto foi tão grande que é claro que agora ambas estavam caídas no chão. Mas Mari parecia estar
mais preocupada em me sufocar em seus braços do que pelo fato de que estávamos praticamente deitadas na neve.



-Puta merda, é você mesmo! – Derick também se aproximou – Mari, largue ela, vai matá-la e ela mal chegou!



-Por onde você andou? Por que não mandou notícias? – Mari disparou as perguntas enquanto levantava – Nós pensamos... Nós pensamos que...



-Que você estivesse morta – Derick falou esticando a mão para me ajudar, trocamos olhares intensos até ele abrir um enorme sorriso – Graças a Deus você não está.



-Não foi por falta de tentativa – resmunguei aceitando a mão que ele oferecia – O que é desse cabelo de Justin Bieber?



-As garotas adoram! – ele exclamou em defesa.



Sorri e prontamente estiquei a mão para bagunçar os fios loiros mais claros que os meus. Era algo que eu sempre fazia para irritá-lo e dessa vez Derick não fez diferente,
logo enrugava todo o rosto em desgosto pelo meu gesto, como sempre o fazia. Então eu não resisti mais, os puxei para perto de mim e os abracei ao mesmo tempo. Eu não preciso dizer que eu me derreti por completo, morrendo para conter a vontade de chorar. Não, eu ainda não chorava na frente dos outros. Talvez, no máximo,
para Dulce quando necessitava urgentemente de um colo.



-Não reparem agora, mas tem uma gostosa ali com um enorme cão do lado. Eu to alucinando? – Derick comentou olhando por sobre meu ombro.



Afastei e dei um tapa na cabeça dele. Foi praticamente automático, como assim meu irmão achava Dulce gostosa?!



-Mais respeito, Dulce é minha namorada – falei um tanto brava, quase sem notar que estava soltando mais uma bomba na mão deles.



-Você gosta de garotas?! – Mari arregalou os olhos.



-Ao menos tem um ótimo gosto – Derick riu e olhou de novo para Dulce – Hey cunhada! Dulce não é? Vem cá que eu preciso de seu whats!



-Quando foi que ele ficou atirado desse jeito?! – indaguei não conseguindo mais ver meu irmão que adorava futebol e odiava garotas.



-Puberdade – foi a explicação de Mari.



Dulce se aproximou com um sorriso tímido, Penélope ficando sentada em seu lugar, montando guarda prontamente. Assim que ficou perto de nós, Derick estava sorrindo embasbacado. Revirei os olhos e sem conter o impulso possessivo, passei o braço pela
cintura de Dulce.



-Oi – Dul cumprimentou meio sem jeito – A Anahí sempre que pode fala de vocês dois.



-Fala? – Mari perguntou emocionada.



-Sim – Dulce sorriu mais à vontade – Acho que foi você que ensinou um pouco de astronomia para ela.



-Então se ela ainda lembrava de nossa existência, por que nunca nos procurou?! – Mari assumiu um olhar magoado, dessa vez me fitando diretamente – Você sabe que eu não sou cega para esse seu mundo, mamãe ficou falando que você deveria estar morta!



-Calma Mari – Derick cutucou a irmã – Ela deve ter seus motivos.



-Não muito plausíveis – soltei um suspiro – Até pouco tempo atrás eu era muito idiota.



-Com certeza – Dulce confirmou prontamente.



-Esse não seria o momento que você diria que não era bem assim e que eu era pelo menos legal em algumas coisas? – indaguei a fitando indignada com a resposta rápida dela.



-Isso seria mentira, você no máximo era legalzinha – ela respondeu sorrindo e olhou para Marichello, ficando séria de novo – Mas em algumas coisas ela tinha razão. Eu não sei até aonde você sabe mas... Os monstros gostam de comer mais os do tipo dela, sabe, iguarias raras por conta do pai de Anahí.



-Então eles existem mesmo?! – Derick exclamou.



-Eu já disse que sim – Mari revirou os olhos – Você viu o como o professor Hickens olhava para o Ruan na nossa escola, você viu como ele as vezes parecia ter uma
aparência estranha e que depois simplesmente os dois sumiram.



-Vai ver brigaram. O Ruan era encrenqueiro e estava prestes a ser expulso...



-Provavelmente ele deve estar morto – disse de maneira tão natural que os dois me
encararam surpresos – É o que acontece em meu mundo quando não se sabe o que acontece direito. A maioria morre aos doze anos, que é quando a puberdade começa e os poderes começam a aflorar mais ainda.



-OW OW – Derick fez gestos dramáticos – Está me dizendo que vocês tem super poderes?



-Nem todos – disse dando de ombros.



-Ela voa – Dulce falou e ambos me fitaram surpresos – E solta choque, controla o ar, e tem uma forcinha fora do comum.



-Forcinha? – questionei debochada.



-O que? Você não conseguiu levantar o carro!



-Isso é demais! – Deh falava agitado – Merda, nós só podemos ver o seu mundo.



-Sim, ele desenvolveu um pouco a habilidade de olhar através da névoa – Mari respondeu quando eu fiz uma cara confusa – Quanto mais ele passou a acreditar, mais
fácil ficou.



Fiz uma expressão de entendimento. Mas tudo estava indo bem demais para o meu
gosto. Mari e Derick me aceitando facilmente, brincando comigo. Dulce aliviando o clima e estando ao meu lado aonde sempre deveria estar...



Até que Penélope começou a rosnar ameaçadoramente atrás de nós. Ela assumia uma postura de ataque, encarando um ponto para além de nós.



-Dulce, você leva eles para um lugar seguro – falei afastando e pegando o isqueiro em meu bolso.



Antes que ela protestasse, uma sombra passou por sobre nossas cabeças. De repente, uma enorme massa pesada pousava sobre a fonte de minha mãe, quebrando
uma das cabeças enquanto ela se equilibrava. Oh sim, não podia ficar melhor. TINHA de ser aquele monstro.



-Puta merda! – Derick gritou e puxou Mari para trás – É aquela coisa!



Sim, Derick conhecia aquele monstro. A cabeça era de leão, com uma juba untada de sangue. O corpo e os cascos eram de um bonde, por isso ela não conseguiu o equilíbrio que queria quando trombou contra a estátua da fonte. No traseiro peludo daquele monstro, havia uma serpente negra tomava o lugar da cauda.



Aquele monstro era a Quimera. A besta horrenda que quase devorou meus irmãos e me obrigou a me afastar de meu primeiro lar.



-Candy! – falei mais firme, ativando meu isqueiro para que se transformasse em uma espada, Mari quase pulou de susto quando viu isso – Afaste-se com eles, essa briga é minha.



-Mas você não pode lutar sozinha! – Dulce tentava falar determinada.



Da boca do leão, um rugido seguido de uma bela baforada de fogo que se extinguiu a um metro de distância. Derick gritou de susto e saltou para trás, sendo seguido de um grito de Mari quando viu que Penélope era na verdade um enorme cão de olhos vermelhos.



-Se afastem agora! – eu gritei com eles – Essa luta é minha Dulce, não se atreva a se intrometer, proteja meus irmãos. Isso é tudo o que eu peço.



-Se for necessário eu vou interferir – ela afirmou me dando aquele olhar teimoso, mas já segurando os braços de Mari e Derick – Vamos achar um lugar seguro, Penélope
vai nos ajudar a nos proteger.



Um certo alívio mesclado com uma confiança se apoderou de mim. Meus irmãos e Dulce estariam em segurança enquanto eu lidava com o monstro que destruiu toda a
minha infância. Fiquei de frente para ele e girei a minha espada em mãos, segurando a empunhadura com toda a determinação que eu tinha de acabar de vez com aquele meu pesadelo do passado.



Notas Finais



Aqui vem um detalhe importante. A Quimera é retratada de várias formas e a depender da fonte, pode ter até função diferente. Por isso eu utilizei a que foi usada no próprio livro de PJ, seguindo a seguinte citação: ''A Quimera estava tão alta que suas costas tocavam o
teto. Tinha cabeça de leão com a juba untada de sangue, o corpo e os cascos de um bode gigante e uma serpente no lugar da cauda, losangos de três metros de comprimento brotavam do traseiro peludo.''



Nas versões mais comuns, a Quimera tem parte metade do corpo bode, metade felino. Tem três cabeças: a de dragão, a de leão e a do bode. A cauda é uma serpente negra e as vezes pode vim retratada com asas de couro (tipo as de morcego e dragões).


Gente foi mal nao ter postado por tanto tempo, é que me celular quebrou e quando consegui um novo (oq faz +ou- três semanas) uma pessoa muito querida minha faleceu, então eu tava sem inspiração nenhuma, mas agradeço eu voltei e vou tentar postar com mais frequência.



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Autor(a): AnBeah_Portinon

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Gente, meu celular quebrou de novo, e bom, eu vou ter que esperar 15 dias até que chegue o novo, por favor me desculpe, tô sem celular e sem Pc, Sorry.


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 179



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  • tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25

    Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...

  • raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57

    Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !

  • livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44

    Continuaaa

  • DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41

    Continuaaaaaaa

  • siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27

    Continua!!!

  • candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12

    QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA

  • livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41

    Continuaaa

  • Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59

    VOLTAAAAAAAAAA

  • Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43

    Continuaaaaaa

  • Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52

    CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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