Fanfics Brasil - Me Deixa Amar Você The Mythology- Portiñon- Adaptada

Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega


Capítulo: Me Deixa Amar Você

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Me deixe amar você



Pov Dulce



Anahí tinha adormecido de cansaço enquanto eu ainda limpava o seu corte. Meu
coração parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, o sufocando enquanto eu via minha namorada naquele estado. Eu nunca tinha imaginado que veria Anahí lutando daquele jeito. Tão bruta, tão perdida nos instintos mais primitivos de raiva e ódio. Assim como nunca a tinha visto tão vulnerável quando aquela mulher apareceu. Eu não precisava de muito para saber que era a sua mãe. Minha verdadeira vontade era a de pegar Anahí e leva-la de volta para casa, para um lugar seguro.



Mas eu não podia, não tinha esse direito quando a família dela
estava toda ali, observando cada movimento meu e daquele Rick.
Assim que terminei Mari se aproximou tremula, esticando uma blusa folgada e de mangas curtas. Com todo o carinho do mundo e tentando ignorar todos aqueles pares de olhares sobre mim, vesti Anahí ajeitando os fios escuros que caiam sobre o seu rosto. Quando comecei a me afastar, a filha de Zeus acordou de sobressalto, segurando o meu braços ofegante como se sentisse que eu iria ficar longe dela.



-Calma – murmurei sentando ao lado dela – Como está se sentindo, seja sincera.



-Como se estivesse vivendo um pesadelo – ela respondeu em um fio de voz – Mas não estou mais tão dopada.



-Anahí, você derrotou aquele monstro! – Derick exclamou se aproximando junto com Marichello – Aquilo foi tão assustador e incrível!



-Aquilo foi perigoso, seu idiota! Você viu como ela ficou machucada depois?! – Mari bateu na cabeça do irmão, depois olhou para Anahí toda preocupada – Está bem mesmo? Eu fiquei com tanto medo de você se machucar a sério e---



-Já estive pior – Anahí a cortou antes que ela completasse a frase – E já posso partir.



-Não! – Mari e Derick gritaram ao mesmo tempo – Você pode ficar Anahí! Você voltou!



Senti Anahí tremer ao meu lado e minha mão foi em busca da dela. Ela praticamente esmagou meus dedos, apesar de sua expressão estar fria daquele jeito que ela assumia quando ficava séria e assustadora.



-Não vou voltar – Anahí disse decidida – Mesmo se quisesse eu não posso.



-Isso tem a ver com os acontecimentos que vem tendo com o clima? – Rick indagou
enquanto ajeitava a manga de sua camisa, ele a tinha subido para imobilizar a perna de Anahí.



-Como você... PUTA MERDA! – Anahí tentou ficar de pé, mas ficou tonta e caiu no sofá – Você... Você é um romano!



Meus olhos se abriram em choque. Ok, eu sabia que existiam outros semideuses e que estes eram romanos. Que nossos pais eram praticamente os mesmos, mas com personalidades diferentes. Ou até mesmo domínios diferentes. O que eu tinha escutado sobre eles e a rivalidade natural com os gregos me fez ficar completamente na defensiva e em alerta. Mas Rick deu dois passos para trás e esticou as mãos para o alto. Só então eu
pude perceber que em seu antebraço tinha uma tatuagem. Outrora estive tão concentrada
em Anahí que não tinha notado aquilo.



-Sim, sou – ele admitiu de maneira polida – Sou um legado, na verdade.



-Um legado? – indaguei confusa e levemente curiosa, admito.



-Que porra está acontecendo aqui? – Anahí quase gritou, arfando e encarando ameaçadoramente o homem.



-Olhe como fala dentro de minha casa – Tisha interveio pela primeira vez – Anahí, você precisa se acalmar e escutar toda a história. Eu... Você... Nós.... – ela hesitou e
engoliu em seco – Nós precisamos conversar.



-Tenho nenhuma merda a ser tratada com a senhora – Anahí cuspiu assumindo toda a sua armadura de garota grossa e fria, apontando o dedo logo depois para Enrique – Mas quero saber o que um romano faz perto de meus irmãos.



-Essa é uma história interessante – Rick foi se afastando com cautela até sentar em uma poltrona – E peço que a escute, Anahí.



-Despeja logo! – ela rosnou.



-Anahí – Tisha começou, a voz tremula – Depois que você partiu eu tentei encontrar você. Eu estava desesperada sem saber como lidar com a situação e foi insanidade minha deixar que minha filha fosse embora daquele jeito.



-Cale a boca – Anahí vociferou, seu corpo tremendo de raiva – Eu deixei de ser sua filha muito antes de sair de casa, apenas fiz um favor para nós duas.



-Eu não sabia o que estava acontecendo! – Tisha se alterou na defensiva.



-E que porra você acha que eu sabia naquela época?! – Anahí gritou mais alto – Eu já disse que não quero suas explicações.



-Elas fazem parte da história – Rick interviu de maneira ainda calma – Foi procurando você que ela acabou me encontrando. Expliquei a ela toda a sua situação,
Anahí. Que provavelmente seu pai é algum deus e que você era realmente perseguida.



-Oh, finalmente ela acreditou?! – Anahí riu debochada – E o que aconteceu depois? Você ficou com dó da pobre mulher?



-Não, eu me apaixonei por essa mulher – Rick soltou um longo suspiro – Eu sou apenas descendente de Mercúrio, o equivalente a Hermes em grego. Eu tentei encontrar você Anahí, mas você é bastante difícil.



-Talvez porque eu estivesse correndo pelo país tentando sobreviver sozinha – Anahí falou friamente – Então vocês dois se casaram e viveram felizes para sempre?



-De certa forma – Rick prosseguiu, ninguém ousava interrompê-los – Quanto mais velhos Marichello e Derick ficavam, mais fácil eles encaravam o mundo através da névoa. Eu fiquei a princípio para protege-los, porque achava que era a coisa certa a se fazer. Então
acabei me envolvendo mais ainda. Irei me casar com sua mãe na próxima primavera.



-Se a primavera chegar – Anahí debochou.



-Ela vai chegar! – exclamei me exaltando pela primeira vez.



Anahí me fitou ainda contendo todo o remorso que a situação trazia para si. Mas aos poucos seus olhos azuis iam suavizando e um suspiro escapou de seus lábios.



-Desculpe – ela pediu em um tom bem baixo – Claro que ela vai chegar, meu amor. Vamos resolver isso.



-Meu amor? – Tisha pareceu parar de respirar – Anahí você é...



-Lésbica? – Anahí completou com um sorriso irônico – Olha só Tisha, além de problemática, sou homossexual. Que tal isso para você?



-Giovanna – reclamei prontamente, apertando forte a mão dela.



-Era só isso? – Anahí me ignorou e levantou, ainda segurando a minha mão – Eu já fiz o que tinha de fazer aqui, nós precisamos ir.



-Anahí, por favor – Tisha ousou se aproximar – Apenas me dê uma chance de conversar e dizer que eu mudei...



Anahí soltou a minha mão e caminhou mancando em direção a sua mão. Eu nunca a tinha visto tão assustadora e intimidadora. Seus ombros tensos, seus olhos totalmente verdes sem nenhum resquício de bondade, pelo contrário, havia uma raiva sinistra ali. Todos estavam praticamente encolhidos perante o olhar.



-Quer conversar sobre o quanto mudamos nesse meio tempo? Então escuta essa, mamãe – ela falou com um tom tão carregado de uma cólera que até mesmo eu estremeci – Eu virei uma filha da puta por sua causa, mas não do jeito que está pensando. Eu deixei
de viver apenas para sobreviver, sem confiar em ninguém, afastando todos de mim. Eu
passei fome, eu pensava que ia morrer e por muitas vezes eu quis morrer. Para no final do dia provar para mim mesma que eu poderia sobreviver apenas mais um dia. Por sua culpa e dessa merda toda, eu perdi vários momentos de minha vida. Eu odeio você mais do que
a qualquer monstro asqueroso, porque com eles as coisas foram bem mais sinceras e simples, era matar ou morrer.



O pior era que Anahí não gritava. Ela falava pausadamente, colocando ênfase em cada palavra de remorso. Eu podia ver o quanto aquilo machucava Tisha, que mesmo errada encarava a filha como se pudesse sentir a dor dela. A mulher mais velha já no meio
daquele discurso estava chorando.



-Não soube lidar com a situação? – Anahí debochou – Ótimo, pois advinha só? Não há situação para ser lidada. Eu superei essa merda toda e encontrei minha alma gêmea – a filha de Zeus parou um passo de distância de Tisha, olhando diretamente para a mulher
com um desprezo frio – Eu não suporto você, Marichelo Portilla, então foda-se com suas desculpas e continue fingindo que eu nunca existi. Você foi boa nisso em uma época, poderá ser novamente.



Depois de despejar todas aquelas palavras, Anahí deu as costas e saiu da casa. Todos estavam paralisados com tudo. Eu sabia que Anahí era capaz de ser má, de dizer coisas como aquela passando por cima de qualquer consideração que tinha alguém. Mas eu nunca a tinha visto daquele modo. Tão carregada de ódio, tremendo de rancor. Vi Rick correr para amparar Tisha, Mari chorava enquanto Derick afagava seu cabelo com um jeito cabisbaixo.



Aquela era uma família quebrada.



Soltei um longo suspiro, saindo da mansão pelo mesmo lado que Anahí tinha usado. Eu não poderia deixa-la só naquele estado. Ao sair, não foi difícil encontrá-la. Ela
estava socando uma parede com tanta força que já tinha rachado e quebrado de forma a abrir um buraco ao lado. Aproximei a passos largos, mas respirei fundo tentando me controlar para poder falar com ela. Anahí já ia dar um novo soco quando segurei o seu
braço do jeito mais gentil que eu consegui. Ela paralisou por vários segundos antes de virar o corpo, os olhos marejados e frágeis.



-Por favor, vamos embora daqui? – ela implorou.



-Narrí – chamei com cautela – Podemos ir sim, mas você não quer se despedir da Mari e Deh?



-Eu não consigo Candy – ela chorava em silêncio, as lágrimas descendo sem que ela sequer percebesse – Dói mais do que quando estava ferida em todas as vezes em que me machuquei nessa porra de vida, porque dói aqui.



Quando ela apontou o peito, indicando o próprio coração, eu senti o meu próprio se quebrar. Segui o meu impulso de abraça-la, envolvendo meus braços como se pudesse protege-la do mundo.



Eu sabia que Anahí tinha de ter um acerto de contas com a família, sabia que aquela situação poderia ser remediada se uma conversa sincera fosse tida. Mas esse tipo
de ferida se curava com o tempo, com insistência e principalmente muito investimento de ambas as partes. Anahí não estava pronta para aquilo ainda, enquanto ela chorava agarrando o meu corpo, eu sabia que não poderia pressioná-la a falar com a família dela,
não agora.



-Vamos para casa – ela implorou mais uma vez – Sua mãe disse que ia fazer torta de limão.



-Nah, você ainda está machucada – eu murmurei com cuidado – Se formos agora teremos de dar muitas explicações.



-Eu não quero ficar aqui – Anahí choramingou.



-O que eu vou dizer agora pode deixar você chateada, mas vai ser o que eu acho tudo bem? – segurei o rosto dela entre as mãos a fazendo me fitar, os olhos azuis esverdeados estavam vermelhos por conta do choro – Sua família pode se concertar ainda, um dia,
quando você quiser.



-Você é minha família – ela falou determinada e aquilo me abalou incontestavelmente – Você, Maite, meus amigos de verdade. São vocês a minha família.



-Também somos – suspirei e acariciei as bochechas dela – Assim como Marichello e Derick, você os ama e não adianta negar isso. Um dia, quando você estiver pronta, poderá recomeçar com eles. Só não pode demorar demais Anahí, porque eles também sofrem.



Ela me fitou em silêncio, absorvendo o que eu dizia. Eu esperava que ela surtasse e
começasse a gritar comigo. Era o que a Anahí teria feito, ou ao menos o que eu esperava. Mas ela apenas suspirou, segurou minhas mãos e se afastou, olhando para um ponto por sobre meu ombro. Quando olhei para trás Derick e Marichello se aproximavam timidamente.



Anahí se afastou ainda mais finalmente me soltando, respirou fundo e abriu os braços. Bastou isso para que eles corressem e se jogassem nela. Meu coração disparou, tanto pela cena quanto pelo receio deles estarem machucando ela, afinal ela ainda estava ferida.



-Não vai embora Annie – Deh implorou.



-Eu tenho de ir, independente da Tisha ou não – Anahí disse com a voz embargada.



-Sentimos sua falta – Mari já chorava copiosamente.



-Eu também sinto, nunca duvidem disso – ela pediu mais determinada.



-A mamãe realmente se arrependeu Anahí, ela procurou por você por muito tempo. Foi o Rick que disse a ela da possibilidade de você ter morrido, já que ele não encontrava
vestígios seus – Chris explicou fungando – Dê uma chance a ela e para nós.



-Ela ferrou muito com minha vida Deh, não é fácil – Anahí resmungou e sorriu brevemente – Encontrei alguém que sabe muito bem como esconder nossos rastros.



Eu poderia apostar que aquela pessoa era Maite Perroni. Ela não tinha poderes tão visuais como o de Anahí, como voar e soltar raios. Mas as capacidades daquela filha de Hermes eram indiscutivelmente necessárias para a nossa sobrevivência.



-Teremos esperanças mesmo assim – Mari disse determinada e enxugando as bochechas.



-Eu vou manter contato, não se assustem com as mensagens de íris ok?



-Mensagens de que? – Deh repetiu confuso.



-Vão entender quando receberem – Anahí conseguiu dar um meio sorriso, dando de ombros logo depois – Agora temos de ir, tenho um mundo para salvar e explicações para dar a minha sogra.



Assoviei alto e Penélope apareceu primeiro em sua forma de cadela rottweiler, para ir crescendo em questão de segundos para tomar a sua forma verdadeira, a de um cão
infernal. Mari e Deh recuaram, mas assim que eu fiz carinho em minha companheira canina, ela abaixou os ombros e praticamente se encolheu gostando da carícia. Fui a primeira a montar, sendo seguida de Anahí que me abraçou forte pela cintura.



-Se cuidem e não confiem muito no romano – Anahí rosnou a palavra romano.



-Espera, Anahí! – Mari exclamou – Rick nunca descobriu de quem você é filha, então...



-Parece que meu pai é o fodão dos deuses – Anahí disse indiferente, revirando os olhos – Conte a eles o que eu posso fazer e ele vai deduzir por si próprio.



Mari acenou com a cabeça e as duas trocaram um longo olhar. A Portilla menor já começava a chorar quando Anahí apertou a minha cintura com força. Dei duas
palmadinhas no pescoço de Penélope, indicando que podíamos ir. Prendi a minha respiração antes que ela se jogasse nas sombras. Iriamos voltar para casa, eu só esperava saber lidar com o depois.



(...)



A lua mal aparecia no céu por conta das carregadas nuvens que cobriam a noite. O frio era quase insuportável e a neve caia. Mas mesmo assim ali estava eu, do lado de fora da casa de Anahí, batendo na porta esperando que ela me atendesse. Assim que chegamos em casa, Anahí pediu para ficar sozinha. Eu hesitei, hesitei mesmo por saber o quanto ela estava quebrada. Porém era a escolha dela e eu tinha de respeitar.



Então o dia se passou e Maite apareceu apenas ao meio-dia para almoçar em minha casa, dizendo que Anahí não tinha saído do quarto em momento nenhum. Tive
quase uma discussão com ela, porque não queria contar o que tinha acontecido, sabia que quem teria de dizer seria Anahí e não eu.
No fim, Maite saiu dizendo que iria encontrar com Alfonso, ele estava se mudando para Nova York junto com Troy. Minha mãe respeitou a minha vontade de não contar nada,
apenas perguntando se eu tinha me machucado. Fui sincera dizendo que não, mas ocultei a parte da batalha contra a Quimera, ela não precisava saber de tudo afinal de contas.



Quando a noite caiu e Anahí não deu nem um sinal de vida, eu não aguentei mais. Estava a cada minuto mais agoniada, mais desesperada em saber se ela ainda estava pelo menos respirando. Então peguei um generoso pedaço da torta de limão que minha mãe tinha feito, coloquei em uma vasilha e apenas gritei para Blanca que iria tirar a Anahí da caverna da solidão. Bati ainda mais forte na porta, começando a considerar em usar alguma coisa para arrombá-la, quando finalmente ela se abriu.



Anahí apareceu, mais branca do que o normal. Usava uma calça de moletom de cor cinza e uma regata preta. O cabelo estava uma verdadeira bagunça, provavelmente não vendo um pente desde o momento que ela tinha chegado. Os olhos estavam com olheiras
fortes, o nariz levemente vermelho e a pele mais branca do que era normalmente. Engoli em seco para não chorar só de vê-la naquele estado.



-Está frio – falei em um tom baixo e tímido – Mas nenhum casaco me aquece, ou meus cobertores. Então pensei que poderia ser a falta de seus braços ao meu redor e que
provavelmente você estaria com frio também.



O lábio inferior de Anahí tremeu e no segundo seguinte ela me puxava com tudo contra os eu corpo, me abraçando e enterrando o rosto na curva de meu pescoço. Chutei a
porta com o pé para impedir que o frio do lado de fora entrasse e também a agarrei, quase deixando cair o pote com a torta de limão. Por mais idiota que minha fala poderia ter sido, foi mais sincera do que eu poderia imaginar, pois assim que ela me abraçou meu corpo parecia entrar na sintonia certa.



-Advinha o que eu trouxe para você – falei baixinho, a fazendo se afastar para me fitar, ela apenas arqueou uma sobrancelha – Torta. De. Limão!



Então ali estava, um sorriso pequeno, mas um sorriso. Eu me senti mais vitoriosa do que se tivesse derrotado o monstro mais foda do mundo. Afastei e segurei na mão dela, a levando para a cozinha para poder pegar os talheres. Depois foi a própria Anahí que me levou para o quarto. Que estava um verdadeiro caos. Algumas coisas quebradas, a cama inteiramente bagunçada e a parede rachada. Eu tinha certeza que ela a tinha socado e prova disso foram os nós dos dedos vermelhos e machucados.



-Você comeu algo? – indaguei preocupada.



Anahí apenas balançou a cabeça negando, encolhida como uma criancinha carente e amedrontada. Soltei um longo suspiro e sentei na cama, encostando na cabeceira e
fazendo um sinal para que Anahí sentasse entre minhas pernas. Ela prontamente me obedeceu, acomodando-se e deitando praticamente sobre mim.



-Coma tudo – ordenei suavemente, entregando a torta e o garfo – Está mesmo uma delícia, eu não sei como eu não pedi para minha mãe ficar fazendo essa torta mais vezes antes.



Anahí mais uma vez me obedeceu. Pegando o talher e comendo um pedaço pequeno de torta. O gemido de satisfação dela me fez sorrir e começar uma carícia em seu
cabelo loiro escuro. Passava meus dedos com suavidade, desembaraçando os nós enquanto Anahí comia pacientemente.



Ficamos em um silêncio calmo, ele não era incomodo, só de estarmos perto uma da outra de novo depois de horas sem nos encontrarmos era o suficiente para que ficássemos em paz.



-Narrí – chamei quando ela terminou, pegando a vasilha e a colocando no chão com o garfo dentro – O que é um legado?



-São os filhos dos semideuses – Anahí explicou, a voz mais rouca do que o normal – Os romanos são mais organizados nessa questão, dizem que tem uma cidade de
verdade dentro do Acampamento, chamada de Nova Roma.



-Então o Rick não é filho de um deus? – questionei tentando entender.



Anahí virou o corpo sentando quase no meio da cama, ela segurou em minhas pernas e me puxou para perto dela, fazendo com que as minhas passassem a sua cintura. Assim poderíamos ficar uma de frente para a outra e pertinho.



-Algum parente dele sim, era filho de Mercúrio, ou Hermes para nós – Anahí contava pacientemente – Pode ter sido um de seus pais, ou avós. Nunca se sabe ao certo
como os legados irão nascer, eles podem ser realmente poderosos, ou quase humanos normais – ela revirou os olhos e bufou – Mas isso não faz diferença. Não me surpreende que aquela mulher tenha encontrado com ele, o Acampamento Romano fica mais próximo do que o grego.



-Mas ele estar lá é uma coisa boa não? Mesmo sendo romano – ponderei fazendo carinho no braço dela, eu não conseguia não tocá-la – Ele pode proteger Mari e Derick.



-Sim...



A filha de Zeus desviou o olhar para baixo e pareceu ir parando de respirar aos poucos. Eu não sabia o que fazer para minimizar aquela dor, por mais que tudo o que eu
mais quisesse no mundo era arrancar todas aquelas lembranças ruins dela e jogar no mais profundo buraco do Tártaro. Soltei um suspiro e avancei um pouco mais, ficando praticamente no colo dela e a abraçando.



-Eu estou aqui Nah – murmurei emocionada – Eu vou proteger você de tudo o que eu puder. Vou construir momentos tão lindos com você que você poderá lembrar deles quando olhar para mim velhinha fazendo uma torta de limão para você em nossa cozinha.



-Vamos ter uma casa? – ela também sussurrava, respirando fundo em meu pescoço como sempre fazia quando queria absorver o meu perfume natural – Vamos ficar velhas juntas, Candy?



-Claro que sim Anahí – sorri grande – Vamos superar qualquer coisa que apareça na nossa frente. Mesmo que seja difícil, que briguemos por causa disso, vamos estar juntas para levantar a outra e seguir em frente. Portanto, vamos ficar velhinhas juntas.



-Urgh, eu vou ter de suportar você por tanto tempo assim?



Bati em seu ombro me sentindo indignada. Eu estava ali falando coisas fofas e a Anahí disparava uma dessas? Mas com isso ela riu, um riso que fez meu corpo inteiro
estremecer. Os olhos azuis se encontraram com os meus castanhos. Sorrimos praticamente ao mesmo tempo, mantendo aquela conversa silenciosa entre nossos corações.



-Como está se sentindo? – perguntei com carinho.



-Quebrada – ela foi sincera, segurando minha mão e beijando a minha palma – Tive pesadelos a noite toda, desculpe te afastar, mas eu não queria que você me visse assim.



-Eu também não consegui dormir direito – franzi o nariz fazendo uma careta – Já me acostumei a você.



-Por isso você está ferrada – Anahí falou sorrindo e me puxando mais para sim, me abraçando pela cintura – Porque se acostumou com uma garota quebrada e cheia de problemas.



-Eu me acostumei com a garota que eu amo, Anahí – contradisse roçando suavemente o meu nariz no dela – Se eu pudesse evitava que você quebrasse, mas eu não sou ingênua para pensar que vou conseguir te proteger de tudo. Então prefiro pensar que vou estar por perto para te montar de novo e de novo.



-Você não vai me abandonar, não é? – ela me olhava daquele jeito de cachorro que tinha caído na mudança em uma noite fria e chuvosa.



-Nem que você queira isso.



Ela sorriu, um sorriso que iluminava mais do que a coisa mais brilhante do mundo. Soltei um suspiro e essa foi a deixa para que Anahí me beijasse. Um beijo apaixonado,
intenso pelas emoções. A língua dela logo deslizava para a minha boca, explorando, envolvendo, beijando-me de uma maneira tão lenta e carinhosa que eu sentia como se fosse a coisa mais preciosa para ela. Meu mundo havia parado e focalizado apenas em Anahí e naquele beijo tão delicado e gostoso. Estava tão fora de ar que só notei que estava deitada e com Anahí sobre mim quando ela finalmente terminou o beijo.



Seus olhos azuis esverdeados me encararam de forma mais intensa que roubaram todo o meu fôlego. Eu simplesmente não conseguia respirar quando ela me encarava daquela forma!



-Candy – ela murmurou com a voz pesada de emoção, ela fez uma pausa e engoliu em seco – Me deixa amar você?



Ela fez aquela pergunta como se fosse uma necessidade. Seu olhar mantinha o mesmo, preso aos meus como se estivessem hipnotizados. Meu coração estava batendo tão forte contra o meu peito que eu tinha certeza de que ela poderia escutar. Eu não iria
conseguir falar, então levei uma mão ao rosto dela e a puxei sutilmente até nossos lábios
se roçarem.



-Me ame com todo o seu ser Anahí, porque é exatamente assim que eu te amo.



Anahí meio que suspirou, meio que gemeu, juntou nossas bocas pelo que viria a ser o melhor beijo de minha vida. Tudo era diferente naquele momento, eu sabia que não seria qualquer transa, pois os sentimentos tão aflorados e intensos iria garantir que o mais
simples suspiro se tornasse a coisa mais intensa.


 


 


Notas da Autora


 


Boom meus amores por hoje é só, espero que tenham gostado, bejoos



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Autor(a): AnBeah_Portinon

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 179



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  • tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25

    Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...

  • raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57

    Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !

  • livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44

    Continuaaa

  • DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41

    Continuaaaaaaa

  • siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27

    Continua!!!

  • candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12

    QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA

  • livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41

    Continuaaa

  • Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59

    VOLTAAAAAAAAAA

  • Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43

    Continuaaaaaa

  • Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52

    CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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