Fanfics Brasil - A Batalha na Sala do Trono The Mythology- Portiñon- Adaptada

Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega


Capítulo: A Batalha na Sala do Trono

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A batalha na sala do trono



Pov Dulce



Perséfone não estava em seu esplendor, mas não deixava de ser bonita. Sentada sobre aquele trono de cristal, minha mãe tinha os olhos castanhos cravados em mim. Intensos, fortes, determinados, sem fraquejar. Um brilho de esperança tocava a íris de cor igual a minha, assim que ela pareceu perceber que a cavalaria tinha chegado. Um suspiro escapou de seus lábios azulados por conta do frio intenso pela qual foi submetida. A cor de sua pele outrora morena, estava pálida, rachada, machucada. O cabelo escuro caía quebradiço por seu ombro, bagunçado e com flocos de neve. Ainda assim, ela permanecia sendo uma deusa cuja inveja causaria em uma modelo bem arrumada.



-Mãe – deixei escapar assim que consegui pronunciar algo para fora de minha garganta.



Foi como um daqueles surtos que você não para pra pensar, apenas faz. Quando dei por mim, já estava correndo em sua direção. Um lampejo de lógica iluminou meu cérebro,
ordenando meu corpo a parar antes que eu me jogasse nos braços dela. Aquela ainda era uma deusa completamente desconhecida para mim, machucada e torturada. Eu não
poderia simplesmente abraça-la por estar encontrando, pela primeira vez, a minha mãe biológica.



-Rápido – foi a ordem dela, sua voz aveludada quebrada.



Eu reconheceria aquele tom e timbre em qualquer lugar. Era a voz que vinha em minha mente quando eu mais precisava. Mesmo estando presa ali, a deusa tinha me guiado até este momento.



-Aqui, Dul.



Miley de alguma forma tinha nos alcançado também, estava atrás daquele trono, apontando para uma corrente de cristal transparente que estava colada ao encosto do trono pelo lado de trás, bem ao centro. Olhei para trás e vi Anahí analisando ao redor,
provavelmente pensando o mesmo que eu.



Estava fácil demais.



-Isso não é uma magia comum – Miley tocou a corrente e afastou a mão gemendo baixinho – Está muito frio, tome cuidado ou irá se queimar. Definitivamente... Isso não é
grego.



-Não é – Perséfone falava com dificuldade – Por isso eu... Eu... Não me soltei.



Ela arfou buscando ar, parecendo ter uma grande dificuldade em respirar.
Provavelmente devido a sua constante tortura. Meu coração pareceu ir diminuindo de tamanho e se apertando. Eu estava vendo a minha mãe naquele estado e não importava
se ela era uma deusa, que nunca tinha entrado em contato comigo. Minha mente só processava que eu tinha de colocá-la em um lugar seguro. Um vínculo muito maior nos ligava, entre mãe e filha.



-Isso quer dizer que a Despina---



-Não fale esse nome! – Perséfone quase gritou, ou tentou, mas não conseguiu.



No mesmo instante uma risada ressoou no ambiente. Se o lugar já estava frio, pareceu chegar ao gelo absoluto. Estávamos em uma verdadeira sala do trono, com grandes pilares e algumas estátuas de guerreiros de gelo como decoração. Um tapete azul estava sobre o chão, marcando o caminho da entrada principal até o trono. Em sua ponta,
logo no início, as portas se abriram anunciando a chegada dela.



Despina.



A deusa era esbelta, mas não bonita ao todo. Alta, pele branca como a neve, cabelos negros como a noite mais escura. Olhos ferozes, sagazes e que nos encarava com um brilho de divertimento. Ela andava em nossa direção tão sutilmente que tive a sensação de que ela estava realmente flutuando e não caminhando. Ela trajava uma bela toga azul gelo,
na cintura um cordão de ouro usado como cinto. Sobre a cabeça, uma coroa de louros com detalhes em diamantes.



-Meus convidados especiais finalmente chegaram – Despina sorriu, um sorriso que me causou calafrios – Espero que não tenham achado que realmente seria tão fácil assim. Infelizmente eu ainda não tive o suficiente de minha vingança e não serão crianças que vão me atrapalhar.



-Eu não vou atrapalhar você – Anahí disse tão calmamente que me surpreendeu, ela ergueu a espada em direção a deusa – Eu vou acabar com você.



Despina passou dois segundos em silêncio e soltou uma risada digna de uma vilã da Disney. Meu corpo estremeceu quando ela bateu palmas duas vezes, corri prontamente
para perto de Anahí, erguendo a minha própria espada pronta para o que viesse acontecer.



-Vocês nem ao menos sabem com o que estão lidando realmente. Isso é muito maior! – Despina se exaltava enquanto os guerreiros de gelo pareciam criar vida e se
movimentavam – Essa não é apenas a queda do Olimpo crianças, é a queda de toda a soberania greco-romana!



-Você é insana! – Perséfone sibilou agitando-se na cadeira – Você está colocando tudo em risco por conta de um ressentimento!



-Um ressentimento? – Despina ficou séria prontamente – Levei éons para planejar a queda daqueles que me abandonaram. Foram todos! Nem ao menos tinham o desejo de pronunciar o meu nome. Por que eu defenderia uma família assim? Mas já te expliquei isso, minha querida, adorável e querida irmã.



Os guerreiros de gelo já estavam perto do tapete azul. Eles tinham quase dois
metros de altura, corpo humanoide e trajavam armaduras diferentes, lembrando fortes e bárbaros vikings, tendo como armas de gelo martelos de guerra e machados. Sussurros
ressoaram em uma língua estranha por todo o salão, fazendo com que os guerreiros parassem como estátuas em seus lugares.



-Quer se divertir também? – Despina sorriu diabolicamente – Entendo, aproveite bem então e não demore de matá-la.



A deusa do inverno apenas sacudiu a mão em nossa direção. Um vento tão
poderoso como a nevasca explodiu pela porta atrás dela, Anahí deu passo à frente para tentar bloqueá-lo... Mas o vento DESVIOU facilmente e me atingiu em cheio. Gritei de susto, segurando minha espada o mais forte que conseguia. Meu corpo magro foi facilmente erguido do chão, tamanha era a força daquela corrente gélida de ar. Como quando Anahí nos levantou no ar, o vento estava me levando rapidamente para algum lugar.



-DULCE! – Anahí gritou tentando correr até mim.



Estiquei meu braço em uma tentativa em vã de tentar alcança-la. Anahí usou de sua velocidade cortando o vento, eu a via cada vez mais perto... Mas então uma porta abriu-se atrás de mim e fechou rapidamente, bloqueando minha namorada a poucos segundos de me alcançar. Meu corpo colidiu fortemente contra o chão, girando três vezes até parar finalmente. Sentei completamente zonza, meu corpo tremendo forte por conta do frio.



-Eu esperava que você fosse mais alta – uma voz com forte sotaque ressoou por todo o ambiente, era feminina e irônica – E mais bonita, como sua mãe.



Levantei arfando, havia uma inimiga ali. Uma que foi ordenada me matar. Meu coração acelerou por alguns segundos até que eu respirei fundo. Eu não cheguei até ali para me amedrontar por uma inimiga. Não quando Anahí estava do outro lado daquela maldita porta, provavelmente surtando com Despina e lutando contra guerreiros de gelo.



Girei a minha espada uma vez na mão e assumi uma boa postura de luta, olhando para os lados tentando localizar o meu inimigo. O lugar era como uma catedral. Havia bancos longos de cristal semitransparente, um altar com uma grande estátua de uma mulher alada, segurando uma espada a sua frente com a lâmina voltada para baixo. Sobre ela, no alto da parede, um vitral circular com cores
que variavam entre o azul, vermelho e amarelo.



Ela apareceu caminhando elegantemente vinda do altar. Foi impossível não ficar surpresa e engolir em seco quando a iluminação vinda de grandes janelas finalmente exibiu em total plenitude aquela figura etérea. Ela tinha a pele cinza escura, a postura
sempre firme e inabalável. O cabelo era branco e estava amarrado em um alto rabo de cavalo. Seus olhos eram claros, desafiadores e enigmáticos. Mas eram as suas orelhas pontiagudas que denunciavam que ela não era humana. Lembrava-me a todos os elfos que apareciam em Senhor dos Anéis e Hobbit, só que em uma versão mais sombria. Ela sorriu debochada, inclinando a cabeça para o lado enquanto suas mãos retiravam das
bainhas ao redor da cintura duas adagas sinistras. A elfa usava uma armadura negra, um tanto ousada em minha opinião, mas assustadora ao mesmo tempo. Botas de cano alto,
braceletes que tomavam todo o antebraço e com partes pontiagudas. Espartilho e ombreiras com longos espinhos.



-Sua mãe parece ter uma tola fé em você – ela falava com aquele sotaque irritante – Vou ter um prazer em mostrar o quanto os gregos são apenas prepotentes! No fim são
apenas merda!



O insulto pareceu ferver a raiva contida que eu tinha dentro de mim. Por que todos julgavam-me mais fraca? Apenas por conta da aparência?



-Tenho de acabar com você rápido – disse de maneira fria e sorri em igual deboche usado por ela – A verdadeira batalha está acontecendo lá e eu não quero perder meu tempo com um cosplay barato.



Aquilo a fez fechar o cenho e ficar séria. Ficamos uma de frente para a outra, a primeira batalha acontecendo entre nossos olhares. Ela se posicionou e eu fiz o mesmo, mas fui a primeira a correr em sua direção. A elfa prontamente me imitou, preparando as adagas a frente do corpo em uma postura idêntica à que Maite usava.



Avançamos rapidamente, em menos de dois metros eu saltei com a minha espada a frente do corpo para atingi-la com maior impacto. Mas a garota bloqueou fazendo um X com as lâminas da adaga e empurrou meu corpo para trás, também recuando. Nos aproximamos ao mesmo tempo, a minha postura mais perfeita do que nunca, meu foco e concentração mais altos do que eu jamais consegui alcançar.



Ela se movia rápido, atacando com as adagas enquanto eu me defendia usando de minha espada. Dois passos para trás para defender golpes consecutivos, um para frente para contra-atacar. Foram segundos em que nossos embates produziam sons de lâmina contra lâmina. Eu conseguia ver cada movimento que ela fazia, levando minha espada para bloquear o golpe. Não segurava forte demais, afinal sabia que precisava da mobilidade do pulso para girar a espada leve e fazer os bloqueios. Ao mesmo tempo,
sempre mantinha uma boa base nos pés e um jogo de cintura que me permitia esquivar quando necessário. Fizemos um ataque forte, que nos obrigou a recuar para trás.



Dessa vez a elfa veio primeiro, tentou um ataque por cima e eu bloqueei. Em uma fração de segundo eu vi o joelho dela flexionando mais do que o normal. Não tinha sido um acordo estabelecido ser um embate só com lâminas. E eu já tinha sofrido trapaças demais com Maite para poder me precaver do que estava para acontecer. A elfa esticou a perna em um ângulo perfeito para atingir meu rosto com um forte chute. Recuei um pé para trás,
ergui meu braço esquerdo amparando o golpe forte, sabendo que ficaria um grande hematoma ali, mas impedindo um dano maior. Segurei mais firme a minha espada, um passo firme para frente e uma estocada direta e reta.



Um golpe perfurante que fez minha
lâmina atravessar a barriga dela em um único movimento. Os olhos claros se abriram em surpresa, logo depois as lâminas caiam ao chão e a elfa recuava. Ela havia abaixado a guarda quando tinha tentado me atacar de surpresa. Meu golpe, fatal e direto. Um golpe mortal em que eu não hesitei em realiza-lo, mesmo sabendo que ela morreria. Guerras não eram para crianças e heróis bonzinhos, afinal de
contas.



Um estrondo desviou minha atenção para a porta. O chão tremeu e eu escutei o som de paredes caindo.
Anahí. Perséfone. Era hora de retornar a verdadeira batalha. Virei meu corpo para poder dar o golpe de misericórdia, mas tudo o que eu vi foi a elfa correndo e saltando pelo vitral sobre a estátua, fugindo. Soltei um suspiro, dei meia volta e corri em direção a porta.
Apenas para me deparar com o verdadeiro caos.



(...)



Pov Anahí



Meu coração se fechou junto com aquela porta. Eles tinham cometido o pior erro de todos ao me afastarem de Dulce. Ela carregava o restante de minha humanidade.Encarei a porta de aço acalmando a minha respiração, alimentando o ódio e a ira que eu tinha guardado a tanto tempo, para finalmente explodir naquele momento.



Virei meu corpo lentamente, minha mão segurando minha espada tão forte que que os nós de meus dedos estavam completamente esbranquiçados.



-Você consegue lidar com os guerreiros? – indaguei assim que me aproximei de Miley.



Ela apenas acenou com a cabeça. Isso foi o suficiente para mim. Posicionei-me como se fosse começar a correr, limpei minha mente de qualquer coisa que fosse atrapalhar meu único objetivo: acabar com aquela puta que chamavam de deusa do
inverno. Dessa vez, sem o desespero, consegui abrir o caminho com o vento muito mais facilmente. Enquanto Despina praticamente cantarolava para sair da sala do trono, eu avancei mais rápido do que nunca. No segundo seguinte eu estava a menos de um metro dela, saltando e gritando furiosamente enquanto minha mão liberava fortes raios.



A deusa virou surpresa, sem conseguir desviar meu golpe de raios que a atingiu em cheio sobre a cabeça e peito. O corpo dela foi jogado com tudo para trás, parando ao chocar-se com a parede. Pousei sobre o chão sem esboçar nenhuma reação por um
ataque contra uma verdadeira deusa ter sido bem sucedido. Eu estava apenas começando.



-Sua imbecil! Quem você pensa que é para se atrever a lutar contra uma deusa?! – Despina esbravejou levantando.



Ela ainda estava inteira. Salvo pelo sangue dourado que escorria pela lateral de seu lábio. Posicionei-me e coloquei a minha espada rente ao meu corpo.



-Anahí Portilla, filha de Zeus – anunciei em um tom forte e determinado – Eu sou a semideusa que vai acabar com sua raça.



Ela ficou ainda mais branca, mas a raiva era notória em seu olhar. Despina abriu os braços e começou a atirar dardos enormes de gelo em minha direção, os criando em torno de três segundos. Eu desviava como se estivesse dançando. Girando o corpo, abaixando, pulando, mas não sendo atingida por nada. Saltei o ultimo dardo e avancei prontamente.



Despina criou uma espada de gelo e amparou o meu golpe direto, abrindo a mão livre e apontando para a minha barriga, liberando o seu vento mais gélido e me jogando para o ar. Minhas costas bateu contra o alto da parede e eu estava caindo desordenadamente. Tive tempo e fôlego apenas para fazer o vento amparar a minha queda, mas ao cair no chão meu corpo produziu um som abafado. Gemi involuntariamente, erguendo a minha blusa apenas para ver minha barriga vermelha. Gelo queimava, afinal.
Escutei um estrondo e ergui meu olhar me levantando o mais rápido que podia. Mas era apenas Miley lutando contra os guerreiros de gelo. Ela estava magnífica, esferas roxas rodeavam o seu corpo, raios de energia soltavam de sua mão e ela desviava dos
golpes como se deslizasse pelo chão em uma dança de balé.



Meu instinto gritou alto, virei meu rosto bem a tempo de ver duas lâminas de gelo vindo em minha direção. Arfei prendendo o ar e agindo por puro impulso ao saltar, fazendo meu corpo girar em uma altura exata entre o espaço entre uma lâmina e outra. Cai sobre um joelho bem a tempo de ver Despina vindo em minha direção como o diabo do inferno congelado. Ela erguia a sua espada de gelo com o intuito de cortar o meu corpo ao meio.
Há poucos metros ela faria a tentativa...



Se a parede da porta principal não tivesse sido simplesmente explodida.
Despina desequilibrou e eu me afastei o máximo que podia dela. Não era tola de não manter uma boa estratégia lutando contra uma deusa, afinal de contas... Era uma deusa!



-Querida, cheguei!



Não podia ser. Mesmo sobre toda a carapuça de “eu sou foda e vou acabar com você”, meu queixo caiu de incredulidade. Ali saindo da fumaça levantada pela explosão estava Hades. O Senhor do Mundo dos Mortos, um dos três grandes deuses. Ele estava
ali, usando uma armadura negra que tinha caveiras e parecia soltar gritos abafados de almas agonizando.



-Hades – escutei o chamado de Perséfone.



O sorriso prepotente que o deus trazia morreu assim que olhou para a sua esposa. Atrás dele apareceu todos os outros da equipe. Poncho com o braço mal enfaixado e sangrando. Maite com um corte na bochecha, Troy mancando e os outros em situações similares. Ariana ficou ao lado do pai, o cabelo sempre impecável agora estava uma
verdadeira bagunça.



-Você irá pagar por isso, deusa! – Hades ameaçou Despina e até mesmo eu estremeci de medo, mesmo que a ameaça não fosse para mim – Como ousa encostar em minha mulher!



-Não tem tanto poder aqui, Hades! – Despina riu em escárnio – Acha mesmo que tenho medo de você?



-Anahí.



Meu coração disparou. Escutei a voz de Dulce atrás de mim e prontamente virei o corpo, mas a menor colocou o dedo sobre os lábios indicando silêncio. Tive de engolir toda a emoção de reencontrá-la, mas foi impossível segurar o meu olhar sobre ela, verificando se ela estava bem.



-Eles estão distraídos, vamos soltar minha mãe – Dulce sussurrou.



Olhei por sobre o ombro e Hades ria enquanto Despina erguia as mãos, invocando seus monstros de gelo e enchendo ainda mais aquela sala. Nesse momento eu dava graças aos deuses por aquele lugar ser realmente enorme. Caminhamos em silêncio,
Dulce indo a frente enquanto eu me mantinha em alerta para protege-la. Ela tirou das costas o machado de Chris, resmungando algo de como aquilo era pesado. Perséfone a
fitou em expectativa, mas não ousou dizer nada. Dulce já se aproximava da corrente quando o som de batalha começou.



Todos lutavam contra algo, guerreiros de gelo, lobos brancos, ursos polares,
construtos de gelo. Hades avançava contra Despina agora usando de seu elmo negro, um que o deixava ainda mais assustador. Mas Despina estava agora mais séria do que nunca,
também usando uma leve armadura de cristal e diamante. Quando os dois colidiram, todo o castelo estremeceu.



-Rápido, Candy – murmurei e toquei em seu ombro – Mas cuidado!



Dulce acenou contra a cabeça e ajeitou o machado em suas mãos. Ela o ergueu por sobre a cabeça e o abaixou de uma vez. Quando a lâmina atingiu a enorme corrente de cristal, uma verdadeira onda de impacto tomou toda a sala, fazendo todos
estremecerem. O machado brilhou fortemente, a gema exercendo todo o seu poder enquanto a corrente começava a se fragmentar.



-Não! – Despina gritou em puro ódio e depois olhou para cima – Seus idiotas,
venham me ajudar!



Ela ergueu a mão para cima e fechou em punho. O teto começou a se mover, como se estivesse se abrindo. A luz de uma manhã fria iluminou ainda mais o salão do trono, mas quando a abertura já estava quase tomando o salão, seres ainda mais estranhos do
que eu estava acostumada começaram a invadir. Eram grandes, verdes, usando roupas de frio e aquela armadura viking. Tinham dentes grandes, e um verdadeiro aspecto de
monstro. Também saltaram por ali seres de pele escura, orelhas pontiagudas e armaduras negras assustadoras.



-Orcs – Perséfone murmurou – Elfos negros.



Minha atenção voltou para ela. A deusa segurou firme nos braços do trono em qual estivera presa. Lentamente ela começou a se levantar, fazendo breves caretas pela dor que sentia por ter ficado tanto tempo sentada em uma única posição, mas mantendo o queixo erguido. Quando ela ficou de pé, o corpo frágil vacilou e eu por puro impulso fui ampará-la quando a deusa morena começou a cair. Passei o seu braço por sobre o meu ombro.



-Perséfone – escutei uma voz conhecida.



Olhei para a porta em que Dulce havia sido capturada. Já não bastava de surpresas por um único dia?! Mas ali, parada e com um olhar sério, estava Hécate, a deusa da magia e mãe de Miley.



-Traga-a até mim – Hécate ordenou.



Dulce veio me ajudar. Olhei por sobre o ombro, meu instinto de guerreira querendo abandonar tudo e me jogar cegamente na briga que acontecia. Eu vi Poncho bater com as próprias mãos em um orc, usando uma sequência de boxe para praticamente nocautear
aquele monstro estranho. Maite duelava contra um elfo negro que também usava adagas, desviando e contra-atacando da melhor forma que eu já a vi fazer. Todos estavam
mantendo os inimigos ocupados enquanto Hades era cercado por muito mais deles e ainda enfrentava Despina que o atacava com gelo.



-Anahí! – Dulce chamou a minha atenção.



Pisquei rapidamente e levei Perséfone até a deusa da magia. Hécate a tomou em seus braços e abaixou o corpo, a deixando praticamente deitada em seu colo. Perséfone estava livre, mas não curada de toda a tortura, de todo aquele tempo longe de seu domínio
da primavera. Provavelmente sem se alimentar ou receber qualquer tipo de energia. A verdade era que a deusa estava extremamente fraca.



-Eu preciso recuperar a energia dela – Hécate falou depois de analisa-la – Nos proteja enquanto isso.



-Você não deveria estar aqui – Perséfone conseguiu brigar com a outra deusa – Quem... Quem está no comando do Hades?



Dulce franziu o cenho, provavelmente pensando a mesma coisa que eu. Era sabido que quando Perséfone passava os meses fora do submundo, era Hécate quem tomava as suas responsabilidades. Mas ali estavam todas as figuras de comando que o inferno grego tinham.



-Suas filhas – Hécate respondeu – Melinoe e Macária ficaram bastante animadas, sinto que farão uma verdadeira bagunça disputando por algo. Mas eu sabia que algo estava muito errado e que você iria precisar de mim de novo.



-Ficará se gabando sobre isso também? – Perséfone revirou os olhos.



Filhas? Perséfone tinha filhas deusas? A minha confusão foi logo interrompida por um calafrio. Girei meu corpo bem a tempo de ver uma enorme pedra de gelo vindo em nossa direção. Fechei o meu punho e avancei, aplicando toda a força que tinha ao socar a pedra e a quebrar em pedaços, evitando que nos atingisse. Balancei a mão sentindo todos os meus dedos se machucarem com isso. Mas ao movimentá-los quase choraminguei por não ter quebrado nenhum.



-Não deixem que nos interrompam – Hécate ordenou mais uma vez.



Bastou uma troca de olhares com Dulce para ela se posicionar ao meu lado. Meu modo de batalha sendo ativado, mas diferente do que antes... Eu não estava furiosa, eu estava confiante. Dulce estava do meu lado, sempre me deixaria mais forte. E ela?
Estava fodidamente linda com aquele jeito similar ao meu, feroz e guerreira.
Lutamos lado a lado. Nossos estilos se diferenciavam e logo encontramos uma estratégia. Eu atacava abrindo uma chance, quebrando a defesa do inimigo e logo me afastava. Dulce vinha rápida e certeira, com seu estilo de batalha leve e rápido, fincando sua espada em locais mortais para o inimigo. Eu estava segurando a clava de um orc que tentava me esmagar, mas logo a filha da primavera saltava por suas costas e atravessava a lâmina mais fina de sua espada no pescoço dele. Saltando para o chão e gritando um “abaixa”. Eu prontamente a obedeci, Dulce lançou sua espada como se fosse uma lança, fincando a sua lâmina no peito de um elfo negro. Antes mesmo que ele caísse ela já
avançava e puxava a sua espada.
Deuses, ela estava tão poderosa! Inabalável, machucada por conta da batalha constante, mas ainda assim determinada. Pisquei rápido quando escutei um rugido próximo de mim, um urso polar vinha em minha direção. Dulce não conseguia usar os seus poderes de terra, já que ali era um castelo feito basicamente de gelo, cristal e diamante. Lidamos as duas com aquela besta polar e assim que eu terminava de decepar a sua cabeça, escutamos um grito.



Um grito de desespero que fez com que nós, semideuses, olhássemos em sua direção.



Ucker estava caído ao chão. Uma espada larga atravessando o seu peito. Caída ao seu lado estava Ariana, o chamando constantemente. Chris teve de correr e derrotar o orc que havia feito o golpe. Ally e Angel correram para puxar Ucker para longe dali.
Ele não podia morrer. Não, ninguém podia! Ally iria salvá-lo, ela foi capaz de salvar o Chris, então ela o salvaria também! Ariana levantou, ensanguentada e com uma expressão
tão assassina quanto a que seu pai, rei do inferno, poderia produzir. Ela gritou em fúria e Hades sorriu enquanto batalhava contra Despina. Fantasmas atenderam ao chamado de Ariana, fantasmas de guerreiros que surgiam do chão, atravessando as várias camadas de gelo e cristal do castelo. Mortos que vinham armados, claramente guerreiros do passado e
que se curvaram perante a filha de Hades.



-Acabem com todos eles – ela ordenou com uma voz tão fria que eu estremeci.



Os fantasmas voltaram-se para os elfos e monstros. Eles surgiram em uma dezena, mas sempre que um caía, outro surgia. Ariana se tornou mortal, impiedosa, aproximava-se e atacava com um único gesto. Ninguém ousava mais se aproximar dela, nem mesmo um dos nossos.



-Desista, sua insolente! – Hades gritou ofegante – Está acabado. Ou não desista, terei prazer em te torturar no meu castelo!



-Ainda não acabou! – Despina exclamou afastando-se – Eu não cheguei tão longe para ser derrotada dessa maneira. ERGUA-SE, DEMÔNIO! OBEDEÇA AO MEU COMANDO!



-Não, ele não foi totalmente alimentado – um elfo negro gritou de algum canto.



-Será o suficiente!



Despina pronunciou palavras em uma língua completamente desconhecida. Dessa vez não foi apenas o castelo que tremeu, mas tudo ao redor. Sobre o teto aberto, era possível ver que a parede de gelo que tínhamos usado para saltar se desmanchava. E de
dentro dela saía literalmente um demônio. Um que foi capaz de fazer Hades recuar e abrir bem os olhos, um dos deuses mais velhos do mundo estava surpreso. Isso não era bom
sinal.



Então quando olhei para o monstro, desviando meu olhar da reação de Hades, finalmente entendi. Eu poderia ter morrido só pelo susto de ver aquilo. Era maior ainda que o próprio castelo. Era maior do que qualquer coisa que eu já tinha visto. Um demônio, ela
dissera. Um demônio que rosnou e fez com que todos tremessem.



Naquele momento, pela primeira vez, eu estava cogitando a possibilidade de que nós todos iriamos morrer.



Notas da autora


Bom meus amores, peço perdão pela demora, mas aqui está um capítulo quentinho.



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Autor(a): AnBeah_Portinon

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Escolhas Pov Dulce Aquilo deveria ser o rei dos reis dos monstros. Ou um demônio como a própria Despina havia chamado. Com a presença dele ali, até mesmo os nossos inimigos tinham congelado para olhar aquela figura enorme e assustadora. Grande era um adjetivo que se tornava minúsculo perto daquilo. Um colosso monstruoso, talvez? Não ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 179



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  • tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25

    Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...

  • raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57

    Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !

  • livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44

    Continuaaa

  • DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41

    Continuaaaaaaa

  • siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27

    Continua!!!

  • candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12

    QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA

  • livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41

    Continuaaa

  • Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59

    VOLTAAAAAAAAAA

  • Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43

    Continuaaaaaa

  • Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52

    CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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