Fanfic: The Mythology- Portiñon- Adaptada | Tema: Dulce María, Anahí Portilla, Portiñon, Mitologia Grega
Monte Olimpo
Pov Dulce
Todos estávamos em uma enfermaria improvisada, ao que parece o Monte Olimpo não contava que alguém ali ficasse machucado. Macas foram espalhadas por um belo jardim a céu aberto, ninfas iam e vinham obedecendo ordens de um deus menor chamado Asclépio. Eu estava sentada ao lado da maca onde Anahí estava deitada, ainda adormecida, porém com todos os ferimentos atendidos. Ela estava sem camisa, usando apenas o top preto, a pele branca reluzindo como marfim. Eu estava acariciando o seu cabelo, esperando ansiosa pelo seu despertar, desejando mais do que nunca ver seus olhos para descobrir se estariam verdes ou azuis. Eu precisava saber que ela estava bem de todas as formas possíveis. Pensar nessa necessidade fazia o meu amor por ela exaltar- se... Mas também me trazia a lembrança de Miley.
Olhei para duas macas depois da de Anahí, onde Demetria estava sentada com os braços apoiados sobre as pernas, a cabeça caída para baixo como se não tivesse forças para erguê-la. Horas haviam se passado desde que chegamos ali e a garota de Apolo não tinha pronunciado qualquer tipo de som. Seu espírito estava devastado pelo que tinha sido
obrigada a presenciar. E, assim que imaginava como teria sido se fosse Anahí no lugar de Miley, eu entrava automaticamente em desespero e buscava pela presença da filha de
Zeus, a tocando e segurando a sua mão, com um medo insano de que de alguma forma ela desaparecesse.
Foi em um desses momentos que Anahí sentou na cama de supetão, me
assustando de tal forma que me fez soltar um gritinho. Ela estava arfando, as pupilas dilatadas e aquele olhar de quem estava pronta para batalha. Levantei e segurei firmemente em seus ombros, a vendo quase rosnar ameaçadoramente para mim.
-Calma! – exclamei rapidamente – Sou eu! Estamos bem Narrí!
Anahí piscou rapidamente, olhou ao redor analisando o ambiente, mas logo as suas orbes azuis esverdeadas fitavam as minhas castanhas, suavizando-se quase que
imediatamente. A garota branca respirou fundo duas vezes, segurou em minha cintura e me puxou para mais perto. Sua cabeça prontamente repousou em meu ombro, com o rosto
voltado para o meu pescoço. Quase sorrir quando a senti inspirar fundo, sabendo que ela buscava pelo meu cheiro.
-Estamos bem – murmurei – Acabou, Narrí!
-Não, não acabou – a voz de Anahí saia pesada e rouca – Ela fugiu.
-Quem---
-Aquela deusa filha da... Merda, a mãe dela é Deméter, não vou correr o risco de xingar uma deusa no Monte Olimpo – Anahí resmungou e afastou o rosto de meu pescoço – Tudo ficou um caos quando você partiu, aquela maldita aproveitou para fugir.
Hades tentou impedir, mas monstros foram ameaçar sua mãe e ele priorizou a esposa, obviamente.
-Chega disso – exigi segurando o rosto dela – Vencemos uma batalha, que seja, mas merecemos uma folga dessa loucura toda! Então pare de pensar sobre isso e faça-me o favor de ficar feliz por estarmos vivas e inteiras, ok?
-Essa é a hora que ela diz sim senhora e se transforma na passiva da relação – Maite apareceu ao meu lado e praticamente se jogou na maca de Anahí, sentando sobre
ela.
-Foda-se Perroni – Anahí rosnou afastando as pernas para que Maite não as esmagasse a tempo, sentando com elas para fora da maca – Você tem de atrapalhar tudo não é?
-É um dom – Maite sorriu travessa e depois amenizou a expressão – Que bom que você voltou ao normal. Seria irritante você toda séria agora.
-A batalha acabou – Anahí disse olhando para mim – Você está bem?
Sorri de lado e dei uma volta para mostrar que eu estava inteira. Mas logo Anahí me puxava pela cintura para me encaixar entre suas pernas. Ela me abraçou apertado, mas não muito já que ela tinha aquela força estupenda. Maite sorria com a interação e eu prontamente a envolvi em meu braços. Antes que eu dissesse qualquer coisa, escutamos o som de coisas caindo no chão. Anahí afastou-se para virar o corpo em direção ao som, olhando para um ponto em específico atrás de si.
Demi empurrava Asclépio e jogava para cima a bandeja que uma ninfa segurava, fazendo derrubar tudo no chão. Ela estava transtornada, revoltada e com os olhos castanhos contendo um brilho feroz. Aquilo era tão estranho que era como se fosse outra pessoa. Demi sempre foi a mais alegre do grupo, sempre se divertindo com as situações e a parceira fiel de Maite nas travessuras. Agora? Era apenas uma sombra do que ela já tinha sido. A filha de Apolo saltou rapidamente da cama e se pós a sair do jardim, Troy atreveu-se a ir atrás dela e tentou impedir. Mas apenas para receber um belo soco no maxilar. Demi em nenhum momento falou ou pronunciou algum som, deu as costas e retornou ao seu caminho para fora dali.
-Nossas perdas estão sendo altas demais – Ally comentou enquanto se aproximava – Eu nunca a vi dessa forma, mas não é para menos.
-O Ucker... – Anahí começou.
-Estava para além do meu alcance, apesar de eu ter tentado tudo o que podia – Ally tremeu ao falar – Assim que você foi levada, Poseidon apareceu e pegou o corpo do filho,
falando algo sobre leva-lo para que a mãe dele se despedisse.
Anahí suspirou e travou o maxilar, eu sabia que ela estava lutando para não chorar. Percebi a movimentação, os semideuses começavam a se aproximar já que agora todos
estavam tratados e acordados.
-Ei crianças!
Hermes apareceu do alto, voando com suas sandálias aladas e usando as suas Vestimentas gregas. Mal parecia aquele homem de negócios atarefados, sua expressão era tão travessa quanto a de um jovem. Ele pousou próximo de nós, ajeitou a sua toga e sorriu suavemente.
-Estamos esperando vocês na sala de reuniões, hora de nos surpreender com seus contos heroicos! Dá para acreditar que Hades é o mocinho da vez? O que um homem não faz por sua mulher, não é?
-Muito mais do que grandes deuses foram capazes de fazer – Ariana alfinetou duramente.
-Bingo! – Hermes não se abalou – Agora vamos?
Anahí resmungou e me afastou suavemente para poder levantar. Pegou em minha mão e prontamente entrelacei nossos dedos. Ela foi a primeira a se movimentar seguindo o
deus dos mensageiros, usando a sua melhor pose de líder. Os outros se movimentaram aos murmúrios, indagando-se o que iria acontecer agora.
Entramos em uma enorme construção grega, com desenhos por toda a parede e pilares erguidos. Depois do que pareceu ser o segundo corredor, atingimos a sala do trono do Monte Olimpo. Era ampla e gigante, com também deuses gigantes sentados sobre seus tronos. Eles deveriam ter metros e mais metros de altura. Hermes seguiu mais a frente, também começando a esticar de tamanho e indo sentar-se em seu trono até então vazio.
Ao centro havia uma espécie de relógio, atrás dele um único trono estava sendo ocupado pelo deus dos deuses. Zeus. Eu estava encantada e assustada, afinal estavam todos os doze olimpianos ali. Além é claro de Perséfone, minha mãe. Ela estava ao lado de uma senhora, recebendo olhares de Hades que parecia irritado por ter de dividir a sua esposa. Provavelmente aquela deusa seria Deméter, só pelo jeito protetor que ela sempre olhava para a minha mãe.
-Podemos começar! – Hermes anunciou.
Zeus olhou para cada um dos deuses presentes e todos silenciaram-se no mínimo murmúrio que estivesse fazendo. Ele endireitou a postura sobre o trono e olhou em nossa direção.
-Não poderia começar esta reunião de outra forma além de vangloriando estes semideuses que partiram em uma missão heroica. Uma longa jornada foi cumprida com sucesso, apesar das perdas que não foram esquecidas – Zeus falava em um timbre calmo e pausado, mas seu tom era como trovões ressoando de tão poderoso – Tenho certeza de que deixaram a seus pais orgulhosos de seus feitos.
Eu senti quando Anahí tremeu a mão. Zeus a fitava diretamente, a atingido com suas palavras subliminares e não tão indiretas assim. Hera pareceu bufar ao seu lado, cruzando os braços abaixo dos seios provavelmente muito incomodada.
-Heróis recebem recompensas, meu irmão – Poseidon lembrou, apesar de seu tom sereno a sua expressão era a de tristeza – Eles provaram-se grandes guerreiros em todos os desafios.
Recompensas? Olhamos uns aos outros, incertos e inseguros com o que aquilo queria significar.
-O que os semideuses desejam? – Hera indagou – Poder? Fama?
-Paz – Angel a cortou – Seria muito bom.
-Mais poderes seria similar a mais responsabilidades e mais tarefas vindas de vocês – Troy ponderava em tom alto.
-Talvez um cartão de crédito sem limites – Maite sugeriu e deu de ombros quando todo mundo a encarou – O que? É uma boa coisa!
Balancei a cabeça segurando o riso, apenas Maite para falar aquilo em um momento como aquele.
-Lauren e Camila, Christopher e Miley – Anahí disse de repente, todos se silenciaram com a menção daqueles que já se foram – Vocês são deuses... Poderiam trazê-los?
Meu coração acelerou com a possibilidade. Digo, eles seriam capazes de fazer qualquer coisa certo? Inclusive o de ressuscitar as pessoas?
-A agridoce tentação de trazer as pessoas de volta a vida – Hades comentou e inclinou em nossa direção – O que a faz pensar que tem o direito de interferir na ordem natural das coisas, semideusa?
-Eles deram a vida para salvar ela – Anahí argumentou apontando em direção a Perséfone – Agora que parte da guerra acabou... Precisamos deles!
-Apenas uma parte da batalha não garantiria que eles sobreviveriam até o final – dessa vez era minha mãe quem comentava, não havia nenhum resquício de uma doce e jovem deusa, mas sim a autoridade de uma rainha – Lauren e Camila devem estar no
Campo Elísios, aguardando o momento certo de retornarem a vida e se reencontrarem mais uma vez. Roubaria a chance delas de retornarem em um momento de estabilidade?
Anahí ficou completamente tensa, apertando a minha mão até chegar ao ponto em que segurei o seu pulso com a minha mão livre, sentindo meus dedos sendo esmagados. Ela piscou parecendo despertar do que estava fazendo, soltando rapidamente os meus dedos. Anahí ofegava, desviou o olhar e respirou fundo até se controlar. Então assumiu mais uma vez a sua postura inabalável.
-Escolhas devem ser respeitadas – Hades completou – Foi escolha de Camila salvar sua amada, assim como foi escolha de Lauren vingar-se. Christopher protegeu a minha filha e
isso não será esquecido. Assim como o grande feito de Miley Cyrus, a mais poderosa filha de Hécate que já existiu.
Fiquei imaginando a cara que Circe faria ao escutar algo como aquilo.
-Falando na deusa – Apolo manifestou-se – Hécate encontra-se ainda levemente debilitada. Ela parece estar com um forte resfriado, isso pode ser um problema.
-Deuses pegam resfriado? – Poncho cochichou incrédulo.
-Havia magia de outro panteão – Perséfone comentou – Aquela deusa... Minha irmã, aliou-se a deuses antigos. Ela usava minha energia para poder despertar um demônio não grego... Mas sim de outras origens.
-Isso será discutido em outro momento – Zeus disse tenso – Um em que tomaremos decisões importantes e que irá influenciar no futuro e Destino.
-Poderíamos comemorar! – Dionísio exclamava, ou ao menos eu julgava ser ele, já que tinha cabelos tão escuros que chegavam a ser quase roxos, assim como a maioria de seus filhos – Foi uma vitória afinal de contas.
-Posso... Posso pedir apenas para retornamos? – Anahí intrometeu-se e olhou para os outros meio-sangues – Temos de prestar a nossa própria homenagem a Miley e Ucker. Retornar para casa.
Todos acenaram, as expressões se aliviando apenas com a menção de irmos para casa.
-Levem um aviso com vocês – Atena falou olhando em nossa direção – Hécate é a deusa da névoa, se ela estar fraca seus domínios tornam-se incertos. Tomem mais cuidado, a névoa estará mais frágil do que nunca.
-Vocês lutaram bravamente, até mesmo os garotos – Ártemis, a deusa de aparência mais jovem, comentou e sorriu – As meninas deveriam considerar entrarem para a caçada,
seria um grande ganho.
-Deixe-as em paz – Afrodite intrometeu-se, a aparência dela nunca se fixava em uma só – Já não basta aquelas jovens lindas e que poderiam ter um belíssimo drama romântico?!
-Como se você já não vivesse dramas demais – Hera pareceu alfinetar.
-Chega! – Zeus falou em seu tom mais potente, silenciando as divagações entre os deuses, mas assim que tornou a falar estava mais sereno – Vocês poderão ir, serão recompensados por seus próprios pais a maneira que decidirem melhor.
E com um gesto de mão, Zeus nos dispensou. Se aquilo era uma amostra de como a família olimpiana podiam se provocar, não queria imaginar quando estavam levando as coisas a um patamar mais perigoso de acusações. Agora era mais fácil de idealizar porquê guerras surgiam de conflitos pessoais entre os deuses.
(...)
Fomos primeiro ao Acampamento Meio-Sangue. Todos nos receberam como vitoriosos, mas não deixamos de prestar homenagem aos mortos em batalha. Seria estranho dizer que eu já não me abalava tanto quanto antes? A ideia de morrer em guerra já não era desconhecida ou tão abstrata. Era concreta, real, mesmo que feita por opções.
A imagem de Miley em seu pleno poder salvando a todo o mundo não saia de minha cabeça. Assim como as lembranças que tinha junto a filha da magia. Como quando ela leu a bola de cristal para mim, descobrindo rapidamente que eu estava gostando de Anahí. Ou como ela era brilhante em suas ideias e poderosa com a magia. Até mesmo pensar no Ucker trazia uma forte dor em meu peito, de como ele cresceu e amadureceu naquele
curto espaço de tempo, sendo tão poderoso ao ponto de dominar a água em seu estado sólido.
Depois reunimos a todos os presentes no anfiteatro, Ally e Maite narrando toda a história, eu explicando tudo o que tinha acontecido. Todos os semideuses estavam atentos, alguns céticos com alguns monstros que derrotamos. Arin tentava fazer piadas, mas Maite o cortava contra-atacando de como ele seria inútil se tivesse ido.
Cláudia não havia desgrudado de mim, nem mesmo quando eu ia tomar banho. O que eu não reclamava ao todo, mas isso diminuía as chances de ficar sozinha com Anahí. Ela se mantinha distante do grupo, como sempre o fazia quando estava em luto.
-Eu sabia que você estaria aqui! – Cláudia saltou a minha frente.
Já fazia dois dias que estava no Acampamento. Estava na clareira, deitada curtindo a natureza e olhando para o céu. Depois de tanta agitação e batalhas, estar parada era o suficiente para me causar uma boa sensação. Sorri calmamente para a minha irmã e a chamei com a mão para que deitasse ao meu lado.
-Estava me procurando? – indaguei assim que ela deitou ao meu lado.
-Sim – Cláudia ficou de bruços e me olhando de lado – Eu vim anunciar a minha decisão.
-Ora, isso parece importante – desviei o olhar do céu para a pequena – O que você decidiu?
-Eu quero sair do Acampamento!
Sentei rapidamente ficando brevemente tonta com o movimento brusco. Minha mente projetando em segundos todos os motivos para que minha irmã não saísse daquele lugar que era o mais seguro para nós. Porém ao olhar para aqueles olhos castanhos tão iguais aos meus, ansiosos, esperançosos e com um quê de medo... Finalmente comecei
imaginar como era ficar ali, no acampamento quando todos estavam fora.
-Você está falando que vai morar comigo, não é? Porque eu não vou aceitar que você se afaste de mim – falei e cruzei os braços, formando um beicinho em meus lábios – Você não vai se livrar fácil de mim, fique você sabendo!
Os olhinhos dela brilhavam tanto que só faltavam iluminar a todo o lugar. Cláudia gritou de felicidade, sentou e se jogou em meu braços. Eu a peguei rindo e bagunçando o seu cabelo, tentando imaginar o susto que Blanca teria ao chegar com Cláudia em casa.
Minha pequena irmã perguntou como era onde iriamos morar, mas só de saber que Anahí e Maite moravam na mesma rua ela praticamente começou a pular no lugar.
Estava rindo da emoção infantil que Cláu estava tendo só pela possibilidade de ter um lugar para ir, com a promessa de sairmos sempre aos finais de semana. Distraída, notei apenas que tinha algo diferente quando o cheiro forte de primavera me atingiu em cheio em uma lufada de ar. Olhei para um ponto atrás de Cláu, finalmente a vendo.
Perséfone estava ali, aproximando-se elegantemente a passos pequenos. Sua aparência era ainda mais arrebatadora e misteriosa. Ela estava completamente curada, afinal. Sua pele bronzeada tinha a mesma tonalidade que a minha e a de Cláu. Seus lábios cheios não estavam mais ressecados, seu cabelo escuro agora tinha um belo penteado trançado. Ela usava um vestido preto, solto e fino. Os pequenos animais a acompanhavam de longe, encantados com sua presença. Eu poderia jurar que por onde ela passava, a grama da clareira tornava-se ainda mais verde e bonita.
Cláu ao notar que eu não prestava mais atenção no seu monólogo, virou
bruscamente o corpo, soltando um alto grito que me despertou do torpor. A pequena correu em direção a deusa ao mesmo tempo em que ela se abaixava para receber a filha menor nos braços. Meu coração disparou e eu prontamente levantei, quase tropeçando em meus pés voltando a ficar totalmente desastrada por conta do nervosismo.
-Mamãe! – Cláudia repetia quase explodindo de felicidade – Eu disse que a Dul ia soltar você, eu disse!
-Sim querida, você disse e eu acreditei.
A voz dela não era mais rouca ou fraca, era suave, gentil e aveludada. Seus olhos prenderam-se aos meus, intensos, misteriosos, com uma expectativa que me fez engolir em seco e congelar no lugar. Aquela era a minha mãe, porra, a minha mãe de verdade! Não que Blanca não o fosse também, isso era indiscutível, mas era incoerente e poderosa a emoção que assolava o meu peito ao pensar que finalmente estava encarando a deusa
sem ter nenhum tipo de perigo eminente. Não ali, ao menos.
-Dulce – Perséfone chamou soltando lentamente Cláudia – Eu não poderia retornar ao Mundo Inferior sem antes encontrar com você e a Cláudia.
-Mãe! Eu preciso te mostrar o Aidu! É o meu unicórnio! – Cláudia estava agitada, praticamente abraçada a perna de Perséfone.
-Querida, infelizmente não terei tempo – a deusa disse com um ar de pesar,
acariciando o cabelo de minha irmã enquanto falava – Como eu já disse, eu preciso lidar com muita coisa e isso me obriga a ficar um pouco longe de você. Ainda mais agora... Mas eu posso prometer que assim que a primavera chegar, eu virei ver-te. O que achas?
-Virá me ver e a Dul? Eu vou morar com ela agora! – Cláu tentando não ficar
deprimida, mas fazendo um belo beicinho.
-Claro que sim – Perséfone tocou o queixo da menor e ergueu o olhar para mim – Se ela me permitir.
-Não – falei sem perceber, quando Perséfone arqueou uma sobrancelha quase engasguei – Não tem problema nenhum! Isso que eu queria dizer, não que você não poderia ir. Entende?
Merda, pareço a Anahí quando fica nervosa, divagando desse jeito.
-Dul, olha a palavra feia! – Cláu ralhou comigo.
Soltei um longo suspiro exasperado, ótimo, agora eu estava xingando perante uma deusa que por acaso era a minha mãe. O quão idiota era aquele sentimento de medo de ser repreendida pela sua mãe quando falava algo errado? Abaixei o olhar completamente nervosa e perdida no que deveria fazer agora. Eu deveria abraça-la? Eu ao menos poderia
abraça-la? Quando senti o cheiro floral muito perto de mim, ergui rapidamente meu olhar apenas para descobrir que a divindade agora estava bem próxima de mim. Engoli em seco enquanto trocávamos olhares, os meus fixos nos dela sem medo, afinal eu nunca hesitei em sustentar um olhar.
-Você cresceu mais forte do que eu esperava – Perséfone disse acima de um sussurro, suas mãos tocaram os meus ombros com delicadeza – Não posso exigir muito de você quanto ao que sente em relação a mim. Espero apenas que entenda as circunstâncias que me obrigaram a afastar-me de ti. Mas não deixei de olhar para você, de
acompanhar os seus passos. Sei tudo sobre você, Dulce María Espinoza Saviñon.
-Mas eu sei nada de você – acusei sentindo as emoções se mesclando, mágoa por conhece-la apenas em um momento de necessidade, mas algo definitivamente mais forte e bom, apenas por finalmente tê-la ali perto – Também espero que não fique ressentida por considerar Blanca minha mãe, era ela que estava lá por mim, no meio da confusão.
-Serei eternamente grata a esta mulher – Perséfone disse e ergueu um pouco o queixo – Mas não esconderei a minha inveja, apesar de não ter o direito de senti-la. Ainda que queira, não poderei mudar muito a minha participação em sua vida. Há um verdadeiro caos pelo qual devo me responsabilizar. O submundo e as estações...
-Eu sei – dei de ombros e as mãos dela abaixaram para meus braços, eu me sentia bem com aquele carinho, por menor que fosse – Não é como se os outros deuses também fossem pais presentes, isso é igual para todo mundo ao menos.
Perséfone pareceu suspirar, soltou suas mãos de mim e afastou um passo, dando- me mais espaço, apesar de não realmente querer.
-Deixe-me ver a sua espada – Perséfone pediu.
Franzi o cenho estranhando o pedido. Cláudia olhava a tudo curiosa, bem perto de Perséfone como que para aproveitar a sua presença. De certa forma, eu tinha um pouco de ressentimento por minha irmã menor ter tido mais contato com a deusa do que eu. Ilógico, mas assim são alguns dos nossos sentimentos, não é? Segurei em meu brinco e o retirei com cuidado, logo o transformando em uma espada forjada por Chris. A lâmina negra, a empunhadura com o formato de rosa. Eu a girei e entreguei apontando o cabo para a deusa. Perséfone a segurou naturalmente, observando a obra com um brilho
misterioso no olhar.
-Isto ainda não é bem a recompensa que eu queria entregar-te por ter completado a missão – ela falava ainda encarando a espada – Mas seria uma ilusão achar que não estará mais em batalhas. Você é minha filha, afinal – a deusa segurou a espada e a jogou
para o alto a fazendo flutuar centímetros acima de nós – Então a presentearei com uma arma digna de uma princesa do submundo e herdeira da primavera.
A espada foi revestida por uma camada escura ao mesmo tempo em que pétalas de flores surgiam e a circulavam em pleno ar. Abri os olhos encantada e surpresa, escutando
de longe uma exclamação de surpresa vinda de Cláu. Quando a energia negra
desapareceu junto com as pétalas, minha espada já não era mais a mesma, nem ao menos era apenas uma. Eram duas espadas que flutuavam agora em minha direção.
A da esquerda ainda possuía a mesma lâmina escura, com o detalhe dourado de ramos espinhosos em seu centro. Porém em sua empunhadura agora possuía na ponta a imagem bem detalhada de uma caveira, em sua base e proteção de mão os detalhes eram de ossos, as cores sempre brincando entre o dourado e o negro. A segunda espada possuía uma lâmina de cor prateada, com detalhes de rosas por toda a empunhadura em
cores vermelhas. Na lâmina ao centro possuía o mesmo desenho de ramos espinhosos, mas em um tom rubro.
-Uma espada do inferno e uma da primavera – Perséfone anunciou – A lâmina fina é indiscutivelmente afiada, cortando até mesmo metais pesados quando usadas em seu modo duplo.
-Modo duplo? – indaguei ainda encantada com os detalhes das armas.
Como que para responder a minha pergunta, as duas armas ficaram uma de costas para outra até se fundirem rapidamente em uma só, brilhando em negro e vermelho até se tornar a minha velha espada.
-Quando quiser, poderá ser uma espada única – Perséfone sorriu de lado – Devo admitir que consultei Hefesto sobre o que poderia dar como recompensa. Descobrirá as coisas que ela pode fazer aos poucos, conforme a necessidade. Espero com sinceridade
que não tenha de usar todo o seu potencial um dia.
Mães davam a seus filhos celulares, vestidos, coisas triviais. A minha me dava uma espada mágica para que eu pudesse batalhar. Peguei a minha espada no ar, estranhando que ela não estivesse uma grama mais pesada. A transformei mais uma vez em um brinco e o coloquei.
-Eu também não ganho um presente? – Cláu emburrou prontamente.
-Você está muito jovem para receber um presente desses – a cortei prontamente – Não deveria usar algo como isso tão cedo.
-Eu sei usar o arco melhor do que você! – Cláudia acusou apontando o dedo em minha direção.
-Mas não terá necessidade de usá-lo. Eu, Anahí e Maite estaremos por perto agora para proteger você – insisti pondo as mãos na cintura.
Eu não podia conceber a ideia de que Cláu estaria entrando em batalha, não com apenas dez anos de idade. Ela não deveria estar começando a se preocupar com festinhas de pijama, viciada em televisão e desenhos para menininhas? Não deveria saber portar
uma arma melhor do que eu mesma.
-Um dia minha pequena, quem sabe? Nem mesmo eu poderei mudar o destino para que você esteja segura para sempre, apesar de almejar isto fervorosamente – Perséfone
apaziguou a discussão e fitou a nós duas por vez – Temo que já tenha de partir.
-Mas já? Mamãe, você deveria vim com a gente para comer pizza no refeitório! – Cláu tentou persuadi-la.
-Tenho tarefas para fazer, querida – Perséfone lamentou e começou a se afastar, seu olhar pousando em mim por último – Mas gostaria de dizer que eu estou orgulhosa de vocês serem minhas filhas.
Ok, o quanto idiota era por eu ter meu peito inflado por um ego do tamanho do universo por aquela simples frase? O quão bobo era um filho se sentir o maioral por receber um elogio dessa magnitude de sua mãe? Quando percebi que ela realmente iria embora, travei a respiração e deixei que meu impulso falasse mais rápido. Eu praticamente corri em sua direção e me joguei na deusa, a abraçando de maneira desengonçada e quase nos derrubando no chão. Fechei meus olhos forte, esperando pela recusa, por
alguma repressão por ter tido a audácia de fazer algo assim com uma deusa. Mas qual a minha surpresa quando a deusa da primavera me envolveu firmemente em seus braços e acariciou meu cabelo?
-Ainda permanecerei olhando por você, minha filha – ela murmurou.
Perséfone demorou apenas alguns segundos a mais no abraço, afastando-me com delicadeza para fugir da prisão de meus braços. Eu estava chorando tolamente, eu sabia,
mas não conseguia evitar. Cláudia aproximou-se e segurou em minha mão, acenando um último adeus para nossa mãe. Ela sorriu, um sorriso lindo e arrebatador que foi prontamente retribuído. Então como que para fazer uma saída triunfal, as folhas caídas na
grama da clareira a rodeou até que seu corpo se desmaterializou sutilmente.
-Dul – Cláu puxou suavemente minha mão – Eu to com fome!
-Que tal aquela pizza que você comentou?
Cláudia quase faltou fazer uma dança esquisita e saiu praticamente correndo, soltei um suspiro lançando um olhar para o lugar em que um minuto atrás a minha mãe estava. Provavelmente eu não a veria por um longo, longo tempo.
Notas Finais
Próximo capítulo... É BÔNUS! Uma homenagem por ter alcançado 68 capítulos -v
Autor(a): AnBeah_Portinon
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Notas do Autor LEIAM AQUI É IMPORTANTE PRA QUE ENTENDAM!Então, em comemoração ao capítulo 69, eu tive a ideia de fazer um bônus. Só que pra não ser apenas um bônus qualquer, eu decidi fazer um capítulo bônus que acontece no futuro. Anos já se passaram e eu não defini bem qual seria. &Eac ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 179
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tryciarg89 Postado em 09/02/2022 - 17:32:25
Por favor poste mais,uma das melhores fics que já li,descobri ela recentemente. Mas por favor continue...
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raphaportiñon Postado em 28/01/2022 - 14:34:57
Poxa, achei essa fic há poucos dias e me apaixonei por ela. Li e reli várias vezes nesse pouco tempo e é uma pena que não teve continuação, ela é maravilhosa e perfeita assim como Portiñon. ❤️... Com almas gemêas como deve ser, sem traição mas com todos os sentimentos de amor, dor, bondade, raiva, felicidade, ciúme, perdão, angústia, amizade, aventura e um amor eterno. Cada capítulo foi sensacional. Pena que não teve continuação e fim !
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livia_thais Postado em 02/04/2021 - 23:41:44
Continuaaa
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DreamPortinon Postado em 19/12/2020 - 03:48:41
Continuaaaaaaa
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siempreportinon Postado em 05/11/2020 - 21:08:27
Continua!!!
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candy1896 Postado em 05/11/2020 - 20:12:12
QUE BOM QUE VOLTOU, CONTINUA
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livia_thais Postado em 30/09/2019 - 22:05:41
Continuaaa
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Jubs Postado em 10/05/2019 - 01:11:59
VOLTAAAAAAAAAA
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Jubs Postado em 05/05/2019 - 23:02:43
Continuaaaaaa
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Jubs Postado em 02/05/2019 - 03:04:52
CONTINUAAA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ ME DEIXOU CURIOSA