Fanfic: O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy | Tema: Dulce, gemeas

Na tarde de sábado, Dulce parou a um passo da porta de Taylor, com a mão suspensa sobre a maçaneta. No andar de baixo, ela ouvia o sr. e a sra. Pardo correndo de um lado para outro, fazendo ajustes de última hora para a festa, mas Taylor tinha sumido.

Devia estar com Alfonso em algum lugar.

Girando a maçaneta, Dulce entrou no quarto. O cheiro do perfume de angélica a saudou como uma onda de calor. Havia duas velas sobre a escrivaninha de Taylor, junto com uma caneca cheia de lapiseiras e uma foto emoldurada de cinco cavalos selvagens correndo por um campo gramado. O pôster era sem graça, como os que se veem em hotéis, e estranhamente impessoal em contraste com a colagem de fotos e fitas de tênis que Taylor pregara à parede com tachinhas. Bem ao lado de seu closet havia uma foto em preto e branco de Alfonso com o braço em volta dos ombros de Taylor no estacionamento do Sabino Canyon. Estava um pouco torta, e a ponta de outra foto aparecia sob ela. Dulce a levantou e viu uma foto de Roberta e Taylor com os braços em torno uma da outra em uma pose quase idêntica à de Taylor e Alfonso.

Por um longo momento, Dulce ficou ali parada, analisando os rostos sorridentes de Taylor e Roberta. Elas pareciam, nada mais, nada menos, que melhores amigas.

Também olhei a foto com muita atenção, tentando me lembrar de quando fora tirada. No final das aulas no ano passado? Depois de um torneio de tênis? Talvez até antes... Taylor e eu parecíamos muito felizes. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido para mudar isso. Talvez tivéssemos nos afastado quando eu encontrara amigas mais legais. Ou talvez tudo se resumisse mesmo a Alfonso.

A escrivaninha rangeu quando Dulce abriu uma gaveta. Dentro havia uma borracha rosa-choque em formato de coração, clipes de papel nas cores do arco-íris e um grampeador. Canetas Bic rolaram para frente. Pedaços de papel de caderno estavam empilhados. Dulce pegou um. Beli, dizia um deles, preciso falar com você sobre uma coisa e é muito importante. Taylor sublinhara três vezes a palavra muito.

Aconteceu uma coisa neste verão, e preciso desabafar. A culpa está me comendo viva. Taylor. A data era de seis de setembro, uma semana depois do desaparecimento de Roberta.

Dulce largou o bilhete como se fosse uma frigideira de óleo quente. Taylor não podia ter considerado confessar a Belinda o que fizera, podia? Ou ia contar a Belinda que vira Alfonso? De um jeito ou de outro, Taylor claramente não tinha ido até o fim com aquilo.

Enfiando o bilhete no bolso de trás, Dulce olhou embaixo da cama, sob o colchão e dentro do closet. Nada. Ela estava a ponto de sair quando viu uma fita esportiva azul aparecendo sob uma poltrona; o tipo de fita que ela e Taylor usavam para enrolar os cabos de suas raquetes de tênis. Dulce se agachou e viu uma raquete sob as almofadas.

Ela a puxou, depois a olhou por todos os lados. As cordas tingidas de vermelho estavam tão deformadas no meio que Dulce ficou surpresa por não terem se rompido. Quando tocou uma delas, um pouco do vermelho se descascou. Não era tinta... Era sangue.

Os dedos de Dulce tremiam na extremidade da raquete. A armação também estava deformada, como se alguém a tivesse batido com força contra algo... Ou alguém.

Aproximando-se um pouco mais, ela viu um fio de cabelo enrolado na armação, exatamente da mesma cor que seu cabelo. Será que era o cabelo de Roberta?

Ela lutou contra a ânsia de vômito. Dulce estava segurando a arma do crime?

Ela a soltou de imediato. Agora suas impressões digitais também estavam nela.

Lembrou-se das palavras de Christopher depois de descobrir quem ela realmente era: se fugir agora, todos vão pensar que foi você.

Talvez fosse exatamente essa a intenção de Taylor: que Dulce encontrasse a raquete. Que a tocasse. Que a gêmea desfavorecida fosse enquadrada.

Creque.

Passos soaram na escada. Dulce se levantou às pressas bem quando a porta se abriu.

O sr. Pardo apareceu com uma expressão perplexa.

– Roberta?

– Ahn, oi – disse Dulce, passando a mão pelo cabelo com o coração disparado. Ela se colocou na frente da raquete caída.

O sr. Pardo se apoiou contra o batente da porta, com uma das sobrancelhas levantada.

– Taylor sabe que você está aqui?

– Ahn. – A mente de Dulce voou em um milhão de direções, tentando encontrar uma desculpa. – Eu só estava procurando uma pulseira que ela pegou emprestada. Queria usá-la na sua festa. – Ela deu de ombros e mostrou as palmas das mãos. – Mas não tive sorte – disse. – Acho que ela vai usá-la hoje.

O sr. Pardo verificou seu relógio.

– Por falar nisso, acho que é melhor eu me arrumar também. – Ele deu um tapinha na porta. – Não posso me atrasar para minha própria festa, não é?

Dulce forçou um sorriso. Assim que o pai de Roberta virou as costas, ela chutou o objeto de volta para baixo da poltrona como se fosse uma raquete velha de tênis, e não a arma do crime. Seu estômago se revirou quando imagens de Taylor golpeando a cabeça de Roberta começaram a rodopiar espontaneamente por sua cabeça.

E também rodopiavam pela minha. Fechei os olhos com força e tentei trazer à mente a lembrança de Taylor me esmurrando até a morte... Mas não aconteceu nada.

Quando estava prestes a desistir, uma imagem apareceu de relance diante de mim: Taylor e eu empoleiradas em um penhasco rochoso debruçado sobre o Sabino Canyon, o mesmo aonde eu tinha levado Alfonso. É lindo, não é?, eu perguntara a ela. Seus olhos claros esquadrinharam os paredões do cânion, e um sorriso malicioso apareceu em seu rosto. E então ela disse com total clareza: É o lugar perfeito para desaparecer.