Fanfics Brasil - Um Acréscimo De Última Hora À Lista de Convidados O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy

Fanfic: O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy | Tema: Dulce, gemeas


Capítulo: Um Acréscimo De Última Hora À Lista de Convidados

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“Eu quero conseguir adivinhar, Pat,” dizia na TV uma daquelas supermães de sorriso colado no rosto. A tela passou a exibir uma tomada do painel da Roda da Fortuna. Quase todas as letras já tinham saído, faltava só uma. “Colhendo flores frescas?”


Uma música triunfante tocou enquanto Vanna virava a última letra. A supermãe pulava sem parar, em êxtase por ter ganhado 900 dólares. Já era tarde na noite de quinta-feira, e Dulce estava na cama de Roberta, assistindo a uma reprise do programa no Game Show Network. Roda da Fortuna normalmente a acalmava. Lembrava-lhe dos tempos em que assistia com Alma, na gasta poltrona La-Z-Boy – ela praticamente conseguia sentir o cheiro do lanche para viagem do Burger King e ouvir Alma gritando as respostas e criticando o vestido de lantejoulas de Vanna.


Mas agora, quando via aquela roda na tela, Dulce só conseguia pensar que parecia uma metáfora para sua vida – uma roda do acaso. Risco ou recompensa. Uma das gêmeas ficando com a vida boa, a outra ficando com a ruim. Uma morrendo, a outra continuando viva. A gêmea viva escolhendo entre perseguir a pessoa que ela tinha quase certeza de que matara sua irmã... ou cair fora discretamente.


Taylor matou Roberta.


Esse pensamento aparecia em sua mente toda hora e ainda assim causava-lhe um novo sobressalto a cada vez. Ela agora tinha certeza. Todos os sinais apontavam para Maite antes, mas agora Taylor parecia ser a única resposta. Quando chegara em casa, ela tinha procurado mais pistas, e coisas demais se conectaram: a conta do Facebook de Roberta estava em preenchimento automático, o que significava que Taylor podia ter entrado sorrateiramente no quarto da irmã, acessado a conta, encontrado a mensagem de Dulce e escrito uma ávida resposta, chamando-a a ir até ali. E também havia o bilhete de ROBERTA ESTÁ MORTA que Taylor tinha encontrado em seu carro. Além de um pouquinho de pólen no canto, o papel não mostrava rugas, dobras ou marcas de sujeira como deveria caso Taylor realmente o tivesse tirado de sob o limpador de para-brisa de seu carro. E, na verdade, Dulce não tinha visto o bilhete preso no carro – como ter certeza de que Taylor não tinha mentido sobre o fato de alguém tê-lo deixado ali? Ela poderia facilmente tê-lo tirado da bolsa.


Taylor estava na casa de Maite aquela noite. Dormira perto de Dulce no imenso quarto de Maite, portanto facilmente teria notado quando Dulce descera para buscar água. Ela podia tê-la seguido discretamente e a estrangulado com o relicário de Roberta. E por falar naquele relicário, no telefone de Belinda havia a foto de Taylor usando-o. Parecia idêntico ao que agora estava no pescoço de Dulce.


Pareciam idênticos para mim também. Pensei nas lembranças que eu guardava naquele momento. Em como eu perdera a cabeça com uma rapidez incrível, lançando seu cordão de imitação para a mata escura. A expressão arrasada de Taylor. Então pensei naquelas mãos me agarrando e me jogando dentro do carro. O porta-malas era pequeno e apertado, provavelmente compatível com o do Jetta de Taylor.


Mas eu continuava me lembrando do dia em que Taylor e eu ríamos juntas na piscina do La Paloma. De mãos dadas. Amigas. O que tinha nos afastado? Por que eu não tentara recuperar aquela relação? Eu não queria acreditar na possibilidade de Taylor ter me assassinado. E quanto à massa de cabelos preto que eu tinha visto através da venda quando o agressor me tirara do porta-malas? Será que meus olhos estavam me pregando peças?


Dulce se levantou da cama e começou a andar pelo quarto. Ela ainda não tinha nenhuma prova concreta, mas o vídeo do assassinato só podia ter sido filmado na noite em que Roberta morrera. Fazia sentido. Talvez, ao tirar a venda da cabeça de Roberta, Taylor houvesse descoberto que ela não estava morta e tivesse enrolado o cordão no pescoço da irmã e terminado o serviço. Talvez o verdadeiro assassinato tivesse acontecido depois do momento em que o vídeo terminava... Se pelo menos o vídeo ainda estivesse no ar... seria o suficiente para fazer a polícia acreditar que o que Dulce estava dizendo era verdade. E, afinal, como aquele vídeo fora parar na internet? Por que o assassino postaria algo que condenaria a ele próprio?


A não ser, é claro, que Taylor o tivesse colocado na internet para atrair Dulce. Talvez, de alguma forma, ela soubesse que sua irmã adotiva tinha uma outra irmã; uma gêmea. E talvez soubesse que o vídeo chegaria aos olhos de Dulce... que entraria em contato. Tinha acontecido.


Dulce pousou as mãos abertas na parede lisa e branca. Uma música abafada vinha do quarto adjacente, que era o de Taylor. Pelo que Dulce sabia, Taylor podia estar em seu quarto naquele exato momento tramando o que fazer em seguida. Dulce foi até a TV e a desligou. De repente, pareceu-lhe perigoso permanecer tão perto da assassina. Ela se sentiu como uma prisioneira em seu quarto – uma prisioneira na vida de sua irmã morta. Abriu a porta bruscamente e se lançou escada abaixo. Quando estava prestes a abrir a porta da frente, alguém pigarreou atrás dela.


– Aonde você vai?


Dulce virou-se. O sr. Pardo estava sentado no escritório, ao lado do vestíbulo, digitando em um netbook. Havia um fone Bluetooth em seu ouvido.


– Hã, vou caminhar um pouco – disse Dulce.


O sr. Pardo a espiou por cima dos óculos.


– Já passou das 21 horas. Não gosto que você fique andando sozinha por aí no escuro.


Os cantos da boca de Dulce se contraíram num sorriso. Pais temporários nunca tinham se importado com a hora em que ela chegava ou saía. Nunca se preocupavam com sua segurança. Até Alma deixava a filha perambular à noite – se estivessem em um hotel barato, ela mandava a pequena Dulce ir até as máquinas de salgadinhos para comprar Mountain Dew e biscoitinhos em forma de peixinhos dourados.


Se bem que... ele não estava preocupado com a segurança de Dulce. Estava preocupado com sua filha, Roberta. Dulce não conseguia suportar encará-lo, sabendo que sua filha estava longe de estar segura, e que isso podia ser culpa de sua outra filha. Dulce precisava dar o fora dali. Ela viu a raquete de tênis de Roberta encostada contra o armário do hall e a pegou.


– Preciso treinar meu saque.


– Tudo bem. – O sr. Pardo voltou-se para a tela do computador. – Mas quero você de volta em uma hora. Ainda precisamos discutir as regras para a sua festa.


– Tudo bem – gritou Dulce.


Ela bateu a porta e correu pelo meio da rua. Todos tinham arrastado suas grandes latas de lixo verdes para o meio-fio, e o ar cheirava a legumes apodrecendo e fraldas sujas. Quanto mais se afastasse da casa de Roberta, melhor – mais segura – se sentia. Ela parou no parque, percebendo vagamente a silhueta de uma figura familiar deitada na quadra de tênis formando um X. Seu coração teve um alento.


– Christopher? – chamou ela. Christopher levantou-se ao ouvir sem nome. – Sou eu, Roberta!


– Legal encontrar você por aqui. – Estava escuro demais para ver o rosto de Christopher, mas Dulce detectou alegria em sua voz. De repente, ela também se sentiu mais alegre.


– Posso ficar aqui junto com você?


– Claro.


Ela abriu o portão gradeado sem colocar moedas no aparelho para ligar as luzes. A porta bateu com um estrondo. Dulce sentiu o olhar de Christopher sobre ela enquanto andava até a rede e deitava-se ao lado dele. A quadra ainda estava aquecida por causa do calor do dia e tinha um leve cheiro de asfalto cozido e Gatorade derramado. As estrelas brilhavam como partículas de quartzo em uma calçada. As estrelas Mamãe, Papai e Dulce pulsavam logo abaixo da lua. Era frustrante que, mesmo depois de tanta coisa mudar, as estrelas estivessem exatamente no mesmo lugar de sempre, rindo dos conflitos inúteis de Dulce na terra.


Lágrimas brotaram em seus olhos. Eram mesmo conflitos inúteis. Todas as fantasias que sua mente tinha forjado durante a viagem de ônibus até ali. Todos os bons momentos que ela imaginara para si própria e para Roberta como irmãs.


– Você está bem, Sylvia Plath? – provocou Christopher.


O ar ficara mais frio, e Dulce aproximou os braços do corpo para se aquecer.


– Não muito.


– O que está acontecendo?


Dulce passou a língua sobre os dentes.


– Nossa, sempre que vejo você estou completamente louca.


– Tranquilo. Loucas não me incomodam.


Mas Dulce balançou a cabeça. Ela não podia contar a ele o que estava realmente acontecendo, por mais que quisesse.


– Meu aniversário é amanhã – disse ela, então. – Vou dar uma festa.


– É mesmo? – Christopher se ergueu um pouco, apoiando-se em uma das mãos. – Bom, feliz aniversário.


– Obrigada. – Dulce sorriu na escuridão.


Ela acompanhou um avião que cruzava lentamente o céu noturno. Em alguns aspectos, aquele seria o melhor aniversário de sua vida; a maioria dos anteriores fora simplesmente nulo – tinha comemorado seus dezesseis anos sentada no escritório da assistência social, esperando para ser realocada em um novo lar temporário; e aos 11, estava morando como fugitiva com os garotos no acampamento. A única celebração verdadeira que teve foi quando Alma a levou para a feira medieval perto de onde moravam. Dulce tinha percorrido lentamente um círculo montada num burrico, comido uma coxa de peru gigante e feito um brasão em cartolina verde-neon e turquesa, suas cores favoritas na época. A caminho do estacionamento, no final do dia, Dulce perguntou se elas podiam fazer aquilo outra vez no seu aniversário seguinte. Mas no ano seguinte Alma tinha partido.


Dulce olhou para o céu. Uma nuvem passou na frente da lua, escondendo-a por um instante.


– Você vai?


– Aonde?


– À minha festa. Quer dizer, se não tiver outro compromisso. E se quiser.


Dulce mordeu a unha do polegar. Seu coração saltava no peito. De repente, convidá-lo parecia algo importante.


A lua iluminou o perfil anguloso de Christopher. Dulce esperou pacientemente que ele decidisse. Se ele recusar, não fique chateada, disse a si mesma. Não leve para o lado pessoal.


– Ok – disse Christopher.


Dulce sentiu seu estômago dar uma cambalhota.


– Mesmo?


– Claro. Eu vou.


– Legal! – Dulce sorriu. – Você vai ser a única pessoa normal lá.


– Não tenho tanta certeza. – Pela maneira como ele disse isso, Dulce percebeu que Christopher estava sorrindo. – Não acho que nenhum de nós seja normal, você acha? Todo mundo guarda segredos bizarros.


– Ah, é? Quais são os seus?


Christopher fez uma pausa por um momento.


– Sou caidinho pela Frau Fenstermacher.


Dulce riu em silêncio.


– Totalmente compreensível. Ela é muito sexy.


– É. Morro de tesão por ela.


– Bem, boa sorte – disse Dulce. – Espero que os pombinhos encontrem a verdadeira felicidade.


– Obrigado.


Christopher mudou de posição para se deitar de novo, e sua mão esbarrou na dela. Dulce olhou para as mãos deles dois juntas, os dedos apenas se tocando. Após um instante, Christopher enrolou o indicador no dela e apertou uma vez, antes de afastar a mão.


De repente, na segura e densa escuridão, o mundo insano e perigoso de Dulce parecia tão distante quanto as estrelas.



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Autor(a): Dulce Coleções

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 294



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  • ana Postado em 02/03/2021 - 00:40:52

    Aaaaaa, kd vc????

  • ttm Postado em 27/07/2020 - 15:20:43

    deve ser horrível desconfiar de quase todos ao redor, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 03/08/2020 - 13:49:40

      Já pensou passar por algo assim, é foda

  • ttm Postado em 23/07/2020 - 15:04:25

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 27/07/2020 - 13:50:47

      Continuando amore

  • ttm Postado em 21/07/2020 - 16:48:49

    ok, por essa eu não esperava de modo algum kkkkkkkkkk continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 23/07/2020 - 14:22:04

      Hahaha acho q bem esperava

  • ttm Postado em 19/07/2020 - 22:46:34

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 21/07/2020 - 14:53:42

      Continuando amore

  • ttm Postado em 17/07/2020 - 16:05:48

    PUTA MERDA, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 19/07/2020 - 17:44:05

      Continuando amore

  • ttm Postado em 13/07/2020 - 18:36:59

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 17/07/2020 - 12:15:51

      Continuando amore

  • ttm Postado em 11/07/2020 - 22:07:43

    acho que a Taylor pode estar envolvida, mas também não tenho certeza hahahaha, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 13/07/2020 - 17:31:13

      Várias teorias kkkk

  • ttm Postado em 09/07/2020 - 19:13:31

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 11/07/2020 - 16:12:27

      Continuando amore

  • ttm Postado em 07/07/2020 - 18:25:30

    a resposta da Belinda pra Bethany KKKKKKKKKKK amei, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 09/07/2020 - 15:45:09

      Resposta foda kkkkk


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