Fanfic: O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy | Tema: Dulce, gemeas

Plinc. Plinc. Plinc.

Horas depois, Dulce acordou de um sono sem sonhos e olhou em volta. O que era aquilo?

Plinc. Ela virou-se rapidamente para a janela que dava para o jardim. Uma pedrinha bateu no vidro e caiu no chão. Dulce correu até a janela e olhou para baixo. Havia alguém sob o grande projetor de luz perto da varanda. Dulce esfregou os olhos com força.

– Mãe? – gritou ela.

Ela mal sentia os degraus sob seus pés enquanto descia correndo. A porta rangeu quando ela abriu às pressas e saiu para a noite. Alma estava no meio da entrada para carros, perto do Jetta de Taylor.

Eu olhava embasbacada para a mulher na entrada. Era a primeira vez que eu via nossa mãe. Ela tinha cabelos avermelhados e sedosos na altura do queixo e olhos castanhos. Seu corpo era magro – quase magro demais –, e ela vestia uma calça jeans larga furada no joelho e uma camiseta desbotada que dizia RESTAURANTE CASUAL CLAM. Uma pessoa por quem eu simplesmente passaria na rua. Eu não sentia nenhuma conexão com ela, nenhum laço instantâneo. Não parecia real.

Mas, quando Dulce a alcançou, seus braços passaram diretamente através do corpo dela. Dulce deu um passo para trás, perplexa.

– Mãe? – chamou outra vez. Tentou tocar Alma, mas era como se ela fosse feita de vapor. Então Dulce tocou o próprio rosto, para ter certeza de que ela própria ainda era real. – O que está acontecendo?

– Não é o que você está pensando, querida – disse Alma, em sua voz áspera de fumante. – Você precisa tomar cuidado – acrescentou. – Precisa ficar na sua. As coisas estão prestes a ficar muito perigosas.

– O-O que você quer dizer com isso? – perguntou Dulce.

– Shh.

– Mas...

Então Alma deu um passo à frente e pressionou a mão sobre a boca de Dulce. Pareceu uma mão real para Dulce, sólida e estável.

– Você precisa fazer isso por mim.

De repente, uma visão surgiu em minha mente. Eu ouvi aquela mesma voz dizer Você precisa fazer isso por mim, em alto e bom som. Pelo menos eu pensei que fosse a mesma. Não sabia ao certo se a voz estava falando comigo... ou com outra pessoa. Mas, justo quando eu tentava recuperar essa lembrança, ela se dissolveu.

De repente, os olhos de Dulce se abriram.

Ela estava novamente no quarto escuro de Roberta. As cortinas adejavam na brisa. O copo d’água que ela enchera antes de ir dormir estava na mesinha de cabeceira. O sonho ainda latejava em sua cabeça. Ela se sentou, e sua visão clareou. Havia uma figura parada diante dela.

Alma? pensou Dulce de imediato. Mas o cabelo dessa pessoa era louro, não avermelhado. Seu nariz se arrebitava na ponta, e sardas salpicavam suas faces. Dulce fitou diretamente os olhos claros de Taylor. A mão de Taylor espalmou-se com força sobre a boca de Dulce.

– Grite! – berrei em desespero para Dulce.

E foi exatamente o que Dulce fez. Ela afastou os lençóis com os pés e golpeou os braços de Taylor com as mãos. Taylor se afastou com uma expressão perplexa no rosto. Em segundos, a porta do quarto se abriu, e o sr. e a sra. Pardo entraram bruscamente. O sr. Pardo estava sem camisa. A sra. Pardo usava calças de pijama xadrez e uma camiseta regata rendada. Drake também pulou para dentro, emitindo alguns latidos curtos e baixos.

– O que está acontecendo? – exigiu saber o sr. Pardo.

– Taylor está tentando me matar! – gritou Dulce.

– O quê? – Taylor se afastou da cama como se os lençóis estivessem pegando fogo.

Dulce se arrastou para trás até encostar na cabeceira. Seu peito ofegava em soluços.

– Ela estava tentando me sufocar.

Taylor soltou um guincho indignado.

– Não estava, não! – E apontou para o relógio digital ao lado da cama. Os números vermelhos piscavam 00h01. – Entrei aqui porque queria ser a primeira a lhe desejar feliz aniversário.

– Não negue. – Dulce segurava os lençóis contra o peito. – Eu vi!

– Roberta, querida, Taylor não faria algo assim – disse gentilmente o sr. Pardo.

– Você deve ter tido um pesadelo, só isso. – A sra. Pardo esfregou os olhos. – Está preocupada com a sua festa de aniversário?

– Por que eu estaria preocupada com uma festa de aniversário? – vociferou Dulce. Ela apontou um dedo na direção de Taylor. – Ela. Tentou. Me. Matar!

Mas, quando olhou novamente para os Pardo, um ceticismo sonolento era evidente em ambos os rostos.

– Querida, por que não desce e toma um copo de leite? – sugeriu a sra. Pardo.

E então, bocejando, eles voltaram-se para a porta. Drake e Taylor os seguiram. Mas, antes que Taylor passasse para o corredor, ela virou-se e encontrou o olhar de Dulce. Seus olhos se estreitaram. Os cantos de sua boca se curvaram para baixo. Dulce sentiu suas veias pegarem fogo. As palavras que Alma dissera no sonho lhe voltaram à mente. As coisas estão prestes a ficar muito perigosas.

As palavras rodopiavam em minha mente também. Isso é que eu chamo de um sonho que se torna realidade.