Fanfics Brasil - O Trote Dos Trotes O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy

Fanfic: O Jogo Da Mentira- Trendy/Vondy | Tema: Dulce, gemeas


Capítulo: O Trote Dos Trotes

262 visualizações Denunciar


Estou ao volante de meu Volvo britânico verde-esmeralda de 1965. Minhas mãos apertam o volante forrado de couro, e meu pé pisa e solta facilmente a embreagem. Belinda está sentada a meu lado, girando o botão do rádio customizado. Maite, Taylor e as Gêmeas do Twitter se apertam no banco de trás, rindo sempre que o carro derrapa em uma curva e as espreme em um dos lados. Gabby manuseia um batom vermelho como uma varinha mágica.


– Não se atreva a sujar de batom os bancos de couro do Floyd – aviso.


Maite ri.


– Não acredito que você chama seu carro de Floyd.


Eu a ignoro. Dizer que adoro meu carro é pouco. Meu pai o comprou no eBay há alguns anos, e eu o ajudei a restaurá-lo e a recuperar sua antiga glória – eliminando os amassados da lataria com martelo, substituindo a grelha enferrujada por uma nova e cromada, ré estofando os bancos da frente e de trás com couro macio e instalando um motor novo que ronronava como um puma contente. Não me incomodo de não ter recursos modernos, como adaptador de iPod ou sensor de estacionamento. Este carro é único, elegante e está à frente de seu tempo – exatamente como eu.


Passamos pelo Starbucks, pelo shopping de rua com galerias de arte que todos os aposentados adoram e pelas quadras de saibro onde tive minha primeira aula de tênis aos quatro anos. A luz do fim do dia tem o mesmo tom âmbar dos olhos do coiote que se enfiou por baixo da cerca do nosso quintal no ano passado. Estamos a caminho de uma festa de fraternidade na Universidade do Arizona, que promete bombar. O fato de estar com Pablo não me impede de cobiçar os universitários gatinhos de vez em quando.


Belinda sintoniza uma estação que está tocando “California Gurls”, de Katy Perry. Gabby solta um gritinho e começa a cantar junto.


– Argh, estou muito enjoada dessa música – reclamo, estendendo a mão e abaixando outra vez o volume. Normalmente, não me incomodo com cantoria, mas algo está me irritando nessa noite. Ou, mais exatamente, dois alguéns.


Lili fica emburrada.


– Mas na semana passada você disse que Katy era incrível, Roberta!


Dou de ombros.


– Katy é passado.


– Ela compõe as melhores músicas! – choraminga Gabby, enrolando suas luzes louro-mel e fazendo beicinho com os lábios super carnudos.


Tiro os olhos da estrada por um instante e lanço um olhar furioso para elas.


– Katy não escreve as músicas, gente. Quem escreve é algum produtor gordo de meia-idade.


Lili parece horrorizada.


– Sério?


Como eu queria parar o carro e colocá-las para fora. Estou cheia da falsa falta de noção do Tico e Teco do Twitter. Fiz uma aula de trigonometria com elas no ano passado, e elas não são tão idiotas quanto parecem. Os garotos acham fofo esse teatrinho idiota, mas a mim elas não enganam.


O sinal fica verde, e Floyd ruge satisfatoriamente quando sai em disparada, levantando poeira e passando velozmente pelos arbustos do deserto.


– Bom, eu acho a música boa. – Beli quebra o silêncio, aumentando lentamente o volume outra vez.


Lanço um olhar a ela.


– O que seu pai diria se soubesse que a vulgar da Katy é seu exemplo de comportamento, Beli?


– Ele não se importaria – diz Belinda, tentando parecer dura. Ela cutuca o adesivo da MÁFIA DO LAGO DOS CISNES na parte de trás de seu celular. Não sei o que o adesivo significa. Nenhuma de nós sabe. Acho que a Beli gosta que seja assim.


– Ele não se importaria? – repito. – Vamos ligar para o papai e perguntar. Melhor, vamos ligar para ele e contar também que você está torcendo para pegar um cara da universidade hoje.


– Roberta, não! – rosna Belinda, segurando minhas mãos antes que eu consiga alcançar o telefone. Beli sempre mente para o pai; provavelmente disse a ele que ia fazer um trabalho em grupo.


– Relaxe – falei, recolocando o telefone no console central. Belinda se afunda no banco com sua expressão “não falo mais com você”. Meus olhos encontram os de Maite pelo retrovisor e ela me olha como quem diz Pare com isso. Usar o pai para implicar com Belinda é um golpe baixo, mas é o que ela merece por ter convidado as Gêmeas do Twitter hoje. Deveríamos ser só nós, as verdadeiras integrantes do Jogo da Mentira, mas de alguma forma, Gabby e Lili descobriram nossos planos, e Belinda era boazinha demais para lhes dizer que não podiam participar. Senti os olhares suplicantes das duas durante todo o percurso de carro, como se suas expectativas estivessem escritas em balões de pensamento sobre a cabeça: Quando vai nos deixar entrar no Jogo da Mentira? Quando vamos ser uma de vocês? Já era ruim o bastante minha irmã mais nova ter se esgueirado para dentro do clube. Não há lugar para mais ninguém, muito menos para elas.


E, além disso, tenho um plano para esta noite – um plano que não envolve Gabby ou Lili. Mas quem disse que Roberta Pardo não consegue ser flexível?


A parte norte de Tucson fica totalmente deserta depois das dez da noite, e quase não se veem outros carros na Orange Grove. Antes de podermos entrar na autoestrada, temos de cruzar os trilhos do trem. A placa em forma de X de CRUZAMENTO DE VIA FÉRREA brilha na escuridão. Quando a luz fica verde, impulsiono Floyd sobre os trilhos salientes. Quando estou a ponto de acelerar para a entrada da autoestrada, o carro morre.


– Hã... – murmuro. “California Gurls” é interrompida. O ar frio do ar-condicionado para de sair da ventilação, e as luzes do painel se apagam. Viro a chave na ignição, mas nada acontece. – OK, vadias, quem encheu o tanque do Floyd com areia?


Maite finge um bocejo.


– Esse trote é tão velho...


– Não fomos nós – gorjeia Gabby, provavelmente animada por estar praticamente incluída em uma conversa que envolve o Jogo da Mentira. – Temos ideias muito melhores para trotes, se nos deixarem compartilhá-las com vocês.


– Não estou interessada – digo, dispensando-a com um gesto.


– Hã, ninguém está se importando de termos parado sobre os trilhos do trem? – Belinda olha pela janela, apertando a porta com os dedos. Repentinamente, as luzes vermelhas do CRUZAMENTO DE VIA FÉRREA começam a piscar. O sino de alerta toca, e a cancela listrada é baixada, interrompendo a estrada atrás de nós, impedindo todos os outros carros no sinal – não que haja algum carro – de passar sobre os trilhos. A luz indistinta do trem da Amtrak pisca a distância.


Tento girar a chave na ignição novamente, mas Floyd só tosse.


– Qual é, Roberta? – Maite parece irritada.


– Está tudo sob controle – resmungo. O chaveiro com o símbolo da Volvo oscila de um lado para o outro enquanto viro a chave sem parar.


– Sei. – O couro range sob a bunda da Maite. – Eu falei para você que a gente não deveria ter entrado nesta lata-velha.


O trem apita.


– Talvez você não esteja ligando direito. – Belinda estica a mão e vira a chave na ignição, mas o carro se limita a fazer o mesmo som resfolegante. As luzes nem sequer piscam no painel.


O trem está se aproximando.


– Será que ele vai nos ver e acionar os freios? – pergunto, com a voz trêmula, enquanto a adrenalina corre por minhas veias.


– O trem não pode parar! – Maite tira o cinto de segurança. – É por isso que essas cancelas fecham a rua! – Ela puxa a maçaneta da porta de trás, mas ela não se move. – Meu Deus! Destranque isso, Roberta.


Aperto o botão DESTRANCAR – meu pai e eu instalamos um dispositivo elétrico em todas as quatro portas e janelas –, mas não ouço o familiar clique pesado dos pinos sendo liberados.


– Hã... – Aperto o botão várias vezes.


– E a trava manual? – Lili tenta levantar o pino de sua porta. Mas algo também o emperra.


O trem apita novamente, com um acorde grave semelhante a uma gaita. Taylor tenta baixar as janelas, mas é inútil.


– Meu Deus, Roberta! – grita Taylor. – O que vamos fazer?


– Isso é um trote? – berra Maite, puxando com força a maçaneta da porta, que não cede. – Você está brincando conosco?


– Claro que não! – Eu também puxo minha maçaneta.


– Sério? – grita Belinda.


– Sério! Juro solenemente pela minha vida! – É nosso código de segurança, que devemos dizer para provar que alguma coisa é muito séria.


Belinda estica a mão e esmurra o centro do volante. A buzina toca debilmente, como uma cabra moribunda. Taylor disca um número no celular.


– O que você está fazendo? – grito para ela.


– Emergência? – chia uma voz no fone.


– Estamos paradas nos trilhos do trem entre Orange Grove e I-10! – grita Taylor. – Estamos presas no carro! O trem vai nos atropelar!


Os segundos seguintes são um caos. Maite se inclina para a frente e esmurra o para-brisa. Gabby e Lili choram inutilmente. Taylor detalha a situação para o atendente da polícia. O trem corre em nossa direção. Giro a chave na ignição de um lado para o outro. O trem se aproxima... mais... até eu conseguir jurar que estou vendo o rosto apavorado do condutor.


Todas gritam. Nossa morte está a apenas alguns segundos de distância.


E é quando estendo calmamente a mão até o painel e puxo o afogador.


Ligando o motor, eu nos tiro dos trilhos do trem e derrapo em uma pequena área de terra na passagem subterrânea. No instante seguinte, destravo as portas e todas caem no cascalho empoeirado, olhando o trem passar como um raio a poucos metros de seus corpos.


– Peguei vocês, idiotas! – grito. Meu corpo está em brasa. – Não foi o melhor trote da história?


Minhas amigas me encaram, momentaneamente atordoadas. Lágrimas marcam seus rostos. Depois, seus olhos ardem de ódio. Belinda fica de pé sem firmeza.


– Que porra foi essa, Roberta? Você usou o código de segurança! Você quebrou as regras!


– Regras são feitas para ser quebradas, vadias. Querem saber como eu fiz? Mal posso esperar para explicar. Passei semanas planejando esse trote. É minha obra-prima.


– Não quero saber como você fez! – grita Maite. Seu rosto é pura fúria. Suas mãos se retorcem ao lado do corpo. – Ninguém achou engraçado!


Olho para minha irmã. Mas ela simplesmente umedece os lábios e olha de um lado para o outro, como se o trote a tivesse deixado muda.


Belinda treme de raiva.


– Quer saber, Roberta? Cansei desse clube. Cansei de você.


– Eu também – concorda Maite. Lili olha de um lado para o outro, absorvendo tudo.


Eu inclino o queixo.


– Isso é uma ameaça? Vocês querem sair?


Belinda se endireita em seu quase um metro e oitenta.


– Talvez.


– Tudo bem, então! Saiam! – digo a Belinda e Maite. – Um monte de garotas poderiam substituir vocês! Não é? – Eu me viro e olho para Lili e Gabby, mas apenas Lili me encara. – Onde está Gabby? – pergunto.


Maite, Belinda, Lili e eu estreitamos os olhos na escuridão.


Mas Gabby desapareceu.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Dulce Coleções

Este autor(a) escreve mais 49 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Dulce esquadrinhou o restante do relatório de polícia. Volvo 122 de meados da década de 1960 enguiçado escapou à colisão com o trem Sunset Limited da Amtrak de San Antonio, Texas. A srta. Pardo alega que seu carro teve um defeito e que não conseguiu tirá-lo dos trilhos ou destravar as portas para permitir a saíd ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 294



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • ana Postado em 02/03/2021 - 00:40:52

    Aaaaaa, kd vc????

  • ttm Postado em 27/07/2020 - 15:20:43

    deve ser horrível desconfiar de quase todos ao redor, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 03/08/2020 - 13:49:40

      Já pensou passar por algo assim, é foda

  • ttm Postado em 23/07/2020 - 15:04:25

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 27/07/2020 - 13:50:47

      Continuando amore

  • ttm Postado em 21/07/2020 - 16:48:49

    ok, por essa eu não esperava de modo algum kkkkkkkkkk continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 23/07/2020 - 14:22:04

      Hahaha acho q bem esperava

  • ttm Postado em 19/07/2020 - 22:46:34

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 21/07/2020 - 14:53:42

      Continuando amore

  • ttm Postado em 17/07/2020 - 16:05:48

    PUTA MERDA, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 19/07/2020 - 17:44:05

      Continuando amore

  • ttm Postado em 13/07/2020 - 18:36:59

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 17/07/2020 - 12:15:51

      Continuando amore

  • ttm Postado em 11/07/2020 - 22:07:43

    acho que a Taylor pode estar envolvida, mas também não tenho certeza hahahaha, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 13/07/2020 - 17:31:13

      Várias teorias kkkk

  • ttm Postado em 09/07/2020 - 19:13:31

    continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 11/07/2020 - 16:12:27

      Continuando amore

  • ttm Postado em 07/07/2020 - 18:25:30

    a resposta da Belinda pra Bethany KKKKKKKKKKK amei, continua amore

    • Dulce Coleções Postado em 09/07/2020 - 15:45:09

      Resposta foda kkkkk


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais