Fanfics Brasil - Fortalecimento Exílio

Fanfic: Exílio | Tema: RBD


Capítulo: Fortalecimento

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 Notas iniciais:


Boa tarde pessoal!


Desculpem a demora para postar. Comecei a trabalhar e estou me adaptando à nova rotina, por isso dei uma sumida. Mas não esqueci de vocês, não! haha 


Cheguei com novo capítulo. Espero que gostem.




Exílio - Capítulo 3:  Fortalecimento


Depois de uma longa noite, Dulce ouviu o som do sino que despertava a todos diariamente. Ela já não ouvia tanto aqueles pensamentos que a faziam sentir mal e conseguiu ter forças para se sentar. As palavras de Christopher sobre hoje ter preparado algo para todos ressoavam, e ela resolveu dar uma chance a esse dia, levantando-se e indo para o banheiro. Hoje não era seu dia de preparar o café e estava suspensa das atividades obrigatórias, então achou por bem aproveitar esse momento para cuidar de si.


O banho a fez sentir-se melhor e um pouco mais disposta. Colocou uma roupa confortável e respirou fundo antes de sair do quarto para encontrar todos na cozinha, como de costume. Manu chorava, Dani chorava e Artur parecia de péssimo humor. Talvez o dia não fosse dos melhores mesmo, mas ao menos se sentia menos culpada.


- Dul! - Any se levantou, deixando o filho aos cuidados de Christian e abraçando a amiga - Você está melhor? Estávamos preocupados…


- Melhor, sim… - Ela olhou para a mesa onde todos estavam - Sinto muito pelas punições.


Todos olharam-na um pouco assustados, enquanto Christopher apenas balançava a cabeça. Poncho foi o único a responder.


- Não se preocupe, ardilla. Vai ficar tudo bem - e repetiu, voltando o olhar aos meninos - ouviram? Vai ficar tudo bem.


Dulce ouviu a porta bater e a voz de Andrés desejar-lhes um bom dia. Ela se sentou ao lado de Maite para escutar os informes daquela manhã, enquanto todos tentavam acalmar as crianças que reclamavam de fome.


- Bom dia, pessoal. Ah, está melhor, Dulce? - ela assentiu - Que bom. Você tem mais um dia de descanso, aproveite. Vamos lá. - Ele abriu o caderno que sempre andava com ele, pigarreou, e começou. - Christopher, deixei na sala o que você me pediu. Ninguém pediu maiores explicações, assim que também não vou pedir. Só espero que você não viole nenhuma regra.


- Jamais, chefe.


- Ótimo. Hoje quem tem folga é Christopher e Anahí. Mas primeiro, tarefas da manhã.


O monólogo de Andrés continuou pelos próximos minutos, detalhando as atividades correspondentes a cada um. Dulce, como estava afastada por mais esse dia, se livrou dos afazeres todos, inclusive o de prestar atenção ao que Andrés dizia. Dados os recados, o fiscal se retirou e todos foram terminar de se arrumar para ir trabalhar, enquanto Dulce voltou para seu quarto no intuito de lidar com seus problemas da forma que mais gostava: escrevendo.


***


Christopher voltou do estúdio com uma energia renovada, apesar da fome e de ter feito o mesmo trabalho maçante de sempre. Segurando Artur pela mão, ele abriu a porta da casa afastando-se para que Anahí pudesse entrar com os outros dois garotos, e, como não tinham que se preocupar em preparar o almoço, foi diretamente até a sala.


Em cima da mesa de centro havia uma caixa de tamanho médio, dentro da qual havia materiais de papelaria como ele havia pedido a Andrés. Várias cartolinas, papéis coloridos, canetas, caixas menores e papéis com diversas estampas. Ele agarrou a caixa e a levou consigo até o quarto, não deixando de notar que a porta de Dulce permanecia fechada, o que o preocupava.


Colocando a caixa em cima da mesa que havia em seu aposento, Christopher convidou Anahí a acompanhá-lo.


- O que você anda aprontando, Ucker?


- Eu, nada. Mas nós precisamos começar a conversar sobre um assunto importante. E como os meninos estão fazendo as lições e nós não temos porque estar nas áreas comuns, nem temos nenhuma obrigação, vamos aproveitar esse momento. - Ele começou a tirar as coisas da caixa, enquanto Anahí se sentava - Eu vou preparando aqui e você pode ficar tranquila só conversando mesmo.


- Muito bem, jovem. Já que você quer conversar, pode mandar o assunto, que a gente conversa, então.- Anahí parecia divertida com a situação e curiosa com o que Christopher estava tramando. - O que é que você tem aí?


- Por enquanto não vamos falar disso.


- Então sobre o quê? - ela perguntou.


- Eu quero saber de você como você faz para se manter sã durante todo esse tempo longe do México.


Anahí demorou um pouco para responder, tendo dificuldade em esconder a surpresa.


- Ahm… Eu acho que… Não sei, Ucker. - Ela suspirou, continuando - Eu acho que eu tenho uma grande motivação para seguir à risca as regras, por mais que não concorde com elas. - Christopher levantou as sobrancelha, incentivando-a a continuar - Tenho que estar forte por Manu. Ele não tem idade para entender todo o caos que estamos vivendo e acho que meu papel é fazer com que a infância dele seja o mais normal possível, mesmo não sendo.


- E você se mantém firme sempre? - Christopher continuou o interrogatório.


- Claro que não! - Ela exclamou - Eu tenho momentos que gostaria de estar bem longe daqui, que gostaria de fugir, de abandonar tudo. Mas não posso fazer isso, seria ruim para todos nós.


- Exato, você segura isso. - Christopher tira os olhos da caixa fixando na amiga - E como é segurar isso?


- É horrível - disse ela, triste.


- E como você faz pra esse sentimento horrível não tomar conta de você?


Anahí se recostou na cama, séria, parecendo buscar palavras que expressassem como tudo que gostaria de falar.


- Eu penso em Manu - Começou a contar ela - e penso que ele precisa de mim e que eu não posso estar abalada a ponto de não poder cuidar dele. Eu penso que, para que a gente possa voltar pra casa, eu preciso sobreviver a isso. Eu penso que vocês todos também dependem de mim, mesmo que não totalmente.


Ela para de falar subitamente. Olhando para Christopher, ela solta outro suspiro.


- Sabe, Ucker, isso tudo não é fácil. Não é fácil tirar forças de vocês e nem é justo me apoiar em vocês sendo que nenhum de nós consegue se apoiar sozinho. - Ela solta uma risada fraca - Nossa. A gente não pode se apoiar totalmente no outro, e também não pode carregar o peso do mundo nas costas. Nós precisamos uns dos outros, todos aguentando o peso por todos. Eu não teria conseguido chegar até aqui se não tivesse tido vocês comigo.


- Claro que teria. - Ela lhe ofereceu um meio sorriso. - Obrigado, era o que eu precisava, Any. Estou preparando isso para que a gente volte a ver tudo isso que você falou: que nenhum de nós está sozinho e que podemos voltar a estar bem se lembrarmos disso sempre. Eu quero que a gente se fortaleça, para que unidos a gente possa voltar para a casa. O que você acha?


- Você está me dizendo que quer fugir? - Anahí sussurrou no tom mais baixo que conseguiu. - Não podemos…


- Juntos, Any. Nós estamos aqui juntos e vamos voltar juntos. Vamos ter alguma ideia…


- E como pretende fazer isso sem que ninguém do Controle note?


- É uma das coisas que precisamos conversar. Vamos unindo ideias devagar, em conversas assim, particulares. - Anahí pareceu preocupada, o que fez com que Christopher continuasse - Não se preocupe. Seremos todos cuidadosos e conseguiremos sair daqui. - Ele apertou a mão dela e prosseguiu. - Vamos, me ajude aqui. Preciso que essas cartolinas sejam cortadas assim, está vendo?


Anahí se levantou, pegando a tesoura que Christopher lhe estendia, copiando os movimentos do amigo e seguindo suas instruções.


***


Já começava a escurecer. Da mesma forma que no dia anterior, Dulce teve a companhia de Artur e de seu dinossauro de brinquedo que, sentados ao lado de Dulce, apenas estavam lá levando a ela um pouco de paz. Ela conseguira escrever um pouco durante a tarde, tirando uma parte do que a preocupava de dentro de si e deixando registrado no papel, mas, no momento, estava deitada ao lado do menino.


Começou a ouvir uma maior movimentação na casa perturbando o silêncio que havia antes, o que indicava que os outros membros iam chegando. Logo ouviu duas batidas na porta e o trinco sendo aberto depois de Dulce dar sua permissão para que o visitante passasse. Era Maite.


- Dul? - Ela entrou, fechando a porta atrás de si. - Tudo bem?


- Melhor, Mai, obrigada.


- Vim para levar embora seu companheirinho, que precisa tomar um banho.


Dulce sorriu.


- Boa sorte.


Ela sabia que o banho era uma das horas mais difíceis com Artur. Ele não gostou de ser tirado da atividade que fazia, ele não gostava na verdade de nenhuma mudança. Com a saída de mãe e filho, Dulce voltou a sentir a solidão que sentiu pela manhã, quando só havia ela na casa.


Outra batida na porta. Dulce olhou à sua volta, procurando algum pertence esquecido de Artur, mas não encontrou. A porta se abriu, revelando um Christopher confiante, munido de um belo sorriso no rosto.


- Oi Dul. - Ele fechou a porta e avançou, sentando-se ao lado de Dulce. - Como você está hoje?


- Melhor. O afastamento me fez bem. Obrigada por arranjar esse tempo para mim.


- Bom, já que você está melhor - disse ele, fitando-a - então vai poder participar do que eu estou preparando para a casa, certo?


- É, acho que sim.


- Muito bem, então. - Ele se levantou, colocando-se em uma postura bem mais formal -  Então você vai ser a primeira a receber as instruções. Preparada, senhorita?


Dulce revirou os olhos. Christopher sempre a fazia se divertir.


- Primeira coisa - disse ele, levantando o dedo indicador - a senhorita vai se levantar dessa cama e ir tomar um banho. Segunda: vai se arrumar. Vamos ter um evento importante hoje, precisaremos estar com nossas melhores roupas.


Dulce olhou para ele confusa.


- O quê? - ela perguntou, incrédula.


- Sim, melhores roupas Dulce. - Insistiu ele. E continuou - E se quiser se maquiar, pode fazê-lo também. Precisamos todos nos sentir muito bem durante o evento. Entendido?


- Sim, meu capitão.


- Então vamos, levante-se! Quero todos prontos na sala às sete e meia.


Dulce se levantou.


- Sem atrasos, María. - Concluiu, saindo e deixando-a, com um sorriso no rosto.


Christopher sempre conseguia fazê-la sentir melhor.


Ela seguiu as instruções, colocando seu vestido favorito e maquiando-se, como costumava fazer quando vivia no México. Estranhamente, essas lembranças não fizeram com que ela se sentisse triste, senão mais curiosa. O que Christopher estaria fazendo? Por que precisavam estar em suas melhores roupas? Não iam sair, aliás, não podiam sair. Dulce terminou de se arrumar, e deixou o quarto.


Na sala, encontrou tudo bem diferente da última vez que esteve ali: os móveis estavam dispostos de forma diferente, a sala parecia mais arejada. Poncho já estava ali e assim como ela também levava suas melhores roupas. Na mesa de centro, rodeada de almofadas - uma para cada um, Dulce contou - havia uma caixa. Ela se aproximou da mesinha, sentando-se em uma das almofadas, esperando que todos chegassem logo para descobrirem de que se tratava tudo aquilo.


Pouco a pouco, todos os membros, exceto as crianças, que já estavam deitadas, foram se unindo a eles, sentando-se também à espera de Christopher. Todos arrumados. Todos curiosos.


Christopher apareceu - igualmente bem vestido - chamando atenção para si, o que causou uma quebra nos sussurros que aconteciam até sua chegada.


- Pessoal, hoje temos um evento especial. - Começou Christopher, abrindo um sorriso - E vocês não estão entendendo nada.


Christopher sentou-se na última almofada livre, tirando a caixa que atrapalhava sua visão, colocando-a a seu lado.


- Esses anos têm sido difíceis para todos nós. Eu sei que parece que alguns têm mais facilidade que outros para lidar com isso tudo, mas todos nós estamos sentindo. E essas mudanças de regras do nada mexeram muito com a gente. - Christopher olhou para cada um antes de continuar. - Chris, você ajuda muito a gente com todo o seu bom humor e acho que todos aqui são muito gratos por ter você sempre dando uma palavra de carinho, sempre tirando um sorriso da gente, mesmo que estejamos tristes.


Christian sorriu. Christopher, abriu a caixa e tirou de lá uma cartolina laranja, que tinha o nome do amigo. Pediu a ele que escrevesse todas essas qualidades abaixo. E então continuou.


- E você, Mai. Todo mundo viu o quão sofrido foi pra você deixar sua família pra trás, todo mundo que você amava e admirava e ainda vir para cá esperando um bebê e cheia de incertezas. E além de tudo, enfrentar um diagnóstico bem difícil como o do Artur. Ainda assim, você continua sendo a mãe do grupo, cuida de você, do Artur, e de todos nós.


De dentro da caixa, ele retirou uma cartolina amarela, na qual Maite, emocionada, escreveu as palavras “mãe” e “cuidado”.


- Poncho, todo mundo sabe o quão leal você é e todos os conselhos que a gente pode pedir, a qualquer hora. Você foi obrigado a deixar a sua esposa, trazer seu filho pequeno e criá-lo longe da mãe. E só tem feito um belo trabalho. Acho que todos aqui admiramos muito você por toda a determinação e a paciência que você tem conosco.


Retirou a cartolina de cor azul da caixa. Poncho escreveu debaixo de seu nome as qualidades que Christopher havia ditado.


- Any, você também teve que deixar todo mundo pra trás e trazer um bebê para um lugar totalmente desconhecido. E apesar de ser difícil lidar com isso tudo, você sempre mostra alegria e levanta o astral desse grupo. Você é uma amiga incrível, uma mãe incrível para o Manu, uma tia incrível para o Artur e o Dani. Já te disse isso mais cedo, mas eu precisava que todo mundo ouvisse.


Todos riram quando uma cartolina rosa com estrelas saiu de dentro da caixa e Anahí, sorridente, escreveu as palavras de Christopher.


- E você, Dul? Que é a pessoa mais sensível que eu conheço, mais verdadeira, mais doce. Se afastar da sua família não foi nada fácil, se afastar dos seus amigos, dos seus projetos… Você tinha muita coisa que você ama unida em um lugar só. Mas sabe de uma coisa? Nenhuma dessas coisas saíram de perto de você. Você sempre vai estar com elas. E sabe o que mais? Nós temos percebido que durante esses cinco anos, você lutou sozinha, você é uma guerreira solitária. E a maioria das lutas, você venceu, a seu modo. Nós admiramos demais a sua força e queríamos que você soubesse que estamos aqui sempre que a luta parecer maior do que você pensava.


Tirou uma cartolina vermelha de dentro da caixa. Dulce seguiu o que os amigos fizeram, escrevendo, emocionada, as palavras que Christopher usou para descrevê-la.


- Gente… - Prosseguiu Christopher.


- Espera, Ucker! - Christian o interrompeu - Você não tem cartolina?


- Eu tenho, mas eu não posso me descrever assim…


Maite tirou a cartolina verde que havia na caixa, entregando a ele.


- Ucker, eu vou falar agora, você espera. - Ela riu, assumindo o “evento” - Você também tem passado várias coisas difíceis durante esse tempo. Pode não ter um filho que cuidar, pode não ter deixado a família… Mas abriu mão de muita coisa. E você, Uckerzinho, é o cara que sempre tem uma mão amiga pra ajudar qualquer um nessa casa. Você ajuda a cuidar, você ajuda a ensinar, você ajuda a manter esse grupo unido. Sem você, essa casa cai.


Ele riu com o jeito de Maite e escreveu em sua cartolina.


- Terminou? - Perguntou ele, ao que Maite assentiu - Obrigado, Mai. Então, como eu ia dizendo, gente, vocês perceberam que cada um aqui contribui numa coisa muito importante para nós, como grupo?


Os membros da casa se olhavam, pensativos.


- Nenhum de nós está travando essa luta sozinho. Nenhum de nós está passando por isso sozinho. Nós somos uma família, sempre fomos. Vocês lembram? Estamos juntos. E juntos eu quero que a gente pense hoje em realmente coisas que significaram muito pra gente hoje. - Christopher tirou da caixa uma das caixas menores, junto a vários papéis coloridos. - E coloque nessas fichinhas. Vocês já perceberam que cada um tem sua cor, né? Então, peguem suas cores e coloquem qual foi o momento de vocês. Esse momento agora vai ficar registrado dentro da caixinha com câmeras fotográficas e eu quero que vocês, quando se sentirem mal, abram a caixa e procurem cada momento que fez vocês se sentirem vivos apesar de todas as dificuldades..


Todos pegaram seus respectivos papéis. Dulce notou que os amigos estavam pensativos, mas ela, dessa vez, não ia usar uma resposta pronta. A resposta dela havia mudado. Escreveu no papel, logo após a data: “Estamos juntos e esse momento é meu”.


Terminando essa tarefa, todos colocaram seus papéis dentro da caixa. Christopher prosseguiu, tirando uma segunda caixinha, com listras rosas, de dentro da caixa maior.


- Certo, gente. Agora que todo mundo tem uma cor e já sabe o que fazer com a caixa de câmeras, vamos combinar de fazer isso todos os dias? - Todos assentiram. - Eu também queria que essas cartolinas não ficassem com esses espaços vazios. Tarefa: todo mundo vai pensar em mais qualidades que tem e completar a folha. - Ele enrolou sua cartolina, deixando-a de lado e colocando a nova caixinha em sua frente. - Enquanto a caixa de câmeras é de momentos presentes, essa é do passado. Eu pensei que podíamos fazer com ela uma caixa de recordações. Sempre que vocês sentirem falta de alguma coisa, eu quero que vocês guardem isso. - Notando a atenção dos amigos, ele prosseguiu, estendendo novamente os papéis pequenos - Vamos fazer assim: cada um pega a própria cor e escreve um coisa que sente falta.


Todos fizeram, em silêncio.


- Isso. Essa caixinha é pra gente pegar essas coisas que a gente tanto ama e que a gente não pode ter com a gente e guardar com carinho aqui. - Ele ouviu as respirações entrecortadas dos amigos. - Não é fácil a gente estar longe daquilo que ama, mas a gente não pode sofrer por isso todo o tempo. Vamos deixar tudo guardado aqui. E sempre que estiver difícil lidar com tudo isso, podemos recorrer a eles.


Todos colocaram seus papéis dentro da caixa e um silêncio tomou conta do espaço. As lembranças do passado doíam, a falta de tanta gente do passado doía. Um barulho repentino tirou a todos do transe, revelando que já era hora do noticiário. Christopher se levantou, posicionando as duas caixas logo acima da televisão, onde era acessível para todos e, junto a elas, uma terceira caixa de cor verde.


O noticiário passou como sempre: história, regras, punições, casas punidas - a deles continuava sem alterações - e notícias da Sociedade Nova. E nada que merecesse tanta atenção.


Terminada a última obrigação do dia, os membros da casa voltaram ao “evento”. Christopher não retomou a explicação sobre as caixas, deixando que todos olhassem com curiosidade a caixa verde acima da televisão, mas sem nenhum questionamento em voz alta. Em vez disso, ele tirou de dentro da caixa maior mais três cartolinas brancas com bordas coloridas.


- Essas cartolinas são das crianças. A gente pode preencher com eles amanhã. - Explicou, entregando para os respectivos pais a cartolina de cada menino. - Gente, tem mais coisa nessa caixa…


- Ucker, eu quero falar uma coisa, posso? - Interrompeu Anahí e prosseguiu após o consentimento do amigo. - A gente não tem mais tempo, nem ânimo, nem certeza se isso é algo permitido… Mas eu queria muito, muito mesmo, só passar o tempo com os meus amigos, com a minha família de agora. A gente podia ligar o rádio bem baixinho e fingir que isso é uma reunião normal?


- Ah, vamos, por favor! - Concordou Christian.


Dulce sorriu ao ver que Poncho se levantava, indo em direção ao rádio. As músicas que tocavam não eram as mesmas que eles estavam acostumados, e nem podia ser ouvidas na altura que queriam, mas ter um som diferente do silêncio na casa seria reconfortante para todos.


- Pronto… Ucker, tem mais coisa que você tinha preparado pra gente? - Perguntou Anahí.


- Tem mais uma coisa, mas eu posso falar sobre ela depois, sem nenhum problema.


Anahí agarrou a mão de Dulce, rindo, sem que ninguém entendesse o motivo.


- Lembra quando todo mundo falava que nós éramos inimigas?


E Dulce completou, abrindo um sorriso:


- Ou então, se nos viam de mãos dadas, que éramos namoradas!


Christian entrou na brincadeira, também contando uma lembrança:


- Gente, e quando a Maite dormiu durante a entrevista? - Comentou, entre risadas de todos que iam se lembrando das situações.


- Em minha defesa - começou Maite - Eu estava doente, super cansada e o programa era ao vivo e de manhã!


- E essa música que tá tocando - comentou Poncho - vocês lembram?


Todos pararam para escutar.


- A gente ouvia muito quando tínhamos o Turibus - Ele continuou.


- Tínhamos até a coreografia universal para ela! - Comentou Dulce, rindo.


- Pra todas as outras músicas também! Quem lembra? - Disse Christian, levantando-se e erguendo os braços.


Anahí o acompanhou, tentando lembrar os passos inventados no passado. Todos riam e se divertiam, resgatando histórias de quando um dia trabalharam juntos e viveram juntos várias experiências, viajando a tantos países. Com o passar da noite, pouco a pouco foram se despedindo do “evento”, encaminhando-se para seus quartos, sobrando apenas Dulce e Christopher, que ainda riam das histórias de Christian.


- Dá pra acreditar que o Chris ainda lembra dessas coreografias que a gente inventava no ônibus? - Perguntou Christopher, juntando os materiais que sobraram do evento e colocando-os dentro da caixa novamente.


- O Chris sempre foi quem animava todo mundo mesmo - respondeu Dulce. - Eu acho que você descreveu todo mundo muito bem aquela hora.


- Eu tentei ser o mais fiel possível ao que vocês são, mas isso é só uma parte. Vocês são muito mais. - Christopher se aproximou de Dulce, continuando - E sei que vocês têm muito mais qualidades. Por exemplo, você, que além daquilo tudo que eu disse, ainda é a única pessoa que consegue entender bem o Artur.


- Acho que nós temos algumas coisas em comum…


- Você tem razão, Dul. Vocês dois são solitários, mas conseguem estar bem juntos. - Ele fixou o olhar no centro da mesinha - Como pode isso?


- Acho que ninguém invade o espaço do outro, isso é importante. - Considerou Dulce. - Bom, tenho que invadir às vezes o espaço dele porque ele é muito pequeno, mas no geral, acho que é por isso, nos respeitamos e conseguimos criar uma confiança.


- Posso te fazer uma pergunta? - Ela assentiu - Você não confia muito nas pessoas, não é?


- Acho que não é um não confiar puramente… - Dulce explicou. - Eu preciso entender as pessoas para confiar nelas. É tão mais fácil entender as pessoas que são parecidas comigo, do que as que são muito diferentes. Leva algum tempo com estas.


Dulce ficou em silêncio e Christopher a acompanhou por algum tempo, até novamente uma música conhecida começar a tocar no rádio.


- Você lembra dessa? - Perguntou Christopher.


- Sim…


Christopher se levantou.


- Levanta, Dul. - ele segurou a mão dela, puxando para que ela ficasse em pé.


- O que você está fazendo, Chris?


Ele não respondeu, apenas se aproximou dela, envolvendo sua cintura com as mãos e balançando o corpo. Dulce entendeu o recado, ele queria dançar. Ele queria dançar com ela. Dulce colocou os braço ao redor do pescoço dele, tornando mais fácil a tarefa de acompanhar seus passos e olhou para Christopher. Ele sorriu levemente.


- Faz quanto tempo que você não dança com alguém? - Ele perguntou, mas Dulce não respondeu. - Eu não danço com alguém há pelo menos uns oito anos.


Dulce levantou as sobrancelhas, mostrando espanto.


- Mentira!


- É sério! - Ele riu. - Faz muito tempo. É uma das coisas que eu sinto falta, mas não por causa do Exílio.


Ela baixou os olhos, mas logo voltou a olhar para Christopher, sentindo uma das mãos dele sob seu queixo.


- Ei, lembra que hoje não é dia de tristeza? - Dulce tentou sorrir. - A propósito, você está linda.


As borboletas no estômago. Essa frase era típica do México, explicava a exata sensação que Dulce sentia nesse momento e que há muito não experimentava. Sem novo aviso, Christopher se aproximou mais, beijando seus lábios. E ela correspondeu.


O beijo durou alguns minutos, enquanto todo o resto desapareceu: não havia exílio, não havia punições, nem outras pessoas dentro da casa. Não havia nem mesmo casa. Só existiam Christopher e ela e aquela conexão entre os dois que ela não sabia que era real até ela acontecer. Eles se separaram, tomando fôlego, mas logo Christopher voltou a beijá-la e ela voltou a corresponder.


A sensação era de libertação de algo que estava guardado há tanto tempo, que parecia natural a privação. Em meio aos beijos, Dulce tentava entender o que estava sentindo, mas a sensação era de liquefação cada vez que Christopher a tocava.


Quando finalmente se separaram, Dulce o abraçou, ofegante.


- O que aconteceu aqui?


- Desculpa, Dul, eu não tinha esse direito…


- Não, espera! - Ela se afastou a distância suficiente para poder olhá-lo nos olhos. - Eu não estou reclamando. Isso foi incrível, eu só estou tentando entender.


- Certo - Ele depositou um beijo no topo da cabeça da Dulce. - Não sei dizer o que aconteceu. Mas agora, estamos na sala…


Dulce prendeu a respiração quando se lembrou. Pelas regras do Exílio, os exilados não podiam manter uma relação amorosa. Essa regra lhes foi passada quando chegaram e eles dois acabaram de quebrar com esse combinado.


- Podemos guardar tudo isso e fingir que nada aconteceu? - Christopher perguntou, inseguro. - Talvez eles não tenham visto…


- É uma ideia.


Christopher levantou a caixa do chão, rumando para o corredor dos quartos enquanto Dulce vinha logo a sua frente, apagando as luzes dos aposentos que estavam vazios. Ela abriu a porta do quarto dele, fechando-a logo depois dele ter passado, e o ajudou a deixar as coisas em cima da mesa.


- Chris…- Ela se virou, ficando frente a frente com ele. - Nós não podemos continuar com isso, você sabe, não é? Nem sabemos o que estamos sentindo…


- Eu sei o que eu estou sentindo - respondeu Christopher, sério - e é algo que eu sinto já há muito tempo.


Dulce perdeu as palavras. Na tentativa de encontrá-las, viu Christopher se aproximando dela novamente. Não poderia encontrá-las nunca, porque elas estavam perdidas nesses beijos. Esse já seria um sinal de que sim sentia algo importante. Ela o beijou.


As tentativas frustradas de se separarem culminaram em vários eventos proibidos pelas regras do Exílio: Christopher a beijou muitas vezes mais, as mãos começaram a explorar os corpos, ele ajudou-a a tirar a roupa que ela vestia e despiu-se em meio às carícias. Eles acabaram na cama e, ao final, Dulce estava exausta, confusa, feliz, preocupada, mas ao lado de Christopher, em sua cama, em seu quarto. Ela não conseguiu conciliar o sono pensando em tudo o que havia acontecido, e seguiu acordada até sentir que Christopher segurava sua mão.


- Ei… - Ele a chamou.


- Ei…


- Tudo bem? - Ele perguntou, preocupado.


- Chris… - Ela levantou a cabeça, olhando-o - O que fizemos? Não podemos…


- Eu sei. Você tinha razão, não podemos seguir com isso. Nessas últimas horas, já quebramos mais regras que em todos os cinco anos que estivemos por aqui.


Dulce suspirou.


- Foi realmente ótimo, e eu amo estar com você. Mas não podemos.


- Sim, foi. - Ele disse, sorrindo. - Eu acho que a partir de agora, temos que controlar isso e fingir que nada aconteceu. O que você acha?


- Concordo. Não podemos seguir e não podemos contar a ninguém.


- Vai estar tudo bem, Dul. Estamos juntos.  




℘ Notas finais:


Gente, o que acabou de acontecer? Um milhão de regras quebradas e uma relação começando. Que tipo e repercussões isso pode ter no Controle? Já estou tensa só de pensar KK 


Espero que tenham gostado desse capítulo. 


Logo logo venho postar mais um. Se eu demorar, não desistam de mim


beijos, Cat.



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Autor(a): catarinapereira

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 16



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  • tahhvondy Postado em 17/02/2019 - 01:48:24

    continua curiosa

    • catarinapereira Postado em 07/07/2019 - 18:36:36

      Menina, agora foi!

  • hittenyy Postado em 16/02/2019 - 23:57:44

    Menina tô amando a história estou um pouco bugada em relação ah pq eles são Obrigados a ficar nessa casa ?Porque eles foram para ir ,e além do maia eu quero AyA tá pela amor eu quero Ponny juntos❤

    • catarinapereira Postado em 07/07/2019 - 18:36:15

      Ah, sobre Ponny: na história, Ponny não tem como ficar juntos IAHUIHi sinto muito, ambos são casados com outras pessoas.

    • catarinapereira Postado em 07/07/2019 - 18:35:28

      AHUIA calma, é assim: eles foram levados pra lá pelo novo governo. Eles não podem sair porque estão em 'treinamento', digamos assim. Obrigadíssima por ler <3

  • karla08 Postado em 28/06/2018 - 15:34:20

    OMG ja amo essa historia, não para S2

    • catarinapereira Postado em 07/07/2019 - 18:37:56

      Demorei mas to aqui, amém. Continuando

    • catarinapereira Postado em 16/02/2019 - 23:20:25

      Tempo tá dificil, mas eu sigo escrevendo devagar e sempre

  • karla08 Postado em 26/06/2018 - 22:34:04

    cadeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee?

    • catarinapereira Postado em 28/06/2018 - 12:10:31

      chegandooooo

  • karla08 Postado em 20/06/2018 - 02:11:08

    continua plm

    • catarinapereira Postado em 28/06/2018 - 12:10:14

      Continuandoooo!! Desculpe a demora :P

  • astrogilda Postado em 13/06/2018 - 00:39:02

    Continua please

    • catarinapereira Postado em 14/06/2018 - 12:31:36

      Oláá!! Vou postar daqui a pouquinho o segundo capítulo. Obrigada por ler!!

  • candyle Postado em 13/06/2018 - 00:11:57

    Aaaaaaaaaa Continuaa*-*

    • catarinapereira Postado em 14/06/2018 - 12:32:16

      Vou continuar! Daqui a pouquinho vou postar o segundo capítulo. Obrigada por ler!


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