Fanfic: Caçadora de Corpos | Tema: Herroni - (Drama, Hot)

Alfonso não pregou os olhos naquela noite, ver a filha internada com uma cirurgia de emergência, o aniversário da morte de seu pai e de Laura — que por azar eram muito próximos —, toda a pressão de Emma, sua mãe doente, ele só queria explodir.

Olhou Sofia dormindo calmamente e saiu do quarto, precisando espairecer. Sua mente o levou para a saída do hospital e em instantes vagava pelas ruas.

Alfonso Herrera era o mais velho de três irmãos, sempre foi um garoto leve e de bem com a vida, se apaixonou e se casou com Laura muito cedo. Ah... Ela era maravilhosa. Sorria até mesmo nos dias mais difíceis, ele ficava feliz por Sofia estar crescendo e se tornando uma pequena cópia da mãe.

Ele foi até o bar mais próximo e viu que não estava tão cheio, era uma terça a noite, na tela do bar passava um jogo qualquer e Alfonso logo percebeu que não era do silêncio que ele precisava, até porque se continuasse perdido nos seus pensamentos iria pirar.

Então ele foi até a boate mais próxima, abriu a porta com rapidez e seus olhos logo chegaram ao palco, uma mulher de olhos marcantes olhos castanhos cor-de-mel, dançava pollidance, seu rosto estava coberto por uma máscara, mas ele podia ver no reflexo de seu olhar, ela sofria assim como ele.

(...)

— Boa noite, meu amor. — William cumprimentava sorridente Danna.

— Diga logo o que quer. — A mulher parecia impaciente.

— Trouxe novidades e você me trata desse jeito? Assim eu fico triste.

Danna Edwards Martins, prima de Laura e Emma, ex cunhada de Alfonso, atraente, em forma, com longos cabelos loiros escuros, olhos verdes e amargurados. Fumante desde os quinze anos, é, com certeza, a mulher mais linda de sua família, talvez perdesse pela alegria estampada no rosto de Laura, mas ela tinha sua poderosa sedução.

Ela permaneceu calada e William, seu amigo e amante para todas as horas, resolveu contar logo o que havia para contar:

— Tudo certo para semana que vem, vamos forjar o sequestro de Emma e pegar o dinheiro de Alfonso.

— Semana que vem? — Danna tragou seu cigarro — Eu pensei que estivesse acertado tudo para amanhã!

— E tinha, — ele sentou, estava cansado — mas parece que a filha da sua prima teve uma cirurgia de emergência. Achamos que você não ia querer nada que atrapalhasse a saúde dela.

 — Claro, claro. Depositou o dinheiro na conta do Alfonso? — Ele assentiu — Ótimo.

— Eu não entendo. — William maneou a cabeça negativamente — Você está planejando esse sequestro para tirar dinheiro de Alfonso, mas ao mesmo tempo, dando dinheiro anonimamente para ele cuidar da filha?

— É só até Maria Sofia se curar, prometi para Laura que iria cuidar dela, mesmo que de longe, como uma mãe.

— E essa não foi a única promessa que você fez a ela não é? Por qual motivo não me conta a outra? Confie em mim!

— Não! — Danna exclamou — Essa eu não vou contar até cumprir, e chega de papo.

— Tudo bem, você tem razão, chega de papo. — Ele a puxou pela cintura e a beijou, a noite estava longe de terminar.

(...)

Se para uns a noite estava longe de terminar, para outros ela nem ao menos havia começado. A mulher deixava Alfonso cada vez mais hipnotizado, fazia tempo que ele não olhava para alguém assim.

Ela dançava e rebolava, jogando-se ao som da música, sem pensar em nada. Ele tentou se aproximar para colocar um dinheiro no cinto preso em sua fina cintura, mas ela não permitiu, se afastou e continuou dançando, recebendo um olhar de repreensão de seu chefe que a observava de longe.

Voltou-se para o outro lado da plateia, deixando sua parte traseira bem a mostra de Alfonso. Ele suspirou louco, a essa altura já na beira do palco. O povo gritava alguns, bêbados, falavam coisas obscenas, elogios que chegavam a ser ridículos, mas ele não parecia ouvir, na sua mente eram somente, ele, a música e ela. Uma mulher misteriosa, ousada, que parecia não ter medo nos seus atos, mas que demonstrava outra coisa no seu olhar. A música acabou e a mulher saiu correndo do palco, com os olhos verdadeiramente assustados.

Maite esperava qualquer presença na boate, menos a de Alfonso, ele não era de aparecer em lugares assim, pensava que ele ia ficar no hospital com Sofia. Seu desespero só ficou maior quando ela percebeu que tinha se entregado na dança para ele, e bem, ela conhecia seus clientes, sabia que ele iria atrás dela no camarim.

Ainda com o figurino e sua máscara, pegou suas coisas para sair o mais rápido dali, iria encerrar a noite, Alfonso não podia a reconhecer. Foi quando, sem olhar, acabou trombando com alguém na porta.

— Vai a algum lugar?