Fanfic: O mundo secreto - Origens | Tema: Secret World, Mistério, Suspense, Sobrenatural
O vale cinzento estava totalmente coberto pelo frio, o céu estava escuro e, para a sorte dos três, a lua ajudava a iluminar o local, Hans, Margô e Gabe permaneciam calmos, apesar de estarem lidando com uma possível criatura sobrenatural. Eles já passaram por aquela situação antes, então sabiam exatamente como seguir o protocolo, era simples, a criatura apareceria, os Inglórios seriam chamados e todos eles vinham carregando uma arma criada com uma tecnologia desconhecida, eles então atacavam a criatura, a derrubariam e finalmente a destruiriam, depois inventavam alguma desculpa esfarrapada para os moradores tentando guardar o segredo do sobrenatural e finalmente chamariam as autoridades, que naquele momento estavam provavelmente dormindo.
Como dito, o primeiro passo é encontrar a criatura, que se estava rosnando a uma distância não muito grande ao redor dos três, que permaneciam juntos para evitar um ataque surpresa, o campo possuía uma grama baixa e branca, devido ao frio que as congelava naquela região, o vento soprava gélido na madrugada e só se ouvia os grunhidos da criatura, que, com um grunhido horrível, começou sua caçada em direção aos três. Não demorou muito para que os três a notassem, devido a sua pelagem bege e a seu tamanho, que parecia um urso desnutrido com as presas cheias de sangue e garras enormes correndo em direção a eles.
Hans então puxou um walkie-talkie de seu cinto enquanto corria o máximo que seu fôlego permitia na direção oposta da fera, junto com Margô e Gabe, sua respiração era pesada devido à corrida, os segundos pareciam passar rapidamente até finalmente uma voz feminina atender o outro walkie-talkie.
- Inglórios falando, reporte a causa. – Era a voz de Petra, um dos membros da facção Inglórios, responsável por neutralizar as criaturas.
- Membro da Aquisão, Hans, reportando. – Ele dava pequenas pausas tentando retomar o folego enquanto corria. – Anomalia de nível comum, uma espécie de chupa-cabra com garras e presas ensanguentadas, está quase nos alcançando.
- Conseguimos enxergar vocês correndo, estamos chegando daqui a alguns segundos, tentem não virar banquete dessa criatura.
- Entendido, desligando. – Ele colocou o aparelho de volta em seu cinto enquanto corriam naquele campo, de volta para a vila.
Gabe, apesar de todo aquele frio, estava soando horrores, fazia tempo que ele não corria daquela forma, Hans precisou ceder um pouco a corrida para ajudar seu velho amigo a continuar, enquanto isso Margô continuava a todo vapor, queria parar e socorrer seus amigos, mas sabia que naquelas situações qualquer deslize resultaria em sua morte, então ela apenas continuou seu percurso em direção à pequena vila.
Hans e Gabe agora estavam correndo devagar, era o máximo que o corpo cansado de Gabe aguentava, eles estavam desistindo de continuar, se continuassem nesse ritmo a criatura logo-logo os alcançaria, e assim se fez. Gabe se ajoelhou na grama gélida, suas mãos tremiam de frio e exaustão enquanto seu peito lutava para conseguir ar e mantê-lo acordado, ele olhou relutante para Hans quase sem conseguir se expressar.
- Eu tenho um plano, mas preciso que você continue sem mim, corra para a vila e fique seguro. – Ele dava longas pausas entre as palavras para retomar o fôlego.
- Ta maluco? – Hans falou surpreso, já estava mais aliviado da corrida de que seu amigo Gabe. – Aquilo ta se aproximando com muita rapidez e ferocidade! Se você ficar aqui vai ser destroçado em menos de dois minutos!
- Hans... – Ele parou para respirar, olhou para traz e viu que era a ultima chance de Hans prosseguir. – Hans, me escuta! Ta tudo sobre controle, ok? Confia em mim... Só dessa vez... Confia em mim. – Ele deu leves tapas nas pernas de Hans, e ele sabia o que aquilo significava.
Com muita relutância, Hans entendeu o gesto de Gabe, então fechou os olhos, respirou fundo e finalmente deixou seu amigo ali, para uma possível morte.
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Gabe observou seu amigo ir, era como se estivesse morrendo e a vida lhe desse alguns segundos para observar todos os momentos bons, mas o pesadelo ainda não havia acabado. Ele olhou para traz e se virou escorado na grama em direção à fera, que bastava dar alguns passos para ter sua refeição. A criatura finalmente o alcançou e, com um baque, o empurrou ferozmente contra a grama, as presas sujas de sangue se abriam largamente para abocanhar seu rosto, para ele o tempo passava lentamente, o peso da criatura era praticamente imperceptível devido ao pavor que sentia, quando um flash de luz azul agarrou o pescoço do ser e o puxou violentamente para traz, e tudo que Gabe conseguiu ver foi Petra segurando uma arma em forma de chicote eletrificado contra a garganta da criatura até finalmente desmaiar de exaustão.
Petra era uma mulher ruiva de cabelos curtos, piercing no nariz e um alargador em sua orelha esquerda, altura mediana e de uma força muito grande, força essa que permitiu que entrelaçasse o chicote ferozmente em volta do pescoço da criatura, que se debatia no chão tentando evitar sua inevitável morte. Logo atrás dela se aproximava Vetel, um senhor esbelto de cabelos grisalhos que carregava em sua mão biônica outra arma que aparentava ser também eletrificada, ele aproximou-se de Petra e da criatura, que estava grunhindo e se debatendo em sofrimento na grama, então Vetel apenas apontou a arma em direção à fera, que, com um flash azul no meio da luz da lua, pôs fim ao sofrimento da mesma em questão de segundos, desmaterializando seu corpo em pequenas partículas cinzentas, voando no vento gélido do local.
- Que ótimo, agora vamos ter que carregar esse peso morto até a van. – Petra olhou para o corpo de Gabe com uma expressão de desaprovação.
- Não fale assim dele, ele pode estar desmaiado, mas ainda serviu de algo. – Vetel pegou o corpo desacordado do homem e colocou em seu ombro direito, soltando um pequeno grunhido devido ao peso.
- Claro que serviu, serviu de presa para aquela criatura horrenda. – Ela desligou o chicote e guardou em sua jaqueta.
- Que seja, vamos, precisamos explicar ao pessoal da vila.
- Eu sei, eu sei... – Ela revirou os olhos e seguiu para a vila, que se localizava a uma pequena distância dali, enquanto isso Vetel levava Gabe de volta para a van.
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Hans e Margô conversavam do lado de fora com algumas famílias, explicavam a elas que todo o ocorrido se deu por conta dos lobos da região, disseram que as ovelhas foram mortas por culpa deles e que não precisariam se preocupar, e é óbvio que tudo aquilo não se passava de uma mentira para deixa-los calmos e não alarmar ninguém de que uma criatura em forma de chupa-cabra andava assombrando o lugar, faminto por qualquer tipo de ser que aparecesse em sua frente.
- E aí bobões, convenceram os moradores com suas historinhas pra boi dormir? – Petra se aproximava com seu velho tom de arrogância.
- Você deveria levar esse trabalho mais a sério, Petra, não estamos lidando com animais de estimação.
- Está falando das criaturas sobrenaturais? Vocês superestimam tanto elas... Chega a ser um saco! – Ela revirou os olhos.
- Fale por si, nós sabemos com quem estamos lidando, Gabe quase morreu hoje, acha isso uma brincadeira? – Hans falava sério.
- Aquele velhote é tão enferrujado quanto vocês, se não fosse por mim ele estaria descansando no estômago daquela besta, e olhe que era uma anomalia de nível comum, ele deve ter cagado nas calças. – Ela soltou um sorriso em forma de deboche.
- Quando você precisar de nós, não venha chorar pedindo ajud-- Ele foi interrompido pelo som de sirenes, a guarda do local estava chegando, como era previsto no protocolo, Hans e Margô explicaram para eles tudo que havia acontecido naquela noite, substituindo o ser esquisito por lobos e dizendo que na verdade eles estavam ali como meras vítimas da matilha.
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Algum tempo depois, a guarda finalmente os liberou e todos seguiram de volta para a van, onde Gabe e Vetel descansavam esperando por eles.
- Eu deveria socar essa sua cara de mentiroso, senhor Gabriel. – Hans não conseguiu esconder o tom de desapontamento em sua voz.
- Olha só, eu sei que menti, mas você nunca teria ido embora se eu não fingisse que tinha um plano. – Gabe aparentava ainda estar cansado.
- Claro que não teria, não é normal pedir para que seu melhor amigo te deixe morrer devorado por uma fera sobrenatural!
- Não é mesmo... Nem um pouco normal – Os dois soltaram um pequeno sorriso enquanto Petra revirava os olhos ouvindo a conversa.
- Vamos logo embora daqui, não aguento mais esse cheiro de ovelha morta e esse frio está acabando comigo!
- Ótimo. Bom trabalho pessoal! – Vetel falou aliviado. - Todos prontos?
- Que seja, vamos logo.
- Para a Organização... – Vetel soltou um pequeno suspiro enquanto dava partida na van, e para eles, era mais uma batalha vencida contra aqueles seres.
Mas... Com a batalha vencida, vêm as preocupações.
Quando vai acabar?
Quem ou o que está por traz disso?
O que são e de onde vêm esses seres?
O que são capazes de fazer?
Como pará-los?
São muitas dúvidas para poucas cabeças pensantes, a partir de agora, é contar com a sorte...
Autor(a): Mathzito
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Depois de tudo que havia ocorrido há alguns dias, os Valusos estavam tentando perceber algum tipo de sequência ou algo parecido que facilitasse perceber quando uma anomalia surgiria na cidade, mas não havia nenhum sinal até agora. Musa, membra da facção Valusos, havia percebido algo entre as anomalias, elas surgiam de um ponto em com ...
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