Fanfic: O mundo secreto - Origens | Tema: Secret World, Mistério, Suspense, Sobrenatural
Petra ainda estava sendo arrastada pelo súcubo, ela sentia um desespero forte enquanto sobrevoava os andares do museu sem saber onde iria acabar juntamente com o demônio. Depois de um bom tempo agarrada pelo chicote, a anomalia pousou em um local estranho, era uma sala grande do museu onde haviam várias estátuas quebradas e pintadas, seus rostos faltando uma parte ou obras de arte quebradas e manchadas, o local era iluminado apenas por uma luz azulada que saía detrás de uma porta de metal enfiada na parede.
Ela se deu conta de que era o depósito do lugar, devido às peças danificadas que não estavam em exposição, porém percebeu também que era uma sala larga demais para ser apenas um depósito de museu, a porta em particular lhe chamava muita atenção, por isso decidiu examiná-la.
Antes que pudesse chegar mais perto, a criatura se pôs entre ela e a porta, e apesar de não possuir olhos, o rosto da besta aparentava mirar no chicote, como se ela desejasse o pegar, Petra então o ligou e, com um estalo, a energia se espalhou pela arma, Petra sentia que o chicote estava sendo atraído estranhamente pela porta iluminada.
Petra então girou o chicote no ar, enquanto a besta abria lentamente sua boca para avançar. Ela esperou pacientemente, apesar da preocupação, que a criatura avançasse, e, quando ela o fez, Petra a acertou nas pernas com a arma, fazendo com que seu membro direito fosse arrancado em um piscar de olhos, enquanto o ser urrava de agonia e fúria no chão.
Tentando não desperdiçar seu precioso tempo, a menina tentou acertar a fera novamente com o chicote, mas nesse momento, pequenas faíscas explodiram da porta e o chicote se desligou, sem eletricidade, sem força. E para piorar, a anomalia se levantava do chão, com sua perna quase inteira novamente, mostrando suas garras horrendas em direção a Petra.
Ela tentava acertar a fera novamente, mas o chicote não fazia mais que irritar a súcubo, que já partia para cima da menina. Petra então rolou para frente tentando se livrar da investida, o lado ruim é que as garras penetraram seu ombro, deixando ali um grande corte sangrando, o lado bom é que ela encontrou uma chance de sair de lá, pois havia parado em frente à porta, e sem olhar para traz ela correu em direção à saída.
A anomalia soltava seus gritos enquanto quebrava as esculturas atrás dela, seguindo-a. Os barulhos do lugar se resumiam à respiração de Petra, aos gritos estridentes da criatura e ao barulho de estátuas sendo destruídas. A menina corria pelos corredores do segundo andar procurando as escadarias, mas nenhum sinal delas, o único ponto de fuga visível era uma janela de vidro à sua frente, que dava exatamente para a rua onde a van estava parada, provavelmente com Hans e Margô esperando por ela.
Sem pensar muito e sabendo que não tinha nenhuma opção, Petra foi com tudo em direção à janela, e a súcubo estava logo atrás, um passo em falso e as suas garras conseguiriam alcançar o corpo de Petra. As garras estavam encostadas perfeitamente nas roupas da menina, a criatura só precisava que a menina diminuísse um pouco o ritmo da corrida, e quando estava quase lá, sua presa escapa da área de ataque. A criatura ouviu apenas o barulho do vidro se quebrando, cacos voando contra seu corpo enquanto ela saía do edifício sem perceber.
E Petra, que caía sem esperança nenhuma de sobreviver, se jogou da janela do segundo andar do museu e agora estava em queda livre em direção ao chão.
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Seu ombro ardia, o sangue continuava saindo de seu corpo e ela não possuía mais forças para se levantar, por sorte caiu em cima de um arbusto recém-podado naquela rua, sua visão embaçada só conseguia ver seus amigos se aproximando, e sua audição só captava os lamentos ensurdecedores da criatura sobrevoando o céu, até que seu corpo perdeu as energias e, como seu chicote, Petra desligou sem nenhuma força para continuar acordada.
Momentos depois, com pouquíssima energia recuperada, ela acordou em meio a uma fuga estressante, a van estava percorrendo quase 140 quilômetros por hora, demorou um tempo até ela entender o que estava acontecendo. Hans dirigia focado na pista, desviando de carros, placas e senhoras lerdas atravessando a rua, enquanto Margô usava um martelo para tentar soltar garras gigantes no teto do veículo, isso mesmo, garras gigantes. A anomalia não havia desistido de persegui-los, agora a súcubo estava com suas garras cravadas no teto da van, tentando arrancá-la do chão como uma pessoa quando abre uma lata de sardinha.
E, como sardinhas enlatadas, eles tinham que chegar à Organização o quanto antes e rezar para que o sol demorasse a aparecer. Foram longos minutos entrando em ruas, virando esquinas, martelando as mãos de um demônio que os perseguia, até finalmente sequer chegarem à mesma rua da Organização. O súcubo soltava um bramido a cada martelada de Margô, e a cada bramido Hans perdia o foco, fazendo o carro “dançar” nas ruas de um lado para o outro.
Os minutos passaram e a Organização aparecia logo à frente, um prédio localizado na esquina de um quarteirão velho, sua aparência era própria para não chamar muita atenção, foi pintado para parecer um hotel antigo, onde ninguém iria ter a coragem, nem a vontade de se hospedar.
Na garagem do prédio estavam Vetel e Gabe, com armas apontadas, se preparando para a encrenca que estava por vir. Quando a van se aproximou o suficiente, Gabe apertou o gatilho para disparar, mas a arma perdeu a energia inesperadamente, porém, Vetel contava com a sorte a seu lado, e após apertar o gatilho, um raio azulado de energia disparou da arma em direção ao demônio, que estava grudado no teto da van tentando se alimentar dos três, e, com um grande estrondo, o raio colidiu com o corpo horrendo da criatura, que soltou um último bramido ensurdecedor e se dissipou no ar, como poeira no deserto.
Após o disparo, o brilho cegou Hans por alguns segundos, e ele jogou o carro descontroladamente em cima de seus amigos, que rolaram para o lado para evitarem ser esmagados pelo veículo. Com um barulho horrível, o veículo parou milímetros antes de colidir com a parede, e a porta atrás deles se fechou.
Hans e Margô desceram da van sem fôlego, aquela tinha sido uma madrugada e tanto para eles, tiveram de lutar com um demônio, perderam sua amiga de vista e foram perseguidos pela anomalia.
— O que aconteceu com Petra? – Vetel perguntou enquanto checava a bandagem nos ombros da menina.
— Ela teve uma briguinha particular com a criatura, depois disso tivemos que fugir e a encontramos quase sem consciência jogada na rua, rodeada por cacos de vidro.
— Ela se jogou de uma janela? – O tom de preocupação em sua voz aumentou.
— Acho que sim, aparentemente foi o único modo que ela encontrou de se livrar da morte.
— Vocês não deviam ter a deixado só!
— Sabemos disso. – Margô falou. – Desculpa tá? Nossas armas falharam e Petra se enganchou com a besta, não havia o que fazer.
— Que seja, precisamos tomar conta dela agora. Depois pensamos no que fazer.
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Em uma sala particular da Organização, Vetel esperava ansiosamente de um lado para o outro que Petra acordasse, ela estava deitada em uma maca, seu ombro estava enfaixado com mais precisão e ela aparentava estar acordando.
— Graças a Deus menina, eu pensei que fosse dormir pra sempre.
Petra sorriu lentamente, ainda sentia as consequências de se jogar da janela do segundo andar de um museu.
— Deu tudo certo, pelo menos?
— Não sei, o que importa é que vocês voltaram com vida, não é? Quanto ao resto, ainda não pensamos melhor sobre como vamos continuar ou o que tudo isso significa.
A TV no quarto estava ligada no noticiário da manhã, a jornalista anunciava algo sobre o museu.
Jornalista: “O Museu Richenstone foi invadido hoje pela madrugada, várias peças foram destruídas, entre elas estavam obras de arte e esculturas, a porta de trás estava destrancada e uma das janelas do lugar estava quebrada, tudo indica que os invasores fugiram por ela. Até agora, as autoridades procuram pistas ou evidências do crime, apesar de toda destruição, nenhuma peça foi roubada. Além disso, as câmeras de segurança foram desativadas, indicando uma ação profissional por parte dos invasores”.
— Eu fiz merda, não fiz?
— Não exatamente, eles não nos pegaram, não foi? Além disso, fizemos tudo pelo bem da cidade.
— Alguma hora eles vão nos achar. – Ela suspirou.
— Então teremos evidências suficientes para provar que foi pelo bem deles... Uma pergunta, você hackeou o sistema deles?
— Sim.
— Minha garota. – Ele sorriu em tom de brincadeira e colocou a mão na cabeça de Petra.
Ela também sorriu, calmamente, e, com um último suspiro, se deixou levar por um sono tranquilo, esquecendo toda dor e toda imagem ruim daquela noite agitada.
Autor(a): Mathzito
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