Fanfic: Uma nova chance para ser feliz | Tema: Herroni
Estou na sala de reuniões com nossa equipe e alguns membros do setor de compras da A&C, a rede de lojas de departamentos. O projeto de coleção primavera/verão feito para eles está finalizado e acabamos de receber a aprovação para enviar à produção. Agora vem a parte que mais gosto: acompanhar a confecção, ver os esboços se tornando reais, indo para as vitrines, e finalmente ter pessoas incorporando as peças aos seus próprios estilos pelas ruas.
Eu amo essa miscigenação, tenho comigo que a moda, apesar de coletiva, é algo absolutamente individual, da personalidade de cada um, então o grande desafio do meu trabalho é, ao mesmo tempo, o que torna tudo fascinante: criar peças adaptáveis a todos os grupos, sem limitá-los ou segregá-los. É por isto que escolhi esta carreira, mesmo que, às vezes, ela não tenha lá seu lado tão belo.
Por falar nisso, notei que o vaidoso Ernesto, meu diretor, se manifestou menos do que o normal hoje (aliás, desde o episódio dos briefings, ele vem cultivando uma distância segura de mim, o que eu acho ótimo). A contar pelos olhares condescendentes que Nilo, gerente de compras da A&C, lança sobre o bastardo, não é difícil entender a razão. Ernesto tem vergonha do relacionamento deles, e provavelmente pisou na bola.
Nilo é simpático, inteligente, tem estilo, é cheiroso… O que ele vê nesse escroto? Por que sustenta essa expressão de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança por um sujeito que, claramente, não o merece? Inferno, vamos lá, homem, demonstre um pouco de amor próprio!
Quando a conversa ao redor da mesa se torna mais informal, limpo a garganta, desejando obter a atenção de Nilo.
— Enfim o martelo foi batido — brinco.
Ele pisca, parecendo, por um instante, finalmente me enxergar, saindo da bolha autodepreciativa de “por favor, me ame” direcionada a Ernesto.
Limpa a garganta também.
— Ah, sim… — recebo um meio sorriso amarelado — Você fez um belo trabalho, Maite.
Gesticulo, desconsiderando a ideia.
— Aqui trabalhamos todos em equipe, Nilo.
Pelo canto dos olhos, pego meu chefe atento a nós… E uma ideia um tanto maligna corre rapidamente por meu cérebro. Rá! Eu não sou uma boa pessoa, a verdade é esta.
Inclino meu corpo para frente, aproximando-me mais de Nilo.
— O que você acha de esticarmos para uns drinks, depois daqui? — pisco com a dica — Comemorar e relaxar um pouco, hein?
Meu tom é discreto, mas a julgar pelo olhar venenoso de Ernesto, funciona. Nilo, percebendo que o amante não curtiu a ideia, em vez de usar isto a seu favor, amua ainda mais ante a possibilidade. Ah, qual é?
Sua reação faz com que o diretor pulha, satisfeito, gire a cadeira para conversar com uma das associadas da A&C, ignorando-nos por completo.
Respiro profundamente. Minha vontade é de arremessar o celular contra a cabeça de Nilo para ver se surge algum efeito. É uma pena que não posso. Encaro-o de um jeito que o faz saber exatamente o que penso. Em resposta, ele enrubesce.
— Tudo bem, vamos lá — por fim, decreta, parecendo ter acabado de aceitar ir para forca, de tão “animado”.
Pelo menos aceitou, já é um começo.
— Assim é que se fala! — sussurro — Vou convidar o Chris também.
Bem, eu deveria estar indo para casa, repousar, tentar recuperar o sono que aquele… aquele vizinho me roubou. Já se passava das quatro da manhã quando Poncho deixou meu apartamento. E o pior é que, considerando o beijo de despedida, não foi um adeus.
Aqueço com a lembrança e tenho de me lembrar de onde estou.
Que tipo de presente/castigo é esse, ter um homem assim na porta em frente?
________________________________________________________________________________________
— Três anos! Três anos sendo o segredo dele! — Nilo grita exageradamente por sobre a música do lugar, engolindo outra dose de tequila — Eu o odeio! Eewk! Ic! — tapa a boca, querendo inibir o soluço desengonçado — Eu o odeio!
— Homens… — bufo, engolindo mais um shot de tequila também.
— Os que se fingem de héteros são os piores — Christian reforça, girando sua bebida no balcão antes de tomar num único lance.
— Ernesto se finge de hétero? — Nilo questiona, agudo, como se a hipótese nunca de fato tivesse passado por sua cabeça.
Oh, merda, isto só está ficando melhor. Se eu continuar neste ritmo, estarei sendo cúmplice de um plano de assassinato de meu chefe.
— Rapazes, me esperem aqui. Eu preciso de um banheiro.
E recuperar a sobriedade antes que seja tarde demais
Dentro da cabine do banheiro concorrido, pego meu celular na bolsa para checar o horário. Passa da meia-noite. Até não é ruim… se eu não tivesse que acordar cedo amanhã para ir às compras com Luna e Dul.
Na tela, ao lado do relógio, o balãozinho do aplicativo avisa que recebi uma mensagem. Cócegas brincam na boca do meu estômago com a ideia… deve ser efeito da tequila.
Ansiosa, deslizo o dedo pelo ícone.
* DE: PONCHO MENSAGEM: Planos para a noite?
Verifico o horário de recebimento. Poncho mandou a mensagem há pelos menos quatro horas. Hum. Ele não esperou os dois dias, como da última vez. Onde isso nos deixa? O suspiro afetado sai automaticamente do meu peito.
Escoro a cabeça contra a porta fechada.
Uou! Isso foi uma vertigem?
Observo o teto preto do banheiro, ponderando se devo responder.
Pontos a serem considerados: Poncho tem responsabilidades com uma criança; mora ao lado; é bonito demais para o meu próprio bem; tem um tipo de amizade suspeita com aquela mulher.
Pontos impossíveis de ser esquecidos: o cara beija como o céu; cheira bem pra cacete; tem um sorriso filho da mãe e uma disposição sexual indiscutível; é sério de um jeito descontraído (e aqui está o meu ponto fraco); e quando aquele par de olhos exigentes está em mim, eu me esqueço até de como formular frases lógicas.
Eu tô bêbada, só pode!
* PARA: PONCHO MENSAGEM: Já com saudade, bonitão?
Mordo o sorriso.
* DE: PONCHO MENSAGEM: Ana recebeu seu presente, ela estava ansiosa para agradecer, pediu que a convidasse para o jantar.
Paro de respirar por um instante com a sensação estranha que toca meu peito ao ler suas palavras. Sua filha me querendo com eles, sei lá…
Ora, mas o que estou dizendo?
Autor(a): ThammyPerroni
Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
* PARA: PONCHO MENSAGEM: Não precisa agradecer. Sua pequena praticamente me coagiu. Não contendo um sorrisinho tolo, envio. * DE: PONCHO MENSAGEM: Não tire este prazer da criança. Seguro o celular contra meu peito e expiro ruidosamente. Odeio gostar tanto de como isso soa. Poncho e sua filha são meus vizinhos de porta, não é ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 105
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
janainacrislochetti18 Postado em 26/09/2018 - 12:53:39
Continua ,quero saber o que aconteceu com a filha da may
-
janainacrislochetti18 Postado em 20/09/2018 - 19:30:57
Cadê tu mulher , sdds da fanfic
ThammyPerroni Postado em 25/09/2018 - 23:19:05
Voltei
-
poly_ Postado em 16/09/2018 - 15:27:50
Não vejo a hora de descobrir o passado de Maite. Continuaaa
ThammyPerroni Postado em 25/09/2018 - 23:19:38
é bem tenso e complexo o segredo dela
-
janainacrislochetti18 Postado em 02/09/2018 - 23:41:20
Ah ansiosa pelo próximo
-
poly_ Postado em 31/08/2018 - 12:53:36
Ahh continua logooo
ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:10:56
desculpe já estou de volta
-
janainacrislochetti18 Postado em 18/08/2018 - 00:47:55
Posta cadê vc ?
ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:11:16
TO AQUI volteiiiii
-
mariana_medina Postado em 16/08/2018 - 19:29:06
EU TO FICANDO É DOENTE SEM ESSA FIC AQUI
ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:11:35
Volteiiiiiiiiiii
-
mariana_medina Postado em 12/08/2018 - 22:10:13
Socorrooo Cade tuuuuuu
-
mariana_medina Postado em 07/08/2018 - 21:39:10
CADEEEEEE????
-
mariana_medina Postado em 04/08/2018 - 09:53:16
Vou ver a outra fic, com certeza! Poste maissss que eu tô depente dessa aqui tbm kkk