Fanfics Brasil - Eu já fui casada, Poncho… Uma nova chance para ser feliz

Fanfic: Uma nova chance para ser feliz | Tema: Herroni


Capítulo: Eu já fui casada, Poncho…

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Já é início da noite. Ando de um lado para outro em meu apartamento, entrelaçando os dedos ansiosamente. Não consegui pensar em mais nada durante todo o dia além da conversa que preciso ter com Poncho. Não sei bem o que esperar. No entanto, ele, dentre todos, precisa saber. Não é justo omitir algo tão grave. Ana está se tornando muito próxima de mim, a ideia de magoá-la ou feri-la me deixa em frangalhos. Eu pensei haver superado, mas não, o medo está vivo em mim.


Como contar algo assim?


Sento-me no sofá e encaro o teto por alguns minutos. Pego o celular, confiro o horário. Poncho estará aqui em breve. Estou mais ansiosa do que esperava.


Sem pensar muito, ou talvez em busca de apoio, acabo discando para a única pessoa com quem falo abertamente sobre o passado, quem sempre esteve lá por mim. O número chama três vezes.


— Ei, maninha— Jensen responde tranquilamente.


Escuto o burburinho ao fundo.


— Você pode falar agora?


Ele se cala por um ligeiro instante, talvez avaliando meu tom.


— Espere, estou indo para os fundos… — percebo-o caminhando por onde quer que esteja e os sons atrás se tornando mais distantes. — Pronto, cem por cento disponível para minha irmã preferida. O que há de errado?


Reviro os olhos, sorrindo, apesar de tudo. Deus, é relaxante ouvir sua voz.


— Eu estou prestes a contar a ele… — revelo em voz baixa.


O ruído de sua inspiração profunda ressoa através da linha.


— Você tem certeza?


Aperto os olhos e ancoro-me contra o sofá.


— A menina… Me envolvi demais com ela — exteriorizando, percebo o quanto é real este sentimento — Tenho medo de… — nem consigo dizer — Você sabe.


Jensen bufa, deixando evidente sua opinião, antes mesmo de pronunciá-la.


— Besteira. Tire isso da cabeça.


— Eu gostaria que fosse simples assim… — o bolo a se formar na base da minha garganta chega a ser doloroso.


Seu tom suaviza.


— Ouça, Fluta — este apelido… —Você é forte e corajosa. Sempre foi. Então faça o que acha que tem de fazer. Conte a ele, se isso te faz bem, mas aceite de uma vez que você não foi responsável. Uma fatalidade, aquilo infelizmente foi uma fatalidade.


É o que todos dizem, mas é difícil aceitar quando você estava lá, quando tudo aconteceu em seus braços. Basta fechar os olhos e eu me vejo naquele momento novamente, revivendo em primeiro plano o pior pesadelo da minha vida.


— Deus, eu olho pra filha dele e já me imagino falhando, Jen, é-é como se isso obrigatoriamente fosse uma questão de “quando”, não “se”, você entende?


Estou em pânico com a ideia de fracassar com a Ana, essa é a verdade.


Meu irmão, paciente, me deixa falar.


— Quanto mais perto eu chego, mais eu sinto que não sou capaz de mantê-la segura quando a menina realmente precisar de mim, e isso… isso me mata.


Ouço sua expiração, um som curto, contrariado.


— É assim que você pretende manter a promessa? — questiona muito sério, indo para um assunto delicado, ele sabe disso.


Não respondo. Não de imediato.


Olho para um ponto qualquer do chão, procurando ali algo racional para dizer.


— Não… É por isto que vou contar a Poncho. Ele deve poder escolher se me quer por perto. A decisão deve ser dele… — afirmo com um pouco mais de convicção.


Escolhendo este momento, a campainha toca, avisando que é chegada a hora. Meu corpo reage, se contrai, o peito palpita, o estômago revira. Droga, não há como fugir.


— Ele chegou, preciso desligar.


— Certo. Qualquer coisa, me chame. Eu estou aqui para o que precisar, você sabe disso.


— Eu sei… E te amo, Jen.


Distancio o telefone do ouvido, pronta para desligar, porque sei que meu irmão não retribuirá os sentimentos, ele nunca o faz. Interrompendo meu movimento, ouço-o me chamando mais uma vez.


— Mai?


Não diz em palavras, mas sente, e se preocupa comigo, sempre foi assim.


— Sim, Jensen.


— Não se puna mais do que já fez, ok? A vida é curta demais para isto.


— Ok… E não me chame mais de Fluta — encontro humor para repreender o apelido que ele e Dan usavam para me atazanar quando criança.


Ele ri, alto.


Desligo, um pouco mais calma – mas não muito, seria impossível.


E, tomando algumas respirações, fico em pé.


No caminho para a porta, me pergunto se estou fazendo a coisa certa. Sim, minha consciência diz que sim. Por tempo demais, estive me mantendo longe de tudo que me fizesse relembrar… Uma hora o destino viria cobrar a conta. A hora chegou.


Abro a porta…


Nos encaramos.


Seus olhos intensos me avaliam parecendo enxergar minha alma.


— Maite… — cumprimenta num timbre rouco, tocando-me sem de fato de tocar.


Ele sabe.


— Poncho…


Eu sinto que ele sabe.


— Entre… — ofereço passagem ao homem que não desgruda os olhos sérios de mim. Parece saber que o que tenho a dizer vai mudar a forma como me enxerga.


Não consigo enfrentá-lo por mais tempo. Viro-me e ando para a sala sentindo o peso do que vou lhe contar.


Sua presença silenciosa vem atrás de mim, me seguindo. Sento-me no sofá, cabeça baixa, e respiro bem fundo. Não é algo fácil de dizer, talvez por isto eu não fale, mas mesmo que eu viva cem anos esta parte da minha vida sempre me acompanhará.


Eu teria feito melhor, se pudesse. Voltaria no tempo e agiria diferente. Contudo, nada disso é possível.


— Há algo que você precisa saber sobre mim, Poncho— a distância em minha voz não é planejada.


Ele senta-se ao meu lado.


— E, pelo jeito, você pensa que isso mudará a maneira como me sinto sobre você — não é uma pergunta. Seu tom sustenta uma confiança tranquila, difícil de derrubar (eu só não sei por quanto tempo).


Sorrio, sem vontade.


E olho bem no fundo de seus olhos.


— Talvez sim.


Encaramo-nos profundamente por um tempo.


— Eu já fui casada, Poncho… — revelo, sem quebrar nosso contato — E tive uma filha…


Filha. Esta palavra ainda é dolorosa de pronunciar.


Tenho de segurar minha garganta para tentar amenizar a sensação de queimação. Fecho os olhos e viajo de volta àquele lugar que se parece como um sonho ruim, o pior que alguém poderia ter.



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Autor(a): ThammyPerroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 105



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  • janainacrislochetti18 Postado em 26/09/2018 - 12:53:39

    Continua ,quero saber o que aconteceu com a filha da may

  • janainacrislochetti18 Postado em 20/09/2018 - 19:30:57

    Cadê tu mulher , sdds da fanfic

    • ThammyPerroni Postado em 25/09/2018 - 23:19:05

      Voltei

  • poly_ Postado em 16/09/2018 - 15:27:50

    Não vejo a hora de descobrir o passado de Maite. Continuaaa

    • ThammyPerroni Postado em 25/09/2018 - 23:19:38

      é bem tenso e complexo o segredo dela

  • janainacrislochetti18 Postado em 02/09/2018 - 23:41:20

    Ah ansiosa pelo próximo

  • poly_ Postado em 31/08/2018 - 12:53:36

    Ahh continua logooo

    • ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:10:56

      desculpe já estou de volta

  • janainacrislochetti18 Postado em 18/08/2018 - 00:47:55

    Posta cadê vc ?

    • ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:11:16

      TO AQUI volteiiiii

  • mariana_medina Postado em 16/08/2018 - 19:29:06

    EU TO FICANDO É DOENTE SEM ESSA FIC AQUI

    • ThammyPerroni Postado em 01/09/2018 - 23:11:35

      Volteiiiiiiiiiii

  • mariana_medina Postado em 12/08/2018 - 22:10:13

    Socorrooo Cade tuuuuuu

  • mariana_medina Postado em 07/08/2018 - 21:39:10

    CADEEEEEE????

  • mariana_medina Postado em 04/08/2018 - 09:53:16

    Vou ver a outra fic, com certeza! Poste maissss que eu tô depente dessa aqui tbm kkk


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