Fanfics Brasil - Capítulo 2 Desejo Proibido

Fanfic: Desejo Proibido | Tema: Moda


Capítulo: Capítulo 2

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Dirigi o tempo todo num profundo silêncio, tentava assimilar o acontecera a pouco. Por conta da chuva o trânsito, que já lento, estava praticamente parado. Liguei o rádio para tentar passar o tempo. Observei minha filha pelo espelho retrovisor e a vi distraída com o seu celular. Aposto que deve estar falando com suas amigas.


Recostei minha cabeça no banco e aumentei o volume do rádio quando o sinal fechou e deixei as músicas falarem comigo. Quando estava prestes a mudar de estação, um trecho da música que tocava chamou minha atenção: "tú me creíste y yo me volví tan bueno, fingiendo" (você acreditou em mim e me tornei tão bom, fingindo). Fechei os olhos e lembrei da primeira vez a única mulher que realmente amei.


 


FLASHBACK ON


 


- Boa tarde, eu vim me candidatar a vaga. Com quem falo?


- Seu nome?


- Louise Monteiro.


- Trouxe o currículo?


- Sim, aqui. - Entrega o currículo à secretária.


- Espere um momento. - Pega o telefone e liga para seu chefe. - Senhor? (...). Tem uma candidata aqui, posso mandar entrar? (...). Entendi. - Desliga o telefone e volta para Louise. - Pode entrar e leve isto. - Entrega de volta a Louise o seu currículo.


- Obrigado. - Pega o currículo e segue para sala indicada. Bate três vezes de leve na porta e, quando houve um "pode entrar", abre a porta e entra.


- Sente-se. - Apontou para uma das cadeiras a frente de sua mesa. - Trouxe o currículo?


- Sim.


Entrega o currículo e se ajeita na cadeira. Observa o lugar e fica abismada. Tudo era de muito bom gosto, diferente das coisas simples que estava acostumada a ver no orfanato La Paz. Sentiu-se diminuída com tamanha riqueza. Heitor parou de ler o currículo e ficou a observá-la, fascinado com sua beleza.


- Órfã? - Louise volta a realidade.


- Sim, venho do orfanato La Paz. - Constrangida com o modo com ele a mirava.


- Veio para a vaga de modelo, certo?


- Não, vim para a de assistente.


- Tem certeza? É bonita, fotogênica, faria sucesso rápido. - Observando o decote simples do vestido que ela usava.


- Mas não tenho interesse. - Fechando o casaco ao perceber que ele olhava para seu singelo decote.


- É uma pena. - Dizia mais por ela ter tampando o decote do que recusar a proposta de modelo. - Tem alguma experiência para o cargo pretendido?


- Não, acabei de sair do orfanato, mas posso aprender rápido.


- Sem experiência é difícil, mas... Como modelo... - Morde o lábio inferior olhando-a.


- Sendo assim, procuro emprego em outro lugar. - Levantando-se ainda incomodada.


- Senta, ainda não acabei. - Ela senta, mas permanece na defensiva. - Se quer tanto o emprego de assistente, eu te ajudo.... Se colaborar, é claro. - Sorri malicioso.


- Pois nem o emprego de assistente eu quero. Passar bem. - Sai indignada da sala e Heitor vai atrás.


- Escute aqui, garota. - Segurando- a pelo braço. - Não precisa ficar assim.


- Soltando-se. - Escute aqui, você! Não sei se está acostumado a tratar as mulheres assim, mas a mim não. Não ficarei calada vendo você me humilhar. Vai ser babaca com outro, idiota! - Esbofeteia Heitor que vira o rosto com a força do tapa.


- Posso saber o que está acontecendo aqui e por que você bateu no meu filho? – Inquiriu Paulo, entrando no local onde se formava uma aglomeração.


- Pergunte ao babaca do seu filho, com licença.


- Onde pensa que vai, mocinha? - Puxando-a pelo braço e fazendo-a virar.


- Embora. - Solta-se. - Pelo visto seu filho teve a quem puxar no trato às mulheres. - Vira-se e vai embora.


 


FLASHBACK OFF


 


"Arisca como na primeira vez", ri desse meu pensamento. Saí de meus devaneios quando ouvi a buzina do carro de trás, indicando que o sinal estava verde. Segui em direção à Fortaleza dos Montenegro, como muitos chamavam, devido a sua arquitetura antiga, dos tempos do Império. Uma hora depois chegamos ao destino.


- Vamos, papai. Eles já devem estar nos esperando e a vovó deve está uma fera. - Saindo do carro.


- A culpa não foi nossa. Esse trânsito dessa cidade está cada vez mais horrível. - Entramos e nos dirigimos à sala de estar onde os demais se encontravam. - Chegamos. - Anunciei.


- Vão se trocar, estão molhados. Não demorem, vou mandar pôr a mesa.


- Sim, vovó. Com licença. – Júlia respondeu por nós.


Subi acompanhada pela minha filha. Sei que Júlia entrou em seu quarto pensando no ocorrido e que tinha muitas perguntas a responder e que eu teria que arrumar uma resposta rápida. Aposto que quer entender de onde eu conhecia a mulher com quem conversava e meu súbito interesse de levá-la em casa. Confesso, que não sei se estou preparado para contar tudo o que ocorreu naquela época.


Depois de ficar esse tempo pensando na frente do quarto da minha pequena, fui para o meu que ficava em frente, como Marisa sempre quis já que assim poderia ouvir quando nos menina chamasse. Sentei na minha poltrona e acabei recordando cada momento vivido naquele cemitério, tocando, inconscientemente, a mão que tocara a de Louise. Levantei ainda disperso e andei em direção ao banheiro, despindo-me e largando as roupas no meio do caminho.


Entrei no box com a imagem da minha antiga namorada na cabeça. "Sempre tão linda... Será que se casou?", pensei. Inevitavelmente me lembrei dos momentos que compartilhamos juntos e de todos os arrependimentos que trazia comigo. Deixei a água escorrer por meu corpo como se ela pudesse retirar todos os meus arrependimentos. Terminei o banho e fui me vestir. Um sorriso malicioso se formou em meus lábios ao lembrar do corpo dela, o vestido colado ao corpo por causa da chuva, denunciando suas curvas.


- Pai? - Júlia interrompe minha imaginação entrando no quarto. - Onde você está?


- Aqui. - Saindo do closet ajeitando a manga do moletom cinza que eu vestia.


- Vamos? – Me ofereceu seu braço que aceitei de imediato. Minha filha adorava quebrar convenções.


- Vamos, antes que sua avó decida fazer o jantar com os nossos corpos. – Arranquei uma risada de Júlia, que havia sumido depois do ocorrido na noite anterior e descemos abraçados como sempre fazíamos em direção à sala de jantar.


- Achei que precisasse mandar chamar vocês. – Disse minha mãe ao nos ver entrando no recinto.


- Pode começar a servir. – Marisa ordenou a empregada, enquanto eu e Júlia nos acomodávamos em nossos lugares.


Almoçamos em silêncio, apenas nos encarando sem nada dizemos. Danilo se sentia incomodado em estar aqui, era como se fosse um estranho e não pertencesse a família, o que eu concordo. Não sentia que tinha ligação conosco, exceto por sua sobrinha. Minha Júlia era a única com quem mantinha um laço de afeto. Após a refeição, os empregados começaram a recolher os pratos e a servir as sobremesas.


- Por que demoraram tanto? – Marisa quebra o silêncio.


- Eu tive que secar o cabelo, mamãe.


- Não me referi a isso, e sim ao fato de terem saído antes de todos nós e chegado a pouco. – Sinto um misto de curiosidade e falta de paciência na voz de Marisa.


- O trânsito dessa cidade já é um inferno, chovendo só piora. – Acabei dizendo a desculpa de sempre.


- É, mamãe, estava tudo parado. - Completa minha fala.


- Isso não justifica. Também pegamos engarrafamento. Onde foram antes de chegar aqui? – Minha mãe indaga calmamente.


- Depois do showzinho do papai e do titio...


- Júlia! – Interrompi repreendendo esse comportamento adolescente de Júlia.


- Para de repreender a Júlia. Ela já não é nenhuma garotinha.


- Não se meta, Danilo. Júlia é minha filha.


- Chega vocês dois! Basta o vexame que deram no funeral do pai de vocês, não comecem outro aqui. Julinha tem razão, foi ridículo e vergonhoso o showzinho de infantilidade que deram. Prossiga, minha querida. – Minha mãe começa a exaltar-se e decido me controlar.


- Bom, depois daquilo eu saí andando pelo cemitério e encontrei uma mulher chorando muito sobre um túmulo.


- E o que aconteceu depois, minha neta?


- Eu conversei com ela.


- Quem era essa mulher? – Marisa me olha depois de perguntar.


- Uma amiga do papai.


- Não era minha amiga. - Disse rapidamente, fugindo do olhar de minha esposa.


- Deixe a Julinha terminar de falar, quem era a tal amiga do seu pai? – Danilo perguntou curioso.


- Eu não a conheço, nunca havia a visto. Mas você parecia conhecer, papai, já que sabia o nome dela.


- E qual é o nome dessa tal amiga de seu pai?


- Vendo minha hesitação em dizer, ela diz. - Louise.


- Louise? – Marisa fica surpresa.


- Sim, mamãe. - Danilo observou a tensão presente nos rostos dos três adultos quando olhou fixamente e isso me deixou alerta.


- Tem certeza que é esse o nome? Não ouviu errado? – Vi minha mãe controlar o desconforto ao ouvi o nome de Louise.


- Sim. - Estranhando a reação da mãe e da avó. - Foi assim que o papai a chamou quando me viu abraçada a ela. O que foi, gente? Quem é essa mulher e o que ela fez para deixar vocês assim?


- Qual o sobrenome dela? – Danilo estava me atiçando, querendo me provocar. Sei que já tinha escutado esse nome antes, mas não se lembra de quem se tratava. Tudo era um mistério quando se tratava dessa mulher.


- Não sei.


- Encontrei-a por acaso conversando com Júlia no cemitério. - Apressei-me em dar uma resposta antes que Bernarda e Marisa me encham de perguntas.


- E o que ela fazia lá? – Minha mãe tentava disfarçar sua curiosidade.


- Não sei. – Disse rápido bebendo um pouco de água.


- Você sabe, Júlia? - Limpando a boca com o guardanapo.


- Ela disse que estava visitando o túmulo da filha, mamãe.


- Filha? – A cara dissimulada de surpresa de Danilo me irritava assim como sua curiosidade sobre Louise.


- Sim, parece que a menina faleceu há uns quinze anos atrás com apenas cinco anos de idade. - Disse com pesar.


- Nossa, coitada! E sabe de que? - Bebe o vinho.


J: Não, ela não disse, mamãe.


- E o que mais conversaram? – Minha mãe disse à Júlia sem deixar de me encarar.


- Nada, o papai chegou bem na hora...


- Na hora de que? – Marisa interrompe-a também me encarando.


- Na hora que ela me abraçava, porque lembrei do vovô. Ela disse uma frase que o vovô sempre dizia.


- "Perder alguém é sempre doloroso"? – Questionou Danilo.


- Isso. Aí eu questionei de onde ela e o papai se conheciam.


- Eu respondi que a conhecia de muito tempo atrás, do passado. - Rezando para que esse interrogatório finalizasse.


- Mas...


- Mas o que, Júlia? – Minha mãe perguntou. Pela cara que fez, Danilo se lembrou de Louise. Sequei o suor que escorreu em meu rosto, ansiando por algum telefonema ou visita ou qualquer coisa que interrompesse aquela conversa sem cabimento.


- Quando eu perguntei, o papai respondeu que se conheciam do passado, mas ela respondeu de um jeito diferente. Ela disse "infelizmente". Por que, papai? - Respiro fundo tentando não revelar minha tensão.


- Talvez seja porque seu pai foi um canalha com ela e a abandonou no altar para se casar com sua mãe. – Depois de ter despejado, Danilo bebeu o pouco que restava de seu vinho, sem deixar de olhar para mim. Devolvi o olhar com a raiva que cultivo há anos de Danilo.


- Que? – Minha filha me olhava incrédula.


- Louise era uma namorada de seu pai. Criou ilusões, mas seu pai havia terminado com ela antes de se casar com sua mãe. Se afaste dela. Ela não é boa pessoa. – Minha mãe foi enfática.



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Autor(a): casmurra

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

    Na casa de Fiorela as três mulheres escutavam atentamente o relato de Louise, estavam chocadas com tamanha coincidência. Talvez fosse o destino colocando-os frente a frente. Entretanto, dessa vez, era para um ajuste de contas definitivo. - Quando a vida decide jogar, ela não brinca. O que vai fazer agora, minha filha? - O que eu sempre ...


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