Fanfic: Biology - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy
Ergui meu olhar pra ele novamente após alguns segundos de silêncio, inconformada com a capacidade que ele tinha de ser desagradável em todos os momentos.
- Não pedi pra você ficar – falei, mesmo sabendo que era realmente perigoso ficar sozinha ali àquela hora – Pode ir embora se quiser.
Christopher soltou um risinho debochado e me olhou, parecendo indignado com a minha resposta atravessada.
- Não sei por que eu ainda perco meu tempo com você, Saviñón – ele riu, sem humor algum, e tirou seu braço dos meus ombros com certa violência.
Me encolhi um pouco, sentindo o vento frio voltar a soprar na região onde antes o casaco quentinho dele cobria, e o observei se afastar, indo em direção à sua moto, estacionada perto de uma árvore que só deixava seu pneu dianteiro visível de onde eu estava.
Não acredito que ele estava mesmo indo embora.
Cagão.
Ele colocou o capacete pelo caminho e não demorou a arrancar com a moto, realmente me deixando sozinha naquela rua mal iluminada e fria.
A simples hipótese de agradecê-lo por ter afastado aquele marginal, que tinha crescido um pouco, tornou-se totalmente inaceitável de novo.
Idiota, bunda mole, grosso, sem educação.
Poncho jamais me deixaria sozinha naquele lugar, tenho certeza.
Só de pensar em Poncho, soltei um suspiro chateado, fazendo uma grande quantidade de fumaça sair de minha boca.
Abracei meu próprio corpo, tentando inutilmente fazer aquele frio passar, mas isso seria impossível com apenas uma blusinha fina de malha.
Encarei a rua, desesperada para encontrar minha mãe, e assim fiquei por alguns minutos, até ver os faróis do Land Rover dela surgirem em meio à quase escuridão.
Suspirei novamente, aliviada, e assim que me aproximei da rua, vi um farol se acender bem ao meu lado, atrás daquela mesma árvore onde antes estava a moto do sr. Uckermann.
Olhei naquela direção, parando de andar ao reconhecer a mesma moto que estava estacionada ali há minutos atrás, e vi um homem de capacete olhando pra mim, com seus olhos castanhos refletindo intensamente a luminosidade do farol.
Franzi a testa, sem entender por que ele tinha voltado, e cerrei meus olhos, reprimindo com todas as minhas forças os batimentos novamente acelerados de meu coração e continuando o caminho até o carro de mamãe.
- Desculpe a demora de novo – ouvi minha mãe dizer, enquanto eu entrava no veículo e sentia o alívio da temperatura agradável do seu interior - Quem era aquele na moto, querida?
Olhei na direção da moto do sr. Uckermann, que arrancava novamente à nossa frente e se afastava depressa, e abaixei meu olhar pra colocar o cinto de segurança, respondendo sua pergunta num murmúrio seco:
- Ninguém, mãe.
- Que bom ver que você sobreviveu aos mosquitos-azeitona! – Anahí riu, estirando seus braços na minha direção assim que cheguei à escola no dia seguinte.
- Eu preferia ter que enfrentar mosquitos gigantes a passar pelo dia de ontem outra vez – falei, rindo da minha própria desgraça ao retribuir o abraço carinhoso dela.
- Credo, Dulce, vira essa boca pra lá – ela reclamou, espalmando uma mão em minha bochecha e empurrando devagar meu rosto para o lado oposto como se fosse um tapa, quando nos afastamos – Depois vira ela de volta pra cá e conta tudo.
Como é que foi ontem?
Relatei os (deploráveis) acontecimentos do dia anterior pra Anahí em alguns minutos, e assim que terminei de contar, ela não demonstrou reação, apenas fixou seu olhar em algum ponto atrás de mim.
- Que foi, criatura? – perguntei, meio assustada, e me virei na direção de seu olhar.
Dei de cara com um suéter verde musgo se aproximando cada vez mais, e numa fração de segundo, meu coração deu dois giros de 360 graus dentro do meu peito.
Tentei respirar à medida que nossos olhares se cruzaram e se fixaram um no outro, mas por mais esforço que eu fizesse, não consegui oxigenar meus pulmões.
Tudo que fui capaz de fazer foi continuar encarando Poncho, que se aproximava cada vez mais com uma expressão tensa e olhinhos cansados, até me dar conta de que ele estava parado na minha frente.
- Erm.
Bom dia, Portilla – ele murmurou, dirigindo-se à Anahí com um sorrisinho nervoso, e abaixando mais ainda seu tom de voz quando se referiu a mim - Oi, Dul.
- Oi, sr. Herrera – falei, sem emoção (só aparentemente), enquanto Annie apenas sorriu fraco e respondeu seu cumprimento com um aceno de cabeça.
Pude ver no olhar de Poncho que ele não tinha gostado muito do jeito pelo qual eu o chamei, mas mantive a seriedade.
Ainda não sabia onde estava pisando com ele, era melhor me manter com um pé atrás.
Sem dizer mais nada, Poncho apenas me entregou um pedaço pequeno de papel dobrado com o qual ele estava brincando apreensivamente desde que tinha pisado na escola, e assim que eu o peguei de sua mão, recebi um sorriso fraco antes de vê-lo se afastar em direção à sala dos professores.
Fiquei observando-o entrar na sala, com a expressão vazia, e se Anahí não tivesse me cutucado, acho que teria ficado encarando a porta daquela sala pelo resto da vida.
- Tá esperando o que pra ler o bilhete, Dulce? – ela sussurrou, com um sorriso empolgado, e eu desdobrei o pedaço de papel pautado que estava em minhas mãos.
Te vejo lá em casa mais tarde? xx
O sinal tocou, iniciando mais uma sexta-feira de aula, assim que eu bati os olhos naquela frase, e em questão de segundos um sorriso aliviado surgiu em meu rosto.
Sei lá, acho que as frustrações da excursão de ontem e tudo que vinha dando errado na minha vida de uns dias pra cá estavam me deixando sufocada, e agora que existia uma pontinha de esperança nadando contra a maré de azar, foi impossível controlar o alívio.
Ergui meu olhar do papel para Anahí, que ostentava uma expressão boba e maravilhada, e meu sorriso se abriu ainda mais.
- Eu não falei que ele ia te chamar? – ela disse baixinho, e pela primeira vez em dois dias inteiros, eu consegui rir de verdade.
Uma sensação de leveza percorria meu corpo, me fazendo querer rir e chorar ao mesmo tempo.
Eu sabia que só porque ele tinha me chamado pra ir à casa dele não significava que tudo estava bem entre nós de novo, mas já era um começo, certo?
Continuei sorrindo pra Anahí, que me abraçou de lado, e começamos a caminhar lentamente até o portão de entrada da escola.
Pelo visto hoje o dia seria um pouco melhor do que os outros.
Era tudo que eu queria e tudo que eu precisava.
- Você vai, certo? – Anahí perguntou, com o olhar perdido, enquanto ouvíamos música no intervalo.
- Claro que vou, tudo que eu quero é acabar com isso de uma vez por todas – respondi, observando um grupo de garotas do primeiro ano rirem escandalosamente por algum motivo que eu não estava interessada em saber.
- E você vai contar tudo sobre o Uckermann também, certo? – ela disse, virando-se pra me encarar com a expressão firme.
Assenti devagar, engolindo em seco, mas não consegui segurar as dúvidas que ocupavam minha mente.
- Na verdade, eu não sei – falei, fechando os olhos e fazendo uma careta quando vi a cara de pânico que ela fez – Quer dizer, se nós conversarmos e ficar tudo bem, não vou nem querer lembrar que o Uckermann existe!
Eu realmente não queria tocar no assunto Christopher Uckermann se tudo se acertasse como eu esperava.
Ficar falando de outro homem, ainda mais de um que eu odiava e era melhor amigo dele, não era o que eu mais gostaria de fazer com Poncho.
Além do mais, o Uckermann tinha me feito um grande favor ontem, mesmo que daquele seu jeito idiota lifestyle, ou seja, parecia que ele estava tentando ser menos estúpido comigo depois que percebeu que eu também podia ser uma ameaça a ele.
Seria mais fácil continuar a travar aquela briga por debaixo dos lençóis com o sr. Uckermann do que chutar o pau da barraca e talvez fazer Poncho tomar alguma atitude precipitada ou arriscada.
Eu realmente morria de medo da reação dele quando descobrisse a verdade sobre Christopher.
- Dulce, deixa de ser idiota pelo menos uma vez na vida e me escuta! – ela exclamou, até desligando o iPod pra ser ouvida com clareza – Até quando você pretende continuar nessa de querer fingir que o Uckermann não existe e não significa perigo pra vocês dois, hein? Porque eu não sei se você já reparou, mas o sr. Herrera não age assim, e na primeira abobrinha que o Uckermann falar de você, tchau romance perfeito!
- Eu sei, Anahí – suspirei, erguendo as sobrancelhas ainda de olhos fechados – Repetir isso não vai adiantar nada, eu pensei nesse assunto durante aquela maldita excursão inteira.
- É mesmo? Pois então perdeu seu tempo, porque se sabe o que tem que fazer e até agora não tem certeza de que atitude vai tomar, não valeu a pena pensar tanto assim – ela retrucou, desviando seu olhar do meu com irritação.
Um silêncio meio tenso tomou conta de nós, quebrado apenas pela música que Anahí voltou a colocar pra tocar no iPod.
Nós duas observávamos as pessoas que andavam pelo pátio do colégio, e poucos minutos depois, reconheci o sr. Herrera e o sr. Uckermann saindo da sala dos professores juntos.
Fixei meu olhar neles, assim como Anahí, e vi os dois caminharem até a saída da escola para tomar lanche numa padaria que ficava na esquina, como sempre, sem nem sequer notar nossa existência ali perto.
Pareciam compenetrados em algum assunto sério, pois ambos tinham a testa franzida e o olhar preocupado.
Aquela preocupação que eu vi pela primeira vez ontem nos olhos do sr. Uckermann, que deixava seus olhos ainda mais intensos.
Tá, isso não me interessa.
- Sabe de uma coisa? – Anahí disse, quando eles sumiram de nossa visão, e eu me virei pra ela – Mesmo ele sendo o péssimo exemplo de ser humano que ele é, eu ainda acho que você devia agradecê-lo por ter afastado aquele cara de você ontem.
Voltei a olhar na direção da rua, soltando o trilhonésimo suspiro preocupado em três dias.
E sabe o que era o pior de tudo? Ela estava certa.
Por mais cachorro que ele fosse, eu não podia negar que devia agradecimentos a Christopher Uckermann.
- Belo relatório, Kristen.
Final da última aula.
Passei pela porta do laboratório de biologia, sem realmente acreditar no que estava prestes a fazer.
Só de ouvir aquela voz constantemente metida, já me dava vontade de dar meia volta e ir embora.
Mas já era tarde demais, eu já estava dentro do laboratório, parada ao lado de um dos três grandes balcões que haviam lá, esperando até que a tal Kristen fosse embora.
Quanto menos gente soubesse que eu tinha qualquer tipo de contato com Christopher Uckermann fora do horário das aulas, melhor.
A tal garota deixou a classe com um sorrisinho malicioso, e me olhando de cima a baixo ainda por cima, como se eu fosse como ela e topasse ir pra cama com aquele cafajeste.
Evitei olhar pra garota, sentindo que voaria no pescocinho dela se não me controlasse, e logo ouvi a voz do sr. Uckermann dizer.
- Você por aqui, Saviñón? A que devo a honra?
Olhei pra ele, que estava sentado em sua cadeira organizando várias pilhas de papéis, provavelmente relatórios, que estavam sobre sua mesa.
- Não acredito que eu vou realmente dizer isso, mas.
Eu vim te agradecer pelo que você fez por mim ontem depois da excursão – falei, decidindo ser direta e objetiva pra gastar menos do meu tempo me humilhando pra ele.
Christopher nem ergueu o olhar dos relatórios, apenas sorriu maliciosamente e disse:
- Não precisava ficar sem graça, a maioria das garotas também costuma voltar pra agradecer pelos grandes favores que eu faço por elas.
Entendendo o verdadeiro sentido da palavra “favores” sem dificuldade, cerrei meus olhos fixos nele, com uma expressão que ficava entre a incredulidade e o desprezo.
Que homem ridículo.
Nunca senti tanta raiva de mim mesma por ter ido atrás dele.
Devia ter sido tão inescrupulosa quanto ele e simplesmente ignorar o fato de que uma vez na vida ele me fez um favor.
- Eu realmente não sei por que fiquei surpresa com essa resposta – eu retruquei, com um risinho inconformado no rosto – Só posso ser muito idiota mesmo.
Dei meia volta pra ir embora, mas assim que dei um passo na direção da porta, ouvi a voz de Christopher voltar a falar, com um inesperado toque de sinceridade.
- Foi muito educado da sua parte vir até aqui me agradecer, Saviñón.
Confesso que você me surpreendeu.
Mais uma vez.
Me virei novamente pra ele, e um certo arrepio percorreu minha espinha quando meu olhar encontrou o dele, tão intenso sobre mim.
De um jeito diferente do que eu tinha descoberto ontem.
Ainda mais invasivo, imponente, vidrado, como se eu fosse a única coisa que houvesse pra se olhar na vida dele.
- Por que você voltou ontem? – ouvi minha própria voz perguntar, com o olhar grudado no dele por alguma razão que eu não sabia explicar.
Aquela dúvida estava entalada na minha garganta desde que o vi novamente estacionado atrás daquela árvore, como se estivesse tomando conta de mim às escondidas.
Os olhos de Christopher continuaram fixos nos meus, ainda mais intensos que antes, até que um sorrisinho de canto surgiu em seu rosto e ele respondeu:
- Curiosidade.
Franzi a testa, sem entender, e ele explicou melhor:
- Queria saber se sua mãe era tão bonita quanto você.
E pra falar a verdade, seu pai é um homem de sorte.
Cerrei novamente meus olhos, encarando-o sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Eu sabia que ele era grosseiro, mas não achei que fosse capaz de usar cantadas daquele tipo.
Só havia um tipo de homem que podia usar cantadas como aquelas no mundo: homens como Alfonso Herrera, por exemplo.
Caras como Poncho eram capazes de transformar cantadas toscas como aquela em música para os ouvidos de qualquer mulher apenas com seu olhar e jeito de falar.
- Eu quase achei que você tava conseguindo falar sério pela primeira vez na vida – murmurei, olhando-o com uma decepção irônica – Mas me lembrei de que milagres não acontecem.
Pude ver o sorriso do professor Uckermann se alargar um pouquinho com a minha resposta, realmente achando graça do que eu tinha dito.
Me virei novamente na direção da porta, e deixei o laboratório, descendo rapidamente os lances de escada rumo à saída da escola.
E por incrível que pareça, eu estava rindo.
Uma coisa era certa: Christopher Uckermann pode reunir todos os defeitos que alguém pode ter, mas sem dúvida, ele sabia se divertir.
E me divertir também.
Autor(a): dulcete.vondy
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Respirei fundo, sentindo o aroma floral gostoso com o qual já estava acostumada. Toda vez que pisava na guarita do prédio de Poncho, o cheiro das flores do jardim invadia meus pulmões, geralmente fazendo um sorrisinho surgir em meu rosto. Mas hoje eu estava preocupada, ansiosa demais pra sorrir. Assim que me viu, Andy abriu a porta para mim, como em t ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 62
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
aleaff Postado em 23/12/2019 - 11:34:49
Brigada por voltar e terminar essa ótima história s2 s2 s2
-
marianarn Postado em 20/03/2019 - 20:31:40
Posta mais !!!!!!
-
kauanavondy015 Postado em 12/03/2019 - 00:04:36
Continuaaa PLMDS
-
kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:39:26
A mãe da Dulce e a melhor kkkkkkkkkk
-
kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:38:40
Continuaa
-
raylane06 Postado em 15/02/2019 - 01:31:30
Continua
-
carla_ruiva Postado em 14/02/2019 - 17:22:26
Aaaaa continua pleace ❤
-
kauanavondy015 Postado em 14/02/2019 - 07:41:31
Como vc para nessa parteee?continuaaa pfv
-
candyle Postado em 11/02/2019 - 11:21:54
Aaaaaah Continuaa
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:19:00
Continuandoooo
-
kauanavondy015 Postado em 07/02/2019 - 01:30:37
Continuaa Plmds
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:18:46
Continuandoooo