Fanfics Brasil - Capítulo 10 – Parte 2 Biology - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Biology - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 10 – Parte 2

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- O patrimônio de minha família me permite “conseguir essas coisas todas” – ele disse, sendo sincero agora, e eu senti meus ombros relaxarem imediatamente com a resposta aceitável – Sua cara de choque valeu meu dia.


-Idiota – murmurei, revirando discretamente os olhos e virando meu rosto pra janela ao meu lado.


-Se você quase acreditou que eu era um gigolô, é porque eu sou muito pior que um idiota pra você – ele falou, com um senso de humor mórbido na voz enquanto parava num sinal vermelho.


- Você nem imagina o quanto – rosnei, ficando mais irritada a cada segundo.


Não saber definir as pessoas era algo que me deixava profundamente incomodada, e Christopher era exatamente o tipo de pessoa indefinível o suficiente pra me enfurecer.


Ele tinha várias faces, uma completamente diferente da outra, como se fossem várias personalidades dentro de uma pessoa só.


Eu conhecia bem seu jeito sujo e desonesto, mas por vezes ele se mostrava alguém completamente oposto.


Alguém bom.


Preferia me manter distante daquela encrenca, obrigada.


- Eu até imagino – ele retrucou, hostil – Mas prefiro ouvir da sua boca.


Olhei pra ele com a testa franzida de deboche, e vi que ele também me encarava, novamente com os lábios contraídos de raiva.


Agora eu conseguia ver seus olhos pelo ângulo em que a luz do sol batia nas lentes dos óculos, e vi que eles me fitavam desafiadoramente.


- Eu acho que você é um filho da puta de um pedófilo, safado, mal amado, nojento, desprezível, broxa, ridículo, estúpido, grosso, pilantra e arrogante – eu disparei, sustentando seu olhar com avidez.


Definitivamente eu tinha feito uma descoberta: falar mal das pessoas na cara delas era extremamente terapêutico.


Christopher continuou me encarando, parecendo não acreditar na quantidade de xingamentos que eu tinha usado para defini-lo, e eu percebi que o sinal estava verde, já que os carros à nossa frente começavam a andar.


Ele pareceu não se dar conta disso, estava inconformado demais com a minha resposta pra prestar atenção em outra coisa.


O silêncio tenso entre nós, junto com a expressão dele, de quem estava prestes a triturar meus ossos, só aumentou a impressão de que se direitos humanos não existissem e não dessem cadeia, eu estaria fodida.


Só quando os carros atrás de nós começaram a buzinar, Christopher suspirou lenta e profundamente, contendo-se, e voltou a olhar pra frente, desfazendo nosso contato visual intenso com dificuldade.


Arrancou velozmente, fazendo os carros que buzinavam atrás de nós comerem poeira, e passou a segurar o volante com força, controlando-se pra não me quebrar em pedacinhos.


Ele podia estar querendo muito, mas não era doido de tentar encostar um dedo em mim.


Chegamos sem demora à minha casa graças à direção acelerada dele, sem dizer mais nenhuma palavra pelo caminho.


Assim que ele estacionou na frente de minha casa, abri a porta, sem ousar olhá-lo, e quando estava prestes a sair do carro, ouvi sua voz dizer, extremamente trêmula de ódio:


- Não precisa se preocupar, nunca mais vou olhar na sua cara.


Virei meu rosto na direção dele, e vi que ele encarava algum ponto à sua frente, com os maxilares tensos e as veias do pescoço levemente saltadas.


Suas mãos agarravam o volante, perigosamente fortes, o que só tornava sua ira ainda mais visível.


Parecia que eu realmente tinha conseguido o que tanto queria, me livrar dele de uma vez por todas.


- Ótimo – murmurei, esperando a alegria imensa me dominar por aquele momento tão perfeito, que curiosamente parecia não querer chegar.


Engoli em seco, sentindo meu olhar se tornar inseguro enquanto viajava por suas feições fechadas, e num movimento brusco, saí do carro, batendo a porta com uma certa força.


Nem bem eu o fiz e Christopher já estava longe, acelerando assustadoramente depressa e fazendo meus cabelos voarem na direção do vento.


Observei a BMW se afastar rapidamente, sentindo uma coisa esquisita dentro de mim.


Suspirei profundamente, agora com o olhar vago em meus pés, tentando reprimir aquela coisa ruim que insistia em se alastrar pelo meu corpo, me desanimando por completo.


Eu não podia estar triste, ele finalmente estava fora do meu caminho! Aquilo era tudo o que eu sempre quis desde a primeira vez em que o vi, e agora que tinha finalmente acontecido, eu não podia admitir que meu único sentimento fosse de remorso.


Tudo que eu conseguia sentir era peso na consciência, decepção comigo mesma por ter sido injusta com uma pessoa que talvez não merecesse tanta crueldade.


Afinal de contas, se não fosse por ele, os estragos de Paul teriam sido imensuravelmente piores.


Fechei os olhos com força por um momento, desanuviando minha mente e me esforçando para parecer despreocupada.


Me virei na direção de minha casa, tentando fingir que estava tudo bem, e a cada passo eu ficava mais convicta de uma coisa.


Não estava tudo bem.


Acordei no dia seguinte com a sensação de que tinha acabado de pegar no sono.


Após um longo dia de explicações e adaptações dos verdadeiros acontecimentos pra minha mãe, que estava aflita me esperando chegar, eu passei a noite inteira rolando na cama, inquieta.


Nada parecia fazer sentido, nada parecia ser coerente, tudo estava desconexo, bagunçado, confuso.


Por mais que eu tentasse compreender a insistente culpa dentro de mim, não conseguia encontrar uma explicação que prestasse.


Me levantei antes mesmo que o relógio despertasse, anunciando que eram 6 da manhã de segunda-feira, e fui tomar banho, com a falsa crença de que uma ducha quente fosse melhorar meu humor.


Uns trinta minutos depois, eu já estava me vestindo desanimadamente, e logo depois penteando meus cabelos, de frente pro espelho.


Assim que terminei, encarei meus próprios olhos, cansados pela noite em claro, e decidi que ia terminar com aquela angústia.


Eu precisava pedir desculpas a ele, precisava pelo menos tentar.


Só assim eu conseguiria afastar aquele mal estar de mim.


Tomei meu café-da-manhã em silêncio, só respondendo uma coisa ou outra quando mamãe perguntava, e logo estávamos estacionando na frente da escola.


Um arrepio percorreu minha espinha enquanto caminhava pela entrada do colégio, e meus olhos logo encontraram uma Anahí tensa me encarando de volta.


- Oi, Dul – ela murmurou, com um sorriso triste, e me abraçou carinhosamente.


Ela sabia sobre a festa no sábado, eu tinha lhe contado tudo por telefone no dia anterior.


Bem, quase tudo, só preferi deixar de lado a parte que envolvia meu comportamento estranhamente triste por causa do Uckermann.


- Parece que eu não te vejo há anos – suspirei, abraçando-a com mais força.


- É mesmo – ela concordou, se afastando alguns segundos depois pra poder me olhar – Você tá tão abatida.


Tem certeza de que está bem?


- Tenho – menti, empurrando a verdade garganta abaixo – Só tô um pouco cansada.


Nos sentamos em nosso lugar de sempre, esperando até que o sinal tocasse, e senti Anahí me cutucar discretamente enquanto conversávamos.


Me virei na direção que ela me indicou, e só quando meu olhar encontrou o dele, me lembrei de que Poncho existia.


Me senti estranha quando ele sorriu pra mim, especialmente radiante como em toda segunda-feira, e tudo que consegui fazer foi esboçar um sorriso fraco de volta.


Senti como se não merecesse aquele sorriso dele.


- Bom dia, Portilla - ele cumprimentou quando passou por nós, como sempre fazia, e logo depois se dirigindo a mim e abaixando seu tom de voz – Bom dia, pequena.


- Bom dia – gaguejei, mal conseguindo sustentar seu olhar alegre.


Parecendo alheio a qualquer sinal de tristeza meu, Poncho seguiu até a sala dos professores, e assim que o vi fechar a porta atrás de si e sumir, soltei o ar que estava preso em meus pulmões, finalmente relaxando.


- Você vai contar a ele? – ouvi a voz cuidadosa de Anahí perguntar, e apenas fiz que não com a cabeça, sem olhá-la.


Contar a Poncho o que quer que fosse não estava nos meus planos, ele não merecia saber das ameaças de Kelly, muito menos de nada que se passava na minha mente.


Não queria ser injustamente cruel com mais alguém.


As três primeiras aulas se arrastaram morbidamente.


Eu mal conseguia prestar atenção na matéria, minhas mãos estavam trêmulas pra copiar, um aperto na boca do estômago me impedia de desviar meus pensamentos daquela tortura repentina.


Por mais que eu respirasse fundo e fechasse os olhos por alguns segundos, meu mal estar só se ausentava momentaneamente, voltando ainda pior logo em seguida.


No intervalo, desci as escadas em silêncio com Anahí, querendo logo que aquele dia acabasse.


Ela parecia entender minha introversão e se manteve quieta, me deixando pensar sem interrupções.


Como se houvesse algum jeito de interromper minha aflição infundada.


Sentamos no mesmo canto de sempre, e enquanto ela terminava uns exercícios de matemática, eu observava vagamente o fluxo de pessoas pelo pátio, até meus olhos novamente encontrarem Poncho.


Ele andava apressado em direção à saída da escola, falando energicamente ao celular com a expressão pesadamente preocupada.


Senti uma fisgada no peito, como se fosse um súbito mau pressentimento, e ele logo sumiu de vista, me deixando ainda mais agoniada.


Pensei em comentar com Anahí, mas eu realmente não estava a fim de falar hoje e preferi esperar até saber do que se tratava.


Obviamente, eu pretendia me inteirar da situação hoje mesmo, se ele voltasse ao colégio.


Vinte minutos depois, o sinal tocou, indicando o término do intervalo, e nós nos levantamos devagar.


Logo estávamos subindo as escadas lenta e silenciosamente, e me surpreendi quando ouvi alguém sussurrar no meu ouvido, vindo por trás de mim.


- Vem comigo.


Não precisei olhar pra trás pra reconhecer a voz de Poncho, e lancei um último sorriso fraco pra Anahí antes de acompanhá-lo até uma sala vazia no segundo andar.


Ninguém parecia se dar conta de nossa existência, ocupados demais com suas próprias vidas, por isso não hesitei em entrar naquela sala sozinha com ele.


- Que saudade de você – ele murmurou, sorrindo de um jeito calmo e me dando um beijo delicado, que fez meu sangue formigar daquele jeito de sempre nas veias.


Estar perto dele me trouxe uma sensação temporária de alívio, e me permitiu sorrir sinceramente, mesmo que um sorriso tímido.


- Também senti sua falta – menti, me sentindo novamente desmerecedora daquele carinho por não ter pensado nele uma única vez desde que acordei no dia anterior.


Passei meus braços ao redor de seu pescoço, e Poncho apenas me abraçou apertado, sem me beijar novamente.


Agradeci mentalmente a gentileza dele por não me forçar a encarar seus olhos e ver minhas mentiras refletidas neles, e respirei profundamente seu perfume, que hoje cheirava levemente a.


- Formol? – indaguei, franzindo a testa e me afastando de leve pra poder ver seu rosto.


Poncho riu baixinho, fechando os olhos por um momento.


- Desculpe, eu não imaginei que o cheiro estivesse tão forte a ponto de você notar – ele disse, ainda sorrindo, mas me olhando calmamente – Talvez seja por isso que eu não goste de dar aulas nos laboratórios.


- Como assim? – perguntei, sentindo meu coração acelerar um pouquinho – Você deu aulas práticas hoje?


- É, o Uckermann não pôde vir pra escola e eu o substituí – ele suspirou, entortando a boca – Aquele doido enfiou a BMW num poste ontem de manhã.


Mesmo sem poder me ver, soube que empalideci.


Senti todo o meu sangue simplesmente evaporar e meu coração congelar simultaneamente.


Minha expressão estava totalmente chocada, perplexa, apavorada.


O mau pressentimento estava explicado.


- Ah.


É? – gaguejei, tentando não parecer tão horrorizada quanto eu realmente estava – E c-como ele tá?


Poncho pareceu não notar minha agonia e continuou sorrindo de um jeito divertido ao responder:


- Melhor do que nós, pode apostar.


Ele não se machucou muito, apenas bateu a cabeça com força no volante enquanto tentava frear e ficou desacordado por alguns minutos.


Acabei de voltar do hospital onde ele está em observação, falei com o médico e com o próprio Uckermann, e ele me disse que amanhã mesmo poderá voltar a dar aulas.


A imagem de Christopher batendo com o carro surgiu em minha mente sem esforço, seguida pela cena de vários paramédicos imobilizando-o na maca enquanto ainda estava desacordado.


Um desespero enorme subiu pela minha garganta, fazendo lágrimas se formarem em meus olhos, mas eu fiz o máximo de força pra contê-las, pelo menos enquanto estava na frente de Poncho.


- Eu.


Tenho que ir.


Me lembrei de que tenho uma prova agora – foi tudo que consegui gaguejar, me afastando dele devagar e evitando seus olhos – Depois a gente se vê.


Abri a porta da sala de aula, deixando Poncho totalmente confuso, e subi correndo as escadas, já mais vazias, até o meu andar.


Mal conseguindo conter as lágrimas e com as pernas perigosamente trêmulas, me enfiei num dos cubículos do banheiro feminino, e só depois de trancada e sentada no vaso sanitário fechado, finalmente caí num choro inexplicável.


Tudo que eu conseguia sentir era culpa.


Nojo de mim mesma, repulsa, remorso, um peso imenso me impedia de respirar, me afundando cada vez mais num choro que parecia não ter fim.


Sufocando meus soluços com as mãos cobrindo a boca, eu sentia meu rosto lavado de lágrimas esquentar à medida que o ar me faltava, mas não encontrava força pra respirar.


Quando pensei que fosse desmaiar por falta de oxigênio, meus pulmões entraram no modo de emergência, puxando o ar pra dentro de si em inúmeras inspirações rápidas.


Meus olhos não paravam de liberar lágrimas, e meu nariz começava a ficar congestionado, mas eu não me importava.


As imagens daquele sábado vieram imediatamente à tona: minhas palavras rudes, o olhar furioso de Christopher, seus dedos apertando o volante com força, trêmulos de ódio, sua arrancada bruta quando foi embora.


Tudo estava muito claro.


Todos os pensamentos que ocupavam minha mente se resumiam a uma única frase, que meu cérebro insistia em repetir sem parar.


Se Christopher estava numa cama de hospital nesse exato momento, por melhor que fosse seu estado, era culpa minha.



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Autor(a): dulcete.vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 62



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  • aleaff Postado em 23/12/2019 - 11:34:49

    Brigada por voltar e terminar essa ótima história s2 s2 s2

  • marianarn Postado em 20/03/2019 - 20:31:40

    Posta mais !!!!!!

  • kauanavondy015 Postado em 12/03/2019 - 00:04:36

    Continuaaa PLMDS

  • kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:39:26

    A mãe da Dulce e a melhor kkkkkkkkkk

  • kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:38:40

    Continuaa

  • raylane06 Postado em 15/02/2019 - 01:31:30

    Continua

  • carla_ruiva Postado em 14/02/2019 - 17:22:26

    Aaaaa continua pleace ❤

  • kauanavondy015 Postado em 14/02/2019 - 07:41:31

    Como vc para nessa parteee?continuaaa pfv

  • candyle Postado em 11/02/2019 - 11:21:54

    Aaaaaah Continuaa

    • dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:19:00

      Continuandoooo

  • kauanavondy015 Postado em 07/02/2019 - 01:30:37

    Continuaa Plmds

    • dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:18:46

      Continuandoooo


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