Fanfic: Biology - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy
A professora Sullivan falava entusiasticamente algo sobre Platão, mas sua voz parecia distante de mim naquele momento.
Meus olhos ainda estavam inchados e avermelhados, assim como meu nariz, pelo choro de dez minutos atrás, mas a aula de filosofia parecia estar sendo mais interessante para o resto da classe do que minha cara de enterro.
Felizmente.
Meu corpo estava jogado de qualquer jeito sobre a cadeira, e meu rosto descansava pesadamente sobre um punho, apoiado por um cotovelo sobre a mesa.
Com o olhar vagando pelas linhas do caderno, eu ainda podia sentir a sensação de culpa presa em minha garganta, como se minha dor de cabeça pulsante já não se encarregasse de me castigar o suficiente.
Quando a srta. Sullivan deixou a classe após sua longa aula dupla, notei que uma pessoa se aproximou da minha carteira, e ergui meu olhar pra ver quem era.
Meus parabéns ao filósofo que disse que as coisas sempre podiam piorar, se é que Murphy era um.
Filosofia não era meu forte mesmo.
- Eu só queria te falar que nosso trato está desfeito – Kelly murmurou, parecendo tão irritada por estar me dizendo aquilo que evitava me olhar – Pode ficar tranquila, aquelas fotos nem existem mais.
Franzi levemente a testa, sem entender por que ela estava fazendo aquilo, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ela já se afastava em direção à sua carteira.
A única possibilidade que me veio à cabeça me fez afundar ainda mais em minha própria depressão.
Só podia ter dedo dele naquela história.
Durante a última aula, eu continuei mergulhada em meu desânimo, e mal conversei com Anahí na hora da saída.
Também não vi Poncho, que provavelmente devia estar atrapalhado no laboratório, e assim que avistei o carro de mamãe na saída da escola, corri em sua direção.
Eu precisava sair daquele lugar e ficar sozinha no meu quarto o mais rápido possível.
Passei o dia naquele mesmo humor, só deixando meu quarto pra comer um pouco.
Quando deitei na cama após o jantar, o cansaço de uma noite mal dormida me venceu, e eu dormi pesadamente, apesar dos insistentes pesadelos.
Todos previsíveis, envolvendo o acidente de Christopher.
Acordei no dia seguinte, um pouco menos cansada, e segui minha rotina matinal até chegar à escola.
Apreensiva pra saber se ele viria hoje, eu me sentei ao lado de Anahí, como sempre, e não desgrudei meus olhos da entrada do colégio.
Para minha sorte, não demorou muito e Poncho chegou, conversando animadamente com alguém, que não era ninguém mais, ninguém menos que o professor Uckermann.
Meus olhos se cravaram nele, que parecia completamente saudável, fora o pequeno curativo em sua testa.
Não estava pálido, muito menos abatido.
Parecia até bastante animado, rindo enquanto conversava, e andava normalmente, sem sinais de lesões ou fraqueza.
Um alívio imenso me dominou, mas não consegui relaxar por completo, porque logo os olhos de Poncho estavam nos meus, e ele sorriu fraco, parecendo ressentido com a desculpa brusca de ontem.
Tudo que me faltava era ficar mal com ele, sem dúvida.
O dia se passou tediosamente, fora minha inquietação.
Depois do intervalo, arrastei Poncho para uma sala que sempre ficava vazia no térreo e me desculpei pela pressa do dia anterior, restabelecendo a calma em nossa relação.
Apesar de tudo estar se endireitando novamente, eu ainda estava determinada a pedir desculpas a Christopher e me ver livre daquela horrível sensação de culpa, mas só a hipótese de ter aquele olhar enfurecido no meu já me fazia tremer da cabeça aos pés.
Eu não tive coragem de procurá-lo naquele dia, muito menos no dia seguinte, e só voltei a vê-lo quando minha aula de biologia laboratório chegou, mais rápido do que eu gostaria.
Entrei no laboratório, tensa apesar dos sempre agradáveis minutos sozinha com Poncho depois de sua aula, e vi o professor Uckermann cercado por Kelly e suas amigas.
Ele estava encostado na lousa, com os braços cruzados na altura do peito e um sorriso charmoso, conversando amigavelmente com as meninas.
Notei que ele já não usava mais o curativo na testa, e fiquei feliz por saber que ele estava fisicamente recuperado do acidente, que de certa forma, eu causara.
Me sentei no lugar de sempre, tentando em vão não observá-lo demais durante a aula, mas olhar pra ele ou não era indiferente, já que seu rosto não se virou uma vez sequer na minha direção.
Christopher me fez sentir como se eu nem estivesse ali, coisa que ele sabia fazer e muito bem.
O que eu estava esperando dele afinal? Que ele viesse me agradecer por tê-lo enfurecido tanto a ponto de fazê-lo ferrar com sua BMW? Ele tinha dito que nunca mais olharia na minha cara, e estava cumprindo com sua palavra.
Após o que me pareceu uma eternidade, o sinal tocou, anunciando o fim da aula, e todos seguiram em direção à mesa dele para lhe entregar seus relatórios.
Diante da pressa do resto da classe para ir embora, eu apenas continuei sentada, encarando meu relatório feito pela metade com muito esforço, até me encontrar sozinha com Christopher no laboratório.
Previsivelmente, ele apenas continuou sentado em sua cadeira, organizando os relatórios recém-entregues, com a expressão concentrada.
Respirei fundo, me enchendo de uma falsa coragem, e fiquei de pé para entregar meu relatório.
Senti a folha tremer de leve em minhas mãos, denunciando meu nervosismo, mas continuei caminhando devagar até alcançar sua grande mesa.
Assim que parei à sua frente, notei seu olhar se desviar brevemente dos relatórios e se erguer quase que imperceptivelmente até a altura de minha cintura, o bastante apenas pra me reconhecer e voltar a ignorar minha presença.
Respirei fundo novamente, com o coração se debatendo dentro do peito.
- Professor.
– comecei com a voz fraca, encarando sua cabeça baixa, e não tive coragem de terminar.
Minhas lágrimas estavam lá, como no dia anterior, sem que eu sequer permitisse ou as quisesse ali e tornando minha voz embargada, mas ele não pareceu se importar.
Arrancou meu relatório de minhas mãos de um jeito brusco, ainda sem me olhar, e o colocou de qualquer jeito em sua pasta.
Fechou-a, guardou-a em sua mochila e pôs-se de pé, já com uma de suas alças sobre o ombro e caminhando determinadamente até a saída do laboratório.
- Me desculpe – ouvi minha voz dizer, num sussurro esganiçado, e o silêncio substituiu o barulho de seus passos, denunciando que ele tinha parado de andar.
Mesmo sem vê-lo, pude senti-lo ainda presente, mas não tive coragem de me virar para encará-lo e apenas esperei alguma reação sua, que demorou eternos segundos para finalmente vir.
- Não perca seu tempo – a voz fria dele rosnou, ecoando pelas paredes do laboratório, tão silencioso que me permitia ouvir os batimentos acelerados de meu coração com nitidez.
Fechei os olhos com força, tentando parar de chorar por uma tristeza profunda que eu mal conseguia entender, enquanto seus passos revelavam que ele tinha me deixado a sós com minha culpa esmagadora.
Naquela semana, eu não fui à casa de Poncho.
Segundo ele, Christopher o convidou para uma viagem de fim de semana com alguns amigos no iate de sua família, para comemorar a sorte dele por ter saído ileso de seu acidente.
Poncho mencionou o nome da cidade litorânea para onde eles iriam, que era por sinal onde ficava a casa de praia dos Uckermann, mas eu estava com a cabeça carregada demais pra prestar atenção nesse detalhe.
Estranhamente agradecida por não ter que ir à sua casa na sexta fingir que estava tudo bem comigo, e com a promessa de que Poncho me recompensaria devidamente na semana seguinte, eu, já apresentada ao poder financeiro do professor Uckermann, apenas o desejei boa viagem com um sorriso terno.
Os pesadelos culposos continuaram, me perturbando noite após noite.
Eu ainda não tinha contado a ninguém sobre esse meu complexo de culpa doentio, mas os sinais de desânimo eram notáveis.
Durante um passeio com Anahí naquele domingo, ela perguntou o que estava me incomodando, e mesmo que por um momento eu pensasse na hipótese de contar a ela, preferi dar a desculpa esfarrapada de que estava com insônia.
Não deixava de ser verdade, porque ultimamente o sono passava reto por mim.
A semana começou outra vez, igualmente cinzenta e angustiante.
Christopher continuou fingindo que eu não existia, mas em compensação, Poncho se tornava cada dia mais grudento.
Não sei se era porque estávamos num relativo jejum, ou se eu tinha sido traída durante a viagem no fim de semana e ele também estava sofrendo de culpa, querendo me recompensar com todo o seu carinho incondicional.
A última hipótese só me ajudava a ficar ainda mais deprimida, então eu preferia acreditar na primeira, me fazia sentir necessária pra alguém.
Mesmo que esse alguém estivesse me sufocando inconscientemente.
Diferente da semana anterior, dessa vez a aula de biologia laboratório demorou a chegar.
E quando eu me dei conta de que ela finalmente havia chegado, já estava caminhando na direção de uma das bancadas, com o olhar apreensivo nele.
Christopher usava uma camisa pólo listrada de azul marinho e branco, calças jeans num tom escuro de azul, e tênis tão brancos que faziam os olhos doerem se eu os observasse por muito tempo.
Terrível, absurda e irrevogavelmente lindo.
Novamente, ele explicou como a aula procederia sem me olhar, e dessa vez eu já estava mais preparada pra isso.
Consegui responder todas as questões essa semana, recuperando os velhos hábitos,e quando o sinal tocou, deixei meu relatório onde todos os alunos colocaram os seus, numa pilha sobre a bancada mais próxima da porta.
O que eu interpretei como uma tentativa dele de bloquear qualquer tipo de diálogo comigo.
Mas aquilo não bastaria pra me afastar.
Eu precisava continuar tentando, até finalmente me ver livre daquele fardo que parecia me roer por dentro a cada dia.
De início, pensei em não falar com ele.
Apenas guardei meu material, ainda um pouco indecisa, e fui uma das últimas a deixar o laboratório, com os braços firmemente cruzados na altura do peito e andando devagar.
Mas me forcei a parar apenas alguns passos depois, após ser facilmente ultrapassada por meus colegas de classe ainda restantes, e juntando toda a minha coragem, dei meia-volta e andei na direção do laboratório, dessa vez determinadamente.
Toda a minha bravura sumiu assim que parei à porta, e não tive coragem de entrar.
Dali eu podia ver o professor Uckermann em pé de costas pra mim, organizando e colocando a pilha de relatórios recém-entregues em sua pasta.
Mordi o lábio inferior, hesitante, mas antes que eu pudesse tomar alguma decisão, ele ergueu a cabeça pra frente e virou-a na minha direção, como se tivesse notado minha presença.
Bastou um segundo do olhar dele no meu pra que eu me lembrasse a razão de estar ali, e assim que ele voltou a olhar pra bancada, resolvi ser realmente enérgica e mudar aquela situação.
Minha mente ainda estava um pouco embaralhada, mas eu logo tratei de organizá-la.
- Por quanto tempo você pretende continuar me evitando? – foi tudo que consegui dizer, finalmente entrando no laboratório e parando ao lado dele.
Christopher não me olhou, continuou a organizar os relatórios dentro de sua pasta, fingindo interesse neles.
Mas eu podia ver que seu olhar era vago, talvez incomodado com a minha observação.
Autor(a): dulcete.vondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 62
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aleaff Postado em 23/12/2019 - 11:34:49
Brigada por voltar e terminar essa ótima história s2 s2 s2
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marianarn Postado em 20/03/2019 - 20:31:40
Posta mais !!!!!!
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kauanavondy015 Postado em 12/03/2019 - 00:04:36
Continuaaa PLMDS
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kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:39:26
A mãe da Dulce e a melhor kkkkkkkkkk
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kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:38:40
Continuaa
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raylane06 Postado em 15/02/2019 - 01:31:30
Continua
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carla_ruiva Postado em 14/02/2019 - 17:22:26
Aaaaa continua pleace ❤
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kauanavondy015 Postado em 14/02/2019 - 07:41:31
Como vc para nessa parteee?continuaaa pfv
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candyle Postado em 11/02/2019 - 11:21:54
Aaaaaah Continuaa
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:19:00
Continuandoooo
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kauanavondy015 Postado em 07/02/2019 - 01:30:37
Continuaa Plmds
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:18:46
Continuandoooo