Fanfic: Biology - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy
Sua voz não era de repreensão, e sim, de alívio. Com esforço, contive o choro, enxugando minhas lágrimas rapidamente, e voltei a encará-lo, sentindo-me trêmula e tonta.
- Me desculpe – soprei, tentando secar as manchas de minhas lágrimas em sua blusa, sem o menor sucesso, para evitar contato visual – Eu acho que estou um pouco... Sensível demais.
- Tudo bem, amor, eu entendo – ele sorriu docemente, enxugando uma última lágrima teimosa de minha bochecha – Não se preocupe com isso.
O sinal tocou, indicando o fim do intervalo, e meu estômago revirou de leve em alívio. Poncho fez uma careta mal educada, me fazendo sorrir fraco, e murmurou:
- Droga. Temos que ir.
- É – funguei baixinho, fazendo a melhor cara de resignação que foi possível – Mas tudo bem. Pelo menos matamos um pouco da saudade.
- Um pouco? Isso aqui não deu pra quase nada! – ele resmungou, emburrado – Aliás, vinte minutos não são absolutamente nada... Vou propor intervalos de uma hora na próxima reunião de professores.
- Boa sorte – sorri quase tristemente, achando sua carinha muito fofa – Mas enquanto ela não chega, temos que nos conformar com vinte minutos.
- É, acho que temos – Poncho murmurou, fazendo beicinho - Posso pedir só mais um beijinho antes de irmos?
Ergui meus olhos ainda bastante úmidos e secretamente cheios de dor até os dele, e Poncho olhou fundo neles, como se tentasse ultrapassar a barreira misteriosa que eu havia construído para ocultar meus erros. Não sei o que ele viu em minhas íris; só sei que um sorriso lindo e discreto surgiu em seu rosto, e sem esperar resposta, ele venceu a distância restante entre nossos lábios, me levando para seu mundo feliz, que agora, me parecia simplesmente vazio.
E foi naquele mundo deserto e sem vida que minha mente finalmente foi capaz de enxergar todas as dúvidas que me preenchiam pela perspectiva certa, e tomou o controle sobre meu coração, impedindo-o de gritar por mais que a dor o dilacerasse.
Foi naquele momento, com os lábios de Poncho grudados aos meus, envolta em todo o seu carinho e amor, que eu finalmente tomei minha decisão.
Fui a primeira a cruzar a porta de minha classe, assim que o sinal indicou o fim da última aula, matemática, da qual eu não entendi absolutamente nada. Assim como não entendi nada de nenhuma outra aula, ou de qualquer outro acontecimento ao meu redor. Se eu dissesse que, durante o resto da manhã, escapei por pelo menos dois segundos do domínio extremamente possessivo de minha mente, onde estive mergulhada em seu ponto mais fundo, estaria mentindo. E nem precisei me forçar a fazer isso; meu inconsciente sabia muito bem que se permitisse um único instante de distração de meu foco, meu coração voltaria a me comandar, retomando o controle que agora era de minha razão. E eu não podia mais me permitir o direito da dúvida.
Desci rapidamente as escadas do prédio, aproveitando-me do fluxo ainda praticamente inexistente de pessoas por ali, e caminhei o mais rápido que pude até meus pés encontrarem os degraus que minha sanidade tanto temia. Subi-os com toda a agilidade que pude, já que minhas pernas se recusavam a colaborar e meu coração insistia em bater tão forte que parecia querer se libertar de meu peito, declarando sua irritação por ser ignorado. Andei com passos trêmulos até meu objetivo, sentindo meus pulmões expelirem todo o ar existente neles e trancarem suas portas para que mais oxigênio entrasse. Minha mente podia estar no controle, mas meu coração tinha suas formas de tentar me impedir de segui-la. E mesmo que parte de mim concordasse com ele e não quisesse fazer aquilo, a pouca sensatez que ainda me restava admitia que eu não podia mais adiar essa atitude se quisesse ter um pouco de paz.
Envolvi a gélida maçaneta de ferro com minha mão, apertando-a e tentando me manter calma e consciente. Respirei fundo, conseguindo fazer com que o mínimo de ar inflasse meus pulmões, e entrei no laboratório, sem nem me dar ao trabalho de pensar se ainda havia alguma turma tendo aula. Eu sabia que o único dia no qual o laboratório de biologia era usado durante o último tempo era no dia da aula de minha classe. Só me restava saber se quem eu procurava ainda estava lá.
O que não demorei a descobrir.
Meus olhos encontraram a forma dos ombros largos de Ucker assim que pisei no laboratório, e por um segundo, as ideias e palavras se perderam em minha mente, como pequenas gotas de chuva em um vendaval: insignificantes e ridiculamente fracas. Graças à minha entrada não exatamente silenciosa na sala, ele não hesitou em virar-se até seus olhos focalizarem os meus, e quando suas íris castanhos se conectaram às minhas, eu desejei poder ignorar por completo tudo que havia me levado até ali e apenas seguir o que meus sentimentos mandavam. Mas eu me contive, sentindo meu estômago revirar-se nervosamente em agonia, e evitei mergulhar demais em seus olhos. Perder meu foco, justamente agora que eu o tinha tão firmemente, naqueles buracos negros de suas pupilas era algo que definitivamente não deveria acontecer, mesmo que eu não estivesse completamente certa disso. Estava doendo demais para sequer pensar.
Sim, já estava doendo, mais do que eu imaginei que doeria. E eu sabia que a partir dali, por mais impossível que isso pudesse parecer, a dor só ficaria pior. Mas eu precisava dar um jeito na minha vida. Chega de desistir, chega de fraquezas. Era hora de agir feito gente grande.
Ucker analisou meu rosto rapidamente, recuperando-se da surpresa que havia moldado seus traços numa expressão discretamente feliz, e assim que viu os indícios de más notícias em meus olhos agoniados, suas sobrancelhas se franziram em desconfiança. Seu olhar praticamente falava com o meu, mesmo que estivéssemos em absoluto silêncio. Ele havia entendido que eu não estava ali pra brincadeira; sabia que não precisava de palavras para me incentivar a falar.
E assim eu o fiz. Por mais que eu não o quisesse, eu falei as pequenas e breves palavras que partiriam meu coração ao meio num piscar de olhos.
- Vou ficar com Poncho... Não me procure mais.
Cada palavra parecia uma grande bola de espinhos saindo de minha garganta, lenta e dolorosamente, por mais depressa que eu as tivesse pronunciado. Lágrimas encheram meus olhos, impedindo-me de ver com clareza a expressão em seu rosto, e antes que uma delas pudesse cair, dei meia volta e corri para longe do laboratório, sentindo meu coração doer como se estivesse se autodestruindo.
Eu sabia que seria difícil fazê-lo sobreviver após perder uma de suas metades.
Só não imaginei que seria mais difícil ainda querer que ele sobrevivesse.
Se ainda tiver alguém por aqui, que um UP
O proximo cap. tem pov Christopher
Autor(a): dulcete.vondy
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Christopher Uckermann’s POV Vou ficar com Poncho. Não me procure mais. Trinta e dois dias haviam se passado. Setecentas e sessenta e oito horas, quarenta e seis mil e oitenta minutos... Dois milhões, setecentos e sessenta e quatro mil oitocentos e mais alguns malditos segundos. E as malditas oito palavras que ela cuspiu como se fosse um veneno ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 62
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aleaff Postado em 23/12/2019 - 11:34:49
Brigada por voltar e terminar essa ótima história s2 s2 s2
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marianarn Postado em 20/03/2019 - 20:31:40
Posta mais !!!!!!
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kauanavondy015 Postado em 12/03/2019 - 00:04:36
Continuaaa PLMDS
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kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:39:26
A mãe da Dulce e a melhor kkkkkkkkkk
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kauanavondy015 Postado em 16/02/2019 - 14:38:40
Continuaa
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raylane06 Postado em 15/02/2019 - 01:31:30
Continua
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carla_ruiva Postado em 14/02/2019 - 17:22:26
Aaaaa continua pleace ❤
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kauanavondy015 Postado em 14/02/2019 - 07:41:31
Como vc para nessa parteee?continuaaa pfv
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candyle Postado em 11/02/2019 - 11:21:54
Aaaaaah Continuaa
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:19:00
Continuandoooo
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kauanavondy015 Postado em 07/02/2019 - 01:30:37
Continuaa Plmds
dulcete.vondy Postado em 14/02/2019 - 00:18:46
Continuandoooo