Fanfic: After | Tema: Vida

Geralmente as pessoas usam a expressão "ponto final" quando precisam dar fim à alguma coisa.
O ponto final se tornou um conceito universal para o fim, mas o fato aqui é que sempre existirá algo após o ponto final.

Eu me chamo Mirtis, seu narrador, e sou também uma peça importante dessa história.

Diferente do habitual, essa história não começa do início, para ser sincero, não há necessidade de contar histórias a partir do começo, no fim das contas é sempre possível juntar as peças e formar o todo, então,  ela não segue uma linha cronológica muito exata. Na verdade, antes de começarmos a confundir as coisas precisamos estabelecer um ponto de partida e nada melhor do que o "fim" dessa história para consumar tal cerimônia, a morte de Gyvas Giedraitis, ou como era chamado pelos amigos e parentes "Givy". Por hora, vamos utilizar o Givy apenas como "o falecido", afinal, foi essa a identidade que ele adquiriu minutos após eu ter entrado em uma sala de interrogatório por tentar salvar sua vida.

• Podemos começar então. Conte-me, você sabe dos motivos do falecido? 


• Ele nunca foi de demonstrar suas dores, as vezes parecia que o Givy tinha um mundo só dele onde ele podia ir e vir, um mundo onde ele buscava refúgio nestes momentos.


• Você nunca notou nenhum indício?


• Como eu disse senhor, não tinha como notar algo em alguém tão fechado como ele.


• Os outros disseram que vocês eram colados um no outro.


• Estar por perto, nem sempre significa conhecer. Você já parou para pensar nisso senhor?


• Explique melhor.


• Digo, você de fato conhece as pessoas a sua volta? Um ser humano é bem mais do que essa mera carcaça externa que usamos para nos apresentar em sociedade. Por de trás dos olhos habita muita complexidade. Ao sentar do lado de alguém em um transporte público, você conhece apenas a aparência da pessoa, talvez até o nome, mas você não sabe se está ao lado de um psicopata ou de um gênio, ou até mesmo dos dois.


• Então, você está me dizendo que não conhecia o falecido?


• Não exatamente... Eu conhecia o Givy, mas não conhecia quem ele era.


• Então o que você acha que aconteceu ontem?


• A verdade, senhor, é que ontem foi um péssimo dia.
  Um péssimo dia para levantar da cama, um péssimo dia para sair de casa, um péssimo dia para visitar o Givy.


• Quando você chegou no apartamento do falecido já havia acontecido?


• Você pode chama-lo de Gyvas.
  Mas respondendo a sua pergunta... Não consigo começar uma história do final, eu possuo um enorme toc com linhas cronológicas.
  Se me permite, vou começar do começo.


• Temos bastante tempo.