Fanfics Brasil - Capítulo 4 – Parte 2 Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 4 – Parte 2

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— O cara mais folgado que eu conheço. E o mais legal também. Boa sorte com ele. — As portas metálicas se fecharam, e o elevador começou a subir.


O táxi já me esperava, instruído sobre o meu destino. Aproveitei o momento de calma para ligar para casa. Ninguém atendeu. Na terceira tentativa, comecei a ficar preocupada, então liguei para o celular de Magda e fiquei aliviada quando ela atendeu.


— Sua tia está ótima. Estamos passeando. E ela não andou muito. Juro! — ela se apressou.


— Certo, Magda, mas tenta convencer ela a voltar pra casa. Tá um pouco abafado hoje.


— Vou tentar. Ela já fez o que queria mesmo, então não vai ser difícil.


— Como assim? O que ela queria fazer?


— Humm... Nada não! Eu tenho que ir! — Desligou.


Claro que eu passaria o resto do dia preocupada. As ideias de tia Berenice sempre acabavam em confusões que envolviam a polícia, os bombeiros ou o seu Russo, o dono do boteco da esquina com quem ela vivia em pé de guerra desde que o flagrara marinando frangos dentro de uma banheira.


Eu tinha ido até a Fundação Narciso de Bragança e Lima apenas uma vez, na festa anual dos funcionários, e o tamanho da construção me fascinara.


Era monstruosa, mas de uma graça que só a casa dos ricos tem. Talvez pelas janelas repletas de rococós, daquelas que levam uma semana para ser limpas.


Atravessei o jardim bem cuidado e entrei pela porta da frente, que estava escancarada. Crianças de todos os tamanhos e idades corriam descontroladas pelo cômodo. Uma mulher de cabelo preto e óculos tentava pôr alguma ordem. Ela não percebeu minha entrada, então fiquei ali, no canto, esperando não sei bem o quê.


— Já chega, seus pestinhas. Quem não parar de correr agora vai ficar sem sobremesa por uma semana! — ela esbravejou.


As crianças se aquietaram no mesmo instante e olharam para ela em completo horror.


— Isso mesmo! Agora vão lá pra fora, sem baderna, e esperem o problema ser resolvido.


As crianças formaram uma fila indiana e começaram a sair, algumas de cabeça baixa.


— Hunf! Como se eu fosse me deixar comover por essas carinhas de anjo. Eu sobrevivi à menina Anahí. Nenhum de vocês vai conseguir me dobrar, ouviram?


Ah... Oi. — Ela finalmente me notou.


— Oi. Eu sou a Dulce. Trabalho na L&L e estou procurando a Anahí.


— Ela me avisou que você viria. A menina está no escritório. É por aqui.


A mulher me guiou até uma sala e abriu a porta sem bater. Eu esperei no corredor.


— A moça da L&L chegou — anunciou.


— Obrigada, Mazé. Manda ela entrar.


Respirei fundo e ajeitei os óculos. A sala era na verdade uma biblioteca, com estantes até o teto e uma larga mesa no centro, onde a garota loira de ar angelical estava debruçada, os olhos no computador, uma das mãos no encosto da cadeira ocupada por um rapaz. Ao menos eu acho que havia uma cadeira, já que os ombros dele eram bem generosos sob a camiseta vermelha e escondiam o espaldar.


Ele tinha um perfil bonito. Nariz reto, queixo quadrado e obscurecido pela barba rala, a pele dourada que deixava o cabelo liso e negro ainda mais brilhante, a boca larga apertada em concentração. Não sei por que notei tudo isso. Também não faço ideia do motivo pelo qual meu rosto começou a esquentar.


O dia estava quente. Devia ser isso.


Empurrei os óculos para cima e torci para que as lentes não embaçassem.


Acontecia de vez em quando.


Anahí ergueu os olhos para mim, ao contrário do rapaz.


— Ei, Dulce, já falo com você. — Ela voltou a olhar para a tela. — E se tirar esse negocinho? Não parece muito útil. Será que não resolveria o problema?


O rapaz a encarou.


— Anahí, isso é o Java.


Ela queria desinstalar o Java? Meu Deus do céu!


Anahí apenas olhou para ele, dando de ombros, e eu engoli o riso. O rapaz, porém, bufou.


— É como... como... — Ele mordeu o lábio inferior (um pouco mais carnudo que o superior; não sei por que registrei essa informação também), procurando as palavras. — Tudo bem, é como um livro. Você tem as folhas em branco, que não servem pra nada se não tiverem algo impresso. Mas se torna um livro depois que a tinta entra. As folhas são o Java.


— Ah, saquei. Acho. — Ela não parecia ter sacado coisa nenhuma. — Não sou grande coisa com computadores e programas.


— Se você não me dissesse, eu nunca teria adivinhado. — Ele voltou a teclar. — Me dá um tempo. Vou acabar encontrando o erro e botando o sistema pra funcionar outra vez.


— É o sistema? — acabei me intrometendo. Tá, eu tenho uma quedinha por máquinas com problemas. O que eu posso fazer? Sou apenas humana!


— É. Essa porcaria deu pau. E... — Ele levantou os olhos para mim.


Um arrepio subiu pela minha coluna e explodiu no centro do meu estômago.


Ele não era apenas bonito. Era lindo, de um jeito tão irritantemente perfeito que cheguei a me perguntar se era de verdade ou se eu havia fabricado um dos heróis dos romances de tia Berê.


E ele me pareceu familiar, mas eu estava certa de que nunca o tinha visto. Eu não teria esquecido.


Apenas porque minha memória sempre foi ótima. Nada a ver com o fato de ele ter um rosto marcante ou os olhos verdes mais incríveis que eu já tinha visto nem nada assim. Nada mesmo.


Percebi, com um pouco de atraso, que ele também estava me encarando. Endireitei os ombros — reação reflexa àquele tipo de exame — e lutei contra a vontade de empurrar os óculos para cima.


Eu me considerava uma garota normal, sem nenhum grande atrativo, mas também não havia nada tão desagradável assim. Houve uma época em que meus óculos assustavam as pessoas. As lentes grossas demais, que corrigiam minha miopia, deixavam meus olhos muito pequenos, como se tivessem encolhido nas órbitas. Então a tecnologia avançou, minhas lentes já não pareciam uma lupa e pesavam poucos gramas. Não devia ser isso que chamara tanto a atenção daquele cara.


Por que ele continuava me olhando daquele jeito? Não percebia que era grosseiro? E que minhas bochechas ficavam cada vez mais quentes?


— E...? — Anahí instigou.


Ele piscou e desviou os olhos para ela, graças aos céus. A quentura em meu rosto, porém, persistiu.


— Nada. Tenho tudo sob controle. — Ele voltou a olhar para a máquina.


Anahí contornou a mesa e veio ao meu encontro.


— Isso aqui tá uma loucura hoje, Dulce. Já aconteceu de tudo. É só assinar?


Fiz que sim com a cabeça e lhe entreguei o envelope. Ela o abriu e começou a morder a ponta do dedão enquanto examinava o documento, andando de um lado para o outro na biblioteca.


Espiei o rapaz pelo canto do olho, tentando decifrar o que ele estava fazendo pelas teclas que apertava. Uma mecha de cabelo escuro lhe caía no olho, e ele a afastou com um movimento brusco dos dedos.


Poncho!


Foi por isso que o achei tão familiar. Ele se parecia com o Poncho, do Comex, exceto pelo cabelo. E pelo fato de ser um pouco mais jovem que o executivo. E mais bonito e largo também.


O calor em meu rosto se intensificou. Mas que droga! Alguém devia dar uma olhada no ar-condicionado daquela sala.


 



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Autor(a): dulcete.vondy

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— Porcaria — ele chiou baixinho. — Quer que eu dê uma olhada? — me ouvi dizendo. — Sou programadora. Ele virou a cabeça, um dos cantos da boca curvado para cima. — Você faz programa, é? Toda vez que alguém usava aquela piada comigo, eu sentia um desejo quase incontrolável de chutar alguma coisa. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 88



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  • eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08

    Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada

  • anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39

    Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21

      Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/

  • Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51

    Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua &quot;frustação&quot;, é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser &quot;perfeito&quot;, ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12

      owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((

  • eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45

    Continua... está muito bom! Tô adorando.

  • cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06

    Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30

    Desanimando**

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57

    To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(

  • carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43

    Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss

  • capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27

    Aaaaaaah,continua logo por favooooooor

  • cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41

    Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3


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