Fanfics Brasil - Capítulo 51 Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 51

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Dulce


 


— Então eu tive que lavar a bolsa dela enquanto ela continuava gritando que eu tinha assassinado a sua bebê. Juro, Dulce, nem tinha caído muito suco de tomate. Um meio copo, no máximo.


Acabei rindo de novo. Christian estava me contando suas histórias mais engraçadas fazia mais de meia hora. Muitas delas eu já conhecia, mas não importava. Meu amigo estava tentando me fazer parar de pensar no que havia acontecido, e estava conseguindo. Quase.


Ele pegou minha mão e a levou aos lábios.


— Fiquei louco de preocupação até chegar aqui. Quando o Poncho ligou avisando, eu fiquei com medo de que ele pudesse estar mentindo quando disse que você estava bem. Rezei o caminho todo, Dul.


— Obrigada por ter vindo. Eu não queria ficar sozinha, por isso pedi pro Poncho te ligar. Você viu o Christopher? Ele parecia bem? — Eu não o via desde a academia. Fomos trazidos em ambulâncias separadas, e tudo o que eu sabia é que ele estava naquele hospital em algum lugar.


— Não vi, mas o Poncho disse que ele está bem. Fica tranquila.


— Você ficou quando ele te disse que eu estava bem?


— Tá legal. Já entendi. — Ele fez uma careta, se levantando.


— Obrigada, Christian.


Mas não houve tempo para nada, já que o médico que me atendera entrou, e eu fui liberada. Assim que retiraram o soro de meu braço, pulei da cama, doida para ver Christopher. Precisei de apenas seis passos para isso. Ele estava no corredor, a algumas portas de distância, os braços cruzados sobre o peito, uma expressão dura no rosto. Anahí e Poncho um pouco mais atrás.


Ele me olhou dos pés à cabeça duas vezes, e acho que fiz o mesmo, me certificando de que cada pedacinho dele estivesse no lugar. Meu corpo todo tremeu na ânsia de correr até ele e me jogar em seu colo. Mas algo em seu olhar me impediu.


— Bom, acho que você tem carona para casa — Christian me disse. — Passo lá amanhã para te ver.


— Obrigada, Christian.


Ele me deu um beijo no rosto, acenou para os demais — Anahí e Poncho retribuíram, Christopher não — e desapareceu no corredor.


— Vamos? — Poncho perguntou, com gentileza.


Estudei Christopher, de sua postura rígida à frieza em seu rosto. Não era exatamente a recepção que eu tinha imaginado.


Um pouco hesitante, fiz que sim com a cabeça, deixando o casal ir na frente, esperando que Christopher ficasse um pouco mais para trás e eu pudesse falar com ele. No entanto, ele se adiantou, colocando Poncho e Anahí entre nós.


Tentamos não fazer barulho para não despertar minha tia, mas foi inútil, já que ela nos esperava acordada. Temi que seu coração não fosse resistir ao nos ver chegar como dois zumbis repletos de marcas de agulhas nos braços e roupas amassadas, mas ela aguentou firme, e imediatamente entrou no modo “tia Berê”, cuidando de mim e tentando fazer o mesmo com Christopher.


Ela só desistiu quando Poncho garantiu a ela que ele mesmo faria isso.


Ela me ajudou com o banho, por mais que eu insistisse que nada daquilo era necessário, e foi muito estranho. Eu estava tão habituada a cuidar dela que parecia errado que se desse o contrário.


Ela esquentou uma sopa congelada e me deu na boca. Desapareceu por uns instantes e, a julgar pelas risadas de Poncho e Anahí, acho que fez o mesmo com Christopher. Ela me colocou na cama, como fazia quando eu tinha cinco anos, e se deitou a meu lado, cantarolando minha música favorita de ninar.


Adormeci, mas fui levada para as águas profundas de um pesadelo, em que eu assistia enquanto Christopher era capturado por uma besta de duas cabeças.


Acordei arfando, o coração na boca, e, sem fazer barulho, saí do quarto na pontinha dos pés. Entreabri a porta do quarto dele com cuidado. Christopher estava acordado, o abajur acesso, olhando para o teto, imerso em pensamentos. Por sua expressão, não parecia um bom lugar para estar, não.


Ele virou a cabeça e me analisou de cima a baixo, como se me absorvesse. Sem dizer nada, Christopher ergueu o lençol em um convite que eu não pensei duas vezes para aceitar, me aconchegando a ele, enroscando os braços e as pernas em seu corpo quente, como se tentasse me enfiar sob sua pele.


— Me desculpe — murmurei.


— Por quê? — Ele começou a acariciar meus cabelos ainda úmidos.


— Pelo que aconteceu na piscina. Eu devia ter sido mais cuidadosa.


— Esquece isso. Acidentes acontecem. Mas eu falei sério, Dulce. Não quero você perto de uma piscina até que aprenda a nadar. — Ele me abraçou com força e soltou um longo suspiro.


— Pensei que você estivesse com raiva de mim. Você mal falou comigo no caminho do hospital para cá. — Eu só tive um dia ruim.


Fiquei um pouco decepcionada por ele não ter dividido comigo o que o incomodava tanto. Porque mesmo agora, enquanto me abraçava, eu o sentia mais distante. Não que ele tivesse obrigação de me contar alguma coisa, mas, depois do que aconteceu, da experiência que tivemos naquela piscina, eu me senti ainda mais próxima a ele, a ponto de querer lhe contar tudo sobre mim. Ele, por outro lado, se afastava.


O medo de que eu estivesse entendendo tudo errado fez meu peito doer, mas então Christopher colocou o indicador sob meu queixo e o inclinou para cima.


— Tudo o que eu quero agora é esquecer o mundo por um instante. — Seus olhos chispavam, mas havia algo escondido sob todo aquele brilho. Uma tristeza, uma dor profunda. — Por favor, me faça esquecer, Dulce.


— Como?


Sua resposta foi abaixar a cabeça e me beijar. Um beijo tão delicado quanto faminto, muito doce e ao mesmo tempo lascivo. Ele nunca tinha me beijado daquele jeito, como se... como se estivesse me guardando na memória.


No dia seguinte, tudo o que eu queria era ir para casa. O clima estava esquisito na área de TI. Muitos me olhavam com certo temor. Maite tentou me tranquilizar dizendo que era por causa de Samantha, mas no fundo eu sabia que eles estavam com medo, por eu ter colocado uma câmera escondida. Que tipo de maluca faz isso, não é mesmo? Foi um saco repetir a mesma história de novo e de novo e de novo, ainda mais quando meu corpo parecia ter sido atropelado por um rolo compressor.


Eu estava bem, mas o quase afogamento me deixara exausta. Christopher, por outro lado, acordara como se nada tivesse acontecido. Ele engolira muita água tentando me salvar, é verdade, mas ela não entrara em seu pulmão, como no meu caso. Eu tinha conseguido escapar do quarto dele antes que tia Berenice acordasse. Ele estava um pouco aéreo, mas achei que fosse normal. Eu mesma não estava conseguindo me concentrar direito naquele dia.


Nunca o dia me pareceu mais longo, e acho que alguém lá em cima ficou com pena de mim, pois consegui um lugar no ônibus e cheguei em casa em tempo recorde.


Encontrei Christopher esticado no sofá, sem camisa, olhando para a TV desligada, perdido em pensamentos.


— Dulce! — exclamou, se sentando. — Você chegou cedo!


— Nem eu acredito nisso. Cadê a tia Berê?


— Ela foi para casa com a Magda. Disse que não aguentava mais ficar aqui dentro.


Acabei gemendo ao jogar a mochila na mesa.


— E eu que achei que ia pra cama mais cedo hoje.


Christopher relanceou o corredor, esticando o braço para a cadeira.


— Escuta, Dulce...


Eu me soltei na poltrona. Algo espetou minha bunda. Eu me levantei o suficiente para tirar o que quer que fosse dali debaixo.


Uma bolsa.


Uma bolsa feminina.


Olhei para Christopher. Ele pressionou os lábios, fechando os olhos, como se sofresse.


— Eu posso... — começou, mas se interrompeu quando a porta do banheiro se abriu e uma garota muito bonita saiu de lá.


Eu já a vira antes, na academia. E ela vestia apenas uma camiseta.


De Christopher.


— Christopher, esse seu chuveiro é... Ah, oi. — Ela se deteve tão logo me viu.


Fiquei de pé, o coração batendo tão rápido que doía. Ah, meu Deus.


— Dulce, espera...


Dei um passo para trás. Ele não podia ter... ele não havia realmente... ele não...


Não percebi que estava correndo até passar a mão na alça da mochila e disparar pela porta. Apertei o botão do elevador repetidas vezes, como se assim o fizesse chegar mais depressa. Isso deu tempo para Christopher me alcançar.


— Dulce, eu posso explicar — falou atrás de mim.


— Pode? — Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo.


— Não é o que parece.


Girei sobre os calcanhares e o encarei com raiva.


— Não ouse insultar minha inteligência! Desde quando? — exigi saber. — Desde quando você está saindo com ela? E não precisa se dar o trabalho de inventar uma desculpa. Nunca estivemos em um relacionamento exclusivo. Na verdade, nunca tivemos um relacionamento e ponto-final.


Sua postura mudou, como se eu o tivesse magoado profundamente.


Mas ele logo se recuperou, e uma frieza glacial enevoou seu olhar sempre tão quente.


— Eu não pretendia te magoar. — Sua voz espelhava sua expressão. — Esse lance com a Sandrinha tem um tempo. Achei que tivesse acabado, mas... bom...


a gente se encontrou por acaso hoje, e as coisas saíram...


— Pare! — me ouvi sussurrar. Meu corpo se sacudia com os tremores.


— Parar por quê, Dulce? Você queria ouvir, não queria? Ou pensou que o que aconteceu entre nós dois tivesse mudado quem eu sou? — E abriu aquele seu meio-sorriso cafajeste, enquanto me estudava com os olhos frios. — Você pensou. — Ele balançou a cabeça, como se sentisse pena. — Menina, essa coisa de amor só acontece naqueles filmes idiotas que a sua tia assiste. Na vida real a coisa é bem diferente. O que rolou entre nós foi bom, claro, mas foi só isso. — Ergueu os ombros. — Nada de especial.


Senti como se uma parte de mim morresse naquele instante.


— Sinto como se estivesse te vendo pela primeira vez, Christopher. Eu não conheço você. — Porque aquele homem frio e sarcástico não era o mesmo cara que tinha feito amor comigo, apaixonadamente, na noite anterior.


— É possível. Você romantizou algo que na verdade era só sexo.


Aquilo foi a gota-d’água.


— Você esteve certo esse tempo todo. Eu sou muito idiota! Desde a primeira vez que eu te vi, percebi o tipo de canalha que você é, mas ignorei meu sexto sentido e me deixei envolver. Eu acreditei em você! Sou muito, muito burra! — Eu estava toda dormente, o que era bom. Ficava mais fácil conseguir dizer o que era preciso se eu não sentisse nada abaixo do pescoço. — Eu gostaria de dizer que te odeio, Christopher, mas nem isso eu consigo sentir. Acho que eu devia te agradecer por ter me ajudado quando eu mais precisei — continuei. — Mas não vou. Eu te ajudei também, e estamos quites. Vou deixar você para trás, assim como todas as mentiras que nós criamos juntos, e pode apostar que nunca mais vou pensar em você. Sou muito boa em armazenar coisas desagradáveis e trancafiá-las nos confins da alma. — Minha voz falhou.


Aquela sombra se esvaiu por um instante, e por um momento louco tive a impressão de estar olhando para o meu amante, para o homem em cujos braços eu me sentia segura e querida. Ele era um tremendo ator.


E eu não.


Tudo foi de verdade para mim. Tudo foi real.


— Adeus, Christopher Uckermann.


Não consegui esperar o elevador chegar; abri a porta de emergência e corri escada abaixo.



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Autor(a): dulcete.vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 88



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  • eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08

    Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada

  • anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39

    Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21

      Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/

  • Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51

    Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua &quot;frustação&quot;, é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser &quot;perfeito&quot;, ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12

      owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((

  • eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45

    Continua... está muito bom! Tô adorando.

  • cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06

    Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30

    Desanimando**

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57

    To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(

  • carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43

    Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss

  • capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27

    Aaaaaaah,continua logo por favooooooor

  • cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41

    Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3


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