Fanfics Brasil - Capítulo 56 Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 56

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Christopher


 


Cheguei em casa perto das oito e fui para a cozinha preparar o jantar. Uma rápida olhada no armário e descobri que eu estava sem Doritos. E sem miojo. Saco. Havia algumas coisas na despensa, coisas que dona Berenice havia comprado. Envergonhado, como se as latas de tomate me observassem de maneira acusadora, fechei o armário e liguei para a pizzaria.


Desde que Dulce tinha ido embora, voltar para casa era assim. Eu ainda sentia o cheiro dela impregnado em todos os cantos do apartamento, e tudo parecia gritar “Seu grande idiota!”, das almofadas no sofá à TV, que eu já não ligava. E o silêncio que antes eu prezava tanto agora parecia me sufocar até eu ter de abrir todas as janelas em busca de ar. Nunca adiantava, claro, mas eu tentava. E sabia que a culpa era minha.


Nunca fui muito bom em lidar com situações extremas. Não achava que havia errado em terminar com a Dulce, mas a forma como fiz isso, sim. Em minha defesa, minha cabeça estava fodida. Eu tinha saído daquele consultório com a sensação de morte. Não uma morte física, mas a morte de minha vida antiga, do antigo eu. Imagino que seja normal meter os pés pelas mãos numa situação dessas.


Quando a dor da morte começou a se assentar, veio o luto por tudo aquilo que nunca seria. Minha família foi incrível, me deu todo o suporte de que eu precisava, sobretudo meu irmão. Em momento algum eles sentiram pena de mim, coisa que eu odiava — ironicamente, fui o único a fazer isso.


Teria sido impossível suportar aquilo sem eles. E, em algum momento, a dor cedeu. Não desapareceu, e acho que nunca desapareceria, mas não era tão grande quanto eu havia imaginado. Conforme ela retrocedia, uma dor diferente surgiu, e essa sim era monstruosa.


— Coração partido — Poncho disse certa noite, enquanto eu o ajudava a preparar o jantar em sua casa. E eu não discuti; era isso mesmo. Meu coração estava destroçado.


Então eu pretendia tomar um banho, comer a pizza e cair na cama, mas me detive ao passar pelo quartinho que Dulce e Berenice haviam ocupado.


Eu não entrava ali desde que elas haviam se mudado para minha casa.


Segurei a maçaneta, inspirei fundo e abri a porta. O ar parecia saturado, os móveis precisavam de uma boa espanada, mas tudo estava como as duas haviam deixado. Nada fora do lugar, exceto pela camisola verde de vaquinhas da dona Berenice, dobrada aos pés da cama. Abri a gaveta da cômoda que fora ocupada por Dulce. Corri os dedos de leve sobre as blusas dobradas à perfeição. No entanto, senti um calombo rígido sob a pilha de tecido. Curioso, dei uma espiada e descobri uma caixinha de madeira antiga, com o desenho desgastado de uma rosa na tampa. Peguei-a com cuidado. De início, seu conteúdo me pareceu apenas lixo. Entretanto, reconheci a pequena margarida, agora seca, com que ela brincara em nosso primeiro encontro, o guardanapo de papel com o logo da lanchonete que ela dobrara e desdobrara para disfarçar a tensão, o isqueiro em formato de coração, o recibo da pista de boliche...


Ela havia guardado algo de cada momento em que estivemos juntos.


Cada uma daquelas coisas havia sido importante para ela. Cada um daqueles objetos dizia que ela não tinha se aproximado de mim por pena ou por causa de sua natureza dependente. Eles afirmaram algo que, no fundo, eu já sabia, e tinha medo de acreditar.


— Ah, Pin... — Meu coração deu um coice dentro do peito, me deixando sem ar.


Meu Deus, o que foi que eu fiz?


O interfone tocou e tive de engolir em seco para controlar a súbita umidade que me brotou nos olhos. Fechei a caixinha de tesouros e a coloquei de volta na gaveta com muito cuidado.


— Seu Christopher, seu pais estão aqui — o porteiro foi dizendo quando atendi. — Eu pedi para eles esperarem, mas a sua mãe me deixou falando sozinho e a essa altura já deve...


Alguém bateu à porta.


— Sem problemas, seu Emerson.


Desliguei e fui abrir a porta. Minha mãe tinha duas travessas nas mãos.


Meu pai segurava mais quatro.


— Olá, meu querido. Espero que esteja com fome. — Ela me beijou rapidamente e foi entrando. — Posso colocar na geladeira?


— Claro, mãe.


— Fiz tudo o que você gosta. Dá para congelar. — Ela enfiou a comida na geladeira.


— Pensei que vocês só viessem para o fim de semana, por causa das paradas do casamento do Poncho. — Fechei a porta e me juntei a eles na cozinha.


— Eu também — bradou meu pai, equilibrando as travessas.


— Eu fiquei com saudade dos meus meninos. Vou passar na casa do seu irmão daqui a pouco. Como está se sentindo, meu amor?


— Bem, mãe. Não precisava ter trazido comida. Eu sei cozinhar, lembra?


Ela foi até a pia para se livrar de um pouco de molho que respingara em seu pulso.


— Ah, mas você anda sem tempo. A Anahí me contou que está atolado, com as provas finais chegando. E eu trouxe lasanha. Posso esquentar? Ou você prefere estrogonofe?


— Eu acabei de pedir uma pizza. — Ergui os ombros, me desculpando.


— Ah, bem... — ela se queixou, desolada. — Victor, coloque essas no freezer.


Depois de meu pai guardar a comida, eles foram para a sala. Assim que se sentou, os olhos da minha mãe voaram para a porta do quarto que eu havia deixado aberta. Ah, diabos.


Ela se levantou e foi até a entrada, examinando tudo com a testa franzida.


— Bem... a Dulce tem um gosto muito peculiar para roupas de dormir — comentou.


— Não é dela, mãe. É da tia Berenice.


Seu rosto se voltou para mim de imediato.


— De quem? — meu pai quis saber.


— Senta aqui, mãe. Eu tenho algumas coisas para contar para vocês.


Ela fez o que eu pedi, se acomodando ao lado do meu pai, a mão buscando a dele como se estivesse prestes a ouvir algo muito ruim.


Comecei a contar toda a história, da discussão que tivemos para que eu pudesse sair de casa, o noivado de mentira, o envolvimento culminando no rompimento. Conforme eu ia falando, meus pais se entreolhavam calados, o que era pouco típico dos Uckermann.


— Então eu menti para vocês para poder sair de casa, e fui devidamente castigado pela vida. A Dulce nunca foi minha cuidadora. Me perdoem. Eu só queria provar a mim mesmo que era capaz de me virar.


Eles esperaram em silêncio, me encarando com expectativa.


— E...? — minha mãe incentivou quando eu não disse nada. — E o quê?


— E a sua grande revelação? — Meu pai inclinou a cabeça.


— Eu acabei de fazer, pai.


— Ah... — lamentou minha mãe, decepcionada. — Pensei que você tivesse algo realmente novo para nos dizer. Nós já sabíamos sobre a Dulce.


— Sabiam?


— Christopher, por favor! — Meu pai revirou os olhos. — Você olhava para aquela menina como se ela fosse uma lasanha!


— Claro que nós não imaginávamos nada sobre esse noivado falso — minha mãe alisou a saia — para tentar salvar a tia dela. E eu fico orgulhosa que você tenha tentado ajudar. Mas, com relação a você e à Dulce, nós soubemos assim que os vimos juntos. Qualquer um podia ver que vocês estavam apaixonados.


Qualquer um menos eu. Precisei daquela caixinha de tesouros para acreditar que milagres existiam.


E eu tinha feito tudo errado.


Meu pai assentiu, como se tivesse lido meus pensamentos e concordasse.


— Ela ama você. — Ele cruzou os braços. — E você é um belo de um paspalho por não ter enxergado isso a tempo.


— Mas nunca é tarde para corrigir um erro. Como você vai tentar recuperar o amor dessa moça? — minha mãe quis saber.


— Eu... eu não sei.


A pizza chegou. Meu pai se levantou para receber.


— Bom, então é melhor começar a pensar, antes que outro rapaz perceba o tesouro que ela é e você fique a ver navios. — Ele foi atender a porta.


Eu não tinha pensado em ir atrás dela. Estava tão seguro de que havia feito o que era certo que não parei para pensar em tentar me reaproximar.


Não até encontrar sua caixinha de tesouros e sentir brotando no peito algo que eu pensei que jamais voltaria a sentir. Esperança.


Só que, entre todas as maneiras que eu poderia ter pensado para afastar Dulce, optei justamente por aquela de que, eu sabia, não haveria volta. Dulce tinha dificuldades para se relacionar, e ainda mais para confiar nas pessoas. Ela confiara em mim. E eu a traí. Não exatamente, mas era nisso que ela acreditava.


Que eu a fiz acreditar.


Cacete. Eu ia precisar de mais um milagre.


 



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Autor(a): dulcete.vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 88



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  • eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08

    Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada

  • anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39

    Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21

      Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/

  • Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51

    Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua &quot;frustação&quot;, é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser &quot;perfeito&quot;, ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12

      owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((

  • eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45

    Continua... está muito bom! Tô adorando.

  • cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06

    Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30

    Desanimando**

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57

    To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(

  • carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43

    Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss

  • capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27

    Aaaaaaah,continua logo por favooooooor

  • cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41

    Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3


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