Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy
Dulce
— Preciso mijar — Christian falou a meu lado, no banco de trás do carro de Maite.
— Aguenta mais um pouco — resmunguei. — Estamos quase chegando.
— Florzinha, eu estou aguentando já faz vinte minutos. Minha bexiga vai explodir!
Às vezes ele era pior que uma criança.
— É logo depois daquela ponte, Christian. Segura aí. — Maite mudou de faixa e acelerou um pouco mais. — Então, você não vai mesmo me contar por que precisa falar com o Christopher assim tão desesperadamente?
Relanceei Paulo, sentado bem a minha frente.
— Eu... te explico depois.
— É, Mayzinha, ela explica depois — Paulo ajudou, como... como se soubesse de alguma coisa. — Só anda logo. Deve ser muito importante.
— E é! — Não que eu esperasse uma reconciliação nem nada. Mas eu precisava entender por que ele achou que, se não ia voltar a andar, tinha que me afastar.
— Ué, por que tem tanta polícia aqui? — Christian falou, se inclinando para a frente para poder observar melhor. Havia três viaturas paradas no meio da rua, as luzes piscando no teto, tingindo a igreja de vermelho-sangue. Um arrepio subiu por minha coluna. Aquilo não parecia bom. Nada bom.
— Bem, isso não pode ser um bom sinal — Paulo disse, ecoando meus pensamentos.
— Será que a Anahí aprontou alguma? — Maite perguntou, enquanto manobrava o carro e encostava atrás do de Christopher.
Nós nos apressamos em direção à capela, Christian olhando para todo lado, como se buscasse pistas, mas eu só queria pôr os olhos em Christopher. Tinha um pressentimento ruim, como no dia em que quase nos afogamos. Podia ser apenas um eco daquilo. Uma lembrança por causa das luzes do carro de polícia, que me fizeram lembrar das ambulâncias.
Logo que botamos os pés na igreja, avistei uma garota passando apressada por entre os bancos. E eu a reconheci de imediato.
— Melissa — chamei, me aproximando. — O que está acontecendo?
— Dulce! Ah, meu Deus, Dulce. — Ela fechou os olhos, os ombros arriados em completo cansaço. Os cabelos em minha nuca ficaram de pé. — Eu estava tentando descobrir o seu telefone. O Christopher está com você?
— Não. Melissa, cadê o Christopher? — Minha voz tremeu.
— Eu não sei. Ninguém sabe. Ele sumiu. Estava aqui, saiu para ir ao banheiro, acho, e desapareceu. Havia... — ela engoliu em seco — sangue na saída lateral da igreja e na cadeira dele...
Ah, meu Deus, por favor, não.
— Ei, respira! — Christian me amparou quando o mundo começou a oscilar.
— Vou falar com o Poncho — Paulo se apressou em direção ao aglomerado de cabeças dentro da igreja. Maite, depois de apertar minha mão, o seguiu.
Em meio ao barulho ensurdecedor de meu pulso, que ressoava nas orelhas, e ao girar atordoante do cenário, avistei uma cabeleira negra. Ele estava sentado um pouco mais afastado da confusão.
— Christopher! — chamei.
Ele se virou. Era Nicolas.
— Acho que você precisa se sentar, Dulce — Christian falou ao longe.
Ele me levou até um dos bancos de madeira. Nicolas veio a nosso encontro, se agachando a minha frente, tomando minha mão entre as suas.
— Você teve notícias dele? — perguntou, com delicadeza.
Balancei a cabeça freneticamente.
— Nicolas... o Christopher... — balbuciei. — Você acha que... ele pode...
— Não sei — ele disse, trincando os dentes. — Nós só sabemos que ele não saiu desta igreja por vontade própria.
Os saltos de Melissa repicavam enquanto ela se aproximava do nosso pequeno grupo.
— A polícia quer falar com ela — disse a Christian.
— E com quem eles não querem? — Nicolas rosnou.
Obriguei-me a ficar de pé e me juntar ao grupo na saída lateral. Dona Alexandra estava sentada numa cadeira, o rosto coberto pelas mãos, chorando.
Seu Victor, pálido, acariciava suas costas e murmurava alguma coisa ao policial de cabeça raspada. Anahí roía as unhas num canto.
— Não entendo por que nós ainda estamos aqui. — Poncho andava de um lado para o outro, como um leão enjaulado. — Por que a polícia não está fazendo nada?
— Até onde sabemos, não houve crime — o policial respondeu, calmamente.
— O que você acha que aquelas manchas são? Suco de groselha? — Anahí apontou para as manchas escuras, quase negras, no chão.
Meu estômago revirou.
— Precisamos analisar tudo, senhorita — o policial prosseguiu. — Até onde sabemos, o seu cunhado pode ter se cortado por acidente e tomado um táxi até a farmácia mais próxima.
— Como, se ele é cadeirante? — seu Victor interveio.
— Vou te mostrar o que é se ferir por acidente — Anahí avançou sobre o sujeito.
— Calma. — Poncho a abraçou pela cintura e a puxou para longe do policial. — Não vai ajudar se você for presa. Vamos encontrá-lo.
— Mas eles só ficam fazendo perguntas, enquanto o Christopher... — Ela lutou para manter o controle.
— Eu sei, Anahí. Eu sei! — Poncho respondeu, o queixo duro. O policial de cabeça raspada me olhou especulativamente.
— Você é a namorada do Christopher?
Relanceei os pais dele. Eles não demonstraram surpresa. Na verdade, nem sei se chegaram a ouvir.
— Não estamos mais juntos. — Era melhor que tentar explicar. Mais simples.
— Sou o investigador Freitas. Se importa de responder algumas perguntas?
— Tudo bem.
— Tem alguma ideia de onde ele pode ter ido?
— Não.
— Suspeita de alguém que possa querer fazer algum mal a ele? Ajuste de contas? Vingança?
— Não. O Christopher é um cara legal. Nunca o vi destratar ninguém. Só uma vez, quando... — Ah, meus Deus! Seria possível que o tarado do cinema tivesse descoberto como encontrar Christopher e agora voltado para acertar as contas?
— Quando...? — ele insistiu.
— Uns meses atrás, nós fomos ao cinema, e um cara... — Contei tudo a ele, relembrando cada mínimo detalhe do que acontecera naquela noite.
Poncho ouviu tudo com muita atenção. Os pais dele também. Alexandra ainda chorava, apertando o braço do marido conforme eu prosseguia com a narração. — O Christopher me disse que o sujeito tinha sido solto, eu não sei... se ele pode ter vindo atrás dele... por vingança.
— Preciso verificar a informação. — O policial se afastou, desviando da cadeira de Christopher, já sacando um celular.
Perdi o contato com o mundo conforme olhava a cadeira de rodas vazia. Senti um aperto no coração tão terrível que achei que pudesse morrer.
— Por que você não se senta outra vez, florzinha? — Christian apontou para uma velha cadeira de madeira escura, e eu mordi o lábio inferior para evitar um soluço. Irromperia em lágrimas a qualquer momento.
— Preciso de um pouco de ar — consegui dizer, já correndo para fora.
Trêmula, com o coração sangrando, me deixei afundar nas escadas de granito.
Ele tem que estar bem. Ele tem que estar bem!, eu repetia sem parar.
O celular vibrou em meu bolso.
Uma mensagem de Christopher! Ah, meu Deus, ele estava bem! Meus dedos se sacudiam pela descarga de adrenalina, fruto do alívio. Percebi meu equívoco ao abrir o aplicativo e ver a foto anexada à mensagem. Na imagem, viam-se apenas uma cabeleira negra e uma parte do pescoço, de onde lágrimas rubras escorriam, seguindo para os ombros, onde a camiseta se rasgara e exibia antigas cicatrizes.
As palavras logo abaixo se tornaram um borrão enquanto eu tentava segurar o telefone com os dedos trêmulos.
Como você se sente quando alguém te impede de ter aquilo que você mais deseja?
Eu pisquei uma vez. E imediatamente soube quem o havia levado.
Autor(a): dulcete.vondy
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Dulce Meu coração batia tão rápido que eu pensei que fosse pular de dentro do peito. Minhas pernas estavam bambas, e correr era difícil. Sei que eu devia ter entrado na igreja e mostrado a mensagem para a polícia, mas fiquei com medo. A burocracia sempre atrapalhava tudo. Então, tomei o primeiro táxi e liguei ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 88
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eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08
Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada
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anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39
Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!
dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21
Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/
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Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51
Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua "frustação", é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser "perfeito", ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3
dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12
owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((
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eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45
Continua... está muito bom! Tô adorando.
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cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06
Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????
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cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30
Desanimando**
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cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57
To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(
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carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43
Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss
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capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27
Aaaaaaah,continua logo por favooooooor
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cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41
Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3