Fanfics Brasil - Capítulo 68 // FINAL Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 68 // FINAL

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Dulce


 


— Queridos amigos, estamos hoje aqui reunidos para testemunhar a união deste homem e desta mulher...


Olhei para Christopher por entre as flores do buquê. Ele sorriu daquele jeito malandro e piscou, me fazendo ficar vermelha e baixar os olhos. Deus do céu, ele estava tão bonito com aquele paletó cor de areia e a camisa azul-clara, que destacava ainda mais seus cabelos negros. Não usava gravata e havia deixado os dois primeiros botões abertos, revelando os fios escuros e macios onde eu adorava deitar a cabeça. Tentei prestar atenção na cerimônia e varrer da mente as imagens impróprias da noite passada. Eu estava numa igreja, pelo amor de Deus! Provavelmente era pecado pensar em Christopher nu.


Magda me cutucou com o braço e eu voltei a atenção para o padre e o casal a sua frente.


— Repita depois de mim. Eu, Berenice Muniz, aceito você, Victor, como meu legítimo marido...


Sorri conforme minha mãe repetia tudo numa voz clara e ligeiramente divertida. Ela era a noiva mais linda e radiante que eu já tinha visto. E fizera questão de confeccionar o próprio vestido, claro. Uma peça elegante, em um tom de rosa antigo muito delicado. O tubo reto e longo tinha um pouco de renda no busto, a mesma aplicação que havia na gola do casaqueto bem cortado, que a deixou elegante e feminina. Os cabelos estavam presos para cima, sustentando a tiara de vovó Marta com uma quantidade alarmante de laquê, mas Magda me dissera que era assim mesmo e que eu não deveria me preocupar com a possibilidade de ela ter um ataque de asma.


Sua recuperação era espantosa, e até o dr. Victor estava surpreso.


Exceto pelos remédios que a acompanhariam para sempre, sua vida hoje era praticamente a mesma de antes da doença. Isto é, quase. Agora ela estava realizando seu maior sonho.


Mamãe acabou não cancelando o contrato com a Allure. No fim das contas, já que estava tudo pago, achou que seria boa ideia se outra pessoa o usasse. No caso, ela mesma. Ela pedira Victor em casamento durante um jogo de buraco no mês passado, e a resposta dele fora: “É só marcar a data, Berê. Bati!” E ali estavam eles, aos sessenta e dois e sessenta e cinco anos, começando uma vida juntos. Partiriam dali a dois dias em um cruzeiro que percorreria a costa grega.


Victor era o noivo perfeito dos contos de fadas, com seu fraque cinza e um cravo branco na lapela. Enquanto minha mãe não conseguia parar de sorrir, o coitado não conseguia parar de chorar.


Christopher também estava se divertindo com a cena, e me lançou um olhar do tipo “Dá pra acreditar nesse cara?”. Àquela altura eu já conhecia todas as suas expressões.


Ele havia ido para Munique uma semana depois que eu chegara lá, como prometera. E ficou comigo até eu aprender a me locomover pela cidade. Não que eu precisasse, mas foi bom tê-lo ali, preocupado comigo, cuidando de mim. Chefiar a área de TI se provou um imenso desafio, e foi maravilhoso ter o colo dele me esperando quando eu chegava em casa.


Depois de quinze mágicos dias, Christopher voltou para o Brasil para terminar a faculdade. Ele finalmente mostrou seu game ao professor de roteirização — que ficou louco por Pin, o jogo —, e em poucas semanas conseguiu um investidor para dar andamento ao projeto. A MC Games saíra do papel.


Algumas revistas da área apontavam seu game como a próxima febre. Ele até conseguira a página que tanto queria na Wikipédia, embora a palavra “magnata” não constasse nas informações. Ainda, ele vivia ressaltando.


Os Uckermann estavam orgulhosos do caçula. Sobretudo Poncho.


— Agora repita: eu, Victor Augusto Sanchez, aceito você, Berenice...


Os votos foram proclamados, as alianças trocadas, duas vidas que recomeçavam. Victor encaixou as mãos trêmulas no rosto de minha mãe e a beijou demoradamente, para delírio de Magda.


E para minha felicidade.


Eu sei. Acho que o romantismo é mesmo contagioso.


Na saída da igreja, Christopher me alcançou, furtivamente entrelaçando os dedos aos meus, e me ajudou a distribuir o arroz. Mamãe fez questão de seguir todas as tradições.


Então, vinda do nada, uma dúzia de pombas sobrevoou a entrada da igreja, para desaparecer em questão de segundos. Mamãe as acompanhou com os olhos marejados.


— Simplesmente lindo — murmurou.


Passei os braços ao redor dela, apertando-a com força, depois beijei Victor, que pareceu contente, mas um tanto sem graça. Um homem mais velho, com um largo bigode, se aproximou.


— Parabéns, Victor. E muitas felicidades para a sua bela dama — cumprimentou, todo galante.


— Obrigado, Walter.


— Ora, muito obrigada. — Mamãe corou de leve.


— E esta bela jovem deve ser a filha de Berenice — ele comentou, me estudando. — Dá para ver a semelhança ente as duas, sobretudo a beleza.


Mamãe olhou para mim, para os meus cabelos, agora cheios de cachos, graças ao babyliss, para o vestido verde-água — inspirado em um de Audrey, claro — que ela havia feito com tanto amor.


— Sim — disse, pousando a mão em minha bochecha, os olhos reluzindo de orgulho. — Não existe moça mais linda que a minha Dul. Nem por fora, nem por dentro.


— Mãe — murmurei, ficando ainda mais vermelha.


Ela viu Christopher um pouco mais atrás.


— Meu querido, você está tão bonito! — E o beijou tantas vezes que ele também acabou corando.


— Agora você sabe como é ser filho da Berenice — comentei, depois que o casal foi engolido pelos convidados, ansiosos por parabenizá-los.


— Estou começando a descobrir. — Ele coçou a sobrancelha com o polegar.


Maite e Paulo passaram pela porta de mãos dadas.


— Sua mãe está maravilhosa! — ela foi dizendo. — Que cerimônia linda, Ju! Vou te dizer: valeu cada centavo. Mal posso esperar para ver o que vai ter na festa.


Eu também!


— Parabéns, Dulce. — Paulo me lançou uma piscadela, então cumprimentou Christopher com familiaridade.


Eu e May continuávamos nos falando todos os dias, às vezes sobre trabalho, já que eu enviava relatórios constantes para Hector e Anahí. Na maior parte do tempo, porém, só jogávamos conversa fora, como se ainda morássemos no mesmo continente.


Christian também cumpriu sua promessa. Ele me ligava pela internet pelo menos três vezes por dia. Até mamãe aprendeu a usar o aplicativo, então me atualizava sobre o que andava fazendo, enviava fotos de si mesma, do prato de comida, do gato que aparecera no jardim e agora lhe fazia companhia (e teve uma que ela enviou por engano, de Victor não vestindo nada além de uma cueca sambacanção — eu ainda tinha pesadelos por causa disso). E me ligava às três da manhã para bater papo. Isso sempre me fazia rir. Ela nunca lembrava do fuso horário. Minha família continuava perto de mim, mesmo distante.


Mamãe e Victor escaparam dos convidados, entraram na carruagem — semelhante à de Kate Middleton — e partiram para a recepção apoteótica organizada por Melissa logo em seguida.


— Christian, meu amor, me deixa só ajeitar a sua gravata! — Magda resmungou ao passar pela porta de braço dado com o filho. Meu amigo revirou os olhos, mas ergueu o queixo, como um bom menino. — Inês! Inês! Espere! Vamos juntas para a festa! — ela acenou.


— A senhora precisa de uma carona? — Walter perguntou a ela, todo galante.


Magda se deteve e o encarou por um instante. Seus olhos perderam o foco ao admirar o largo bigode.


— Bem... sim.


Ele lhe ofereceu o braço.


— Será um prazer acompanhá-la.


Ela não hesitou, aceitando o braço com uma expressão que era pura lisonja e...


algo mais.


Christopher riu, olhando para a cara amarrada de Christian.


— Quem sabe a sua mãe é a próxima a casar — ele disse ao meu amigo.


— Era só o que faltava! — Christian gemeu. — É melhor aquele sujeito manter os bigodes longe da minha mãezinha!


Dei risada.


— Ah, Christian, deixa ela se divertir um pouquinho. Pode ser que seja só um lance sem importância.


— Minha mãe não tem essas coisas de lance sem importância. — Ele se empertigou e eu acabei rindo de novo.


— Mas eu pedi um cupido! Cupidos não têm genitais! — Melissa saiu da igreja cuspindo fogo. — Não me interessa. Os convidados não podem ser obrigados a olhar para um testículo enquanto enchem os pratos. Livre-se dele, Fabi. Não do cupido, dos testículos! — Ela revirou os olhos.


Christian e Christopher silvaram em uníssono.


Ela ouviu, se deteve por um instante e pousou a mão no ombro do meu amigo.


— Aproveite a folga.


Ele apenas abanou a cabeça, enquanto ela seguia gritando com a tal Fabi.


— Eu estou amando meu novo emprego, e adoro a Mel, mas às vezes ela me apavora.


— Dá pra entender por quê — Christopher concordou.


— É melhor eu ir agora. — Ele se inclinou para me beijar.


— Opa, sem beijinhos. Circulando, Christian. — Christopher passou um braço possessivo por minha cintura.


Christian estreitou os olhos para ele.


— Eu vou, mas só porque quero pegar um bom lugar na festa. — E relanceou um dos convidados de Victor, um belo rapaz de gravata roxa que também não tirava os olhos dele.


Meu amigo estava com o coração vazio, mas andava ocupado. Ele e Melissa, da Allure, acabaram se encontrando por acaso em uma festa e ela descolou um bico na agência para ele. Ali estava algo que realmente empolgava Christian. Organizar festas, conhecer gente nova todos os dias. E ele se saiu tão bem, era tão carismático, que acabou sendo efetivado. Eu nunca o vira tão animado. Exceto quando ele mencionava suas próximas férias em Munique. Christopher o estava ajudando com o roteiro. Eles ainda se desentendiam, mas acho que era mais por diversão que qualquer outra coisa.


— Eu vou indo, então. — Meu amigo deu dois passos, se afastando, mas se deteve e encarou Christopher por sobre o ombro. — E, apenas para a sua informação, ela me beija o tempo todo quando você não está por perto. — E seguiu seu caminho gingando.


— Eu odeio esse cara. Um folgado do caramba — Christopher reclamou, de cara amarrada.


— Odeia nada. Vocês só ficam nessa disputa boba de meninos de sete anos para ver quem vai ganhar mais a minha atenção.


Ele me encarou com aquele seu meio-sorriso.


— Eu estou ganhando, certo?


— Por uma larga diferença. — Revirei os olhos. — Agora vamos. Não quero ter que sentar perto da dona Marlucy.


Tornamos a entrar na igreja, para pegar a saída lateral, com rampa. De mãos dadas, seguimos até onde ele havia estacionado o carro. Christopher sorria o tempo todo.


Ele sorria frequentemente agora. Estava superando tudo aos poucos, sem pressa, e a parte obscura já não dominava sua alma. Sim, às vezes ele tinha momentos ruins e eu o flagrava olhando para o vazio com a testa franzida, mas então ele percebia que eu estava por perto e a tristeza saudosista se dissipava. Nessas ocasiões, ele me dava um sorriso tímido a princípio, que sempre terminava em um largo, cheio de dentes perfeitos (ou em beijos, se eu estivesse ao alcance de suas mãos). Ele também nunca mais usou a expressão “maldita cadeira”.


— Não consigo mais olhar para ela como uma prisão ou uma maldição, Pin — dissera ele. — Também não posso dizer que a vejo como uma extensão de mim. Mas não posso viver sem ela, então achei melhor sermos amigos.


Sua resposta me dera a certeza de que eu precisava. Ele estava realmente bem.


— Ainda bem que a sua mãe não está mais brava comigo — comentou quando já tínhamos nos acomodado em seu Honda. — A dona Berenice furiosa é uma coisa assustadora de se ver.


— Talvez você tenha achado assustador porque ela quase nunca se irrita. Mas ela ainda vai voltar ao assunto, Christopher. Pode esperar. Assim que voltar da lua de mel, já vai começar a fazer planos para o nosso casamento. Ela não vai aceitar que a gente more junto assim não.


Christopher estava de mudança para Munique, e, já que eu me instalara ali fazia dois meses, me pareceu natural convidá-lo para morar comigo. A casa era térrea, espaçosa, e só precisaria de alguns ajustes. Minha mãe não gostou da ideia. Nem um pouco.


O mesmo aconteceu com os Uckermann. Ainda bem que eles estavam ocupados com o casamento iminente de Anahí e Poncho, ou teriam nos enlouquecido.


— Humm... — Christopher murmurou, olhando para a frente enquanto saía da vaga.


— O que esse “humm” significa? — eu quis saber.


— Nada. É só que... talvez seja uma boa ideia.


— O quê?!


— A gente vai acabar casando mesmo um dia desses. — Deu de ombros. — Que diferença faz se for este ano ou daqui a dez? — Ele se virou, me dando a chance de ver seu rosto. Ele estava falando sério!


— Christopher! Você não pode simplesmente pensar que eu vou me casar com você assim, do nada.


— Por que não?


— Porque você nunca me pediu!


Ele revirou os olhos.


— Casa comigo, Pin?


— Para com isso. — Soquei seu ombro. — E mantenha os olhos na rua!


Para me provocar, ele me olhou fixo.


— Eu não estou brincando — repetiu, em voz baixa.


— Christopher!


Ele voltou a atenção ao trânsito.


— Não sei por que você está tão brava. Que diferença faz se nos casarmos aos vinte e três ou aos trinta, se vamos acabar casando de todo jeito?


Tentei pensar em alguma coisa, mas nada me veio.


— Eu não sei, mas deve ter alguma!


Um sorriso preguiçoso — e muito perigoso — esticou sua boca. Oh-oh. — Parece que vou ter que te convencer de outro jeito.


— Que jeito?


Christopher ligou a seta e parou em uma vaga — destinada a cadeirantes, aleluia! — ao lado do parque da cidade.


Então se inclinou para mim e tocou meu rosto, correndo a ponta dos dedos por minha bochecha, depois os prendeu em minha nuca, me puxando delicadamente para mais perto, para me arrebatar com um beijo que fez minha cabeça girar. Eu concordaria com qualquer coisa que ele quisesse naquele momento, desde que não parasse de me beijar.


Ele se afastou de súbito, me deixando confusa, cheia de vontade e com os óculos embaçados.


— Esqueci de dizer — disse ele. — Mudei nossas passagens. Vamos pra Holanda antes de ir para Munique.


— Por quê? — Tirei os óculos para limpá-los. Como usava um vestido de seda, puxei a ponta da camisa de Christopher para fora da calça e a esfreguei na lente. Quando os recoloquei, vi a expressão em seu rosto. Eu conhecia bem aquela expressão. Bem demais, depois de todas aquelas noites em Munique.


Minha boca ficou seca.


— Christopher...


— Você não pode começar a tirar a minha roupa...


— Eu não estava tirando a sua roupa!


— ... e esperar que eu não pense em rasgar a sua. — Seu olhar viajou por minha silhueta vagarosamente, como se estivesse correndo os dedos por ela. Meu corpo se acendeu para ele, como sempre. — Eu já disse que esse vestido ficou uma coisa do outro mundo em você?


Fiquei vermelha, concordando com a cabeça.


— Por que você mudou as nossas passagens, Christopher? — perguntei, para distraí-lo (e a mim mesma), ou acabaríamos presos por atentado ao pudor se ele continuasse me olhando daquele jeito.


— Já ouviu falar em Gouda?


— O queijo? Claro.


Ele riu.


— Não, Pin. A cidade. Fica só a uma hora de Amsterdã. — Ele exibiu o sorriso de menino que eu amava tanto.


— Tá. O que tem lá de tão importante para que você tenha mudado as nossas passagens sem me dizer nada?


Ele observou o lago à nossa frente, cercado de flores amarelas, a grama verdinha, uma família de patos. Estendendo o braço para mim, o passou por baixo de meus ombros.


— Vem cá.


Entendendo o que ele queria, manobrei o corpo até estar sentada em seu colo. Não foi nada fácil, com todo aquele tecido até os tornozelos. Fiquei prensada entre ele e o volante, as pernas sobre o câmbio, mas então seus braços fortes circularam minha cintura, me colocando na posição certa.


Ele buscou meu olhar.


— Eu estava aqui pensando... Já que a sua mãe vai estar fora, quer ficar esta semana comigo?


— Quero.


— E a próxima?


— Também. — Acabei rindo ao passar o braço por seu ombro. Deus do céu. Ele ficava tão lindo com aquele paletó...


— E quanto à semana depois dessa? — Sorriu, mas parecia um pouco nervoso.


Por quê?


— É claro que eu quero!


Ele levou a mão ao bolso do paletó cor de areia, pegou alguma coisa pequena ali dentro e ficou olhando para seu punho fechado. Então lançou a força daquele olhar de turmalina sobre mim, claro e brilhante como nunca.


— E o que acha de passar todas as semanas do resto da sua vida comigo? — murmurou, abrindo a mão. O anel que ele me dera meses antes reluziu em sua palma.


— Christopher... — arfei.


— Eu estava tão confuso quando você me encontrou. E não sei ao certo o que teria acontecido se você não tivesse aparecido e dado sentido à minha vida. Antes eu pensava em você como uma coceira de que eu não conseguia me livrar. Agora eu sei que é mais do que isso. É uma infecção grave, que afeta tudo dentro de mim. Uma infecção da qual jamais vou me curar. Você está dentro de mim de uma maneira que eu não sou capaz de tirar. Cada vez que olho para você, cada vez que vejo o seu sorriso, cada vez que o seu olhar encontra o meu... Ah, caramba, Dulce... O meu coração dói.


Nunca sei se estou tendo um ataque cardíaco ou se estou me apaixonando de novo. Casa comigo, Pin.


Como eu poderia dizer não?


— Eu caso.


Uma miríade de emoções atravessou seu rosto. A alegria e o encantamento se sobressaíam, no entanto.


— Sério?


— Muito sério. Eu também amo você, Christopher.


Ele tomou minha mão e deslizou o anel por meu dedo com firmeza.


Levou-o até os lábios e depositou um beijo em meu anular. Então trouxe o rosto para junto do meu e me beijou com força. Um beijo possessivo, quase rude, ao qual correspondi com a mesma intensidade. Quando ambos estávamos com problemas para respirar, ele libertou minha boca e descansou a testa na minha.


— Não acredito nisso. Vamos casar! — Toquei seu queixo.


— Ah, nós vamos. E não quero esperar muito para poder te chamar de minha mulher. Pode ir pensando numa data.


— Minha mãe vai pirar quando souber. — Franzi a testa. — Mas acho melhor a gente esperar ela voltar da lua de mel pra contar. Podíamos dar a notícia para ela e para os seus pais ao mesmo tempo, num jantar. O que acha?


Ele grunhiu.


— Vamos ter que fingir outra vez, Pin?


— Só por uns dias! — Dei risada. — É que, se a gente contar agora, é bem capaz da minha mãe passar a lua de mel costurando meu vestido de noiva.


Ele soltou o ar com força, resignado.


— Tudo bem. Por uns dias. Mas assim que ela voltar da viagem a gente marca o jantar e conta tudo.


— Combinado. — Comecei a brincar com a gola de sua camisa azul. — Então... o que é que tem de tão especial em Gouda?


Ele acariciou meu lábio inferior com o polegar, depois continuou deslizando o dedo por meu pescoço até ele desaparecer no decote do meu vestido, repousando sobre meu coração, que subitamente batia furioso.


Inclinando a cabeça, aproximou a boca do meu ouvido.


A noite das velas, Pin. Uma noite em que a cidade é iluminada apenas pelas chamas das velas mais bonitas do mundo. — Ele mordiscou meu lóbulo sensível. — É isso que tem em Gouda. — Sorrindo diabolicamente, ele levou meu dedo anular direito à boca e o sugou suavemente.


Um tremor violento me sacudiu por dentro.


— V-velas?


— Velas. — Beijou o dorso da minha mão. Depois meu pulso.


Prendi a respiração e os dedos em sua cabeleira negra. Meu corpo sempre acordava ao menor toque dele. E, bom, Christopher me tocava com frequência. Bastava um roçar suave e eu entrava em combustão. E Christopher era o único que conseguia me livrar daquela agonia. Ele até arranjou maneiras criativas para encurtar a distância entre nós nas noites em que dormimos separados por um oceano. E também me mostrou muitos outros truques envolvendo velas, o que me fez perder a cabeça mais de uma vez.


Apenas pensar em uma já fazia meu corpo vibrar. Uma cidade repleta delas?


— Vamos ficar em um hotel perto do centro — ele continuou. — Parece um castelo de conto de fadas. Já fiz as reservas.


— Você já fez? Está planejando me levar lá desde quando?


— Desde que você foi pra Europa. Parece ser uma cidade linda, muito romântica. Você vai gostar. Eu vou cuidar disso pessoalmente. — Beijou a ponta do meu nariz. Sua barba recém-aparada me fez cócegas.


Se alguém me dissesse seis meses antes que eu estaria ali, num vestido bonito, feito para o casamento de minha mãe, aos beijos com aquele homem irritantemente lindo, eu teria rido. Tanto havia mudado desde então, mas a maior mudança havia ocorrido dentro de mim. Eu me descobrira, me livrara de fantasmas, me arriscara, e nunca tinha sido tão feliz em toda a minha vida. Tudo isso por causa de uma mentirinha de nada.


Acabei rindo.


— O que é tão engraçado? — Christopher quis saber.


— Eu só estava pensando... Não é estranho que a nossa história tenha começado com uma grande mentira?


— Nós tínhamos que partir de algum lugar. — Ele brincou com um de meus cachos. — Começou com uma mentira, mas se tornou algo verdadeiro mais rápido do que eu posso dizer “tire a roupa”. Foi a mentira perfeita.


Dei risada outra vez, abraçando-o pelo pescoço.


— Mentira perfeita... Christopher, isso não existe.


— Existe sim. Você estar aqui agora é a prova disso. E este é apenas o começo da nossa história. O melhor ainda está por vir.


— Melhor? Como pode existir algo melhor do que isso? — Eu não podia imaginar nada.


Ele se inclinou até seu rosto estar a um suspiro do meu. Suas belas íris verdes foram engolidas pela pupila.


— Eu vou amar te mostrar como, Pin. — Então colou a boca na minha e provou seu argumento.


 


Fim


 


Autora da versão original: Carina Rissi


 



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Autor(a): dulcete.vondy

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Olá galera (se é que tem alguém por aqui kkk) passei oleo de peroba e vim aqui na maior cara de pau postar os últimos capítulos depois de meses. Se havia alguém esperando, me perdoe, de verdade. Algumas considerações: Faz muiiito tempo que não acompanho o site, tanto que nem sequer tenho lido fanfics, ent&ati ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 88



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  • eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08

    Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada

  • anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39

    Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21

      Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/

  • Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51

    Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua &quot;frustação&quot;, é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser &quot;perfeito&quot;, ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3

    • dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12

      owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((

  • eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45

    Continua... está muito bom! Tô adorando.

  • cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06

    Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30

    Desanimando**

  • cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57

    To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(

  • carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43

    Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss

  • capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27

    Aaaaaaah,continua logo por favooooooor

  • cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41

    Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3


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