Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy
— Eu não saí para jantar com você — esclareci, na defensiva. — Eu só estou... jantando com você. E por que só você pode fazer perguntas? Ele inclinou a cabeça de leve para o lado, achando graça.
— Pergunte o que quiser. Mas primeiro responda minha pergunta.
— Semana passada. — Porque Christian era um cara. — E você?
— Nunca saí pra jantar com um cara.
Por muito pouco não joguei o arranjo de mesa nele.
Ele sorriu de leve, dando de ombros.
— Foi antes do acidente. Você é minha reestreia, por assim dizer. Última ida ao cinema?
O quê? O que diabos ele queria dizer? Porque aquilo não era um encontro. Eram só... duas pessoas que decidiram dividir a mesma mesa em um restaurante podre de chique que tinha castiçais com velas acesas e delicados arranjos de minimargaridas por toda parte. Apenas isso!
Ainda assim, fiquei curiosa. Christopher não era exatamente um homem tímido.
— Você não teve nenhum encontro desde que se acidentou? — perguntei, sem acreditar.
— Pensei que estivéssemos falando sobre sair pra jantar. — A diversão retornou. — Agora, se vamos falar de encontros casuais ou sexo anôni...
— Tá, tá. Não quero saber. — Ergui as mãos espalmadas, a flor entre o dedo médio e o indicador, o rosto quente.
— Que pena. — Ele pegou seu copo e o levou à boca. — Seria interessante ver você ficar vermelha de novo e... lá vem mais uma vez.
Droga de sangue idiota que resolveu seguir todo de uma vez para o meu rosto.
— Ida ao cinema...? — ele lembrou.
— Ah, foi na semana retrasada, com a Maite. Vimos uma comédia ótima. E você?
— Quatro dias atrás, com meu irmão e a Anahí. Um suspense que eu não achei lá essas coisas. O que você mais gosta de comer? E não diga que é salada, porque eu não caio nessa.
— A lasanha da Magda. Ela é nossa vizinha e uma cozinheira de mão cheia. É a melhor coisa que já comi na vida.
— Agora quero conhecer a sua vizinha. Sou fã de massa, mas como o que tiver na mesa. Última vez que riu até a barriga doer?
Suprimi um suspiro, deixando a margarida ao lado dos talheres.
— Hoje, indo para o trabalho. Vi um cara tropeçar e cair. Queria ter perguntado se ele se machucou, se eu podia ajudar, mas não consegui parar de rir. É uma maldição.
— Isso acontece muito comigo em velórios — ele comentou, solidário.
Acabei rindo.
A comida chegou. O meu prato e os três de Christopher. Eu o observei enroscar o guardanapo na gola da camisa e tomar fôlego antes de se lançar ao primeiro deles. Tive que morder o lábio para não rir de novo.
— Namorado? — perguntou, entre uma garfada e outra.
— Por que você está me fazendo tantas perguntas? — Só percebi que estava faminta quando o aroma do pato com laranja aguçou meus sentidos.
Experimentei um pouco. Ah, aquilo era o céu!
— Se vou fingir que sou seu noivo, eu preciso saber.
Repousei os talheres no prato e olhei para ele.
— Christopher, eu já disse. Não vou aceitar a sua proposta. Só estou aqui agora para não te deixar jantar sozinho. Só isso.
— Então só mate a minha curiosidade. — Deu de ombros, sem hesitar por uma única garfada.
— Foram poucos.
— E o último namoro terminou porque...
— Por causa do wi-fi, e eu não quero mais falar sobre isso.
Ele me surpreendeu ao concordar com a cabeça, mas continuou a me fazer perguntas bobas enquanto mastigava. Prestava atenção em tudo o que eu dizia, mesmo que seu olhar estivesse no prato. Acabou sua comida antes que eu terminasse a minha.
— Você sempre come tanto assim, ou só está tentando me impressionar? — perguntei.
— Eu nunca brinco com comida, Dulce.
Eu o observei partir um pãozinho e mergulhar um naco no molho em seu prato, levando-o à boca sem hesitação ou pausa. Christopher era um homem determinado até mesmo à mesa.
— Você realmente pretende enganar os seus pais para poder se mudar? — perguntei.
— Se você pode enganar a sua tia, por que eu não posso fazer o mesmo com os meus pais?
— Isso é sério pra mim.
Ele se ajeitou na cadeira, adotando uma postura absurdamente sexy.
Séria! Uma postura absurdamente séria! Foi isso que eu quis dizer.
— Pra mim também, Dulce. Estou disposto a tudo, inclusive mentir, se for preciso.
— Por quê?
Ele soltou uma longa respiração, abandonando os talheres e tomando um gole de água antes de lançar a força daquele olhar em minha direção.
— Sabe como é a minha vida desde o acidente, Dulce? Hospital, fisioterapia, hospital, clínica, minha mãe chorando escondida, exames, mais hospital. Desde que eu arranjei um emprego e me mudei para a casa do meu irmão, as coisas... melhoraram um pouco. Eu nado com o Poncho três vezes por semana, saio de vez em quando, ir para o médico já não é uma comoção que exige tantos preparativos.
Olhei bem para ele.
— Quantos anos você tem?
— Vinte e três. Por quê?
— Me diz que toda essa determinação para sair de casa não é só para ter um abatedouro.
Ele deu risada.
— Agora você me pegou — zombou, mas logo retornou à postura grave. — Eu só quero, pela primeira vez na vida, me virar e não ter alguém perguntando se pode ajudar. Quero xingar porque deixei alguma coisa cair e ter que fazer malabarismos para pegar sem cair da cadeira. Quero ter uma vida normal, como todo mundo... Isso está muito perto de acontecer. — Uma fina bruma enevoou seu olhar, e por um momento tive a impressão de que ele não estava mais ali.
A sobremesa chegou, trazendo Christopher de volta de onde quer que ele estivesse.
Quando ele pediu a conta e eu me ofereci para pagar minha parte, ele me lançou um olhar tão ofendido que me encolhi na cadeira.
— Não escutou que essa é a minha primeira saída em três anos? Não estrague tudo. Aqui. — Ele entregou o cartão ao garçom.
Ele estava mesmo pensando que aquilo era um... aquilo tinha sido um...
Christopher gemeu baixo e sacudiu a cabeça.
— Isso não é um encontro romântico — justificou, como se tivesse lido meus pensamentos. — Foi só um jantar. Só duas pessoas que dividiram o jantar. Assim está melhor?
Fiz que sim com a cabeça. Depois de pagar a conta, ele se afastou da mesa e eu fiquei de pé, colocando a margarida no bolso da mochila.
Andamos lado a lado para fora do prédio, descendo a rampa até pararmos na calçada, um de frente para o outro.
— Então é aqui que o nosso destino se separa. — Havia algo em sua expressão, uma intensidade que eu não soube decifrar, mas que fez minhas faces enrubescerem.
— Parece que sim.
Ele anuiu com a cabeça, solene.
— Onde deixou o seu carro, Dulce?
— Eu não dirijo.
Ele deliberou por um instante antes de dizer:
— Então eu levo você para casa. Meu carro está no fim da rua. Tudo bem?
Não, não estava. Uma carona implicaria ficar sozinha com ele dentro do veículo, sem ter ideia do que dizer ou onde colocar as mãos. Era óbvio que eu deveria recusar a oferta. Era a coisa certa a fazer.
Porém, entre formular as palavras em minha cabeça e verbalizá-las, algo deu errado. O que saiu foi:
— Claro. Seria ótimo, Christopher. Obrigada.
Autor(a): dulcete.vondy
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Dulce Andei a seu lado na calçada, acompanhando o ritmo dele. A certa altura tive que ir na frente por causa de uma árvore plantada bem no meio da via, o que dificultou tudo para Christopher. Eu nunca tinha parado para pensar que aquilo não era apenas irritante, por estar em desalinho com as outras árvores da rua, mas que podia complicar ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 88
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eliiv Postado em 05/08/2020 - 01:20:08
Adorei q vc continuou.... acabei de ler e estou apaixonada e um pouco triste pois nao tem mais capítulos ... adoraria q tivesse 2 temporada
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anne_mx Postado em 22/12/2019 - 23:50:39
Comecei a ler essa fanfic e me apaixonei logo de cara, obrigada por não ter permitido que a história ficasse inacabada, foi linda a sua continuidade e o final então, foi incrível, meu sonho que tivesse um epílogo ou segunda temporada, PARABÉNS!!!!
dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:39:21
Muito feliz de saber que alguém voltou para ler, GRATIDÃOOOO ps.: Também adoraria que tivesse a continuação :/
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Srta Vondy ♥ Postado em 18/12/2019 - 04:25:51
Se eu disser que tinha pensado nessa fic hoje você acredita ? Muita coincidência cara Essa fic é perfeita e graças a Deus, tu finalizou ! Não sei se eu comentei antes mas entendo tua "frustação", é muito chato tu fazer algo e não ter nada p te orientar, nem mesmo uma crítica construtiva. Amei o final, foi muito bom tu ter mantido o Chris paraplégico, mostra que para viver e ter um amor não é preciso ser "perfeito", ficou muito. Queria muito q tivesse um epílogo contado como seria a vida deles casados e quem sabe com filhos... <3 Muito obrigada por todo o esforço que você teve p essa história ser adaptada e entregue p a gente se apaixonar, chorar, rir e muitas vezes tudo de uma só vez kkkk, muito obrigada mesmo e até a próxima história <3
dulcete.vondy Postado em 16/01/2020 - 23:40:12
owwwwwwwwww, fiquei MUITO feliz com seu comentário, eu também gostaria que tivesse continuação :(((
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eliiv Postado em 01/05/2019 - 17:58:45
Continua... está muito bom! Tô adorando.
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cliper_rafa Postado em 09/04/2019 - 20:16:06
Aaaa, cadê você ? Desistiu ??????
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cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:54:30
Desanimando**
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cliper_rafa Postado em 28/03/2019 - 23:53:57
To desanimado de ler, poxa, gosto tanto dessa fic :(
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carolcasti Postado em 23/03/2019 - 09:25:43
Cadê vc? Desistiu da fic..... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Plissssssssssssssssssssssssssssssss
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capitania_12 Postado em 15/03/2019 - 20:20:27
Aaaaaaah,continua logo por favooooooor
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cliper_rafa Postado em 14/03/2019 - 19:09:41
Naaaao, foi tão rápido, continua <3<3