Fanfic: Mentira Perfeita - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy

— O que aconteceu?

— Acabou o trato. — Comecei a desabotoar o vestido.

— E por quê?

— Porque eu sou burra, Christian! — Joguei os óculos em cima da cama e passei o vestido pela cabeça. — Porque eu sou uma grandessíssima idiota que permitiu que ele chegasse perto demais.

— Aquele cretino passou dos limites? Eu quebro a cara dele se ele...

— Não, Christian. Não foi ele. Fui eu quem estragou tudo. Eu...

Ele arfou, levando a mão à boca.

— Ah, meu Deus, florzinha. Você está apaixonada!

Concordei, chutando as sandálias para longe com raiva.

— E ele não está interessado. — Abri o guarda-roupa e puxei uma calça jeans. Virei-me para o meu melhor amigo, que me encarava com um sorriso no rosto.

Por que ele estava sorrindo? — Sabe o que é pior?

— O fato de esse lance ter acabado antes de começar?

— Não, Christian! O pior é que eu sabia que ia acabar assim. E mesmo assim deixei acontecer.

— Ju, a gente não decide essas coisas. Por quem vai se apaixonar, quem vai amar. Infelizmente.

— Não, eu sabia. — Enfiei uma perna na calça, depois a outra. — Desde que você mencionou que o que eu sentia era atração, eu soube. Já senti atração, Christian, e o que eu estava sentindo pelo Christopher era diferente. Eu devia ter me afastado antes. Que bom que não deixei ir mais além, ou ele teria me machucado de verdade. — Lutei para fechar os botões da calça. Um deles simplesmente se desprendeu e caiu. — Droga!

Christian se aproximou por trás, sem fazer barulho, e me envolveu com os braços.

— Eu lamento muito, florzinha — falou em meus cabelos.

— Tá tudo bem. Eu estou bem.

— Não, não está. Você está sofrendo.

— Não estou.

— Está sim. Não tem problema sentir dor, Dulce. É, certo.

— Não tenho tempo para essas coisas, Christian. Tem muita coisa acontecendo. A tia Berê doente, meu trabalho e e-essa p-porcaria de b-botão! — Os soluços me fizeram gaguejar. As lágrimas vieram a seguir.

Inferno. Pensei que, depois de passar toda a madrugada chorando, meu estoque de lágrimas tivesse secado. Mas, pela velocidade e quantidade com que me desciam pelo rosto, eu ainda tinha um reservatório inteiro a ser utilizado.

— Está tudo bem, Dulce. Não tem problema chorar.

— Eu n-não estou ch-chorando!

— Claro que não. — Ele me pegou no colo e me levou para a cama, onde começou a me embalar como se eu fosse um bebê. Eu odiava quando ele fazia aquilo. Mais ou menos. — A tia Berenice não vai te abandonar, Dulce. Ela luta todos os dias para poder ficar, e é por sua causa. Eu também, florzinha. Estou aqui desde que tínhamos seis anos e nunca vou embora. Sempre vou estar aqui por você.

— P-promete?

— Prometo, florzinha. E acho que o Christopher talvez ficasse também. Se você tivesse deixado.

— Mas não teria, Christian! Ele não teria ficado. Eu me joguei em cima dele. Não podia ser mais clara, e ele...

— Te rejeitou — meu amigo completou, uma névoa obscura lhe embotando o olhar. — Acho que agora posso ir atrás dele e matá-lo sem que isso pese na minha consciência mais tarde.

Sacudi a cabeça.

— Ele não fez nada errado. Só não está a fim. Além disso, é melhor desse jeito. Ele teria ido embora de qualquer maneira.

— Dulce, nenhum de nós é ela — falou baixinho.

— Isso não tem nada a ver com ela! — Não tinha!