Fanfic: 💖Melodia💖💖Portiñon💖💖Adaptada💖💖FINALIZADA | Tema: Portiñon

A rotina era sempre a mesma. Dulce ia para o trabalho, verificava todas as pendências pela manhã e depois voltava para o hospital. A família de Anahí nada sabia ainda e também não tinham ligado. Barbara havia dado um sumiço, Dulce achou melhor dada a situação no momento. Numa manhã de sábado Ângela a chamou no quarto. Olhou para Dulce e se manteve séria.

- O quadro dela é estável, mas acreditamos que é irreversível.

Os olhos de Dulce estavam parados.

- Está com os batimentos normais, pressão normal, mas não reage. Tentamos todo tipo de medicação e nada.
- Ela vai morrer? – perguntou em tom sério.
- Anahí não tem qualquer sintoma que a leve a óbito, mas ela não tem estímulo pra acordar. É como se não quisesse viver, é essa a impressão que me passa. Você quer entrar no quarto?
- Eu posso?
- Claro.

Dulce entrou com Ângela e logo a médica saiu para deixá-las a sós.

- Meu amor. – falou baixinho. – Estou aqui, desde a semana passada. Estou cuidando de você e dos nossos filhos. Eles agora têm nome sabia? Helena e Henrique. Mamãe quem escolheu, na verdade sorteou da sua caixinha. – sorriu. – Henrique é a sua cara e dizem que Helena se parece comigo. Estou com saudades, queria tanto que estivesse do meu lado. Por favor, não me deixe sozinha, não sei viver sem você. – começou a chorar. – Reaja Anahí, por nossos filhos, pela nossa vida.

Abaixou a cabeça e beijou a mão da loirinha. Suas lágrimas agora eram incontroláveis. Não pode ficar muito tempo na UTI, mas Ângela prometeu que ela poderia ir lá todos os dias. Ao sair do hospital um pouco para espairecer, Dulce sentou numa pequena praça onde havia um chafariz em uma fonte. O tempo estava gostoso, ventando um pouco e um sol bem fraco. Olhava a tudo como se estivesse em preto e branco. Pensou em quando conheceu Anahí, em como ela era quando mais nova, estudiosa, disciplinada e linda. Sempre fora linda. Lembrou das viagens, dos passeios pelo Rio, de quando sentavam pra conversar na varanda e ficavam horas namorando. Não ligava para essas coisas até conhecê-la. Era por Anahí ser simples que havia conquistado seu coração. Achou graça quando se lembrou das férias com a família dela e de como era dedicada a eles.

- É isso! Família!

Pegou o telefone e ligou para Maitê pediu o endereço certo dos pais dela e foi pra casa. Voou no primeiro avião pra São Paulo e de lá foi pra Jaú, bateu na porta dos Portilla às nove da noite.

- Boa noite. – falou olhando para Enrique.
- O que faz aqui essa hora?
- Estou aqui pra falar de Anahí.
- Anahí! O que houve com ela?
- Primeiro eu vou entrar. – falou imponente.

Tisha  ouviu umas vozes e foi até eles.

- Quem é? – parou quando viu Dulce. – O que você quer?
- O que eu quero? Primeiro eu quero todo mundo sentado aqui nessa sala agora! – falou com autoridade.
- Mas o que é isso? O que pensa que está fazendo?
- Já, já eu te falo. Chame a todos.

Tisha  não ia chamar, mas Mateus e Barbara apareceram na sala em seguida.

- Pronto, agora eu vou dizer o que eu quero. – olhou um por um. – Eu quero minha vida de volta, quero minha esposa rindo e feliz ao meu lado. Quero ouvir a voz dela todas as manhãs me desejando bom dia, quero andar com ela na praia e sentir o seu perfume trazido pelo vento. Quero vê-la criando nossos dois filhos. Talvez vocês não se importem com ela, mas eu sim e é por isso que estou aqui. – manteve a posição firme.

Como ninguém se mexeu, Dulce retomou a fala.

- Há quase um mês Anahí deu a luz a gêmeos, duas crianças lindas, mas teve complicações no parto por conta de um cisto no útero. Ela sabia que teria esse risco, mas resolveu ter filhos assim mesmo. Hoje está em coma, num estado que os médicos consideram irreversível. Sabem por quê? Anahí não quer mais viver, perdeu o sentido pra ela não ter mais a família perto. Desde a última vez em que estivemos aqui eu senti isso nela. Nunca reclamou, pois não é característico dela. Mas é incrível saber que alguém trabalha e se empenha por uma família que não dá a mínima.

Tisha  caiu sentada no sofá chorando.

- Minha filha...
- Pois é, sua filha. A mesma que te ajudou sempre e que nunca deixou que passassem dificuldade. Que mesmo sabendo que não aceitavam sua condição, continuava ajudando e amando vocês. Agora é ela quem precisa de atenção e carinho.
- Eu não sabia que ela estava grávida. – Enrique falou.
- Só Barbara sabia e ainda assim foi proibida de dizer qualquer coisa pela própria Anahí.
- Ela não queria que soubesse e que se preocupassem com ela só por conta da gravidez. – Barbara se justificou.
- Eu quero vê-la. –  Tisha se levantou.
- Vim aqui justamente para buscar vocês, mas hoje é impossível pegarmos um avião. Só amanhã de manhã.
- Eu arrumo as coisas imediatamente, amanhã bem cedo nós saímos.

Dulce achou que teria mais trabalho para convencê-los, mas graças a Deus não.

- Você quer dormir aqui? – Tisha  perguntou, deixando Dulce surpresa. – Dorme, melhor que ficar num hotel e aí amanhã de manhã saímos todos juntos.