Fanfic: 💖Melodia💖💖Portiñon💖💖Adaptada💖💖FINALIZADA | Tema: Portiñon

São Paulo

Depois que saiu do estúdio Anahí passou no mercado e comprou muitas bobagens para comer com a sobrinha que chegaria no dia seguinte. Seu telefone tocou e era Angelique.

- Anahí, como vai?
- Ei Angelique. – sorriu quase forçado.
- Nossa! Saber seu telefone é muito difícil.
- Nem todo mundo tem meu celular, como conseguiu?
- Sua mãe, ela me passou.
- Ok, por favor, não repasse a ninguém. – Anahí falou sério.

Tinha certa mágoa com Angelique por simplesmente abandoná-la quando mais precisou. E depois de ter se formado e conseguido se ajustar na vida a garota quis se aproximar de novo. Então agora se mostrava mais arredia. Um pensamento sobre Angelique veio de repente levando ao passado.

“- Sempre te admirei e te respeitei, agora não será diferente.
- Obrigada por aceitar tudo isso e ficar do meu lado.
- Estarei sempre.”

A voz de Angelique do outro lado a tirou daquele momento.

“Não esteve do meu lado, quando eu mais precisei.” – pensou.

- E Paulo, deve estar grandinho.
- E bagunceiro. Ele gosta de piano viu, vai se tornar um pianista tão bom quanto à tia.

”Tia?!”

- Sei...
- Anahí, estou em Jaú, mas vou para São Paulo semana que vem, Rocco vai fazer um curso e vamos ficar uns dias aí.
Anahí já sabia o teor da conversa.

- Você estará ocupada?
- Semana que vem devo ficar aqui só até na sexta, viajarei a noite com minha mãe e Luisa.
- Isa está linda, é a sua cara. A vi na reportagem na revista, está chique viu, dando até entrevista.
- Aquilo foi insistência de Felipe.
- Então, queria saber se podemos no ver... e... – Angelique hesitou.
- Se quiser ficar lá em casa tudo bem, serão bem vindos.
- Jura?
- Juro Angelique.
- Nossa eu fico feliz que possa me ajudar; as coisas não andam tão fáceis por aqui e...
- Angelique tenho que desligar, estou indo pra casa e celular e trânsito não combinam. Assim que chegar em São Paulo me ligue e eu mando buscá-la. Beijos.
- Beijos amiga, obrigada.

Depois que desligou Anahí ficou pensando nas últimas palavras de Angelique.

- Amiga! Ai, ai... – balançou a cabeça num gesto negativo.

Angelique passava por certas dificuldades, há quase seis meses seu pai havia falecido e as finanças não andavam muito bem. Agora sabia como era ter que trabalhar e não ter com quem contar.

No dia seguinte Anahí buscou a mãe e sobrinha.

- Tia, podemos alugar um filme?
- Podemos meu amor, de tarde a gente desce pra ir à locadora.
- Oba! – a menina saiu pulando que nem um coelho.
- Fez boa viagem mãe? Como estão todos?
- Estão bem, trabalhando bastante. Mateus está fazendo um curso técnico e seu pai comprou o trator.
- Deu certo aquela transferência?
- Sim, do jeito que combinamos.

Anahí se referia ao dinheiro que havia mandado para o pai. Depois que se formou e que viu sua vida mais estável resolveu contar a eles sobre sua condição sexual. Julgou não ter mais nada a perder, pois já tinha perdido o amor da sua vida e os amigos mais próximos. O que viesse era lucro. Tisha ficou muito chateada na época, perguntava-se onde tinha errado na criação da filha e Anahí somente argumentava que essas coisas não se escolhiam. Já Enrique se enfurecera e junto com ele o filho, que era seu reflexo. Não quis vê-la mais e Anahí que não tinha muito, perdera mais um pouco. Com o tempo sua mãe repensou, com a ajuda de Barbara. A cunhada, que nada falou no dia, depois ligou para Anahí e apoiou a atitude dela e disse que tentaria ajudar. Havia conseguido com Tisha que agora convivia com escolha da filha, desde que nunca visse ela com ninguém. Com Mateus e Enrique, ainda estavam tentando amolecer seus corações. Mesmo assim Anahí ajudava o pai sem ele saber, que na verdade se fazia de desentendido. Não proibia as visitas da esposa à filha, mas não aceitava Anahí em sua casa.

- Mãe, por que passou meu telefone para Angelique?
- Ela insistiu tanto e eu fiquei com pena. A mãe está vendendo a casa e a chácara, vão comprar um lugar mais modesto para viver.
- Ela não está trabalhando?
- Quem? Angelique? Faz uma apresentação aqui e ali, mas isso não sustenta mãe com filho. E Rocco está no mesmo barco furado.
- Meu Deus! Ela tinha uma carreira pela frente, era tão talentosa. Ligou-me pedindo para ficar aqui enquanto o marido faz um curso. Eu que na verdade convidei, acho que ela ficou sem graça de pedir.
- Como são as coisas, ela pouco quis saber de você e agora pede ajuda. Estou orgulhosa que tenha oferecido, poucos fariam isso.
- Disse que viajaria na sexta, ela ficará só até esse dia.
- Ta de bom tamanho.

Anahí foi alugar o filme com a sobrinha e aproveitou para comprar roupas para ela. Fazia tudo que Luisa queria, mas sempre ensinava o valor das coisas e a ter educação. Pensava que Luisa era a filha que não teria.

Segunda-feira Angelique ligou dizendo que chegaria à tardinha, então Anahí mandou que alguém a buscasse e levasse direito à seu apartamento. Tisha quem os recebeu no apartamento.

- Achei que Anahí morasse longe, mas ela mora no centro. – Angelique falou admirando o apartamento.
- Tudo em São Paulo é longe minha filha. – Tisha comentou. – Entrem, já vou servir o jantar.

Estavam jantando quando Anahí abriu a porta rindo junto com Maite.

- Ai Maite, você não vale um real.
- Esses homens acham que a gente ta matando cachorro a grito. Não podem ver duas mulheres lindas que já se engraçam, ai que horror. – revirou os olhos.

Anahí olhou para a mesa e estavam todos jantando e as olhando.

- Ei! Já chegaram! Quanto tempo Angelique!
- Oi Anahí. – Angelique sorriu e a abraçou.
- Como vai Rocco?
- Bem e você?
- Graças a Deus bem. Esse é o Paulo? Nossa que rapazinho bonito! Você vai dar trabalho pra sua mãe hein? – brincou.

Paulo tinha os olhos da cor dos de Angelique e os cabelos enrolados; era muito simpático.

- Luisa disse que vai me levar no play center. – sorriu.
- É? Ela por acaso falou quem vai “levá-la” ao play center? - fez aspas no levá-la.
- Eu levo filha, amanhã saio com os dois para passear.
- Então ta bom. Gente, essa é Maite minha amiga e nas horas vagas secretária. – riu.
- Oi gente! Tem lugar pra mim aqui hoje? Vou dormir aqui, minha filha ta pra casa da avó.
- Te deu sossego? – Tisha brincou.
- Deu, que fique lá a semana toda.
- Você dorme comigo, mamãe tem o quarto dela e Angelique, Rocco e Paulo no quarto de hóspedes. Lugar não falta. – Anahí falou.

Jantaram todos sob os olhares indagativos de Angelique. Quando saíram da mesa ela veio falar com Anahí.

- E aí, namorando muito?
- Não, solteira mesmo. Esse será meu estado natural.
- Nunca mais se envolveu com ninguém?
- Nada sério, apenas passatempo. – Anahí se limitava a responder o básico.
- E Maite é...
- É o que falei na sala, minha amiga e secretária, trabalha comigo faz um ano. Sem ela não existo. Ela sabe tudo da minha vida, tudo! Aonde vou ela está, inclusive para a Bahia que é pra onde vou na sexta.
- Só passeando hein amiga.
- Não, vou a trabalho, tenho uma reunião lá e vou levar mamãe para conhecer. O ano virou e eu nem tive tempo de descansar, essa viagem será pra compensar. Nas horas vagas tento descansar e passear com elas um pouco.
Conversaram sobre suas vidas e Angelique pode reparar no quanto Anahí mudara, mas não deixava de ser a mesma pessoa simples e simpática. Agora tinha orgulho dela. Foi para o quarto pensando em como a vida dava voltas e todas as lições tinham o tempo devido para acontecer.

Anahí teve uma semana caótica por conta das gravações, mas sempre procurava dar atenção à mãe e às visitas. Angelique sentiu que ela estava mais afastada e sabia o motivo. Ainda assim foi muito bem tratada e teve toda a estrutura que precisou nos dias que ficou lá. Tisha levou todos para passearem e quem mais gostou foi Paulo. O curso de Rocco terminaria na sexta, no mesmo dia em que Anahí viajaria e quando ela saiu com a mãe, Maite e Luísa, Angelique também se despediu.

- Obrigada pela ajuda Anahí. Sem você eu estaria perdida.

Anahí quis responder algo à altura, mas deixou pra lá.

- De nada Angelique, amigos são pra essas coisas.
- Tenho muito orgulho de você. E quero ficar velhinha sendo sua amiga. – sorriu.
- Será minha amiga até quando quiser. – Anahí retribuiu o sorriso. – Você dizia que moraria em Parati quando ficasse velhinha, não esqueça disso. – riu.
- Agora essa realidade é bem distante. – falou um pouco triste.

Despediram-se e cada uma foi pra um lado. Foi a última vez que Anahí viu Angelique.

Dentro do avião Maite perguntou assim que se acomodaram.

- Ela é a pessoa com quem você estudou no Rio?
- Sim, a própria.
- Ah, mas você tinha que ter me falado isso antes. Eu teria dito umas verdades pra ela.
- Pra que Maite? Angelique está ouvindo agora as verdades da vida. Não precisa de lição de moral, a vida está ensinando.
- Sábias palavras chefinha.

Ao ouvir Maite falar, lembrou-se de Christian quando brincava com a prima e acabou pensando nela:

“- Por que você tem essa mania de me deixar sem palavras?
- Eu faço isso com as pessoas.”

Anahí teve o pensamento interrompido pelo comandante avisando que estavam chegando.


Rio de Janeiro

- Mãe, a senhora tem razão. – Dulce entrou falando na cozinha logo cedo.
- Eu sempre tenho. – Marta brincou. – O que foi?
- Vou reconquistá-la. A senhora me ajuda?
- Está preparada para ouvir um não?
- Quantos “nãos” ela me disser.
- Então mude de verdade e volte a ser quem era, Anahí gostava daquela Dulce, não dessa que eu vejo agora.

Dulce sabia que a mãe tinha razão. Decidiu não mais fumar ou pelo menos diminuir. Ligou para Fabrício e pediu o telefone de Poncho.

- Pra que Dulce? – perguntou do outro lado da linha.
- Preciso de um favor dele.
- Ai, ai...

Depois que ele passou o número ela ligou na mesma hora.

- Poncho, sabe o telefone de Anahí?
- Bom dia pra você também. Pra que quer o telefone dela?
- Pra botar na minha agenda de opções. – debochou. – É pra ligar, por favor, me dê?!
- Daria se tivesse, mas o número do telefone dela é segredo de estado; ultimamente temos nos comunicado somente por email, Skype ou MSN. E ela anda sumida, deve estar viajando.
- Sabe onde posso conseguir?
- Talvez no estúdio dela, mas se eu que sou amigo não tenho, eles não passariam para uma estranha.
- Vou tentar. – Dulce ligou para o estúdio e lá informaram que Anahí estava em viagem. – Estamos com uma encomenda para lhe entregar, é um prêmio que a senhorita recebeu, tenho urgência em falar com ela.
- Prêmio?! – a secretária pareceu se animar. – Bom a senhorita Anahí está na Bahia, em Salvador, só retornará na semana que vem.
- Sabe qual hotel?
- Não posso dar essa informação senhora.
- Tudo bem eu retorno na semana que vem. – voltou à estaca zero. Olhou para o relógio e para a mãe que ouvia tudo ao seu lado. – Vamos pra Bahia! Arrume suas coisas.