Fanfic: The Family | Tema: Rebelde, RBD

Mía, Roberta e Lupita dormiam em um quarto e Giovanni, Miguel e Diego dormiam em outro. Um quarto ficava de frente pro outro. Eram amplos e muito bem decorados.

O quarto das meninas tinha uma mistura de flores, natureza, de coisas abstratas, cores escandalosas e de estrelas, coisas relacionadas ao universo. A parede de Roberta era como um mosaico cheio de figuras enigmáticas e de cores muito vivas. Ela também havia pintado na parede símbolos da paz. A parede de Lupita era como uma janela aberta para a natureza. Ela havia pintado cachoeiras, pássaros, coisas espirituais, árvores, um sol e nuvens. A parede de Mía tinha um fundo preto, com enormes estrelas em amarelo, e nesse fundo preto havia também um universo pintado. Ao redor desse universo, junto com as estrelas, havia um coração bem vermelho. Lupita fazia do quarto um templo de meditação, sempre acendendo incensos com fragrâncias de entupir as narinas. No começo, Mía e Roberta reclamavam do cheiro forte, mas agora já estavam acostumadas. Lupita dizia que era pra afastar maus espíritos do lar. Roberta também ouviu reclamações das amigas porque ligava o som no último volume, o que atrapalhava a concentração de Lupita em seus “rituais” e o sono sagrado de beleza de Mía. O bom é que o guarda-roupa delas é bem grande, e quando Roberta queria escutar funk alto, Mía pegava seu travesseiro e corria pra dentro do guarda-roupa. Não é uma atitude muito comum, mas para Mía se livrar da música alta e poder dormir, dava certo. A única coisa que Mía fazia que irritasse as amigas era seu banho demorado. Ficava horas e horas debaixo do chuveiro, cantando bem alto. Enquanto que do lado de fora tinha uma fila de gente esperando.

– Si tú piensas que te voy a perseguir, ni los sueñes, no soy así...

Lupi gritava:

– ANY, QUER SAIR DAÍ LOGO? ESTOU A MEIA HORA AQUI ESPERANDO!

Roberta gritava:

– PRECISO TOMAR BANHO!

Giovanni gritava:

– PRECISO FAZER XIXI URGENTE!

Roberta fez uma careta de desaprovação para Giovanni.

– Giovanni, esse aqui nem é o seu banheiro.

– Eu só estava tentando ajudar você e a Lupi, ué!

O quarto dos meninos era - como dizia Roberta -, sem graça. As paredes eram cinzas, prateadas, o máximo de cor viva que existia lá era um azul bem forte. O quarto deles também era amplo, com banheiro e closet. Haviam grudadas nas paredes fotos de carros, de mulheres e do Pumas. Diferente do quarto das garotas, esse era um quarto bem bagunçado. Diego reclamava que Giovanni jogava suas roupas na parte dele do guarda-roupa. Como Giovanni não dava ouvidos e continuava misturando as roupas, Diego começou a colocar suas roupas na parte do Miguel. O que gerou uma confusão total onde nem eles se entendiam.

– Onde é que minhas meias brancas estão? – perguntava Diego.

– Estão aqui, em cima das minhas. Bem que você podia ter as lavado né? O fedor de chulé está horrível! – respondia Miguel, indignado.

– Posso saber o que esse meu sutiã fazia aqui no quarto de vocês? – gritava Roberta.

– Bom, é que... ah, deve ter vindo pra cá enganado, com a roupa lavada! – Diego fazia uma cara de paisagem para responder.

Os seis achavam que era muito cômodo e prático comer pizza no jantar. Divertiam-se chamando as ocasiões em que faziam esse tipo de refeição, de “Noite da Pizza”. Giovanni adorava essas noites pois ele não corria o risco de precisar cozinhar. Por ele, comeriam pizza todas as noites.

Em um desses jantares, Miguel não estava reunido com os demais. Estavam somente os outros cinco em volta da mesa redonda e Mía parecia estar com o pensamento em outro planeta. Estava estranhamente quieta. Se algum dos quatro tivesse reparado no modo como ela olhava para o lugar vazio de Miguel, certamente teria matado a charada. Mía, naquele momento, não podia ouvir o que os amigos diziam. Estava mergulhando em seu mundo, pensando no Miguel. Ela imaginava como seria bom se algum dia ficassem juntos novamente. Mía estava empolgada porque agora ela teria chances. “Não existe mais Romina, nem Luz Viviana e muito menos a Bruxa Adolescente no meu caminho. Ele será meu, somente meu.” Era exatamente este o seu pensamento, quando ouviu seu nome. A voz que a chamava estava muito distante, mas parecia ser a de Giovanni.

– ..................................................., Mía?

Sem prestar a mínima atenção, Mía respondeu um “sim” sem deixar de lado seus pensamentos. Após isso, a gritaria foi geral. E tal confusão fez com que Mía despertasse de seus típicos sonhos com olhos abertos. Ouvia Lupita rir, enquanto dizia:

– Mía danadinha, hein?

– Então é verdade, Mía? – Roberta sorria maliciosamente.

– É lógico que é verdade. Eu já vi várias vezes isso acontecer. – Giovanni tinha certo poder no tom da voz.

Mía estava ali totalmente fora do assunto, tentando entender o motivo para tanta gozação. O que ela havia dito de tão engraçado, afinal? Ela não conseguia pensar em nenhuma resposta útil naquele momento.

– O que? O que foi?

Os demais ainda estavam rindo.

– Ai caramba, digam logo, do que estão rindo?

– Do que você acabou de dizer, Mía! - Giovanni respondeu, rindo.

Mía estava aflita.

– Mas o que foi que eu disse? Eu não estava prestando atenção na conversa.

Lupita chorava de rir. Roberta olhava para Mía sorrindo de lado, enquanto mastigava mais um pedaço de pizza. Diego também ria, mas estava ocupado demais na tentativa de desgrudar um fio de queijo derretido que estava entre seu nariz e o queixo. E Giovanni tentava ficar sério, a fim de que os outros notassem certo ar de superioridade em sua voz.

– A senhorita, Mía, acabou de confessar para todos nós, que costuma sair do seu quarto bem devagar na calada da noite, para ir pra cama do Miguel – Giovanni sorria como se fosse o dono da razão.

Mía não queria acreditar no que tinha acabado de ouvir.

Às vezes, ela esperava até que Lupita e Roberta pegassem no sono, e cautelosamente se certificava de que Diego e Giovanni também estivessem dormindo. Então ela ia, sem causar barulho, até o quarto dos meninos. Abria a porta lentamente, com todo o cuidado, e sorria ao ver que Miguel a esperava no escuro, sentado em sua cama. Giovanni havia exagerado ao dizer que ela costuma ir pra cama do Miguel. Além disso, eles estavam fazendo tempestade em copo d’água. Quando ela ia até o quarto dos meninos a noite, Miguel e ela ficavam apenas conversando baixo, e quando sentiam vontade, olhavam as estrelas juntos. A cama de Miguel ficava perto da janela que lhes proporcionava a visão mais extraordinária do céu repleto de estrelas. De vez em quando, um abraço mais apertado pedia um beijo, e os dois não conseguiam evitar. Mas era apenas isso, nada mais. Nada mais enquanto os outros não saíam do apartamento. Mas Mía não admitiria aos demais que algo mais acontecia quando eles estavam fora de casa.

Imediatamente, Mía começou a negar tudo.

– O que??? Vocês estão malucos? O que vocês tem na cabeça para falarem uma coisa dessas? – gritou, levantando-se da cadeira e batendo seu pedaço de pizza na mesa três vezes.

– Ei, se não quer comer, dê o seu pedaço da pizza pra mim, que absurdo, isso é jeito de tratar um pedaço de pizza quatro queijos? – Giovanni estava indignado.

Mía bateu o pedaço de pizza mais uma vez contra a mesa, porém, dessa vez com mais força. E saiu da sala de jantar, resmungando algo que ninguém conseguiu ouvir, nem entender.

Giovanni pegou o pedaço de pizza de Mía.

– Oh, coitado de você, pedaço de pizza. Está esmagado. Deixe que eu cuide de você, vem cá. – falou com aquela pizza como se estivesse falando com uma pessoa.

Roberta, Lupita e Diego entreolharam-se. Giovanni finalmente havia abocanhado o pedaço de pizza esmagado por Mía.