Fanfic: Broken Hearts - AyA | Tema: Rebelde (RBD), Anahí e Alfonso, AyA

Depois de um exaustivo dia de trabalho, Anahí digiriu velozmente pelas as ruas agitadas de Nova York, desejando somente um demorado e longo banho em sua banheira redoada de espumas perfumadas.

Ao chegar em seu lar, a mesma notou uma tranquilidade um tanto quanto questionável, pois esperaria encontrar a mansão totalmente desorganizada devido a um certo alvoroço de um garoto. Entretanto, para seu sobressalto o ambiente estava perfeitamente organizado e em total silêncio.

A morena subiu as imensas escadas de mármore a procura de alguma pessoa para que pudesse responder o que estava acontecendo naquela casa, no entanto, ao chegar no segundo andar notou estar ainda mais silencioso.

Mas, ao passar pela porta do quarto do seu filho, um choro quase imperceptível atingiu a audição de Annie. Ela imediatamente abriu a porta e entrou no quarto o qual estava sossegado demais.

Ela analisou o ambiente a procura de Miguel, seus olhos passaram-se pela imensa cama de casal, o guarda roupa grande na cor branca, a escrivania azul no canto do quarto, os posters de jogadores de futebol na parede branca. Porém, não havia nenhum resquício da presença de seu filho ali.

Após uma última examinada no quarto e sem nenhuma resposta que Miguel estaria ali, ela decidiu sair. Mas, inesperadamente, um suspiro baixo foi escutado novamente a impedindo de ir. Annie, mirou as cortinas longas azuis as quais naquele momento flutuavam sobre o vento e então pode ver o seu filho na sacada.

Ela caminhou em passos vagarosos, atravessou a porta de vidro e parou ao lado do seu filho o qual contemplava a cidade já com as luzes acesas anunciando a chegada da noite.

— Oi, filho. O que você está fazendo aqui sozinho? - Questionou Annie tranquilamente o encarando.

— Apenas pensando, mãe. - Respondeu o garoto ainda observando a cidade agitada a sua frente.

— Pensando? Eu nunca vi você tão quieto. O que foi que aconteceu? - Indagou com os olhos azuis apreensivos.

Naquele momento como se fosse por destino, Alfonso entrou no quarto de Miguel a procura dele e deparou-se com a cena de mãe e filho na sacada. E sendo motivado pela curiosidade, ele permaneceu no ambiente atento a cena a sua frente.

— Arg, detesto você me conhecer tanto. - Respondeu com a voz levemente irritada. — É só que... - Houve pausa e um longo suspiro. — É porque na próxima semana é o dia que todos os pais vão para feiras das profissões. Falar sobre seus trabalhos. - Explicou calmamente. — E eu sou o único da escola que não tenho um pai para ir nesse evento. - Concluiu mirando a sua mãe com os olhos verdes molhados de lágrimas.

Alfonso, sentiu-se terrivelmente incomodado com aquela confissão. Queria ardemente ser um pai que participasse constantemente da vida dele. No entanto, havia empecilhos que o impediam. E naquele instante, Poncho amaldiçoou-se por não ser um ótimo pai para Miguel.

— Eu sinto muito, querido. - Falou com a voz lamentosa abraçando seu filho pelos ombros. — Queria que você tivesse um pai presente na sua vida. - Revelou sinceramente com um suspiro. Alfonso atrás dela ergueu as suas sobrancelhas percebendo que Anahí também desejava o mesmo que ele.

Aquela era a verdade. Anahí sempre desejou que Miguel tivesse um pai presente na vida dele. Estivesse nos melhores e piores dias, um pai que o apoiasse e o aconselhasse em tudo. No entanto, o destino e nem Alfonso Herrera queria assim.

— E os meus colegas ainda me zoam por não ter pai e ter uma mãe ausente. - Esclareceu com a voz melancólica.

— Miguel, você não pode deixar ninguém fazer isso com você. Você tem que os enfrentar de frente. - Aconselhou com a voz segura virando-se de frente para ele. — Você é um garoto extraordinário. E um maravilhoso filho. Então, não aceite que ninguém te diga o contrário. Até porque os Portilla`s são superiores a todos, querido. - Miguel absorveu aquelas palavras em silêncio. Poncho revirou os olhos diante a última frase. Detestava a arrogância daquela família. — E eu prometo que agora para frente sempre estarei presente na sua vida. - Garantiu secando uma lágrima solitária que escorria pelo rosto de seu filho.

Miguel em resposta abraçou a sua mãe fortemente. Sentiu-se seguro e protegido nos braços de sua mãe. Nenhum problema parecia existir naquele momento. Somente ele e Anahí.

Um sentimento corroeu o coração de Poncho. A tristeza. Pois, queria tanto, estar ali no lugar de Anahí recebendo aquele abraço afetuoso.

Eles interromperam o braço, separando-se, Annie novamente limpou outra lágrima na face de Miguel e ele sorriu largamente para ela.

— E agora, mãe? Quem vai na feira comigo? O tio Charlie não está aqui para ir. - Questionou com a voz apreensiva. — Eu pensei em chamar o Alfonso, mas não sei se ele vai aceitar. - Revelou com os olhos verdes preocupados.

Uma chama de esperança atingiu o coração de Alfonso. Miguel gostava dele de verdade. Ele estava conseguindo o conquistar aos poucos. Aquilo era uma ótima notícia.

— O Alfonso? Ele não, querido. Eu sei que você gosta dele, porém tem que ser alguém mais próximo de você. Alfonso é só um antigo amigo meu. E também ele não aceitaria, pois é muito ocupado com seu trabalho. - Argumentou rapidamente. Alfonso não assumiria aquele papel na feira. Ela não deixaria. — Deixa eu pensar. - Falou com olhar pensativo. De repente, uma ideia surgiu a mente dela. — O seu avô pode ir. Ele é a figura masculina mais próxima de você. - Sugeriu entusiasmada. Miguel sorriu diante da resposta.

A vontade de Alfonso naquele instante era esmurrar alguém. Miguel queria o chamar para a feira, contudo, Anahí havia o mudado de opinião. Um ódio súbito lhe atingiu. Todavia, apesar dele ter sido excluído da possibilidade de acompanhar seu filho na escola, ele continuaria se aproximando de Miguel. Ninguém seria capaz de impedi-lo. 

E antes que agisse por um impulso, Poncho rapidamente deixou o quarto com a decisão que teria o amor de Miguel e ponto final.

💔

Dulce María caminhava tranquilamente pelo corredor do segundo andar da mansão. Entao inesperadamente deparou-se com Alfonso o qual atravessava o corredor a passos apressados. Um interesse súbito lhe domou. Porque ele estava tão apressado e o semblante ríspido?

Contudo, antes que pudesse descobrir o motivo, ele passou por ela tão rápido que a ruiva não teve tempo para perguntar. Dulce continuou a sua caminhada até que ouviu vozes conhecidas. Como por intuição a mesma adentrou no quarto de Miguel e o viu com Anahí na sacada.

— Por que vocês estão aqui em cima sendo que o jantar já está sendo servido la embaixo? - Perguntou aproximando-se deles com um sorriso cordial.

— Você é muito curiosa, madrinha. - Rebateu fingindo a voz dura. — O jantar está pronto mesmo? - Questionou entusiasmado. A ruiva meneou com a cabeça. — Eu não sei vocês, mas estou indo comer. - Despediu-se caminhando em direção a porta blindex da sacada.

— Ei, comilão, espera, pois eu quero fazer um convite a você. - Pediu Dulce sorridente. Miguel imediatamente interrompeu a sua saída e deu toda a sua atenção a sua madrinha. — Bom, nesse sábado, eu e o Chris estamos indo para Florida visitar a família dele. - A ruiva contou e em seguida fez uma careta. Annie não pode deixar de  gargalhar, pois ela sabia o quão a sua amiga "amava" a família do seu marido. — E como eu sei que você nunca visitou a Flórida pensei que sua mãe poderia deixar você viajar com nós. - Explicou com o semblante empolgado.

— Eu quero muito ir, madrinha. - Respondeu entusiasmado. — Deixa, mãe. Por favor. - Implorou com a voz dócil mirando a sua mãe com os olhos verdes suplicantes.

— Não sei. Você, a sua madrinha e seu padrinho em outra cidade. Acho que não vai dar certo. A sua madrinha é meio maluca. - Falou em tom receoso tendo atenção de ambos em si. 

—  Ei, eu estou aqui e escutei o que você falou de mim. - Avisou Dulce a fuzilando com olhar. Miguel soltou um riso. 

— Mãe, eu quase não viajo, por favor deixa. Você sabe que eu sempre quis ir para Flórida. - Clamou ajoelhando-se diante sua mãe. Dulce apenas analisou a cena a sua frente em silêncio. — Nas férias passadas eu não viajei só fiquei em casa. Eu vou me comportar e sempre vou te ligar. Deixa, por favor. - Suplicou com os olhos esmeraldas brilhosos.

Miguel sabia que bastava implorar a sua mãe para que deixasse. Um par de olhos verdes cintilantes, a voz mansa, ajoelhar, eram os truques que sempre a convenciam. Bastava isso. Diante os olhos piedosos de seu filho era impossível dizer não. O seu coração era frágil diante o pedido de Miguel. Anahí cedia a tudo que o garoto desejasse e agora não seria diferente.

— Está bem, você pode ir. - Falou serenamente. Miguel e Dulce comemorou. — Mas vocês dois tem que sempre me ligar, me manter informada de tudo. - Ordenou apontando o dedo em tom severo para ambos.

— Sim, senhora. 

💔

Após um delicioso jantar, Anahí isolou-se no escritório da mansão para dar início ao seu trabalho que duraria quase a madrugada inteira. Sendo movida por um forte café preto, Annie digitava velozmente no teclado do seu notebook enquanto estava com os olhos azuis petrificados na tela a sua frente.

O seu trabalho era uma válvula de escape, um refúgio, de seus problemas familiares e amorosos. Ali tão concentrada, todas as suas adversidades imergiam em meio tantos papéis e casos importantes. Nada parecia tão preocupante quanto o seu serviço, o qual ela amava.

Contudo, a sua paz não durou muito, pois uma batida na porta soou no ambiente, apesar da mesma ordenar para que ninguém a incomodasse. A morena soltou um longo suspiro de descontentamento antes de liberar a entrada do intruso.

— Pode entrar. - Falou em tom alto continuando a digitar. — Eu dei ordens expressas para que ninguém interrompesse. Então, por que está aqui? - Indagou com olhar fixo na tela de seu notebook.

— Desculpa, Anahí, não sabia que você estava trabalho. - Desculpou-se Poncho com a expressão constrangida.

Annie desviou a sua atenção por segundos para o belo homem à sua frente a qual a encarava retraído.

— O que você quer, Herrera? - Perguntou impaciente.

— Quero conversar com você. - Respondeu fechando a porta de madeira atrás de si.

— Eu estou muito ocupada no momento caso você não tenha notado. - Rebateu rispidamente voltando o olhar ao computador. — Em outro momento conversamos. Por favor, me deixe sozinha. - Pediu com a voz dura o ignorando.

— Eu notei sim. Porém, preciso mesmo falar com você. - Contrapôs sentando-se na cadeira frente a mesa a qual ela estava. Anahí com esse ato bufou nervosa. — Você pode me ignorar o quanto quiser, mas não saio daqui enquanto não conversamos. - Explicou pacientemente encostando-se na cadeira. — E você sabe que sou muito persuasivo e insistente desde adolescente. - Finalizou com breve sorriso.

— Você venceu. Sobre o que quer tanto falar? - Questionou com a voz irritada.

— Sobre Miguel e sobre a feira de profissões dele.

— Esquece. Se você veio aqui com a intenção de querer ir nessa feira com ele. Eu não vou deixar. - Esclareceu o interrompendo.

— E por que não posso ir? - Indagou com o semblante severo. — Eu sou o pai dele. - Alegou como se fosse algo óbvio.

— Você pode até ser o pai dele, mas ele não sabe disso. Miguel acha que o pai dele nunca o quis conhecer e é melhor assim. - Afirmou ainda digitando. — Além disso, o meu pai vai com ele. Miguel o idolatra. - Concluiu com pequeno sorriso vitorioso. — Se tiver algo a mais a falar diga, se não por favor, saia porque você está me desconcentrando. - Ordenou ainda mais áspera, o tratando friamente.

— Não, Anahí, tenho mais assuntos com você a serem tratados. - Disse com a voz dura. — Sobre você me ignorar desde daquela noite que quase nos beijamos. - Expôs direto.

— Você me disse todas aquelas ofensas e  ainda espera que não te esnobe e fique em paz com você? - Questionou dando a sua atenção ao moreno a sua frente o qual possuía o semblante impassível.

— Naquela noite as lembranças do nosso passado vieram a tona na minha cabeça, então fiquei com muito ódio de você e por tudo que você me fez.

— Por tudo que eu te fiz? - Indagou a morena aumentando o seu tom de voz. — Eu fiquei grávida aos dezoitos anos e você não me apoiou. — Expôs erguendo-se da cadeira por impulso. Seus olhos estavam escuros. — Você que sempre se diz ser correto, honesto. - Esbravejou enquanto fazia gestos com as mãos — Quando eu mais precisei você não estava do meu lado. Você é o único culpado aqui. - Acusou com a voz alterada.

— Foi você que foi embora sem ao menos se despedir. - Agora foi a vez de Poncho levantar-se com olhar furioso. — Se você tivesse ficado, me contado sobre meu filho, eu o assumiria com todo amor e além disso, me casaria com você. Porque eu te amava intensamente. — Revelou sinceramente com os olhos esmeraldas brilhosos de lágrimas.

Um remorso em Anahí surgiu inesperadamente. Tudo poderia ser tão diferente se tivesse ficado na sua terra natal. Ela, Miguel e Alfonso poderiam ser uma família feliz como a mesma sempre sonhou e quis. No entanto, a imagem de Alfonso recebendo aquele maldito envelope com o cheque não saia de sua mente há exatos doze anos. Ser trocada por uma quantia de dinheiro não tinha perdão. Alfonso que tantas vezes tinha feito juras de amor havia a transformado em uma moeda de troca. Uma ferida estava em sua alma durante todo esse tempo e ela não seria facilmente cicatrizada por simples palavras.

— Pela última vez irei te dizer isso. Eu tive meus motivos para deixar aquela maldita cidade. - Explicou agora calmamente. — E sabia que assim como você eu sinto muito ódio de tudo. E eu somente deixei você permanecer na minha vida novamente por conta da empresa, pois você é sócio. E também por conta do Miguel, já que, você é pai dele e tem direito a isso. Caso contrário, eu queria distancia de você. Então, foi até melhor naquela noite não nos beijamos, pois isso seria um imenso erro. Todo amor que um dia eu senti por você ficou no passado. - Houve uma pausa. Poncho a encarava em silêncio. — Eu estou noiva e amo o Charlie. E irei me casar com ele no fim do ano. Portanto, vamos continuar sob o mesmo teto devido aos motivos que falei, mas me faça um favor, converse comigo somente quando necessário. - Annie voltou a sentar na cadeira e Poncho continuou ali petrificado. — Agora que já falamos tudo, você poderia me deixar trabalhar em paz. - Pediu novamente mirando o seu notebook.

Aquelas palavras havia sangrado o seu coração. Haviam sido cruéis e dolorosas. Todavia, ele também tinha agido do mesmo modo que ela. E agora omente estava recebendo o que havia feito. Tinha sido olho por olho, dente por dente. 

No entanto, aquilo tinha sido apenas uma batalha que havia perdido, pois a guerra ainda não tinha terminado, ela havia terminado de começar.