Fanfic: DESTINADOS/ Adaptada/ VONDY | Tema: VONDY

-Olha Anahi -disse pegando a irmã pelo braço.

E abrindo a porta de seu quarto com raiva, disse, antes de fechar a porta no nariz de sua irmã:

-Não sei o que há com você, mas, enquanto não voltar a se comportar como a moça que era, sem tantas frescuras, não diga absolutamente mais nada a respeito de meu casamento.

Dulce bateu a porta, correu até uma bacia para vomitar e chorar.

Já arrumada, Dulce suspirou, dando o último retoque no cabelo, que havia prendido em um coque apertado. Com a testa franzida, pensou em lady Marian, em sua cara de mosca morta e seus trejeitos tolos. "Se esse é  o tipo de mulher que Christopher quer, não serei eu a proibi-lo". Sentiu o coração doer ao imaginar Christopher quebrando seus votos matrimoniais para ficar com aquela mulher.

Haviam passado apenas um mês sem se ver, e ele já parecia tê-la esquecido. Onde estava o homem que em sussurros lhe dissera que sentiria falta dela a cada momento do dia? Talvez, durante esse tempo, ele houvesse se dado conta de que seu amor por ela não era de verdadeiro, e aquela indiferença era fiel reflexo do  que sentiu ao vê-la. Se isso fosse verdade, como lhe contar sobre o bebê?

Centenas de perguntas se acumulavam em sua mente e  faziam com que sua fúria, seu desconcerto e sua raiva crescessem momento a momento dentro dela. Jogou o pente com raiva, saiu e fechou a porta de seu quarto com violência com intenção de descer para o salão.

Ao passar pelo dormitório de seu irmão, entrou para vê-lo. Encontrou-o deitado na cama, pensantivo, com o olhar cravado na janela.

-Ola´diabinho! -sorriu Dulce com carinho, sentando-se ao lado dele na cama. -Em que está pensando?

-Estava olhando a lua. -Quando vivíamos em Dunstaffnage, a lua se escondia atrás das montanhas -respondeu ele com seriedade, observando sua irmã, que estava muito bonita com o cabeol preso para trás.

-Sim, meu tesouro -assentiu Dulce, recordando os pores de sol -A lua está muito bonita hoje, não é?

-Mais bonita está você -sussurrou o menino, fazendo-a- sorrir.

-Ora, Lucca! -Creio que a primeira vez que meu irmãozinho me faz um elogio.

Mas tristeza dos olhos do menino a desarmou.

-Sinto muito que Christopher tenha se aborrecido com você, e lamento ter me comportado mal muitas vezes.

-Ora! -disse ela, fazendo uma careta que fez Lucca sorrir -não se preocupe com Christopher, logo vai passar.

Sentado-se na cama, o menino olhou-a e perguntou:

-Por que Anahi pensa que sou um problema?

-Tesouro! -sussurrou Dulce, triste ao pensar que ele havia escutado as bobagens que sua  irmã havia dito. -Anahi não pensa isso de verdade -Você sabe que ela às vezes é um pouco tola, e creio que, por estar grávida, sua cabeça não está funcionando muito bem.

Mas Lucca não estava disposto a acreditar naquilo, e tornou a perguntar:

-Mas por que ela pensa que você e eu acabaremos vivendo sozinhos em uma cabana?

-Bem - sussurrou Dulce, beijando a cabeça de seu irmão e pela primeira vez tentando ser realista, inclusive com ele -Quando Christopher e eu nos casamos, foi por meio de um Handfasting. Sabe o que isso quer dizer?

O menino assentiu, muito sério.

-Esse tipo de casamento pode  durar um ano ou a vida toda; tudo depende de que as duas pessoas que se unam desejem ficar juntas para sempre.

Ao dizer isso, uma vontade de chorar fez seus olhos marejarem, mas ela se controlou:

-E, embora Christopher seja um bom homem, talvez não possamos continuar juntos.

Lucca, sem tirar os olhos da irmã, confessou:

-Eu perguntei a Christopher se teríamos que ir embora daqui e ele disse que não.

-Quando lhe perguntou isso? -disse ela surpresa.

-Nas terras dos Pherson -respondeu ele revelando seu segredo - Eu vi você e Anahi no lago, e ouvi que dizia que odiava Christopher, e ela disse que, se não  se comportasse bem, Christopher nos expulsaria. -Então, eu perguntei, e ele disse que nunca faria isso.

Com o coração acelerado, Dulce respondeu em um  sussurro:

-Se ele disse isso, deve ser porque é verdade.

Após alguns instantes em silêncio, foi Lucca quem falou:

-Sabe de uma coisa? -Queria que continuássemos vivendo em Dunstaffnage. -Lá ninguém gritava conosco, e você nunca chorava. -quem dera pudéssemos voltar para lá.

-Tesouro -sorriu Dulce, recordando aqueles tempos -Fomos muito felizes lá, mas aqui também seremos.

Mas o menino não estava disposto a ver sua  irmã chorar e prosseguiu:

-Eu e você poderíamos voltar -propôs -Anahi que fique com Alfonso, mas nós poderíamos voltar. -E creio que se eu pedir a Kieran, ele nos ajudará -afirmou o menino com os olhos arregalados.

-Kieran? -preguntou Dulce com estranheza -Acha que Kieran está perto o suficiente para  pedir-lhe ajuda?

-Eu sei como encontrá-lo -assentiu Lucca com segurança. fazendo-a sorrir. -Ele é um bom amigo, e sei que não me decepcionaria.

Dulce sorriu com carinho, e fez seu irmãozinho se deitar.

-Lucca, as coisas não são tão facéis -Agora durma e descanse. -Amanhã conversaremos.

E depois de lhe dar um beijo, advertiu:

-Lembre-se de não aprontar nestes dias, e verá que a zanga de Christopher logo passará.

-Não se preocupe, Dulce -respondeu o menino, voltando a olhar a lua -Christopher não se aborrecerá mais comigo.

-Ótimo! -riu ela, se levantando da cama e se  abaixando para lhe dar outro beijo.

Sentiu as mãos do menino segurando-lhe o pescoço para beijá-la e abraçá-la.

-Ora, hoje estamos beijoqueiro!

-Sim -assentiu ele com os olhos brilhantes de lágrimas -Eu a amo muito, e quero que saiba que você é minha melhor irmã.

Essas palavras tão sentidas, tocaram o coração de Dulce.

-Quer saber um segredo? -Você também é meu melhor irmão -sussurrou ela, sentando-se de novo na cama -E agora esqueça  tudo o que aconteceu. -Não vê que eu já esqueci? -Por favor, não se preocupe com nada e durma tranquilo, meu tesouro. -Está bem?

-Está bem -disse o menino mais reconfortado.

Dulce tornou a beijá-lo, e teve que conter o pranto antes de fechar a porta do quarto. Uma vez fora, apoiou-se na parede fria de  pedra e fechou os olhos, ordenando a si mesma controlar suas emoções. ver seu irmão triste partia seu coração.

Com passos lentos, desceu a escada. Logo ouviu os risos de sua irmã e Lady Marian, fazendo brincadeiras com os homens. Escondida nas sombras viu Christopher, que neste momento estava sozinho, olhando o fogo com uma expressão séria.

No que estaria pensando? Observou-o durante alguns instantes, enquanto respirava pausadamente e controlava suas emoções. Sua mão pousou na barriga, recordando-lhe a nova vida que ali crescia. De súbito, lady Marian aproximou-se de Christopher, e passando o dedo lentamente pelo pescoço dele, fez com que a olhasse e sorrisse.

Dulce tremeu de impotência ao notar um gesto tão íntimo entre eles. Não, não lhe diria nada sobre o bebê.