Fanfic: DESTINADOS/ Adaptada/ VONDY | Tema: VONDY

Neste momento suas pernas se transformaram em dois blocos de pedra cravados no chão enquanto observava seu marido, aquele homem imponente, forte e luxurioso, olhando e sorrindo para aquela mulher odiosa. Já teria desonrado seus votos matrimoniais? Após um novo sorriso de Lady Marian,  que acabava de morder o lábio, Dulce se convenceu de que sim.

Tentou sair dali, mas suas pernas não lhe permitiram, e teve que continuar observando-os.

Instantes depois, forçou um sorriso e levantou o queixo para sair das sombras e caminhar até eles. O primeiro a vê-la foi Christian, que rapidamente olhou para seu irmão e  viu que ele falava com Lady Marian junto ao fogo. Um gesto da francesa fez Christopher intuir que sua mulher havia entrado.

Voltando-se, ele ficou fascinado pela beleza e  serenidade que Dulce emanava. Quase engasgou com a cerveja que estava tomando. Dulce estava espetacular.

Aquele vestido preto e seu cabelo puxado para trás  davam -lhe uma beleza inigualável. Uma beleza e uma sensualidade das quais ela não tinha consciência.

Tantos dias sem vê-la, tantas noites sentindo sua falta, e agora ela estava ali, diante dele, mais atraente do que nunca e mais desejável do que qualquer outra mulher que ele já havia conhecido.

-É a mesma mulher que esta tarde parecia uma mendiga coberta de barro? -perguntou Robert apressadamente ao vê-la entrar.

E se dirigiu a ela para lhe beijar a mão com um sorriso nos olhos.

-Asseguro que sim, senhor.

Dulce tentou sorrir, mas só curvou os lábios, dizendo com malícia para Lady Marian:

-E como pode ver, qualquer mulher, por mais mendiga que pareça, com um pouco de água e sabão e um lindo vestido pode parecer uma dama.

Marlon, ao escutá-la, sorriu. Sua menina era esperta... muito esperta.

-Que revelação maravilhosa! -disse Robert, notando a beleza fresca e sensual que aquela mulher emanava. -Christopher, casou-se com uma verdadeira beleza.

Christopher o observava inquieto, disposto a corta-lhe as asas, se fosse necessário. Conhecia Bruce, e sabia que tipo de  mulher o atraía. A sua, naquela noite, podia ser uma  delas.

-Querida Dulce -saudou o padre Gowan ao vê-la entrar -Está linda esta noite.

-Obrigada padre Gowan -e sorriu como pode.

-Milady -disse Jack - Estou perplexo com sua beleza espetacular.

Surpresa diante de tantos elogios, ela cravou seus olhos negros sensuais naquele homem.

-Obrigada pelo elogio -respondeu, olhando-o com intensidade e fazendo, sem querer, com que seu marido ficasse alerta -É muito elegante, Jack.

-Além de beleza -acrescentou Arthur Miller enquanto esperava sua vez para beijar afetuosamente sua mão -Por suas palavras intuo que tem personalidade.

Marlon e Christian se entreolharam e sorriram, enquanto Christopher se  remexia, contrariado.

-Segundo meu avô -respondeu Dulce, olhando para Anahi e deixando transparecer como estava furiosa, apesar de parecer  relaxada -Possuo o caráter desafiador de minha mãe no olhar e a valentia de meu pai nas palavras.

Isso fez com que todos rissem, exceto Christopher. -Não estava gostando de como seus convidados olhavam para sua mulher, e menos ainda de como ela sorria.

-Curioso sotaque o seu -comentou Lady Marian.

Com um sinuoso movimento de quadris que fez mais de um virar a cabeça, aproximou-se.

-De onde veio?

Sem se intimidar, e com um olhar desafiador, Dulce sorriu. E quando ía responder, sua irmã o fez por ela.

-De Dunstaffnage -respondeu Anahi, mexendo no cabelo com um sorriso radiante ao lado de Alfonso - Fomos criadas no clã de Axel McDougall e éramos amigas íntimas de Maite McDougall.

Mas não era essa a resposta que Lady Marian buscava. Dulce sabia o que ela esperava, e lhe daria.

-Mas antes vivíamos em Dunhar, na casa de meu pai -acrescentou Dulce desafiadora ao ver sua irmã olhar para ela horrorizada. -Passamos ali os primeiros anos de vida.

-E por qual motivo abandonaram Dunhar? -perguntou Miller, curioso.

Robert a observava, e Christian, inquieto diante da conversa, dirigia-se agrande lareira.

-O assassinato de meus pais -disse Dulce com  raiva, sabendo que todos olhavam para ela.

Não se importava com o que pensasse Christopher, Robert de Bruce, a francesa ou qualquer um deles. Sentia-se  tão furiosa que estava até começando a gostar de se comportar com tanto atrevimento.

-Poucas pessoas puderam entender que os sentimentos dos dois estavam acima do simples fato de mamãe ser escocesa e papai inglês.

-Você é meio inglesa? -disse Marian, exagerando a surpresa.

E, levando as mãos a boca, deu um passo para trás com fingido terror. Christopher a olhou incomodado por sua maneira de agir.

-Que horror! -Deve ser horrível para você assumir seu sangue inglês.

Isso fez Dulce sorrir.

-Horrível é ouvi-la dizer isso -assegurou Dulce, caminhando para ela.

Ao olhar de soslaio para Robert de Bruce, viu-o tranquilo diante daquela revelação. E com um sorriso encantador, perguntou a Jack e a Miller:

-O que lhes parece deixarmos de falar desse assunto tão pouco apropriado para senhoras e comermos alguma coisa?

-É uma ideia magnífica - assentiu Jack.

Ele, assim como Robert, olhava o corpo de Dulce com lúxuria, fazendo com que o estado de ânimo de Christopher começasse a azedar.

-Fantástico! -Uma ideia colossal -celebrou Marlon.

Christopher acelerou o passo para chegar a sua esposa e tomar-lhe possessivamente a mão. Dentro dele renasciam os temores ao ver Robert de Bruce, o perfeito sedutor, observando-a com curiosidade.

-Meu senhor -disse Dulce, enquanto seu corpo vibrava ao sentir as grandes mãos de seu marido -Minha aparência lhe agrada agora?

-Sim -limitou-se a dizer Christopher

Aquela era sua mulher, com um vestido preto e um decote redondo sugestivo que deixava entrever mais do que ele julgava apropriado. Seu olhar desceu para a estreita cintura dela e continuou, até chegar a um cinto de contas metálicas que repousavam em seus quadris ondulantes.

Diferentemente de outras vezes, seu cabelo cacheado selvagem estava preso em um coque alto, que  deixava exposto seu pescoço e suas feições finas.

-É a mais bela esta noite, minha filha! -sussurrou Marlon ao passar por ela, indicando-lhe que  seu coração pertencia a ela, e não a Marian.

-Obrigada Marlon -sorriu Dulce com cumplicidade.

Christopher se incomodou por aquele sorriso não ter sido para ele. Mas, voltando-se, convidou Robert a se sentar. Embora fossem amigos e companheiros de guerra, ele não podeia esquecer que diante dos  olhos de todo mundo Robert era o rei.

Após se acomodarem à mesa, os criados começaram a distribuir os suculentos paratos que Susan, Fiorna e Edwina haviam preparado. Dulce fazia um esforço imenso para suportar os odores que exalavam aquelas comidas condimentadas.

-Agora que me dou conta, onde está Morgana? -perguntou Robert, que por suas visitas a Donan conhecia todo mundo. -Não a vi desde nossa chegada.

Ouvindo isso, Fiorna quase deixou cair os pratos.

-Oh.... é verdade -interveio Marian

As costas de Dulce se retesaram.

-Perguntei a Christian, mas ele não soube responder. Onde está a encantadora Morgana?

-jantando com o diabo! -irrompeu Marlon, atraindo os olhares de Christopher e Christian.

-Então, ela não está -insistiu a francesa, ganhando um olhar duro de Marlon e padre Gowan.

-Lady Marian -disse Dulce para mudar de assunto, olhando a sua esquerda, mais além de Christian -Espero que a comida que servimos aqui lhe agrade. -Nossas cozinheiras são excepcionais.

-Já comi aqui outras vezes -disse Marian, orgulhosa.

Isso fez Christian se  sentir contrariado. Ele sempre odiara Marian, mas, como era aliada francesa da Escócia de robert de Bruce, tinha que  fingir.

-Oh, que surpresa! -riu Dulce com falsidade ao escutá-la, sentindo o olhar de Christian -Quaando visitou estas terras?

A francesa  cravou o olhar em  Dulce, e com um sorriso que deixava transparecer suas más intenções respondeu:

-Em várias ocasiões. Christopher e sua família foram perfeitos anfitriões. -Recordo manhãs inteiras cavalgando com Christopher e seu irmão, enquanto eles me mostravam os arredores deste lindo lugar. -Oh e algumas vezes Christopher e eu viajamos juntos pela Escócia, e nos banhamos em lagos de águas tranquilas em noites lindas, com céus cheios de estrelas -disse olhando para Dulce com um meio-sorriso.

Dulce cravava as unhas no braço de Christian. ele, quase gritando de dor, olhou para sua cunhada, que, ao se dar conta, se desculpou com um sorriso.

-Oh, sim, viajar com meu irmão é muito divertido -disse Christian, tocando o braço dolorido.

-E banhar-se com ele, mais ainda -sussurrou  Marian com um sorrisinho nada inocente, alto o suficiente para que Dulce ouvisse.

Christian, incomodado com a falta de discrição da francesa, olhou para ela sisudo.

-Fico feliz que a companhia de meu marido -Dulce arrastou essas duas últimas palavras - Lhe tenha agradado. -Ele é um bom companheiro de viagem.- sorriu.

E ganhou a admiração de Christian, que era testemunha da pequena luta dialética que ambas tratavam, enquanto Christopher falava com  Robert e Miller, e só Anahi imaginava o que estava acontecendo.

-Creio que Susan preparou haggis, nosso prato preferido não é, cunhada? -murmurou  Christian,  tentando fazê-la sorrir.

Mas apenas um meio-sorriso curvou os lábios de Dulce. Por isso, voltou ao ataque:

-E fez tanto que vamos passar uma semana comendo.

-Christian, posso assegurar - disse Dulce -Que nesta boca nunca entrarão haggis.

-Ah, a próposito -Christian se animou a  prosseguir ao vê-la sorrindo e se certificar de que Marian estava falando com Christopher -Adorei as melhorias que fez no salão. Agrada-me ver o escudo de armas de meus pais.

-Obrigada Christian -sorriu Dulce, agradecida, dando uma piscadinha para Marlon -A verdade é que todo  mundo me ajudou muito. Foi um trabalho em equipe.

-Você mudou algo neste salão? -perguntou Marian, dirigindo-se de novo a Dulce.

Ela suspirou ao escutá-la. Sua paciência com  aquela mulher estava acabando.

-Recordo que havia uma tapeçaria linda, que Morgana e eu havíamos comprado de uns feirantes a pedido de Christopher. - Creio que Morgana e eu a penduramos em uma destas paredes, mas não recordo em qual.

-Sim. Mudei várias coisas -sorriu Dulce, já sem paciência.

Levou a mão a uma faca afiada, coisa que fez o coração de Anahi se encolher e Christian prender a respiração.

-Sobre a tal tapeçaria, eu a tirei de minnha vista porque era horrorosa e escura.

Pegando a faca pelo cabo, com um rápido movimento lançou-a e a cravou na parede em frente, deixando Christian e Anahi pálidos.

-Vê onde cravei a faca?

Marian assentiu, horrorizada. Todos voltavam os olhos para olhar para ela.

-Ali estava pendurada a tapeçaria horrorosa.

-Dulce! - exclamou Christopher -O que está fazendo?

-Oh, meu esposo, não se preocupe -sorriu friamente dando de ombros. -Lady Marian queria que lhe  indicasse onde estava a tapeçaria horrorosa que tirei da parede.

Voltando-se para Marian, que ainda estava de boca aberta, disse inocentemente:

-Espero não tê-la  assustado. -Só queria indicar o lugar exato.

Christopher sem saber realmente o que havia acontecido, pegou o braço de sua mulher e a advertiu:

-É preciso que  eu torne a pedir que se comporte como uma senhora?

-Não meu esposo.

E após trocar um sorriso significativo com Christian, bebeu um copo de cerveja de um trago só antes de dizer:

-Não se preocupe, tentarei me comportar respeitosamente como sua Marian. -Vendo que ela goza de sua aprovação, tentarei ser igual ou melhor do que ela.

-Dulce! -sibilou Christopher enfurecido diante dessa resposta.

Dulce encheu seu copo de cerveja.

-Sim, meu senhor -respondeu ela, inclinando a cabeça e pestanejando comicamente para ele, como havia feito a francesa antes.

-Vovô! - chamou Christian, interropendo o olhar desafiador de seu irmão e de Dulce -Que notícias tem para nos comunicar?

-Talvez seja melhor contar mais tarde -respodeu Dulce.

-Por que esperar? -reclamou Christian, mais relaxado ao ver seu irmão voltar a falar com Robert.

-Cale-se, Christian -censurou Dulce, virando outro copo de cerveja -Agora não!

Estranhando esse comportamento, Christian olhou para Dulce. O que estava acontecendo com sua  cunhada?