Fanfic: Incontrolável |+18+| | Tema: Vondy

Prólogo pt. 2

Ter achado que as coisas estavam ruim por está passando por aquela situação foi simples ilusão da pequena Dulce. Depois de ser escoltada por aqueles homens para fora de sua casa, a garota ainda deve que aguentar horas de voo, pois é ela e o que restara da sua família tiveram que pegar um avião as pressas para fora do país. Parece que seu país já não era mais seguro para eles.

A garota aguentou horas em um avião, onde a mãe parecia estar em choque; só fazia chorar e balbucionar algumas palavras sem nexo. Seu irmão estava dormindo depois de tanto chorar a viagem de carro inteira, e ela estava em pedaços. Era como se tivessem arrancado uma parte dela. Tudo que a garota conhecia como seu estava sendo tirado. O medo tomava conta.

Foram quase sete horas de voo, onde Dulce somente chorava baixinho com o rosto enterrado no encosto da cadeira. Chorava tanto que a aeromoça tinha ficado com pena da pobre criança. Lágrimas grossas escorriam por aquele rosto, que não menos que um dia antes, continha um sorriso enorme e a felicidade escancarada no peito. Aquela que antes parecia ser a pura felicidade agora chorava ao ponto de soluçar. Soluços estes que sacodiam o corpo dela. A situação era difícil e penosa.

Quando pousaram a tia Paloma se encontrava entre as pessoas a espera de seus ente queridos. Silenciosamente, Blanca foi de encontro a irmã com o garoto em seus braços, ainda dormindo, e uma Dulce com o rosto passado em angústia.

Os homens que haviam as levado até lá, as acompanharam até a casa da tia e depois se foram. Ao entrar na casa da tia, Dulce só conseguia  se sentir estranha. Aquela não era sua casa. Não era sua vida.

Ouviu sua mãe sussurrar algo com a tia, e virar pra levar ela e o irmão para o quarto. Este não tinha nada familiar para a menina; não tinha suas bonecas, suas pelúcias nem o cheirinho de morango que tanto exalava. Era somente um quarto comum. Deixada com o irmão na cama, levou um beijo da mãe na bochecha e um “eu te amo” acompanhado das luzes que se apagaram. E mais uma vez a menina se via chorando com o rosto esmagado e soluços que sacodiam o corpo.

Uma semana após tudo aquilo ocorrer, a sensação ainda era a mesma; De estranhamento. Dulce e o irmão ainda se sentiam estranhos naquele ambiente nada familiar. Blanca procurava se animar e cuidar dos filhos, contudo parecia sempre com medo e aterrorizada. As vezes, Dulce ouvia a tia dizer pra mãe se acalmar, que tudo iria ficar bem e que “eles” esqueceriam dela e do irmão, mas a mãe não parecia convencida disso.

E foi de se esperar que a mãe se fora. Blanca simplesmente decidiu deixar os filhos pra trás. Acordando com a agitação da casa, Dulce junto de seu irmão saíram do quarto e viram a mãe gritar com a tia. A história parecia se repetir, e a menina só pensava: De novo não.

-  Não adianta  “eles” irão vir atrás deles. – Gritava Blanca aos prantos.

- Você não pode deixar eles para traz. Eles são seus filhos. – Respondia a tia que também chorava.

- Você não entende? Eles ficarão melhor sem mim. – Disse Blanca dessa vez mais calma. – Eu não posso lutar contra “eles”. Não sem Fernando. – Completou, e novamente as lágrimas desciam por aquele rosto.

- Então simplesmente vai os deixar? Vai deixar seus filhos para trás?! – Perguntava a tia, e nesse momento o menino que vinha no colo da irmã fez um barulho que chamou atenção das duas.

- Dulce, volte pro quarto. – Mandou a tia sem sequer olha pra ela.

- A mamãe vai embora? – Perguntou docemente sentindo as lágrimas começarem a descer.

- Meu anjinho, a mamãe precisa ir embora. Mas a sua tia vai cuidar de vocês. – Contou a mãe da garota, que simplesmente sentia mais lágrimas descer.

- Não vai, mamãe. Fica com a gente. – Pediu já soluçando. – Não deixa a gente .- Completou após o soluço cessar.

- É preciso meu anjinho. – Disse também chorando. – Vocês ficarão melhor sem mim. A tia Paloma vai cuidar de vocês. – Concluiu sentindo seu coração apertar.

- Blanca, tem certeza disso? – Indagou a irmã a olhando. – Depois que for embora não haverá volta. – Finalizou.

- Não há chance pra eles enquanto eu continuar aqui. – Confessou olhando a irmã. – “ Eles” não os deixara em paz comigo por perto. -  Terminou aos prantos.

- Então vá. – Disse em tom duvidoso.

- Meus anjinhos venham aqui. – Pediu Blanca.

Dulce se aproximou com o menino nos braços.

- Me desculpem por ter que ir, mas é o melhor. – Afirmou enquanto sentia lágrimas descer. – A mamãe ama vocês dois, nunca se esqueçam disso. – Concluiu se abaixando na altura dos dois e dando um abraço acompanhado de um beijo em cada um.

Dulce novamente se sentia abandonada. Novamente algo era arrancado dela sem seu consentimento. Chorar já não parecia mais a solução. A mãe atravessou a sala e foi embora deixando ela e o irmão para trás com a tia.

Tia Paloma cuidou de seus sobrinhos. Fez o melhor que pode, mas isso não era suficiente para nenhuma das partes. Dulce se via perdida, tentava fazer amizade, porém a tia sempre tinha muito medo das pessoas e a própria menina aprendeu a ficar desconfiada de todos a sua volta, se tornando cada vez mais apegada ao irmão. Este não tinha muita noção das coisas, mas demonstrava puro carinho e afeto pela irmã.

Vivendo com Paloma Dulce pudera aprender muitas coisas sobre sua família e si mesmo. Levada diversas vezes a psicólogos por conta de pesadelos que lá na frente causarão na menina o início de uma perda de memórias. Era como se aos poucos o que viveu se tornasse confuso com o presente.

A tia até insistiu e as crianças também, mas não tinha muita chance daquele convívio dá certo. Não se conhecia muito, e dada as circunstâncias não daria pra fazer isso agora. Então quando a tia três meses depois decidiu deixa-los em um orfanato não foi algo tão desesperador. Para Dulce o pior já tinha vindo, temia somente pelo irmão. Chorar a garota sabia, por experiência que não adiantaria em nada, por isso quando Paloma organizou tudo dela e de seu irmão e os deixou  no orfanato, ela simplesmente aceitou o que viria.

O orfanato mais parecia uma casa do terror. Era uma grande casa antiga caindo aos pedaços com muitas crianças dentro. A diretora, uma senhora de idade avançada que sorria muito, era simpática. Na verdade todos ali eram, mas isso não aliviava a realidade; Novamente Dulce e o irmão haviam sido deixados.

Não era difícil terem que economizar no que comiam, pois a comida era pouca e as crianças muitas. A diretora não podia investir na infraestrutura da casa, por que era isso ou não ter comida pra aquelas crianças. Os funcionários eram muito simpáticos e gentis. As crianças ali pareciam entender a realidade em que viviam, e eram todos muito acolhedores.

Foi nesse ambiente que a garota fez amigos, criou raízes e aprendeu a se virar. Todavia o  irmão não pode fazer o mesmo. O pequeno não pode criar raízes, já que um ano após chegar ali fora adotado. A irmã ficou arrasada, mas isso não pareceu importar a quem adotara o menino.

Nessa época a menina já havia aprendido a não chorar mais por coisas inevitáveis, e ela sabia desde que chegara ali que uma hora ou outra seriam afastados. Só sentia muito que isso fora acontecer tão recentemente. O menino foi embora e levou com ele um último pedaço da pequena garota inocente.

Depois da adoção do irmão, Dulce passou um tempo triste contudo tinha aprendido o suficiente pra saber que ou se levantava ou a vida passava por cima. Tentando fazer de tudo vivido uma aprendizagem ela cresceu  naquele lugar e aprendeu a chamar ele de lar. Fez diversos amigos e quando ficou mais velha ajudava a cuidar dos pequenos.

 De volta pra trazer o fim do prólogo e agradecer a  todos que favoritaram a fanfic. Espero que comentem muito. Beijos!