Fanfic: Incontrolável |+18+| | Tema: Vondy

Capítulo Três

Itália, dias atuais.

Me olhando no espelho termino de arrumar meu cabelo, e penso o quanto mudei desde que entrei na gangue. No início parecia um passarinho fora do ninho, hoje em dia sou o próprio ninho. Termino de me arrumar e confiro minha roupa pela última vez antes de sair do quarto.

- Tá atrasada. – Escuto Mai dizer assim que praticamente nos “esbarramos” no corredor.

- Se tá aqui é por que também tá. – Respondo e recebo um dedo de volta. Seu bom humor matinal é admirável. - Educação mandou lembranças. – Brinco.

Por incrível que pareça estou com um humor aceitável pra essa hora da manhã.

- Maria, vai perturbar outro. – Avisando se vira, descendo as escadas em seguida.

Caminhamos juntas até a cozinha do apartamento em que moramos juntas com Dylan.

- Bom dia, gostosas. – Cumprimenta Dy. Pelo bom humor já vejo que transou , o que explica o fato de também estar atrasado.

- Bom dia? James vai comer nosso rabo por esse atraso. – Indo se sentar, Mai diz colocando um pão na boca.

- Que nada. A Dul tá com a gente. – Simplesmente responde me dando um risinho. Folgado!

- Nem me mete nisso. Tô fora. – Me sento ao lado de Maite.

- Boa amiga, você. – Irônia e brincadeiras de manhã definitivamente não é típico de Dylan. Com certeza ele transou, não tenho dúvidas.

Comemos os três em silêncio, claro que vez ou outra Dylan fazia uma piadinha, porém simplesmente era ignorado por Maite. Ela carrega um bom humor do cão pela manhã algo do qual compartilho.

- Podem ir na frente. – Avisando Dy se levanta e coloca os pratos na pia.

- Você sabe que James não vai gostar nada disso. – Parecendo estar com um humor melhor, Maite comenta também se levantando.

- Depois resolvo com ele. – Essa é a simples resposta dele.

Mai e eu vamos até a sala e pegando nossas bolsas saímos juntas. Vamos até o estacionamento do prédio conversando besteiras ao chegarmos no estacionamento  nos separamos; ela vai em direção ao seu carro, enquanto subo em minha moto dando partida em seguida.

Enquanto dirijo me lembro dos afazeres do dia, mas também em como ter dinheiro mudou minha vida. Atualmente moro em um apartamento de luxo com meus amigos, dirijo uma moto que custou uma dinheirada e que é somente um dos veículos que possuo, isso sem falar que ainda  tenho dinheiro pra ajudar o orfanato todo mês.

Sei que o que faço não é o mais correto, no entanto o luxo e a possibilidade de ajudar as crianças me faz pensar que talvez não seja tão ruim assim.

Chego em frente ao galpão da gangue e depois de estacionar entro sendo cumprimentada por todos que estavam ali. Procuro James, que como era de se esperar estava no escritório.

- Bom dia. – Entro e o cumprimento.

- Bom dia, querida. – Levantando me responde.

- Desculpa o atraso. – Me desculpo e em seguida me sento.

Mesmo sendo a “querida” dele preferia não abusar, afinal ele ainda era meu chefe para todos os efeitos.

- Não houve muito o que fazer. – Entendo suas palavras como uma desculpa aceita e balanço a cabeça em concordância.

- O carregamento das nove chegou? – Preocupada pergunto, afinal aquele era meu trabalho.

- Sim. – Friamente respondida percebo que há algo o incomodando.

- Aconteceu algo?

- Me conhece tão bem. – Murmura baixinho, mas o escuto. – Estou preocupado com você. – Acrescenta.

Me vejo curiosa, afinal não havia com o que se preocupar comigo.

- Por...- Internamente peço que o assunto não seja o mesmo das outras vezes; Relacionamento.

Desde que Henry terminou comigo não me envolvi mais me nenhum namoro. É como se namorar tivesse perdido a magia pra mim.

- Você precisa achar alguém...- Baixinho começa, e já sei o que vai dizer em seguida.

- James, esse papo de novo não. – Rezo pra que ele entenda e pare de ficar me pressionando com isso.

- Só acho que deveria se relacionar de novo. – Como se fosse um comentário ingênuo, ele o diz. Velho cínico!

Sei que sua preocupação é verdadeira, no entanto não procuro relacionamentos. Minha vida já é suficientemente estressante.

- Sei. – Dando o assunto por terminado vou até o meu laptop deixado no sofá desde ontem. – Quero mostrar os nosso lucros deste mês. – Já ligando o laptop o aviso.

- Certo. – Concorda parecendo contrariado.

- Com a carga de ontem conseguimos pelo menos mais trinta por cento de aumento em nosso lucros se compararmos ao mês passado. – Abro as planilhas e em seguida viro pra que ele possa ver.

- Ótimo trabalho, querida. – Fico feliz por seu cumprimento, afinal de contas seu reconhecimento era importante pra mim.

- Obrigada. – Agradecendo termino de mostrar mais algumas coisas relacionada as mercadorias que deveriam chegar durante o desenrolar do mês.

- Haverá um jantar. – Escuto James dizer, mas continuo a prestar atenção nas planilhas em minha frente.- Gostaria que fosse comigo. – Tiro meus olhos da tela, e sei que estou levantando minhas sobrancelhas.

Não sei qual o seu plano, mas não iria cair nessa. James tinha a feia mania de querer me arrumar pra filho de associados. A sorte dele e meu azar é que o considerava tanto que tentava não ligar pra isso.

- Não vou. – Nego de pronto e volto a digitar calmamente.

- Deixe-me concluir. –Escutar ele pedir é algo sempre impressionante.- É o jantar geral. – Na hora sinto um súbito interesse aparecer.

Jantar geral era o jantar dado pelo Don da máfia. Sempre que havia um evento era dado um desses e só era permitido a entrada de associados e líderes de gangue. Soldados estavam de fora.

- O que aconteceu dessa vez? – Mesmo com todo interesse procuro disfarçar e me mostrar focada.

- Devemos nos unir pra conversarmos sobre os lucros mensais de todas as gangues aliadas. – Sinto um orgulho queimar dentro de mim, pois sei que o aumento mensal dos Camorra se deve ao meu trabalho.

- Interessante. – Escondo minha vontade de dizer que sim imediatamente, e o fito rapidamente.

- Você iria gostar. – Diz procurando atiçar meu interesse como se precisasse disso.

Penso bem e decido ir, afinal irei poder conhecer os grandes de uma vez.

- Irei aceitar o convite.

- Ótimo. – Sorri pra mim. - Será daqui a dois dias. - Se levanta ainda sorrindo.

- Velho manipulador. – Sussurro.

Percebo que ele escutou, mas somente levanta as sobrancelhas. Finjo estar interessada em meu laptop e o vejo sair do escritório me deixando sozinha.

(...)

- Fala logo, porra! – Esbravejo e vejo o homem arregalar os olhos.

- Nã...Não sei, senhor. – Escutar aquilo me deixa puto.

Tenho a plena consciência de que sou observado por meu pai a distância. Sinto seu olhar queimar minhas costas.

- Podem levar. – Ainda puto peço que os homens levem aquele imbecil.

Descobrir que aquele traste era responsável por mais de dois negócios arruinados me dava vontade de o matar. Porém precisávamos do nome do mandante, e com a morte dele não teríamos aquilo tão cedo.

- Ele não vai abrir o bico, Christopher. – Calmamente Poncho diz. Queria uma novidade!

- Irei mantê-lo mais um pouco. – Sei que pareço frio e calmo, mas estou puto.

- Pelo menos sabemos quem é o filho da puta. – Viro na direção do meu pai. Ele era o homem mais controlado que eu conhecia.

- Ele nos custou meio milhão. – Como se nenhum deles soubesse digo novamente.

- Sabemos. – Novamente Poncho e sua calmaria irritante.

- Temos que ir. – Meu pai diz, e logo saímos todos daquela sala.

Estávamos desde das sete tentando arrancar alguma informação do filho da puta. O cara era resistente. Já tínhamos torturado ele pra caralho e nada dele dizer o nome do cabeça. Invejo sua coragem, e tenho pena de tamanha burrice.

- Haverá o jantar geral daqui a dois dias. – Começando a falar no típico tom paternal, o grande Luís Uckermann me olha. - Quero você lá. – Pede, mas na verdade é pura ordem.

- Estarei. – Afirmo, até porque nunca perdia um jantar geral.

Como futuro Don minha obrigação era estar presente em cada um daqueles jantares. Conhecer os novos associados, cumprimentar líderes, discutir propostas. Um tédio necessário para o futuro Don.

- Por hora estão dispensados. – Avisa meu pai, e sai andando.

- Ansioso pra mais um jantar? – Puro deboche. Isso é o que escorre de Alfonso.

- Com certeza. – Sorrio ironicamente.

- Devo dizer que sua irmã tá me levando a loucura? – Sinto pena dele. Anahí é dada aos exageros.

A garota cuida da parte digamos “social” da máfia, então quando tem esses eventos ela só falta ir a loucura. Quem sofre é o coitado do Poncho.

- Boa sorte. – Desejo com todo deboche disponível.

- Christian vai nos dá a honra de comparecer? – Escuto sua pergunta enquanto caminhamos até o estacionamento.

- Acho que sim. – Não sei o que dizer. Christian é meio dado a rebeldia, as vezes aparece outras nem.

Na minha casa somos em três; Eu  que sou o mais velho, Christian o do meio e por fim Anahí, que é a “prometida” de Poncho. Como esse compromisso dos dois foi assumido desde de sei lá quando, ambos já se acostumaram com isso, sem falar que vivem se pegando pelos cantos. Pra eles é um grande tanto faz. 

Alfonso será o próximo Don  mexicano, então como sua prometida Annie deverá ser a primeira dama. Coisa fresca, mas que ajudaria a consolidar o compromisso entre as máfias italiana e mexicana.

- Vou indo antes que tua irmã me ligue. – Parecendo sofrido entra no carro e vai embora.

Tenho vontade de rir. Ele era um cara admirável, aguentar Annie e seus negócios era trabalho pra um cara de pura coragem.