Fanfics Brasil - A Espada de um Pai A Espada de um Pai

Fanfic: A Espada de um Pai | Tema: Dia dos pais


Capítulo: A Espada de um Pai

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A Espada de um Pai


Me lembro como se fosse ontem o dia em que você veio ao mundo. Tão pequeno, tão frágil e tão belo. Sua mãe mesmo após o longo trabalho de parto sorria para mim como se não houvesse amanhã. Ela sabia o quanto eu nutria o sonho de ter um filho, um herdeiro e após anos de espera você chegou.


Lhe tomei em meus braços sentindo seu corpinho se contrair e pude vê-lo com mais detalhes. Seus cabelinhos eram negros como a noite, um contraste com sua pele branca, seus olhos ainda fechados impediam que visse suas cores, mais isso não importava, você estava vivo, bem, seguro e amado por seus pais.


Sentia a toque macio de minha esposa sobre minha áspera e calejada mão fruto dos incontáveis anos de luta, nunca pensei que eu um guerreiro que só via sentido na vida quando batalhava, havia encontrado naquela mulher um novo modo de vida, um porto seguro, algo a quem devo proteger mais do que minha própria vida, minha “bainha”, minha princesa, minha rainha, minha Deusa. Ao qual com todo seu empenho e força me deu minha mais preciosa joia... você.


Quando era mais jovem sempre sonhei em ser um grande guerreiro, alguém que deixaria sua marca na história deste mundo. Mesmo tendo nascido em uma família pobre, sem título ou nobreza, não deixei isso me esmorecer, acreditava que a verdadeira nobreza não nascia no berço ou no sangue, mais sim em suas ações e feitos. Por isso aos quatorze anos deixei minha casa e embarquei na “peregrinação da espada”, ao qual muitos tentavam, mas poucos conseguiam concluí-la.


A peregrinação consistia em uma longa jornada ao qual um aspirante a espadachim deveria vagar pelo mundo em busca de fama e gloria, vencer os oponentes mais fortes e assim de tornar-se invencível! Esse era meu objetivo e ambição, me tornar o maior espadachim deste mundo, deixar meu nome na história para que nunca seja esquecido!


Como fui tolo...


Lutei contra vários oponentes, matei vários, mas de alguma forma não me sentia ficando mais forte muito menos famoso, via apenas minhas mãos e lamina sujas de sangue que não se limpavam, mesmo as lavando constantemente, o cheiro e a sensação permanecia. Pensei várias vezes em abandonar esse caminho e voltar para casa, mas toda vez que pensava nisso minha mente era assombrada pelas imagens daqueles que matei, seus rostos em dor, pânico e lágrimas implorando por suas vidas dominavam o mais profundo do meu ser. Percebi então que eu estava preso na espiral da morte, há qual não se pode escapar, apenas se afogara ainda mais nela, até que um dia... minha alma fosse traga por essa espiral que me levaria em direção aos confins do abismo, onde nenhuma luz pode chegar.


Eu estava perdido, sem esperança, fé... futuro, agora eu entendia o porquê de poucos conseguirem concluir a “peregrinação da espada”, a maioria morria logo no início, os que sobreviviam tinham que lidar com a culpa e o remorso de terem ceifado várias vidas... por um motivo... fútil!


Sim meu filho, com certeza você deve estar perplexo com minhas palavras, mais infelizmente essa e a verdade, a peregrinação não servia para nos fazer alcançar fama, gloria ou fortuna, mais sim nos tornar assassinos! Demônios sedentos por sangue que podiam ser usados em guerras, ou disputas territoriais para pessoas sem escrúpulos que usavam e abusavam de nossa ingenuidade para nós transformar em ferramentas para a morte. Lamento meu filho, mais seu pai não foi um herói digno de ter seu nome escrito em livros ou ser lembrado em canções, fui apenas mais uma espada sem rumo, em um campo chamado morte.


No entanto... foi justamente em um deste campos que encontrei meu caminho.


Após mais uma longa batalha, a qual já nem lembrava o número... fiquei sem força e vim ao chão, minha respiração estava ofegante, meu sangue escoria por minha feridas, começava a sentir frio, a vida estava deixando, meu corpo.


Se acha que senti medo?


Não... não havia motivo para ter medo, pois nunca mais iria ouvir os gritos daqueles que matei em minha mente, nunca mais iria precisar lutar, nem empunhar uma espada novamente, chega ao fim a vida de mais um tolo que tentou peregrinar no caminho das espadas... mais um que fracassou em encontrar fama e gloria... morria ali mais um qualquer...


Fechei meu olhos esperando meu fim, quando comecei a ouvir algo, o som de metal se chocando contra metal, ainda havia gente lutando? Não me importei, já estava farto e cansado de tudo, só queria morrer em paz. Só que o barulho não parava, pior, ficava mais alto e mais próximo de mim!


Em fúria abri meu olhos e praguejei por não me deixarem morrer em paz, subitamente o som de metal sessou, agradeci mentalmente e voltei a fechar meu olhos esperando enfim descaçar em paz, mais de súbito o barulho retornou e ainda por cima mais forte!


Já sem paciência nenhuma abri meus olhos, levantei e xinguei em alto e bom som o causador de tanto barulho, apenas para perceber que eu não estava mais no campo de batalha de outrora, não havia mais corpos, nem sangue, maquinas ou bandeiras, apenas elas... fincadas em um terreno árido que se estendia por quilômetros iluminadas por um sol poente. Suas formas eram distintas, algumas eu reconhecia, outras nem se quer sabia que existiam, pareciam ser de outro tempo, outra vida. Estavam todas fincadas de forma a não se desprenderem com facilidade, como flores em um jardim, só que não eram flores, mais sim... espadas...


Centenas de milhares de espadas cravadas no solo de um imenso vale que se estendia por quilômetros, para qualquer direção que eu olhava elas estavam, não conseguia entender como havia chegado lá, estava certo que meu fim se aproximava, seria aquele o outro mundo?


Um mundo para aqueles que lutaram e morreram pela espada?


Seriam elas lapides?


Não... não eram lápides ou um mundo para aqueles que morreram pela espada, era algo mais, ouvi novamente o ressoar do metal ecoar pelo vale, dessa vez decidi seguir e descobrir sua origem. Caminhei pelo que apreciam ser horas, as lufadas de vento carregadas de areia encobriam minha visão dificultando assim meu avanço, mesmo assim não me dei por vencido, queria descobrir o que era aquele lugar e o porquê de eu estar lá. Outra vez ouvi o barulho de metal, só que mais próximo! Me desatei a correr, empregando todas minhas forças que eu nem seque sabia que tinha, parecia que alguém me dava forças... e depois de tanto esforço eu descobri o causador do barulho que me incomodou em meu leito de morte, a minha frente vi um homem de estatura alta, de pele morena, cabelos alvos e vestido um manto surrado, sentando sobre uma rocha encarando o nada. Em sua mão direita segurava um martelo, já na esquerda o que parecia ser os resto de uma velha espada.


Perguntei para mim mesmo quem seria aquele indivíduo, o que fazia ali sozinho no meio daquele vale portando um martelo e uma espada quebrada?


Me aproximei para perguntar, mais imediatamente me detive!


O homem de súbito se levantou, caminhou para perto de algumas espadas, olhou fixo para um ponto, apontou o pedaço de espada quebrada em uma parte do solo e com a mão direita ergueu seu martelo o descendo com toda a sua força cravando o metal no solo. Tal ato causou uma intensa lufada de ar que se propagou ao seu redor, então era ele o responsável pelas lufada de vento que se estendiam por todo o vale!


Continuei encarando o misterioso que batia com seu martelo na espada, as fagulhas do contato do metal reluziam a sua volta, cada batida era sincronizada, perfeita, como se ele estivesse esculpido uma obra de arte, foi então que as batidas antes agudas para mim começaram a ecoar como uma melodia. Uma sinfonia incomum para um mundo incomum, as espada em volta pareciam ressoar a cada batida do homem, cantando, dando boas-vindas a nova espada que se firmava naquele solo, pisquei algumas vezes ao ver que as fagulhas agora não se limitava apenas ao local das batidas, mais por toda a arma que não parecia mais quebrada, suas imperfeições foram corrigidas, todo o sangue e ódio que havia nela foi purificado, ela já não era mais um instrumento de morte e destruição e sim de vida... e sem perceber uma lágrima escoria por minha face, provavelmente o dono daquele espada estaria feliz ao ver que sua arma veio parar em um lugar digno, que ela seria bem guardada e protegida, um marco de que ele existiu e nunca será esquecido... nenhum deles será.


Então sorri, pois mesmo depois de tantas mortes e destruições, seríamos lembrados, não por todos, mais por aquele homem que fazia questão de que nenhum espadachim que deu sua vida por uma causa justa, seja esquecido. Foi então que percebi qual seria meu caminho, não mais seria a espiral da morte, mais sim a da vida! Não seria mais uma espada que causa morte e destruição, mais sim uma que protege e traz esperança, para que um dia... eu possa me juntar a estes irmãos e irmãs que jazem aqui e como se lesse minha mente o homem se vira, olha para mim e diz:


“Ainda não é hora de você vir pra cá, mais não se preocupe... já existe um lugar reservado para você... irmão.”


Aquelas palavras se fincaram em meu peito como aquelas espada cravadas ao solo e pude sentir um calor se espalhar por todo meu corpo. As mortes que causei pesaram menos em meus ombros, pois agora não mais as encararei como vítimas, mais irmãos de armas que lutaram pelos mesmos ideais e foram esquecidos pelo mundo, mais não por mim ou pelo homem do vale... eles serão sempre lembrados como amigos, guerreiros de honra... heróis!


Então acordei no que antes era o campo de batalha, agora era um campo verde, sem macula, sem morte, onde a vida nasceria e cresceria de novo, renascido das cinzas como uma fênix, como eu havia renascido.


Eu havia finalmente entendido de fato o que era a “peregrinação da espada”, não era a busca desenfreada por poder, fama, gloria, ou descobrir quem era o mais forte, ou quem matava mais.


Mais sim... a busca por um mundo melhor, onde as espadas não seria mais necessárias, para que os irmãos que jazem no vale possam descansar em paz... assim como o homem que vive nele.


Tudo isso veio em minha mente como reminiscências de uma vida antiga no momento em que você veio para os meus braços e vi seus belos e lindos olhos cor carmesim.


Sabe filho... eu lutei muito depois daquele encontro, evitando matar o máximo possível, graças aquela visão pude salvar muitas vidas e evitar guerras desnecessárias, mesmo assim não acreditava que poderia ser feliz, mas parece... que o homem que jaz no vale tinha outros planos para mim, eu devia preparar o caminho para alguém mais forte e digno, alguém que pudesse honrar todos os guerreiros que jazem no vale, alguém que possa transformar a injustiça em justiça, a guerra em paz, as trevas em luz e esse alguém...


É você... meu filho...


Peço perdão se não posso lhe dizer isso pessoalmente, pois sei que logo partirei para o vale, mais sei que me encontrara lá, afinal... esse é quem você é. Um mago que traz o equilibro para o mundo, o guardião que honrará todos os esquecidos e destruirá as trevas.


Que suas espadas possam salvar muito mais vidas do que a minha, pois sei que você é capaz de disso, nosso amado filho.


Perdão por não estarmos juntos contigo te abraçando e lhe dando carinho, mais saiba que você nunca estará sozinho, estaremos sempre te olhando, sua mãe do céu e eu do vale.


Nosso rei... nosso Noris...


Com amor de seu pai... Ascalon.


 


Essa era a carta que Noris segurava com todas as suas forças, encanto as lágrimas rasgavam seus olhos, sabia que era amado por seus pais, mais agora...


Ele se levanta, enxuga suas lágrimas e olha para o céu que começava a escurecer e ele fez ali um juramento silencioso. Que um dia ele teria em mãos a espada de seu pai, para que um dia eles possam lutar juntos, pois assim deve ser.


– Eu te amo pai... – Sussurra o jovem mago olhando para o céu onde as primeiras estrelas começavam a nascer, assim como a espada de Ascalon que tremulava no vale a espera de seu rei.  



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Autor(a): Ash Dragon Heart

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