Fanfic: Doce Coisinha - Trendy, Vondy (finalizada/adaptada) | Tema: Triangulo Amoroso

Dulce

As fotos poderiam ter sido de Alfonso quando ele era criança. Sem Christopher apontando, eu teria visto a semelhança. Mesmo com meu coração gritando não, minha cabeça tinha reconhecido a verdade. Eu sabia apenas o que Geraldine havia me dito sobre o pai de Alfonso. O que eu sabia não era bom. A falta de emoção que Alfonso demonstrou à menção de seu pai também confirmou que o homem era mau.

Mas Alfonso teve um filho. Um filho que ele permitiu que o pai criasse.

"Quantos anos ele tem?", Perguntei ao ouvir os passos de Alfonso ecoando pelas escadas. Ele estaria aqui a qualquer momento. Eu o veria. A cara dele. E quando olhei para ele, vi o garoto.

“Seis ou sete. Não tenho certeza. Eu nunca o vi,” Christopher respondeu.

Examinei a última foto. Foi o mais recente da pilha que Christopher me entregou. E eu sabia que Alfonso estava aqui agora porque eu podia senti-lo. Ele estava focado em mim. A corrente que estava presente sempre que ele estava perto de mim ainda formigava minha pele.

"O que ela tem, Christopher?" Sua voz era dura. Fria. Ameaçadora.

"Fotos de Wills", Christopher respondeu. O desafio estava lá.

Eu olhei para Alfonso interrogativamente, mas ele se virou para Christopher. A expressão e o corpo de Alfonso pareciam pulsar de raiva. A fúria ardeu intensamente, tornando difícil inalar. O medo começou a crescer lentamente dentro do meu peito, mas eu não me mexi. Eu não tinha certeza do que faria se o impasse entre Christopher e Alfonso se tornasse físico. Como eu os pararia?

"Por quê?" A única palavra era simples, mas a animosidade por trás disso me fez tremer.

Christopher se mexeu nervosamente. Ele conhecia Alfonso melhor do que ninguém. A reação de Alfonso foi a que Christopher esperava. E ainda assim, ele entrou neste prédio e trouxe as fotos para mim.

“Ela precisa saber. Você se certificou de que ela soubesse de todas as mentiras que cercavam minha família e a dela. Estava na hora de ela saber as mentiras que o envolvem.”

Alfonso deu um passo em sua direção. Suas mãos estavam cerradas firmemente ao lado do corpo enquanto os músculos dos antebraços se flexionavam em resposta. Veias se destacaram contra sua pele bronzeada.

Eu era incapaz de respirar muito menos falar ou me mover. Era como se eu estivesse assistindo isso em um sonho. Um sonho que me deixou sem controle do meu corpo. Eu era um espectador assistindo tudo se desenrolar.

"É isso?" A voz de Alfonso não teve emoção, mas a raiva estava lá. Logo abaixo. "É assim que você escolhe terminar?"

Christopher não respondeu. Houve um silêncio. Meus olhos ficaram em Alfonso. Se ele investisse em Christopher, eu não seria capaz de detê-lo. Eu o observei com todo o meu corpo no limite, caso o aperto fino em sua raiva se rompesse.

Alfonso deu outro passo em sua direção. "Você não conseguiu o que queria. E essa foi sua resposta.”

"Precisava terminar antes que ela se machucasse novamente." Christopher parecia defensivo.

Os olhos de Alfonso se estreitaram, sua mandíbula cerrou e se mexeu quando ele inalou bruscamente pelo nariz.

Christopher estava lidando com isso além de mal. Não que pudesse haver um bom resultado de suas ações. Mas eu deveria falar. Talvez eu pudesse perguntar a ele sobre o garoto. Eu precisava direcionar a atenção para mim, mas estava congelada.

"Estou falando dos anos de amizade. Você era minha família, Christopher. E isto... Isto...” Ele apontou para as fotos na minha mão. "É isso? É assim que você queria nos destruir?”

Christopher não foi rápido com uma resposta. Não importava, porque eu não conseguia tirar os olhos de Alfonso. Tudo o que eu pude ver foi a dor aumentando através de sua raiva quando Alfonso olhou ameaçadoramente para Christopher.

“Você ia contar a ela? Não, você não ia. Você a machucaria da mesma maneira que minha mãe. Ela não merecia isso. Fui eu a protegendo.”

“Não, Christopher. Era você se vingando como a criança mimada que ainda é,” Alfonso rosnou com nojo. "Saia. Saia antes que eu jogue sua bunda desgraçada pela janela mais próxima.”

Eu não esperava que Christopher fosse embora. Meu corpo estava enrolado o mais forte possível para se preparar para o primeiro ataque. Mas Christopher deu um passo atrás. Ele se afastou de Alfonso, mas parou no corredor em frente à escada.

“Ela sabe agora. É isso que importa.” Ele perdeu sua indignação presunçosa.

"Saia!" A voz de Alfonso balançou as janelas.

Eu finalmente consegui tirar os olhos de Alfonso para ver Christopher se retirar. Eu ainda segurava as fotos na minha mão. Quando ele desceu para o degrau mais alto, ele olhou de volta para mim. "Você tem meu número."

Alfonso se virou e se lançou sobre Christopher quando estendi a mão e agarrei seu braço para detê-lo.

"Não." Consegui dizer algo finalmente. "Isso não é sobre ele."

Isso não era sobre Christopher. Alfonso se sentiu traído. Embora eu devesse sentir o mesmo, meu peito doía por ele. Alfonso não foi quem me contou os segredos dos Uckermanns. Ele foi o único a corrigir as mentiras. As ações de Christopher foram diferentes. Ele escolheu machucar Alfonso. Ele procurou causar dor. Alfonso não tinha uma família real e ele acabou de perder a confiança na única família com a qual se importava.

Quando Alfonso se virou para mim, ele parecia derrotado. A fúria se foi, substituída pela tristeza. Ele parecia vazio. Eu queria abraçá-lo. Tranquilizá-lo. Mas as fotos na minha mão não desapareceram. A verdade por trás do que eu segurava ainda oscilava entre nós.

"Ele é seu?", Perguntei. Não foi possível esperar. Por mais que eu machucasse Alfonso neste momento, eu precisava que ele explicasse. Para me garantir, ele não era um homem sem coração que permitiu que seu filho fosse criado por um homem que abusou dele quando ele era criança.

“A mãe dele era nossa criada. Eu tinha quinze anos quando meu pai a contratou. Ela era jovem, sempre vestida com saias curtas e blusas apertadas. Ela me seduziu e me ensinou tudo sobre sexo. O que aconteceu entre nós não foi amor. Era simplesmente luxúria. Ela conseguiu atrair e se casar com meu pai ao mesmo tempo em que estávamos fazendo sexo. Eu a fiz parar de vir para mim quando eles se casaram. Um mês após o casamento, a doença da manhã começou.”

Ele parou de falar. Ele estava perdido em pensamentos, seu foco intenso. Um vinco se instalara em sua testa - resultado direto da expressão zangada em seu rosto.

Eu não disse nada. Incapaz de me mover de onde estava, simplesmente esperei.

“Meu pai me bateu desde os cinco anos de idade até eu ter dezesseis anos de idade. Não quero dizer com cinto. Quando eu era pequeno, ele me jogou no chão pelos cabelos e me chutou. Me segurou contra a parede com a mão na minha garganta enquanto eu ficava azul. Me chamavam de nomes que nenhum pai deveria chamar de filho. Quebrou meus ossos algumas vezes, mas eu sobrevivi. Enquanto eu crescia, ele jogou os punhos para mim. Não ficou menos violento. Eu tinha crescido, então ele usou mais força. Fui mais difícil de machucar.” Ele parou e inspirou profundamente antes de levantar a cabeça. Sua expressão estava vazia de qualquer emoção. Era um buraco vazio e isso me quebrou.

“Quando minha madrasta me disse que estava grávida, pensei que minha vida havia terminado. No mundo do meu pai, tudo pertence a ele. Ele sempre consegue o que quer. Se alguém tenta tirar algo dele, sua brutalidade não tem limites. Quando ele descobriu que seu filho havia dormido com sua nova esposa antes, meu status como filho que ele teve que abusar desapareceu. Em um instante, eu me tornei uma ameaça. Alguma forma fodida de competição.”

Meu estômago estava com um nó. Eu me sentia mal. Eu sabia que o pai dele o machucara, mas nunca soube a extensão do abuso. Como Alfonso foi um adulto bem-sucedido e funcional depois daquela infância? Ou ele estava? Eu não o conhecia tão bem. Ele escondeu seu filho de mim. Ele poderia estar se escondendo mais. Ele tinha mais escuridão interior que encobriu? Eu me odiava por pensar que ele era enganoso. Mas o medo estava lá. Como não poderia ser?

“Você ainda trabalha para ele. Ele está criando seu filho.” Fiz uma pausa depois de dizer isso em voz alta. Encará-lo e aceitá-lo eram duas coisas diferentes.

Alfonso baixou o queixo como se precisasse de um momento para se reagrupar. Quando levantou a cabeça, ele parecia um homem que estava silenciosamente implorando e se preparando para a batalha ao mesmo tempo. "Você acha que Wills é meu filho?"

Era uma pergunta que eu pensava que sabia a resposta até que ele me perguntou. Eu segurava a prova na minha mão. A paternidade de Wills já não estava estabelecida? Ele não negou nada. Ele havia explicado seu relacionamento com a madrasta. Eu não sabia por que ele estava me perguntando isso agora. Eu pensei que ele explicaria o porquê, tente me ajudar a entender.

Eu segurei as fotos. "Sim."

Queria que Alfonso dissesse algo, mas ele não disse. Com essa única palavra, seu rosto inteiro se fechou. Aquele olhar entediado e indisponível que eu odiava tanto havia retornado.

Ele se endireitou e passou por mim pelo corredor. Ele não parou nem disse uma palavra. Tudo o que ouvi foi a porta do quarto, que se fechou atrás dele.