Fanfic: Rock Duro *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Pensar nele fez meu coração torcer, como sempre, mas depois eu lutei com as lágrimas que surgiram de repente.

Lágrimas para o que tinha acontecido, para o que poderia ter sido, e para o que nunca poderia ser.

Deixei-as cair, grata pelo escuro, enquanto as sombras dos membros da banda caminhavam para o palco pouco iluminado.

O estádio ainda estava rugindo, então eu tive que praticamente gritar no ouvido de Maite quando me inclinei.

— Quem faz a abertura?!

Ela balançou a cabeça.

— Não há banda de abertura! Eles abrem, eles tocam, eles fecham! My Mortal Affliction é da velha escola!

Me recostei na cadeira, mas não tive chance de me sentir confortável antes de Maite pegar minhas mãos e me puxar para cima.

— Você não se senta neste tipo de show! Boa tentativa!

Eu voei ereta quando as luzes ao redor do estádio dispararam, iluminando o palco.

Um punhado de caras estavam parados em torno dele, um na bateria, um par no violão e baixo e o quarto na parte dianteira central do palco de pé e de costas para a multidão, uma Fender pendurada nas costas.

Claramente o vocalista.

Ao meu lado, Maite e Camila começaram a pular e gritar como fãs enlouquecidas.

Como o resto das garotas em torno de nós, olhando como se estivessem prestes a invadir o palco a qualquer momento.

— Qual é o problema?! Eu não pensava que você duas fossem como essas fãs loucas! — gritei com minhas amigas, mas elas não desviaram sua atenção do palco.

— Você vai ver! — Maite disse, os olhos dela fazendo alguma coisa derretida quando o vocalista torceu sua guitarra ao redor, na frente dele.

Camila me cutucou, não parecendo piscar enquanto olhava para o palco alguns pés na frente de nós.

— Ouça My Mortal Affliction e você vai amá-los!

Maite apontou para o palco quando o primeiro acorde soou alto através do estádio.

Foi poderoso e delicado ao mesmo tempo, e imediatamente capturou a minha atenção.

O acorde misturado em uma melodia suave que os guitarristas estavam levando, enquanto o vocalista avançava para onde o microfone estava na frente do palco.

— Além de ver Alfonso Herrera e cobiçar ele... — Camila me deu um sorriso perverso antes de voltar a molestar com os olhos o vocalista que girava lentamente para a multidão que o adorava, enquanto eu lutava para recuperar o ar que foi sugado dos meus pulmões.

— Alfonso Herrera? — eu sussurrei, mas nenhuma delas me ouviu.

A multidão gritou a música e pegou sua batida, então eu poderia ter gritado o nome dele que elas não teriam ouvido.

— Alfonso Herrera... — eu respirei, envolvendo um braço ao redor do meu estômago, me preparando antes de deixar meus olhos vagarem de volta ao palco.

Não disse o nome dele em anos. Quebrar meu silêncio agora me fez sentir que eu estava desmoronando tudo de novo.

Ao mesmo tempo, senti como se estivesse de volta com ele.

Enquanto o meu olhar vagava pelo palco, eu não perdi as mesmas botas de motociclista que ele tinha usado naquela época, o mesmo tipo de jeans desgastado que ficava pendurado em seus quadris ao mesmo tempo que se agarravam ao resto do seu corpo.

Meus olhos pousaram onde as mãos dele estavam paradas no violão, movendo-se com uma facilidade familiar, eu sabia que nunca esqueceria, eu sabia que era ele.

Alfonso.

O primeiro homem que eu havia amado. O único amor que eu tive.

O que havia prometido a mim o “para sempre”, só para me fazer perceber que “para sempre” era apenas para os personagens de contos de fadas, não para pessoas reais.

Ele era o “indigno ninguém” que meus pais foram determinados a eliminar da minha vida.

Após dois anos escondendo nosso relacionamento deles, eles descobriram quando voltaram uma noite mais cedo para casa e encontraram Alfonso e eu na minha cama, prestes a fazer amor pela primeira vez.

Na manhã seguinte, eu estava em um avião para a Califórnia, forçada pelos meus pais, para nunca mais voltar à Boston.

Ele usava uma confortável camiseta com decote em V, a mesma bandana escura amarrada na testa, tentando domar o cabelo escuro, que ele ainda usava e que meus pais julgavam inadequados para um cara.

Eu sempre gostei do cabelo de Alfonso Herrera. A maneira que ele ficava enrolado sob suas orelhas após um longo dia, a maneira que ele se sentia em meus dedos quando nossas bocas se moviam juntas, como parecia no final de um dos seus shows, úmidos de suor...

Na verdade, sempre tinha amado tudo sobre Alfonso.

Tudo, exceto quando não conseguia encontrá-lo depois que os meus pais tinham me levado por todo o país.

Isso tinha sido a coisa mais dolorosa que eu já tinha experimentado.

O cara que tinha feito grandes promessas para mim, o mesmo que eu tinha feito grandes promessas, não estava disponível para uma chamada de telefone depois que eu saí.

Mas ali estava ele agora. Dez pés na minha frente.

Eu acreditava que nunca o veria novamente, então comecei a me perguntar se eu tinha o inventado.

Mas não, aqui estava ele. Real. Tangível.

Um ícone do rock, prestes a tocar para uma multidão que eu só podia supor ser de dezenas de milhares.

Meus olhos jorravam orgulho em como ele continuou trabalhando firme, quase assombrando acordes de sua guitarra.

Ele tinha feito isso. Ele fez exatamente o que tinha me prometido que faria, teve sucesso fazendo o que amava.

Não importa o que tinha acontecido entre nós dois, eu estava feliz por ele.

Eu nunca duvidei que o faria. Na época, eu era a única, até mesmo Alfonso não acreditava, e apesar da nossa história, assisti-lo no palco me fez sorrir.

Ele era natural. Ele era o dono da multidão. Ele tinha-os ali em seus dedos, fazendo-os suspirar ou gritar dependendo das notas que ele jogava.

Ele pairou no palco como se estivesse tocando na garagem dos pais, como quando não havia ninguém ao redor, mas ao mesmo tempo, ele tinha a qualidade de estrela que sugeria que ele poderia ter mantido um público dez vezes maior do que esse.