Fanfic: Aparências | Vondy | Hot | Tema: RBD

Dulce

Estou no banheiro da Amaya Models tentando dar um jeito no meu cabelo que no momento mais parece um ninho de passarinho. Dou o meu melhor e não fica lá aquelas coisas, cabelo “resolvido” mudo para o tema mancha no vestido e como não tenho nada para resolver esse problema, passo um pouco de água na mancha e esfrego um pouco. Minimiza, mas não sai e quando observo toda essa situação penso em como é bom não ter entrado ninguém no banheiro e me visto nessa situação.

Já não chega o vexame de eu ter entrado na agência desse jeito. Frustrada penso em ir comprar roupas em alguma loja por aqui, mas por não conhecer muito bem essa área da cidade um GPS seria bom e é aí que me lembro que não tenho internet. Carambolas! Parece que hoje o azar resolveu me rondar, estou me sentindo naquele filme sorte no amor, mas ninguém me passou azar por um beijo. Quando saio do banheiro lá está Christopher.

— Acho que não tem como ir ao uma entrevista de emprego nesse estado — ele zomba.

— Rá, rá, rá. Muito engraçado — retruco com sarcasmo.

— Falta quanto tempo para a entrevista? — ele pergunta.

— Vinte minutos, exatamente, sem tirar nem por — digo após olhar o relógio.

— Parece que terei que ser seu herói e te salvar — ele diz meio que sugerindo.

— Pode ser... — aceito a oferta.

— Mas... — ele inicia.

— Mas o que? — o interrompo.

— Não ouvi nenhum pedido da sua parte — ele pondera.

— Você é muito irritante, mas em nome da educação que tenho vou pedir como se você já não tivesse se oferecido — ironizo.

— Ah, mas com esse tom não irá conseguir nada — ele continua no seu joguinho.

— Por favor, me ajude — peço em um tom bem baixo só para irritá-lo, mas a provocação não surte o efeito que imaginava.

— Mais alto, não escutei nada — ele devolve a minha provocação.

— Podemos discutir isso no caminho? Meu tempo está ficando cada vez menor — aviso e ele revira os olhos.

— Ok, mais tarde você vai poder me agradecer com veemência — ele usa um tom convencido que não me agrada em nada.

— Pode acreditar nisso — uso a ironia mais uma vez e nem me lembro da última vez que fui tão irônica assim. Entramos no elevador.

...

Christopher me levou de carro até um centro comercial, passamos na farmácia e ele fez meus curativos ali mesmo na frente da atendente da loja e de mais duas clientes.

— Homens assim estão raros, tem sorte garota. Não o perca, já tendo o encontrado — uma das clientes que é uma senhora idosa me aconselha e eu arregalo os olhos.

— Tão romântico... — a atendente suspira e a outra cliente concorda, fazendo o sorriso presunçoso que surgiu em Christopher aumentar.

— Desculpa, mas vocês mal interpretam — explico, mas elas nem me ouvem observando a cena com olhos sonhadores.

...

Vejo a fachada de uma loja de roupas e pelos manequins decido que irei comprar uma roupa ali, pois as roupas estão bonitas e essa é a primeira loja que condiz com o salário que recebo. Pego duas combinações de roupas e quando estou indo para o provador Christopher aparece estendendo umas roupas para mim.

— Vamos ver se você é um bom estilista — desafio.

— Você vai se surpreender — ele diz sem baixar a crista*, reviro os olhos e vou para o provador. Provo a primeira combinação que escolhi e quando estou prestes a tirar sou interrompida.

— Dulce! Eu quero ver as roupas! — ele diz em um quase grito, a loja inteira deve estar achando graça e esperando para saber quem é Dulce. Saio do provador quase roxa de vergonha.

— Você é maluco! — exclamo.

— Podemos discutir isso mais tarde, agora dê uma voltinha — ele pede e o faço mostrando minha pantacourt preta xadrez e a blusa lisa branca.

— E aí? — questiono querendo a opinião dele.

— Não, pode trocar — ele diz.

— Pois eu adorei — falo só para provocar e volto para o provador, dessa vez saio com a minha outra combinação que é uma blusa sem mangas azul claro e um shortinho preto que mostra uma boa parte das minhas coxas. Dou uma voltinha.

— Bom, mas prove o meu agora — ele instrui e me pergunto se ele treina para ser tão irritante.

Volto para o provador e visto uma saia midi envelope branca e uma blusa nude de manga, dou uma empurrada na manga e ela fica franzida mostrando uma boa parte do meu antebraço. Me olho no espelho e quero gritar, essa combinação me deixou estilosa e profissional. A questão é, ter que confessar isso e aumentar o ego de Christopher. Saio do provador e dou uma voltinha, ele nem opina e acho que espera meu veredito.

— Tenho que admitir, vou ficar com esse — assumo.

— Ficou perfeito, está vendo. Assumir não mata, ainda mais com a ótima escolha que fiz — ele se gaba.

— Vamos, já demoramos demais aqui — interrompo ele se vangloriando e volto ao provador para tirar a roupa, quando volto vestida com o vestido branco vamos até o caixa e digo que vou levar só a blusa e a saia.

— Não vai levar o shortinho? Que pena, gostei bastante daquela combinação em você — ele afirma.

— Só estou podendo levar essa aqui — me refiro a combinação que já estou pagando.

— Posso te dar de presente — ele propõe.

— Nem pensar, quando for meu aniversário ou algum momento em que eu merecer um presente você pode me dar — aviso e saio da loja com a sacola da compra em mãos e quando ele não vem comigo vejo ele comprando o short e a blusa, logo ele vem até mim com um sorriso de quem aprontou.

— Nem pensar — repito pensando que ele vai querer me presentear.

— Tranquila, Dulce. Eles vão esperar até alguma comemoração — ele conta e não sei se rio ou se me estresso com a cara de pau dele.

...

Quando entramos no carro dele olho a hora e não posso suprimir um gritinho frustrado.

— Que foi? — ele pergunta.

— Não vai dar tempo de trocar na agência, acelera esse carro que vou fazer isso aqui mesmo — aviso.

— Por mim tudo bem, na verdade tudo ótimo — ele diz em tom sedutor ligando o carro.

— Acho bom você não olhar —ordeno.

— Se eu fizer isso vamos bater — ele explica. Mil vezes droga, que espécie de dia é esse que só estão acontecendo catástrofes?

— Olhe para a frente e não se atreva a usar a visão periférica se não quiser ficar sem olhos! — ameaço e assim que ele se concentra olhando para frente começo a me trocar, mas uma derrapada do carro me faz parar só de saia e sutiã.

— Quer nos matar? — questiono.

— Você que quer... Me matar — ele diz baixinho com a intenção de que eu não ouça, mas ouço.

— Olhe para a frente, Christopher! — esbravejo e coloco a blusa. Depois disso pego minha nécessaire e começo a me maquiar olhando no espelho de bolsa que tenho. Quando termino começo a pensar em como será a entrevista e rezo para que não seja tão caos quanto meu dia. Também estranho Christopher estar tão silencioso depois do nosso quase acidente, mas resolvo não dizer nada.

...

Baixar a crista= Deixar a ignorância de lado. Ser mais humilde.Ser menos arrogante e prepotente.

Fiz um capítulo um pouquinho maior porque só vai ter esse hoje.  Até o próximo  Aliás, quem mais acha que Ucker deu uma boa espiadinha na Dulce?