Fanfic: Admirador Secreto- Adaptada Vondy | Tema: Vondy

Há uma fila e como eu disse a Alfonso, a maioria são casais, mas posso ver que tem muitos solteiros em grupos. Já vi vários homens entrando juntos, na maior algazarra. Tem o grupo de mulheres que Alfonso abordou. Muita gente vai sem ninguém para tentar arrumar algum romance aí dentro.
Antes de chegarmos a fila, nos deparamos com um pequeno aglomerado em volta de algumas pessoas. Uma mulher com um vestido vermelho espalhafatoso, com muitas Jóias, anéis em todos os dedos e muita maquiagem nos intercepta. São ciganas e estão fazendo sucesso com os passageiros do cruzeiro.
— Olá, sou Josephine, fomos contratados pela companhia do cruzeiro para fazer previsões aos passageiros. Vocês não pagarão nada, a companhia já nos remunerou.
— Ah... Muito obrigado mas... — paro de falar e olho para Dulce. Está de olhos saltados. — Não vamos aceitar, obrigado. — Completo e já dou um passo para voltar a caminhar.
— Temos cartas e quiromancia. — A mulher fala. Paro de andar por que Dulce está parada e a olha com curiosidade.
— Quiromancia? — Pergunta intrigada.
— É. Leitura de mãos.
— Eu... posso tentar? — Dulce sussurra para mim, meio receosa, me pedindo permissão.
— Claro. — Eu falo. A mulher sorri para Dulce e estende as duas mãos. Dulce olha para mim, aparentemente fascinada e então entrega a mão para a mulher.
— Como vocês fazem isso? Nunca acreditei. — Falo logo para desarmar a cigana.
— Filho, as mãos geralmente têm sempre três linhas principais. Você nasce e morre com elas.
Mas há outras, essas pequeninas, entrelaçadas, que são mutáveis, mudam com o tempo. — Ela acaricia a palma de Dulce.
— Vejo uma grande força. Força que foi capaz de quebrar um elo forte.
— Um elo? — Pergunto.
— Sim. Um elo, mas não emocional, um elo como aqueles de correntes. Era um elo forte e você o quebrou.
— Isso é ruim? — Dulce não parece ter entendido.
— Filha, o que acontece quando se quebra um elo de uma corrente? —O rosto da mulher se ilumina e por um instante penso se ela não está certa... pois de certa forma Dulce quebrou o elo da corrente que a prendia.
— A corrente se quebra? — Dule responde a mulher, o rosto igualmente iluminado. Consigo ver um pingo de satisfação nos olhos de Dul.
— Sim. Vejo aqui independência e paixão. Sua mão mostra uma grande felicidade na sua vida atualmente, apesar da inércia que vejo aqui que existia na sua vida até pouco tempo atrás. É como se você tivesse apenas parada no tempo.
Dulce olha para mim sorrindo, surpreendida porque a mulher está acertando. Eu ainda acho que tem truque, apesar das coincidências. Fico pensando se Alfonso não pagou essa mulher para vir falar coisas com a gente.
— E daqui para frente? Pode ver o que vai acontecer? — Dulce está quase saltitante.
— Você é destemida e está com o peito cheio de amor. — Dulce sorri para mim, como se quisesse dizer: "Olha! Ela está acertando!" as bochechas rosadas. — Aqui... deixe eu ver. — A mulher fica calada olhando a mão. Pede a outra mão, estuda as duas, olha de alguns ângulos e seu semblante fica carregado. Ela está séria agora.
— Alguma coisa? — Dulce também está séria.
— Eu não sei. Você é a primeira que não consigo fazer previsões exatas. Parece um dia chuvoso, um dia nublado. — A cigana torna a se calar e volta a analisar a mão de Dulce que agora está aflita aparentemente.
— Vocês... estão juntos? — A mulher olha de mim para Dulce e de novo para mim. — São muito ligados?
— Sim. Somos namorados. — Eu respondo.
— Eu vejo apenas um vulto, como se esse vulto fosse responsável pela falta de futuro que vi aqui. Como se esse vulto estivesse... sei lá, entre vocês. Não sei se é um homem ou uma mulher.
— Tudo bem, já chega. Isso é balela. — Puxo a mão de Dulce. Está gelada. Quem essa mulher pensa que é para falar que Dul não tem futuro?
— Não, espere. — A mulher segura meu pulso — Espere, por favor.. Deixa eu ver a sua. Será muito rápido. Talvez a sua complemente a dela...
— Não. — Puxo minha mão com um toque de rudez.
— Espere. — Ela faz um gesto para mim, com sua mão aberta. Olha para trás e acena para um senhor que se veste espalhafatoso como ela. Ele demora um pouco para vir, anda devagar usando uma bengala. Deve ter seus oitenta anos.
— Esse é meu pai. — A cigana morena com pulseiras barulhentas gesticula. — Ele me ensinou a quiromancia. — Ela apresenta o senhor que acena sério para mim. — Pai dê uma rápida olhada na mão dela. Veja as previsões para ela.
O velho estende a mão trêmula, Dulce fica receosa, mas no fim entrega a mão a ele. Ele fica olhando, olhando, depois levanta os olhos para mim, torna a olhar para a mão suada de Dulce e abana a cabeça em gesto negativo. Sem me perguntar ele segura meu braço e como é um idoso eu deixo que olhe minha mão. Ele analisa, a mulher que supostamente é filha dele, está ao lado calada, sem olhar para a gente. O homem usa o dedo para traçar as linhas da minha mão e após olhar bastante, ele suspira, abana a cabeça negativamente e me encara.
— Incerto. Tudo escuro. — Ele olha rápido para Dulce e depois me encara. — Vão em paz.
— Vamos Dul, não coloque essas coisas na cabeça. Cada um faz o próprio futuro. —Ela não contesta, mas posso sentir sua mão fria segurando na minha mão. Embarcamos calados. Entreguei nossos bilhetes na entrada e recebi ajuda de um carregador de bagagens que pediu gentilmente para segui-lo, ele nos levaria ao andar das suítes. Dulce está muda, posso sentir a apreensão dela e sei exatamente por que. Por mais que eu não acredite nessas coisas de adivinhações, a coisa foi bem arrepiante. Não sai da minha cabeça o que aquela mulher falou. E depois o velho veio e praticamente disse o mesmo, porém olhando minha mão.
O que poderia acontecer que turvaria meu futuro com Dulce? Na hora eu só pensei em Jaqueline, não acho que ela pode interferir na minha vida, mas o segredo sobre meu caso com ela, pode acabar com a confiança de Dulce em mim e por isso, não sairei desse cruzeiro sem antes contar toda verdade para Dulce.

Continuando!

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Beijos até!