Fanfic: Sol & Tempestade | Tema: Vondy

O sol acabará de nascer quando Maite pulou na cama da sua companheira de quarto a sacudindo

— Dulce? Dulce desperte!

A moça que estava em um sono profundo coçou os olhos e os abriu rapidamente, se sentou na cama e olhou tudo em volta, aquele não era seu quarto. A cama era dura como o chão, a pequena estante era feita de pura madeira com um castiçal enferrujado com as velas já no fim, o piso também era de madeira porém parecia estar interminado, a camisola que a moça vestia era comprida de uma cor pastel que com certeza ela jamais usaria

— Onde estou? — ela perguntou olhando as paredes que estavam descascando

— Onde está? Que pergunta é essa Dulce? — a moça de curtos cabelos pretos riu dobrando o leve lençol

— Quem é Dulce?

— Ora quem é Dulce, é você, claro! Pare de brincadeira, logo a senhora Matilde virá e estaremos em uma grande encrenca

A moça se levantou da cama procurando alguma espécie de chinelo ou pantufa para calçar mas o único sapato que avistou era de um salto baixo e parecia extremamente pesado

— Me ouça, eu não sei quem é você, não sei quem é Dulce, não sei quem é Matilda e principalmente não sei onde estou — disse ela abrindo a porta do quarto e saindo correndo por um enorme corredor com pilastras e paredes de pedra

O corredor ecoava a voz de Maite que chamava pelo seu nome em desespero.

Dulce chegou ao fim do corredor e viu uma escada infinita para baixo, era estreita e redonda, cheia de voltas e sem nenhum corrimão, era tudo tão frio, os degraus e as paredes eram de pedras também e a única iluminação era de uma janela logo abaixo.

Com a respiração acelerada Dulce continuava descendo as escadas, tentou olhar pela janela mas seu tamanho não lhe deu essa chance mesmo estando nas escadas. Quando chegou finalmente no último degrau e empurrou a grande e pesada porta de madeira viu várias mulheres correndo de um lado para o outro em uma espécie de cozinha, com vários fogões a lenha, panelas feitas de barro, pratos extremamente chiques juntos com as xícaras de porcelana. Uma frágil moça vinha segurando pilhas de galhos e madeira para serem queimados.

Dulce ficou parada no meio da cozinha onde pôde ver várias bandejas serem arrumadas com muito cuidado, as mulheres as vezes a olhavam com desdém, tudo começou a girar, as pernas de Dulce começaram a tremer, aquilo não era sua casa, ela nunca havia vindo nesse lugar. Quando deu meia volta bateu de frente com uma mulher que deixou a bandeja cair e a porcelana se quebrar em mil pedacinhos. A cozinha que antes estava uma barulheira de repente ficou em um completo silêncio

— Olhe por onde anda! — a mulher que abaixou rapidamente para recolher os cacos gritou

— Eu não...não...

— Mas o que está acontecendo aqui? — uma senhora de cabelos pretos amarrados em um coque, de pele clara e enrugada, sua feição era séria o que a deixava completamente assustadora, não era magra, nem gorda, mas era forte. Em suas mãos manchadas e enrugadas segurava uma espécie de chicote que parecia ser usados em cavalos.

— Senhora Matilde eu... — a moça se levantou com as mãos ensanguentadas devido a porcelana quebrada tentando se explicar, até que um forte estalo foi ouvido, o chicote que a senhora tinha em mãos foi contra a pequena bancada de madeira fazendo as bandejas tremerem

— Por que diabos está de camisola no meio da cozinha Dulce Maria? — gritou a senhora que apontava o chicote para Dulce que sentiu seu corpo desfalecer. Voltando para o breu.