Fanfics Brasil - O retorno de John Widmore John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez

Fanfic: John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez | Tema: Mistério


Capítulo: O retorno de John Widmore

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Sinceramente, não sei por que fui chamado para esse caso tão convencional. Na verdade, não sei qual motivo levaria a Agência a me convocar outra vez, seja para o que for.


Sei bem de minha atual reputação, após meus últimos casos fui condenado a ser a grande piada entre os detetives, que sarcasticamente se vestem de suas conquistas, enquanto vomitam seu “senso de humor” sobre a carcaça de meu fracasso. Ora, não desejava encontrar esses abutres outra vez, mas algo em mim se alegra em voltar à ativa, não tenho dormido bem nesses últimos meses de afastamento, nem mesmo meu whisky tem adiantado mais. Falando nisso, preciso de mais uma dose antes de sair, fazem dois graus na rua e preciso estar aquecido para esta noite...pensando bem, é melhor abastecer meu cantil, afinal este é meu único companheiro de viagem.


 


Existe certo conforto em estar só, isso faz com que grandes reflexões se desenvolvam. Sei disso pois, dirigindo essa porcaria de carro, posso observar as pessoas lá fora sem que elas me percebam, não notariam um bêbado malvestido em um maverick 73 caindo aos pedaços.


Tenho observado elas lá fora, em suas vidas rotineiras, indo e vindo de lugares onde não queriam estar, para encontrarem pessoas que não suportam e adquirir coisas de que não precisam. Realmente esse estado de solidão constante eleva meus sentidos de reflexão. Bando de idiotas!


 


Que ideia de merda foi essa de aceitar esse caso?! Droga, o aquecedor do carro não está funcionando e aqui dentro parece mais frio do que fora. Essa maldita viagem vai levar uma hora, isso se não tiver nenhum evento na cidade esta noite, do contrário isso vai estar parecendo um inferno, com um monte de jovens embriagados desejando acasalar, ostentando bebidas e pertences. Realmente a raça humana é a espécie mais imbecil entre os animais da Terra.


Por sorte tudo está calmo hoje, com o rotineiro clima desértico que apenas um cemitério abriga. Não vou mentir, eu gosto disso, gosto do silêncio gélido que assombra as noites tranquilas de inverno, ele impede a presença de humanos infestando as ruas. Certamente, uma das coisas que mais detesto é ter que esperar em uma fila de supermercado, ansioso para pagar logo meu whisky, enquanto algum idiota tagarela com a atendente, tentando decidir que merda vai comprar.


Humanos, sempre vou preferir meu gato, silencioso e decidido...deveriam ter leis para isso.


 


Após quase uma hora dirigindo por uma estrada vazia e sombria, sem luzes de postes ou carros, sem nenhum sinal de vida, sinto um certo conforto em ter sido chamado para um caso assim, afastado e isolado, assim como eu.


A mansão dos Sanchez fica em um terreno privado, uma espécie de sítio familiar no meio do nada, cercado por muito mistério em forma de especulação local. Os Sanchez são donos de um grande monopólio empresarial, dividindo o poder em uma sociedade antiga de famílias; os Ramos, os Garcia e os Sanchez, dando origem ao famoso império empresarial, Sagara. A Sagara começou há pelo menos algumas centenas de anos, como um pequeno aglomerado de indústrias, se tornando hoje uma das mais poderosas, influentes e ricas multinacionais da Terra.


 


Ao chegar no portão de entrada notei muitos carros policiais, creio que toda a polícia local estava marcando presença aqui, afinal não havia uma pessoa qualquer ensanguentada no chão de uma sala, mas sim a herdeira do maior acionista da Sagara. Isso seria manchete de primeira página em jornais do mundo todo, cairia muito mal para esses incompetentes não estarem aqui, por isso tiraram suas bundas gordas das lanchonetes essa noite.


A grande mídia estava presente, são como ratos infestando a cena do crime. Tirando esses estúpidos sensacionalistas, a única coisa que mais detesto em um caso é a presença de outros membros da Agência, que certamente estavam aqui. Eles são mais discretos, usam carros apaisana e não usam uniformes, são como os “Homens de Preto”, porém, mais robóticos e arrogantes. Não sei o que me motivou a aceitar esse emprego.


 


Um garoto veio me receber no portão, parecia ter cerca de 19 anos, muito inseguro e ansioso. Certamente um novato de alguma empresa de investigação, ou algo do tipo.


 


- Boa noite, senhor Widmore. É uma honra te conhecer.


Um novato, certamente, mas que parece me conhecer de alguma forma. Usava um crachá azul e branco com seu nome, “Wilson Bukowsk – Membro Jr.”, onde exibia-se o logo da Agência. Algo não usual, pois a Agência nunca recrutou estagiários. Notei também uma mancha vermelha em seu crachá, creio ser molho de tomate, o que demonstra que além de ser um novato inseguro, ansioso e inexperiente, ainda se trata de alguém desleixado e desatencioso.


 


- Boa noite, senhor...como se chama?


 


- Me chamo Wilson Bukowsk, sou membro júnior da Agência e fui enviado para te conduzir até a cena do crime e te auxiliar no que precisar.


 


Agora esses babacas me enviam um “agente mirim” totalmente despreparado. Devem estar gozando com minha cara, pensando que vou servir de babá para esse pupilo franzino.


 


- Então por favor, Bukowsk, me leve até a cena do crime, já estou entediado com essas formalidades óbvias e sem sentido.


 


O garoto ficou sem jeito, abaixando a cabeça enquanto parecia esconder o rosto nas mexas bagunçadas de seu cabelo ruivo. Imagino que devido as sardas, deve ter sido apelidado de ferrugem ou algo do tipo. Sempre detestei esses métodos de nomear as pessoas, completamente infantil e estúpido, mas que estava à caráter para quem pratica as piadas.


 


- Não sabia que a Agência tinha se rebaixado a uma escolinha mirim.


 


- Na verdade é um projeto novo, senhor.


 


O olhei com desdém rapidamente, enquanto caminhávamos pelo jardim de entrada.


 


- E que projeto seria esse, que coloca crianças para fazer o trabalho de homens?


 


- É um projeto novo, criado pelo comandante Mikhail. Esse projeto recruta e seleciona os mais qualificados, para um período de treinamento de novos agentes.


 


- Então você foi um dos melhores?


- Sim, senhor. Fui um dos cinco selecionados, de uma lista com vinte mil inscritos testados.


 


- Não vejo nada de especial em você, garoto. Imagino que foram vinte mil panacas, por isso você acabou aqui, me guiando até uma cena de crime como se eu não soubesse de onde o Sol nasce. Acho que Mikhail está ficando velho demais para liderar.


 


Ao entrarmos na casa, pela grande porta principal, me deparei com um cenário assustador; dezenas de policiais locais e alguns repórteres! Ah, isso me deixava muito furioso, pois uma cena de crime não é local para amadores sem qualificação.


Me assegurei de expulsar os repórteres, enquanto convoquei a presença do chefe daquela cômica operação policial.


 


- John Widmore! Que grande surpresa ver você por aqui, pensei que já havia morrido afogado em whisky, enfurnado naquele chiqueiro que chama de casa.


 


Essa voz era conhecida, só podia ser de Johnny Garcia. De todos os abutres que trabalhavam na Agência, Johnny era de longe o mais carniceiro!


 


- Você está fedendo a whisky barato, Widmore. Basta uma olhada para notar que não tem dormido, nem feito nada que não seja encher a cara.


 


Acendi um cigarro, nem tanto pela vontade de fumar, mas por saber que Johnny detestava o cheiro. Soprei a fumaça em direção de sua cara de bosta e o coloquei em seu lugar:


 


- Johnny, vejo que o tempo realmente não passa para você, continua o mesmo mauricinho filho da mãe, que só está na Agência porque o papai faz gordas doações para a Agência.


 


- Sabe que eu sou o melhor, e você só foi chamado para esse caso por questões de ética. Como minha família é parte da Sagara, não posso conduzir o caso. E os outros agentes estão em outros casos. Realmente não sei porque alguém iria chamar um bêbado fracassado para um caso tão sério!


 


- Talvez sua mãe tenha a resposta, não é Johnny?!


 


Johnny me olhou com fúria, não suportava que ninguém falasse de sua mãe, mesmo que todos soubessem quem era a “Senhora Garcia”.


 


- Não vou me rebaixar a um diálogo com você, Widmore. Afinal, não quero guerra com os extraterrestres.


 


Johnny virou-se e se foi, pois, as questões de ética profissional realmente não o permitiriam cuidar deste caso, pois sua família entraria logo em investigação. Questões de interesses financeiros poderiam ter levado uma das famílias a liquidar a única herdeira legítima dos Sanchez, uma vez que o velho Sanchez já estava muito velho e provavelmente logo morreria.


Quando Johnny estava de saída, notei uma aliança de ouro em seu dedo, demonstrando noivado.


 


- E parabéns pelo noivado, Johnny, espero que ele seja um bom homem.


 


E Johnny se foi mais irritado do que nunca. Brincar com a sexualidade deste cara parecia lhe dar nos nervos como nenhuma outra coisa.


 


Então, após todos esses imprevistos, pude finalmente ver a cena do crime.


 


Quando entrei pela porta do salão de festas, onde estava o corpo, tive uma grande surpresa, algo tão horrível que chocou até mesmo eu, que tinha anos de Agência e pensei ter visto tudo nessa vida.


O corpo de Valquíria Sanchez estava no chão, no centro da sala, usando um vestido vermelho. Estava com os membros amputados, separados de forma muito peculiar; a cabeça estava empalada em uma estaca, que estava cravada no centro do peito. Os braços e pernas foram arrancados do tronco e colocados ao redor, servindo de candelabros para grandes velas vermelhas, que formavam uma espécie de cruz alinhada. Abaixo do corpo um grande desenho ritualístico, que a primeiro plano me parecia um círculo de magia negra, com um pentagrama invertido, tudo desenhado com sangue, que provavelmente era o sangue da própria Valquíria.


Tinham dois cordeiros mortos no local, em cima de um altar, que ostentava dois cálices de ouro, adornados com inscrições antigas e símbolos demoníacos. As cabeças dos animais também estavam empaladas, em uma estaca fincada no tronco deles, ambos com o mesmo símbolo desenhado embaixo e os membros servindo de candelabro para velas, mas essas eram pretas. Na frente do altar existia um terceiro cálice, onde estavam os olhos de Valquíria e dos cordeiros, imersos em sangue seco. Pelo odor que senti, certamente cozinharam os olhos no sangue.


Nas paredes haviam tripas formando pentagramas invertidos, quatro no total, um para cada ponto cardeal, mas não notei nenhum corte na barriga dos cordeiros, o que leva a crer que, devido à quantidade de sangue no local onde estava o cadáver de Valquíria, aquelas deveriam ser suas tripas.


 


Ao ver a cena, Bukowsk vomitou ao meu lado, parecia ter comido hambúrgueres e batatas recentemente. Não sei o que parecia mais bizarro aqui; um assassinato tão cruel, ou terem encaminhado este novato para estar comigo.


 


- Ei garoto, acho que deveria começar uma dieta mais saudável. Isso de fast food vai acabar te matando.


 


- Me desculpe, senhor Widmore. Eu nunca havia visto nada assim na minha vida, nem mesmo o treinamento teórico me preparou para isso.


 


- Acho que ninguém nunca viu algo assim, garoto.


 


- Como o senhor faz para suportar algo assim?


 


- Eu bebo whisky – dei um grande gole – você deveria tomar um trago também. Eu te ofereceria um pouco, mas não divido minha bebida com indivíduos como você. Ande, vasculhe a casa e procure alguma garrafa de whisky para mim, meu cantil está secando.


 


- Mas isso não seria ético, senhor.


- Qual o motivo de estar aqui, Bukowsk?


 


- Fui enviado para auxiliar e aprender com você, senhor Widmore.


 


- Então já que não está aprendendo nada, faça o favor de me auxiliar e vá logo atrás de um bom whisky. Esses ricos costumam ter muita bebida boa.


 


O garoto saiu, segurando a ânsia de vomitar mais uma vez, com ar desapontado. Acredito que eu não era exatamente o que ele esperava.


Me coloquei então a investigar a cena do crime, que estava muito avariada pela presença dos policiais locais. Essa cena não era, de forma alguma, para amadores, mas seria um prato cheio para a mídia fomentar a fascinação global por teorias conspiratórias, seitas e famílias poderosas. Sempre detestei casos com esse grau de exposição, prefiro trabalhar em sigilo completo, assim evito a presença desses idiotas enxeridos. Mas parece que eu não tinha escolha, teria que trabalhar nesse caso.


 



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Autor(a): aleisterdelmiro

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