Fanfics Brasil - O amuleto de Valquíria John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez

Fanfic: John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez | Tema: Mistério


Capítulo: O amuleto de Valquíria

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Tudo nesta cena era completamente fora do comum, bizarro e aterrorizante, certamente feito por monstros sem coração, fanáticos de alguma seita ou culto obscuro. Não era novidade, para mim nem para ninguém, que muitas famílias poderosas tinham laços com rituais sobrenaturais, mas isso se trata de algo além do que se possa ser imaginado, muito além do próprio sacrifício humano, é algo hediondo, em tamanha demasia que foge a qualquer princípio de compreensão.


 


Certamente isso não foi, de forma alguma, realizado por apenas uma pessoa. Seria humanamente impossível uma só pessoa ter feito tudo isso, seria preciso pelo menos três ou quatro indivíduos, ainda mais por Valquíria não apresentar marcas de cordas, demonstrando que foi fatiada sem ter sido amarrada, portanto, se for anulada a hipótese de sedação profunda, duas pessoas fortes devem tê-la segurado, enquanto outra fazia o trabalho de açougueiro. Creio que também foi necessário mais de uma pessoa para pendurar as tripas, em forma de pentagramas invertidos, pois em sua altura e posição, não seria nada viável um só humano fazer isso de forma tão exata, visto o nível de dificuldade empregada.


A questão dos cordeiros também deve ter grande significado, de modo algum escolheriam justo esse animal de forma aleatória. Estou amplamente certo de que isso envolve algo muito mais complexo e sinistro. A posição dos membros também é de chamar muita atenção, pois foram transformados em suportes estratégicos para as velas, ao redor deste selo, onde se encontra o corpo de Valquíria.


Ah, Valquíria, no que você se meteu?


 


Algo chamou minha atenção, em meio ao corpo lavado de sangue, no peito de Valquíria, ainda sob o tecido do vestido vermelho, pude notar a silhueta de uma espécie de colar, ou pingente. Não era muito grande, mas parecia ter um formato bem peculiar; como uma estrela de oito pontas. Cuidadosamente removi o colar do corpo, sem nenhuma dificuldade, pois não havia cabeça sobre o pescoço para interferir em minha singela retirada.


O colar estava muito manchado de sangue, mas se tratava sim de uma estrela de oito pontas, mas não consegui ver o entalhe, nem mesmo identificar nada, a não ser as iniciais “E. R.”, em uma grafia muito específica. Estou certo de já ter visto essas iniciais, mas não consigo me lembrar de onde isso me é familiar.


Este colar precisa ser analisado com mais cuidado, mas não o confiarei ao pessoal da perícia, acredito que isso esteja muito além dos conhecimentos acadêmicos.


 


- Senhor Widmore, eu encontrei essa garrafa de whisky na sala de jogos. Fiz como ordenou, mas não me sinto confortável com isso.


 


- Não seja tolo, garoto, isso não é como roubar algo da cena do crime. Estamos apenas matando a sede e já que estamos trabalhando aqui, nada mais justo, não acha?


 


- Estamos matando a sede?!


 


- Não tire o corpo fora, basta olhar para a garrafa. Qualquer idiota notaria que está levemente molhada no gargalo, o que diz que alguém, recentemente, tomou um trago. - Bukowsk me olhou envergonhado, abaixando a cabeça como uma criança pega em flagrante. – E já que não tem mais ninguém dentro dessa casa agora, acredito que esse seu aroma de whisky escocês não seja uma nova fragrância exótica da Natura.


 


- Desculpe, senhor, eu apenas quis...


 


- Calado garoto, não se explique para mim, apenas não tente me fazer de bobo outra vez.


 


Bukowsk parecia arrependido, mas isso retratava apenas a grande verdade das pessoas; elas não se arrependem por terem feito algo errado, mas sim por terem sido descobertas.


 


- Já que está aqui, garoto, poderia me dizer o que devemos fazer agora?


 


Ele me olhou com cara de espanto, de tal modo que seus olhos castanhos pareciam saltar das órbitas.


 


- Acho que devemos chamar os empregados e os interrogar, com certeza eles devem ter visto ou ouvido algo.


 


Isso sim era um ótimo momento para ensinar algumas coisas para esse novato.


- Sua intuição é boa, mas é muito acadêmica ainda, não existe nenhuma perícia instintiva em você. É claro que vamos convocar os empregados, mas não agora, afinal nenhum deles está aqui.


 


- Não estão? Como o senhor sabe disso?


 


Ele me olhou diretamente, com uma mistura de ceticismo e curiosidade.


 


- Você chegou aqui antes de mim, Bukowsk, mas nem sequer notou que os únicos carros lá fora são os da polícia local, imprensa e um carro da Agência, que estava com Johnny. Além desses, o único carro civil é um BMW de milhões de dólares, que não pode ser de outra pessoa se não da própria Valquíria. Como estamos em uma casa afastada de tudo, os empregados não poderiam estar aqui sem veículo.


 


- Mas, o senhor apenas passou pela entrada, como conseguiu analisar tudo isso em tão pouco tempo?


 


- Sou muito observador, garoto. Mas me diga, como pretende ir embora, já que estava de carona com o babaca do Johnny?


 


- Pensei que conforme fui enviado para ser seu auxiliar, fossemos juntos de volta a base.


 


- O que te faz pensar que voltarei para a Agência hoje?


 


Olhei muito sério para ele, enquanto pegava a garrafa de whisky de suas mãos.


 


- Veja garoto, talvez seja melhor você chamar um táxi, pois iria levar a noite inteira e mais um dia para retornar até a Agência indo a pé. Não leve para o lado pessoal, acontece que eu trabalho sozinho e certamente não quebraria essa regra por alguém como você, que provavelmente não sabe nem trocar as fraldas ainda.


 


“Velho ranzinza”!


 


- O que disse, garoto?


 


- Nada, senhor. Por quê pergunta?


 


Estou certo de ter ouvido a voz do garoto, como um sussurro, me ofendendo. Mas realmente ele não havia movido seus lábios. Seria um maldito ventríloquo?!


Que droga, acho que ando bebendo muito whisky barato, ainda bem que o garoto me conseguiu esse aqui, que deve ser de alta qualidade. Na verdade, ele merece uma carona por ter me trazido essa belezinha.


 


- Por nada, pensei ter ouvido algo, deve ser o barulho incessante daqueles abutres lá fora. Garoto, vou lhe conceder uma carona até a Agência, mas que não se acostume com isso. Sei que é apenas uma espécie de estagiário, ferrado e sem grana, mas dê um jeito. Alugue um carro, peça um táxi da próxima, ou venda um de seus rins para comprar a porcaria de um carro!


 


- Nós já terminamos por aqui, senhor Widmore?


 


- Eu já terminei, garoto. Tirei todas as fotos que preciso, avaliei e cataloguei cada parte da cena e cuidei de recolher as amostras de tecido sob as unhas de Valquíria, que certamente são resultados de luta. Resíduos da pele de pelo menos um dos assassinos vai aparecer.


 


- Então não se trata de apenas um assassino?


 


- Veja garoto, esta sala está completamente organizada, com taças, móveis e decorações totalmente intactos. Visto que existe sangue sob as unhas dela, mostra que ela lutou para se salvar, mas que não teve força se quer para se mover. Como não há marcas de cordas nela, nem nada que mostre imobilização, uma só pessoa não iria conseguir mantê-la parada tão facilmente.


 


- Mas, ela não pode ter sido sedada?


 


- Poderia, mas tenho certeza que não foi. Pois, dentro de um ritual como esse, pelo que sei, a vítima deve estar completamente lúcida.


 


- Meu Deus! Então fizeram isso tudo com ela consciente?


 


- É provável que ela não tenha resistido, morrendo antes do final, mas sim, ela viu o horror e crueldade da própria morte em plena consciência.


 


Nos dirigimos para fora, deixando toda a demarcação mais importante feita, em anotações para o pessoal de perícia da Agência. Os repórteres e policiais quiseram falar comigo, com suas perguntas idiotas sobre o que aconteceu, quem foi. São mesmo estúpidos, parecem pensar que um crime desse fica com a foto e assinatura dos assassinos.


Como sempre, eu simplesmente passei por eles, com um gentil gesto de despedida; dando meu dedo do meio enquanto abaixava meu chapéu.


Meu carro, como na grande parte das vezes, demorou para ligar, engasgando e tremendo, fazendo merecer sua aparência de lata velha.


 


Aquelas iniciais no colar estavam me intrigando muito, tanto que eu não havia dito uma só palavra em quilômetros dirigidos. Então decidi consultar Bukowsk, afinal nunca se sabe de onde pode vir uma iluminação.


 


- Garoto, por acaso já viu essas iniciais antes?


 


Tirei o colar de meu bolso e joguei em seu colo. Ele deu um pulo, espantado.


 


- Você pegou isso da cena do crime?!


 


- Isso é algo que foge ao conhecimento de qualquer perito, vou precisar consultar alguns amigos muito especiais para descobrir sobre esse colar. Não se preocupe com isso agora, apenas veja as iniciais atrás do pingente.


 


Ele limpou o sangue, utilizando um lenço que estava em seu bolso e com muita convicção afirmou saber o que eram as iniciais.


 


- São as inicias de Ernest Richtraw, dono da Corporação Richtraw de consultoria e finanças.


 


Sim! Claro que eu já havia visto isso!


A Corporação Rochtraw é conhecida mundialmente, como uma das maiores empresas de consultoria. Sei também que essa corporação tem ligação com a Sagara, uma sociedade formada há poucos anos e que resultou em um grande crescimento de ambas as empresas.


 


- Mas nunca vi este símbolo. Já vi algumas estrelas de oito raios, mas esta parece ser muito distinta, senhor Widmore. Acredito ser uma espécie de amuleto, ou algo do tipo. Onde estava?


 


- No corpo de Valquíria. Mais especificamente, ela ainda estava usando isso.


 


- Você sabe que isso é violação da cena do crime, não sabe? Mesmo que seja o agente encarregado, não pode tirar nada da cena do crime sem permissão.


 


Dei um bom gole em meu novo whisky e olhei diretamente nos olhos de Bukowsk.


 


- Quer mais um gole, garoto?!


 


Então ele ficou quieto, em um gesto cordial de concordância. Eu sei que um novato como ele não iria querer manchar sua ficha por ter bebido whisky em uma cena de crime. De certo modo, eu o tinha em minhas mãos por enquanto.



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Autor(a): aleisterdelmiro

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