Fanfics Brasil - Estabelecendo uma parceria John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez

Fanfic: John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez | Tema: Mistério


Capítulo: Estabelecendo uma parceria

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Tudo me indicava que Ernest Richtraw era o suspeito número um, mas dentro de mim creio que ele não esteve diretamente envolvido com o assassinato, mas sei que de alguma forma ele está envolvido. Não restam dúvidas que ele sabe muito mais do que falou, mas por hora eu não tinha como o pressionar mais, nem mesmo motivos fortes o suficiente para o levar à um interrogatório, agora preciso seguir com cautela e avaliar todas as pistas. Talvez Bukowsk tenha conseguido algo com os empregados, afinal para alguma coisa esse novato tem que prestar.


 


Cheguei na Agência, mas não me dei ao trabalho de entrar, sinceramente, não me agrada em nada o clima e as pessoas de lá. Companheirismo é uma ova! Detesto os outros agentes e sei que esse nobre sentimento é recíproco, por isso prefiro evitar o contato, me mantendo fazendo o que sou bom, que é resolver as coisas, desvendar, depois envio meu relatório para Mikhail e garanto mais alguns meses de estabilidade financeira, afinal, whisky e cigarros não nascem em porcarias de árvores.


Falando em árvores, tenho notado que elas estão desaparecendo, dando lugar para estruturas frias e sem vida, feitas de concreto, aço e ambição. Acho que li em algum jornal idiota que, é mais fácil ser atingido por um raio do que bater em uma árvore, mas claro, elas já nem existem mais por aqui.


 


Quando cheguei Bukowsk já estava me esperando, parado em pé na calçada, com uma toca tapando metade da testa e usando uma jaqueta preta, que parecia daqueles motoqueiros mal-encarados, acho que se denominam “Hells Angels”. A pontualidade dele me deu nos nervos, mas creio ser coisa de novato, para ficar bem perante alguma possível avaliação de promoção.


Ele entrou no carro com tanto cuidado que parecia estar pisando em ovos, demonstrando novamente sua insegurança e timidez. Ele realmente tinha muito que aprender.


 


- Boa tarde, senhor Widmore.


 


- Garoto, quando vi você parado me esperando, fiquei em dúvida se era um gangster ou um rebelde sem causa. Se vista mal, mas pelo menos decida que diabo de estilo quer transparecer.


- Na verdade essa jaqueta era do meu pai, senhor. Foi um presente de despedida.


 


Notei uma expressão muito triste nele, ao falar de seu pai.


 


- Ele já morreu?


 


- Sim, há dois anos atrás.


 


- Menos mal. Já basta você causando poluição visual nesta cidade. E como assim “morreu há dois anos atrás”?! Teria como morrer há dois anos na frente?!


 


Bukowsk apenas baixou a cabeça, engolindo à seco meus comentários. Havia muito respeito e disciplina nesse garoto...coitado, mal sabia em que mundo estava se metendo.


 


- Vamos deixar de gastar saliva sem necessidade, garoto. O que conseguiu com os empregados de Valquíria?


 


Ele retirou algumas folhas de uma pasta azul, que parecia muito as usadas em escolas. Com um rápido olhar notei serem anotações, separadas em grades, como um formulário caseiro.


 


- Guarde isso, garoto, não sou seu chefe. Mantenha essa coisa de formulários para entregar à Mikhail. Quero que você fale comigo sobre isso, não que leia papéis organizados, não quero saber de sua eficácia e organização, quero resultados.


 


- Tudo bem, senhor, como queira. Mas, antes pode me dizer para onde estamos indo?


 


- “Mas antes pode me dizer para onde estamos indo”?


 


- Por que o senhor está repetindo o que eu disse, com essa vozinha fina e estranha?


 


- Garoto, não perturbe minha paz com suas perguntas agora, você logo vai saber para onde e por qual motivo vamos. Agora deixe de preocupação e me conte o que preciso saber.


 


Ele me olhou desacreditado, ao presenciar minha reação perante sua pergunta. Era uma atitude infantil? Sim. Irritava as pessoas? Muito. Por tanto vale o peso em ouro!


 


- Eu consegui conversar com dois empregados, a cozinheira e o chofer. Não consegui encontrar a faxineira e nem o jardineiro, pois estes não frequentam a mansão todos os dias, como os outros, por isso só aparecem duas vezes por mês. Tentei contatá-los, mas não obtive resultados.


 


- Certo, cuidamos desses depois. Me conte como foi com a cozinheira e o chofer, eles me parecem muito suspeitos.


 


- Por que acha isso, senhor Widmore?


 


- Ora, qualquer pessoa que tenha a vida baseada em servidão, tem vontade de matar seu senhor. Lei básica, garoto.


 


- Tudo bem...


 


“Velho maluco”!


 


- Um momento, garoto. Por acaso você me chamou de velho maluco, seu merdinha?!


 


- Não, senhor, eu não, não mesmo! Jamais faltaria ao respeito com você! Acho que você está ouvindo coisas. É...podemos continuar?


 


Desgraçado! Pela sua reação e descompor, certamente me chamou de velho maluco. Era a voz dele sim, tenho absoluta certeza, mas tem uma vibração diferente, como se tivesse dito apenas em sua cabeça. Devo estar ficando louco, vou tomar uma boa dose e acender um cigarro, prevejo que esse dia vai ser um grande fardo!


 


- Prossiga, garoto.


 


- Eu conversei primeiro com Fernando Ramirez, o chofer de Valquíria. Ele trabalha na família há 30 anos, começando sua prestação de serviços justamente quando nasceu Valquíria Sanchez. Ele foi contratado exclusivamente para ser chofer dela, desde recém-nascida, levando para parques, escola, faculdade, festas e qualquer lugar que ela precisasse, ou desejasse.


 Ele pareceu muito abalado com a morte de sua patroa, mas não foi de muita utilidade. Questionei ele sobre os contatos e amigos de Valquíria, mas ele disse que não revelaria isso, por ética profissional.


 


- Ética profissional...vou mostrar para esse velho a ética profissional quando for ver ele! Garoto, esse homem pode ser a chave para que eu desvende esse crime. Ele levava e trazia Valquíria dos lugares, por tanto deve saber tudo sobre ela, suas conversas e ligações, os lugares que frequentava e tudo mais. Não se preocupe por não ter conseguido nada dele, você é muito inexperiente e panaca. Como foi com a cozinheira?


 


- Fernanda Ramirez, a irmã do chofer e cozinheira da mansão. Ela já está no emprego há 35 anos, sendo quem colocou Fernando para ser empregado como chofer. Ela é uma senhora muito misteriosa, porém muito distraída. Estava muito chocada com a morte de Valquíria, senti um sentimento materno em seu luto, que não era para menos, pois ela foi quem cuidou de Valquíria desde pequena, devido sua mãe ter morrido durante o parto. Ela também se negou a me dar informações essenciais, mas deixou escapar algumas coisas. Quando perguntei sobre Ernest Richtraw, ela fez uma cara de nojo, expressando desprezo por este homem, dizendo que Valquíria não deveria ter se envolvido com ele, que havia aconselhado muito ela, mas que a “menina” não queria mais os seus conselhos. Ela disse também que, antes de Ernest, Valquíria se encontrava muito com uma senhora estranha, chamada Sally, que também a desagradava muito. Usou a expressão “trocando o sujo pelo mau-lavado”, ao se referir a essas duas amizades de Valquíria. Tudo leva a crer que Valquíria tinha grandes laços com essa tal senhora, mas quando iniciou contato com Ernest, acabou perdendo essa primeira amizade.


 


Bukowsk deu uma profunda respirada, como se tivesse cumprido com êxito uma missão.


 


- E foi isso que consegui, senhor, afinal não tinha mandato e nem os podia interrogar formalmente. Agora pode me dizer para onde vamos, por favor, senhor Widmore?


 


- Vamos visitar a tal senhora estranha.


 


Bukowsk tinha feito um bom trabalho, mas não iria elogiar isso, ele não precisava saber disso, pelo menos não agora. Existem aqueles que tentar instigar o crescimento profissional de alguém com base em elogios, com a velha estratégia de elevar a autoestima, eu prefiro usar uma estratégia bem oposta. Acredito que as pessoas gostam de contrariar, por isso tento que esse garoto queira sempre me provar que estou errado.


 


- E que porcaria de trabalho, garoto! Se eu tivesse enviado uma criança, em troca de alguns doces, certamente teria agora melhores resultados. Não sei, mas acho que você está em um ramo que não condiz com suas qualidades...se é que existe alguma.


 


Ele ficou muito sem jeito, constrangido, mas acho que estava começando a pegar o jeito, pois notei um sorriso sarcástico no canto de sua boca, como que dizendo “não enche, sei que fiz um bom trabalho”.


Contei a Bukowsk sobre Ernest Richtraw e tudo que ele me disse, o deixando totalmente consciente dos acontecimentos, com exceção, é claro, de minhas experiências não-convencionais, acredito que ele já me considere louco o suficiente.


Quando terminei de explicar tudo para ele, virei meu rosto em sua direção, para perguntar se ele entendeu tudo. Nesse momento eu estava à uns oitenta por hora e ouvi novamente aquela voz me chamando, “Widmore”! Ele vinha da minha frente, como se fosse alguém no capô do meu carro. Eu virei meu rosto instantaneamente e vi Valquíria Sanchez parada na rua, bem na frente do meu carro! Ela estava como em meu sonho, com os cortes sangrando exageradamente, olhando direto para mim, estendo suas mãos, imóvel, em pé no asfalto, com uma expressão assustadora e congelante.


Eu desviei, fazendo uma curva brusca, que tirou meu carro da pista, me levando a bater direto em uma maldita árvore!


 


- Senhor! Tudo bem senhor?!


 


- Mais fácil que ser atingido por um raio, não é? De onde saiu essa droga de árvore, afinal?!


 


- O que está dizendo, senhor Widmore? O que houve?


 


- Não é nada, garoto, apenas algo que li outro dia.


 


O carro não se danificou muito, amassando apenas a lateria, por pura sorte. Eu bati minha cabeça no para-brisa, abrindo um corte na testa, Bukowsk não se feriu, pois estava usando o cinto de segurança. Então é para isso que essa porcaria serve, não é?!


 


- Estava distraído, garoto? Como assim o que houve?! Não viu que desviei da mulher que estava na rua?


 


- Senhor, não havia ninguém na rua. Estava tudo vazio, na verdade completamente deserto. Você virou o carro repentinamente, desviando de nada!


 


- Não brinque comigo, garoto! Tinha uma mulher na pista! Eu não iria virar tão bruscamente se não tivesse visto ela.


 


- Olhe para trás, senhor Widmore, não tem ninguém a centenas de metros, nenhuma alma viva. Acho que está vendo coisas. Está mesmo bem para dirigir?


 


Que merda era essa?! Realmente não havia ninguém na rua, eu estava mesmo tendo alucinações com Valquíria. Aquele sonho foi mais marcante do que pensei. Preciso me cuidar se quiser preservar o pouco da sanidade que resta. Esse caso está me dando nos nervos, preciso resolve-lo logo, ou vou acabar internado.


 


- Está tudo bem, deve ter sido apenas um reflexo no vidro, o Sol está se pondo e isso deve ter causado essa impressão em meus olhos. Não se preocupe.


 


- Tem certeza que está bem para dirigir? Eu posso conduzir o carro se precisar.


 


- Não seja atrevido! Eu vou dirigir e ponto final. Se preferir pode ir andando!


 


“Talvez seja melhor mesmo”.


 


Será que estou mesmo ouvindo os pensamentos de Bukowsk?


Isso não importa tanto agora, preciso voltar para a estrada e dirigir o que sobrou dessa lata velha, tenho que encontrar Sally Ramos e dessa vez, Bukowsk está mesmo no caso, acho que preciso de alguém com sanidade perto de mim.



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Autor(a): aleisterdelmiro

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