Fanfic: John Widmore - O assassinato de Valquíria Sanchez | Tema: Mistério
Ao chegarmos na casa de Sally Ramos parecia tudo normal, uma casa muito grande e bonita, com um jardim de flores como nunca vi igual, com quatro palmeiras bem altas e uma cerca branca de madeira. Aquele lugar parecia ter saído de um filme, ou algo do tipo. Na porta de entrada havia uma placa, com letras bem grandes, “Madame Sally”. Acho que deve se tratar de uma dessas cartomantes fraudulentas, que vai logo tentar ler minha mão quando eu entrar, falando um monte de asneiras sobre destino e essas coisas romantizadas.
- Garoto, não deixe essa velha entrar na sua mente, conheço bem esse tipo de gente. Deixe a interação para mim e só fale se alguém falar com você.
Me aproximei da porta e toquei a campainha, havia um odor muito forte no ar, não sei bem do que era esse mal cheiro, mas era bem forte, tão forte que chegava a queimar as narinas. Quando a campainha tocou ouvi muitos miados, pareciam ter muitos gatos dentro da casa. Certamente era essa a causa desse cheirinho azedo.
Então uma voz ecoou de dentro da casa, uma voz condizente com uma velha de uns duzentos anos.
- Entre John, sente-se na sala, eu já vou atender vocês.
Então ela sabe meu nome e que eu estava vindo. Com toda certeza aquele gordo sarcástico avisou, o que me diz que eles são muito ligados. Podem ter participado juntos desse assassinato, mas ainda não posso ter certeza, as peças precisam começar a se encaixar. Tenho o pressentimento que isso está prestes a acontecer.
Entrei na casa e, para meu espanto, haviam dezenas de gatos, espalhados pela sala, escada; entrando e saindo dos cômodos da casa. Nunca vi tantos gatos assim em minha vida! Acho que preciso de mais whisky. Essa velha deve ter algum por aqui.
Notei alguma movimentação na cozinha, de onde veio novamente a voz de Sally.
- Fiquem à vontade, queridos, eu já estou indo. E por favor, Wilson, não se assuste com a Lua, ela estava muito curiosa para te conhecer.
Como ela conhecia o Bukowsk? Ela nem sequer nos viu ainda. Acho que esses malditos devem ter fontes dentro da Agência, provavelmente aquele mauricinho do Johnny. Preciso ir mais fundo aqui, pois está se formando uma teia muito complexa nesse caso.
- Garoto, sente-se naquela poltrona e segure uma caneta. Faça anotações enquanto falamos com a velha, quero que isso pareça oficial.
Quando Bukowsk se sentou, uma gata persa pulou em seu colo repentinamente. Ele se assustou com aquilo, parecendo meio desconfortável. A gata tinha uma coleira de pedras brilhantes, onde havia uma plaquinha escrito “Lua”! Que diabos está acontecendo aqui?
- Eu disse para não se assustar, Wilson. Ela estava apenas curiosa, falamos muito sobre você nos últimos dias. Ah John, desculpe, mas não tenho whisky. Te ofereceria um café bem fresquinho, mas como sei que vai recusar, trouxe apenas uma xícara para Wilson.
Ela apareceu pelo corredor, com os olhos meio fechados, sorridente como uma boa senhorinha, dessas que empanturram os netos de porcarias. Usava um vestido cumprido muito elegante, como aqueles que se usa em casamentos, ou em festas de formatura. Tinha muitos colares e anéis, todos respeitando a cor azul turquesa, combinando com seu vestido, que era da mesma cor. Uma velha maluca e monocromática. Seus cabelos eram extremamente brancos, pareciam brilhar como prata, adornando suas rugas profundas.
Não sei que espécie de bruxaria estava acontecendo aqui, mas não me senti nem um pouco confortável com as coisas que estavam acontecendo. Essa madame Sally parecia prever as coisas muito bem, o que não era nada bom para mim.
- Vamos Wilson, se levante, quero olhar bem para o seu rosto, não enxergo muito bem. Coisas da idade, sabe?
Bukowsk se levantou, muito sem graça, tão tímido que corou as bochechas sardentas. Sally colocou seus óculos cor de rosa, que estavam preparados em uma cordinha pendurada em seu pescoço flácido.
- Você é mais bonito do que pensei, Wilson. Oh querido, sente-se novamente, tome esse café que preparei para você. Está fresquinho e sem açúcar, do jeito que você gosta.
- Eh...muito obrigado, senhora.
Isso estava ficando muito estranho, ela parecia ter programado tudo com antecedência, com minúcia em cada detalhe. O que me leva a pensar que esse contato, que provavelmente existe dentro da Agência, andou observando os passos de Bukowsk, para arquitetar essa farsa de vidente.
Eu mal conseguia me mover dentro da casa, eram tantos gatos que eu me sentia como um chiclete dentro de um formigueiro.
- Ei velha, quantos gatos você tem aqui, afinal?!
- Noventa e nove gatos exatamente, John. Mas se Wilson quiser ficar para jantar, podem ser cem.
Ela piscou para Bukowsk, mandando um beijinho. Tenho que confessar que achei isso muito engraçado, mas Bukowsk não, pois parecia querer enfiar a cabeça dentro do...bolso.
- Tudo bem, Sally, já que sabe qual motivo nos trouxe aqui, vamos ao que interessa de uma vez, não tenho tempo para perder com esse teatro.
- Ela está tentando falar com você, não está, John?
- Sally, não quero fazer rodeios. Chega desse teatro magico, tudo bem?!
Sally me olhou muito distintamente, com uma mistura de ternura e tristeza no olhar.
- Oh querido, ainda está sofrendo pela morte de Shannon, não está?
Essa velha sabia mais do que deveria! Eles foram longe demais!
- É uma pena que eu não tenha whisky, já que o seu acabou. Eu não bebo álcool, mas duas quadras à frente existe uma mercearia, não tem boas marcas, mas sei que não se importa com isso. Que tal pedir para o Wilson ir até lá buscar para você?
Ela queria falar à sós comigo, o que para mim seria ótimo, não quero que Bukowsk fique sabendo sobre Sharon, este assunto não deve ser de conhecimento geral.
- Garoto, sabe dirigir?
- Tirei a carteira de motorista há poucos anos, senhor.
- Está me achando com cara de guardinha de trânsito, garoto?! Não quero saber se tem carteira de motorista, quero saber se sabe dirigir.
- Sei sim, senhor.
- Então pegue meu carro e vá até a mercearia que a velha falou. Me traga uma boa garrafa de whisky e um maço de cigarro, mas que seja com filtro vermelho.
Bukowsk ficou parado, mesmo eu tendo entregado a chave do carro para ele.
- O que está esperando?
- O dinheiro para comprar o que me pediu.
- Ora, mas que insolência! Pague você, depois nos acertamos, é assim que agem parceiros.
Ele abriu um largo sorriso, tão grande que mal lhe cabia no rosto. Mesmo eu tendo feito ele pagar de seu bolso, ele ficou feliz, pois eu o reconheci como parceiro, essa é uma velha estratégia para não pagar algo. Não era uma boa estratégia, mas pelo menos iria me render cigarros e bebida de graça.
Assim que Bukowsk saiu, eu tratei logo de encurralar a velha Sally.
- Vamos velha, me diga quem está te informando sobre eu e Bukowsk?
- Não tenha pressa, querido, antes deixe-me te servir um copo de whisky. Tenho aqui um maravilhoso doze anos que ainda nem foi aberto. Estava guardando para sua visita.
- Então eu estava certo ao pensar que tirou o garoto daqui para falar comigo. Mas quero saber antes como sabe sobre todas essas coisas. Quem é seu informante?
- Oh querido, não tenho um informante, tenho noventa e nove.
- Droga, Sally! Está mesmo querendo me fazer de bobo?!
- Sei que sua mente é muito lógica, querido, mas como eu saberia coisas tão básicas? Como eu poderia saber que seu whisky estava acabando? Ou que minha gata Lua iria pular em cima de Wilson, o assustando? Oh querido, você precisa abrir sua mente. Pensei que depois de ter visto Valquíria você iria estar mais aberto, porém ela tem te chamado e aparecido, pensei que você teria desbloqueado esse seu ceticismo.
- Como sabe sobre essas coisas, Sally?
- Já disse, John, são meus gatos, eles falam comigo. Talvez não saiba, mas esses bichinhos bem habilidades muito especiais, habilidades que você talvez chame de sobrenaturais, mas para eles é completamente normal.
Ela fez uma pausa, enquanto acariciava um de seus noventa e nove gatos, dando uma profunda respirada.
- Você precisa falar com ela, não tenha medo, ela quer sua ajuda. Eu posso fazer uma conexão se você quiser. Oh, inclusive já preparei a mesa para fazermos esse trabalho. Me acompanha até a cozinha?
Essa velha estava me dando nos nervos! Não seria possível falar com ela desse jeito, preciso leva-la a um interrogatório formal. Com tudo que ela disse, posso conseguir um mandato para levar ela até a Agência. Por sorte tenho aqui um gravador em meu bolso, onde tenho gravada toda essa conversa maluca. O fato de ela saber tanto sobre eu e Bukowsk, certamente vai fazer Mikhail liberar um belo mandato para pegar ela e fazer um interrogatório. Sei que ela tem muito mais para me dizer, mas não quero manter esse teatro imbecil.
- Parece que você não consegue prever algumas coisas, não é velha?!
- Como assim, querido?
- Por mim você pode enfiar essa mesa onde bem desejar, não vou participar disso. Preciso ir embora agora, muito obrigado pelo whisky, vou levar a garrafa. Boa noite, madame Sally.
Sai rapidamente daquela casa, estava profundamente agoniado com tudo aquilo, mal podia respirar.
Quando eu estava no jardim, indo para a rua encontrar Bukowsk, que estava estacionando neste mesmo instante, Sally apareceu em uma janela, acenando com a mão, enquanto segurava a Lua em seu braço.
- Por favor, mande minhas lembranças a Ernest. Até logo, John.
Acho que precisarei visitar Ernest em breve, mas agora só quero sair deste hospício fedorento. Não tenho nada contra gatos, gosto muito inclusive, mas noventa e nove dentro de uma casa é loucura. Mas o que esperar dessa velha, afinal.
- Vamos, garoto, dirija logo para fora deste lugar.
- O que houve, senhor Widmore?
- Apenas dirija essa lata velha, conversamos no caminho até a Agência.
Autor(a): aleisterdelmiro
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Chegamos na Agência por volta das oito da noite, com muita pressa de conseguir o mandato. Eu sinceramente não desejava pisar dentro deste lugar, mas não tinha outro modo, eu precisava falar pessoalmente com Mikhail, mostrar essa gravação e trazer Sally Ramos até aqui, para poder interrogar essa mulher, dessa vez como manda o figurino. ...
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