Fanfic: A Garota Sem Passado | Tema: Caleb McLaughlin e Sadie Sink
Não sabia onde estava, quando era, ou como cheguei ali. Me senti completamente paralisada, meu corpo se recusava a reagir e quando finalmente tentei, ele simplesmente caiu como se estivesse em pedaços pelo chão. Ouvi o estalar de folhas secas e olhei para cima, estava na floresta. Ouvia um ruido incomum e rápido. Minhas mãos estavam cobertas de sangue. Parecia ter caído do penhasco, mas ainda tinha a lembrança de ser salva por Caleb, então como? Ouvi alguém se aproximar.
— Sadie, onde você está? – Era Caleb gritando, ele estava chorando. – Sadie! – Estava completamente desesperado.
Resmunguei, tentando chamar sua atenção.
— Caleb. – Consegui sussurrar com a pouca voz que me restava.
— Sadie. – Ele correu até mim, me segurou em seus braços como se fosse a ultima vez que me veria e chorou feito uma criança. – Eu não acredito, você está viva. – Ele tomou minha mão ensanguentada na sua e a beijou, não se importando com mais nada. – Aguente firme, estão chegando. Aguente só mais um pouco, fique comigo. – Caleb implorava em meio a lágrimas.
Não entendia a gravidade da situação, por mais que tentasse. Não sentia como se estivesse morrendo, apenas entrando em um sono profundo pois não sentia absolutamente nada ao meu redor a não ser ele. O toque quente de seus lábios sobre minha mão e seu peito contra meu rosto. Seus olhos se mesclavam na imensidão brilhante do céu acima de sua cabeça, era como um sonho, mas do qual eu esperava acordar.
E então aconteceu. Me senti agradecida ao sentir o calor do sol na pele, estava em um chalé. As imagens ainda se enrolavam em minha cabeça. Meu corpo estava intacto e sobre uma cama confortável. A perfeita silhueta negra em frente a janela me encarava intensamente.
— Sono pesado? – Caleb pergunta, me presenteando com um sorriso.
— Não faz ideia. – digo ainda reproduzindo o sonho inúmeras vezes em minha cabeça.
Caleb se aproxima e me oferece um copo de leite e duas pilulas, antes em cima de um criado mudo.
— Se sente bem? – Ele pergunta preocupado, assinto e tomo o copo em mãos. – Se lembra da noite passada?
— Apenas borrões. – digo olhando para seu rosto não podendo pensar em nada mais que o sonho que tive.
Questões e mais questões rodearam minha mente, eu quis perguntar para ele o que havia realmente acontecido. Não apenas na noite passada. Antes. Antes de tudo isso acontecer, porque tinha a sensação de que ele sabia disso. Mas tudo o que saiu da minha boca foi:
– Onde estou? – Pergunto após tomar um gole do leite.
— Espero que meu chalé esteja confortável. – Uma senhora aparece na porta com uma bandeja cheia de biscoitos amanteigados e chá. – Sra. Larkin, minha querida.
Ela deixa a bandeja sobre minhas pernas.
— Eu agradeço muito Sra. Larkin. – Tento me levantar da cama para que pudesse apertar sua mão porém sou puxada de volta por uma vertigem.
— Eu vou chamar Arthur. – Sra. Larkin toca meu braço e se afasta gentilmente.
— Arthur? – Pergunto a Caleb.
— Um dos escoteiros nos acompanhou caso precisasse de primeiros socorros. – Caleb assiste junto a mim a senhora deixar o quarto.
— Quem mais veio? – Pergunto.
— Noah e o Tecnico Harbour. – Caleb dá de ombros. – Aliás, acho bom você enfiar um desses biscoitos na boca antes que o outro apareça, ou ele fará isso por você. – Ele aponta para a bandeia intacta sobre meu colo.
— Concordo com ele. – Um garoto alto, loiro e com roupa de praia, que deduzo ser Arthur adentra o quarto. – Podemos? – Ele encara Caleb e aponta para a porta.
— Se sente melhor? – Ele senta ao meu lado na cama e toca meu pescoço.
Pulo, surpresa com sua atitude.
— Me desculpe, passei parte da noite com você. Até me esqueci que ainda não nos apresentamos. Arthur Dozier. – Estende a mão grande e firme, a aperto.
— Sadie... – Sequer termino de pronunciar meu nome ao notar que ele já me conhecia.
— Vou checar seus sinais, tudo bem? – Arthur ri e puxa meu pulso para si.
— Você já fez enfermagem? – Pergunto enquanto ele aperta meu pulso com seu indicador e médio.
— Escotismo apenas. Mas já passei pelo treinamento de primeiros socorros. – Ele conversa comigo mesmo concentrado em meu pulso. – Sadie, tem alguma ideia do porquê seu psiquiatra deixou que passasse a noite aqui?
— Como? – Pergunto chocada, embora não fosse segredo para muitos que eu tivesse um psiquiatra.
— Ligamos para ele quando estávamos prestes a colocá-la no carro e a levar para o hospital. – Arthur me encara estranho. – Ele apenas disse que fazia "parte do processo". – Arthur faz aspas.
— Desculpe, mas eu não sei mais do que você. – digo rindo apenas para esconder meu medo.
— Tudo bem. Aqui. – Arthur me estende sua mão. – Consegue andar em linha reta?
Apesar de ainda zonza, consegui o fazer.
— Impecável. – Ele me aplaude feliz. – Agora basta comer seus biscoitos e está livre pra pular de mais um penhasco, mas por favor, do jeito certo.
— E tem um jeito certo de fazer isso? – pergunto enquanto calço meus sapatos e me sento na cama para comer.
— Direto na água. – Ele gesticula um salto.
Assim que ele esteve concreto de que comi minha refeição, me levou para a cozinha. Noah, Tecnico Harbour, Sra. Larkin e quem eu deduzo ser seu marido conversam.
— Sadie. – Noah corre ao meu encontro e se lança contra mim em um abraço. – Você quase me mata de susto, nunca mais faça isso.
— Estou bem, obrigado. – digo enquanto nos desatamos do abraço.
— Mal posso acreditar o quanto cresceu. – Sr. Larkin se aproxima e me puxa para um abraço carinhoso. – Não espero que se lembre de mim, eu mesmo esqueço, ás vezes. – Sua risada é aconchegante. – Harold Larkin.
— Eu não sei como agradecer... – Estava prestes a começar mas fui interrompida por Tecnico Harbour.
— Mas precisamos voltar para o acampamento. – Ele toca meu ombro e morde uma rosquinha roubada da mesa. – Tenho certeza que a ruivinha pode lidar com uma descida, e a esse ponto os animais no raio de dois quilômetros já devem ter se mudado para o outro lado do país.
— Compreendemos. – Sra. Larkin diz enquanto toma a rosquinha do Tecnico e o entrega uma maçã. – Vá tomar conta das crianças, meu menino. – Ela aperta seu rosto e sorri.
A situação era até fofa.
Descemos a montanha em questão de meia hora, a tarde estava mais quente que a de ontem, o que tornou a trilha mais agradável. Noah e Arthur não saíram um segundo sequer de meu lado, sempre segurando meus pulsos a cada pequena pedra em minha frente. Caleb estava afastado e atrás de todos nós, como sempre. Eu não sabia se essa atitude de o afastar vinha de todos ao redor ou dele mesmo, e não gostava disso de qualquer jeito. O que ele havia feito de tão errado para fazer isso consigo ou para que fizessem com ele?
Eu diminui meus passos e esperei que ele estivesse perto o suficiente para me aproximar.
— Rápido demais? – Pergunto enquanto aponto para os garotos a nossa frente.
— Não faz ideia. – Ele sorri e abaixa a cabeça.
— Eu só queria agradecer. – digo tentando o encarar mas ele se recusa, sua mudança de humor era muito variável. – Digo, pelo que fez ontem a noite. – Toco seu braço em busca de atenção.
Caleb era um garoto claramente tímido, mas seu nervosismo não parecia vir disso, mas de um lugar mais fundo. O que havia acontecido de tão ruim?
— Não foi mais do que eu deveria. – Ele não parece interessado, na verdade, incomodado.
— Eu disse algo errado? – Pergunto e ele me ignora. – Escute, Caleb. Seja o que for que tenha acontecido antes eu não me importo, tudo bem? – digo e paro de caminhar junto a ele. – Você não precisa fazer isso, eu posso começar de novo como tenho feito com todo o resto.
— Sadie, você não entende o que está acontecendo aqui, – Caleb me encara e seu olhar é sério. – e pra sua segurança espero que continue assim. – Caleb diz com uma clara dor em fazer isso. – Você pode se fazer um favor em não falar mais comigo? – Sem ao menos me encarar sai andando.
— O que tem de errado com você? – Pergunto um pouco exaltada. – Por que foi atrás de mim noite passada?
— Você está ficando pra trás. – Ele diz ainda me ignorando e sem parar de caminhar.
— Caleb, por que foi atrás de mim noite passada? – Agarro seu braço e o obrigo a me encarar.
Ele observa atentamente minha mão e em seguida encara meu rosto, sua respiração está pesada, ele parece nervoso e assustado.
— Estava preocupado, você parecia mal. – Ele diz calmamente e pede que solte seu braço. – Posso ir agora?
Caleb abaixa a cabeça a continua andando, mais rápido do que antes. Engoli toda a vontade que tive de correr atrás dele e repetir cada palavra junto com um choro recorrente.
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Prévia do próximo capítulo
Estava sentada em uma pedra a beira da queda, mas minha mente certamente estava em outro canto. Gaten, Millie e Noah tinham uma conversa da qual eu não dava a minima a alguns metros dali, havia dado uma desculpa qualquer sobre mal estar para ficar sozinha, enquanto eu encarava minhas mãos. O que havia de errado com elas? Eu continuava me perguntando. O que havi ...
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